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Brasil precisa garantir segurança alimentar para acessar mercados, defende Spies

Para especialista, Brasil já está dando grande passo na retirada da vacinação contra febre aftosa, mas é preciso assegurar e provar para mercado internacional que o país tem segurança alimentar

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Arquivo/OP Rural

A palavra de ordem nos últimos meses no Brasil, independente da cadeia de produção, tem sido a mesma: sanidade. Este tem sido o foco de diversos setores, garantir a excelência na produção e ganhar mercados através da sanidade agropecuária. O Paraná deu um passo importante em 2019 quando retirou a vacinação contra a febre aftosa e também o reconhecimento como área livre da peste suína clássica (PSC).

 Segundo o engenheiro agrônomo doutor Airton Spies, o Brasil é um país de tamanho continental com fronteira com vários países, tornando, muitas vezes, difícil manter a segurança sanitária. “Por isso, precisamos nos dedicar dia e noite à sanidade agropecuária”, afirma. Ele reforça que quando se fala em saúde é preciso lembrar que isto é o estado completo de bem-estar físico, ambiental e social, e não apenas a ausência de doenças. “É a integração entre a saúde humana, animal e o meio ambiente”, diz. “A nossa saúde depende muito da sanidade, por isso é um patrimônio que deve ser zelado a qualquer custo”, destaca.

Spies reitera que o que o Paraná, assim como o restante do Brasil vem buscando é o status de excelência sanitária, e isso significa não somente em rebanhos, mas também em pomares e lavouras. “Precisamos oferecer produtos em quantidade e qualidade garantida. Por isso a defesa agropecuária é essencial”, afirma. Ele explica que para isso é preciso que todos façam o seu trabalho. “É o órgão de defesa agropecuária do Estado junto com o Mapa, que cuida das fronteiras; os municípios que têm ações de defesa e os próprios produtores e agroindústrias”, diz.

O especialista explica que o fato de o Paraná retirar a vacinação contra a febre aftosa é um passo gigantesco do Estado em direção da excelência sanitária. “O que vale isso? É um grande ticket de acesso ao mercado. É um carimbo, um cartão de visitas que o Paraná vai ter na mão para vender produtos aos mercados premium”, informa. Ele exemplifica com o caso de Santa Catarina, único Estado livre de febre aftosa sem vacinação reconhecido pela OIE. “Isso nos representou acesso a mercados com preços diferenciados, como Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Conseguimos vender carne suína para eles por um valor melhor”, conta. De acordo com Spies, atualmente Santa Catarina produz 27% dos suínos do Brasil, porém 54% das exportações de 2019 foram do Estado. “Como eu disse, esse status abre mercado. O que ocorre é que alguns países passam a acreditar mais em você. Se você consegue conviver sem vacinação, todo seu status sanitário para todas as doenças é superior e isso abre portas de mercado”, destaca.

Para Spies, agora é necessário que todo o setor se embase nos princípios da sustentabilidade ambiental, econômica e social da agropecuária nacional. “E aqui entra também outro conceito importante que não podemos nos esquecer que é o bem-estar animal. Nós temos que produzir com certificação de que os nossos animais não são submetidos a nenhum tipo de crueldade e que os alimentos são absolutamente seguros para o consumo”, diz. De acordo com ele, isso é importante para o acesso a novos mercados.

“É preciso provar segurança alimentar”

De acordo com o engenheiro agrônomo, a sanidade é uma questão importante porque o mercado está dando sinais mais claros de que os consumidores vão, cada vez mais, estar dispostos a pagar e exigir produtos seguros. “Há sinais claros também que os produtos que não garantem sanidade não serão perdoados pelo mercado. Eles serão rejeitados”, afirma. Spies informa que o Brasil está se tornando uma vitrine e por isso, todos estão observando atentamente. “Por isso, não basta falar que o nosso produto é produzido com segurança alimentar, é preciso provar. Temos que estar muito atentos. Não basta não ter doenças, temos que ter um sistema que prove que a nossa produção é segura”, assinala. Ele explica que as barreiras alfandegarias e econômicas estão sendo substituídas por barreiras sanitárias e sociais.

Spies comenta que as perspectivas para os próximos anos são boas. “A estimativa da ONU é que em 2050 o mundo tenha 9,6 bilhões de pessoas, um aumento de 30%. Somente a África deve dobrar e o consumo de alimentos deve crescer 55% até aquele ano. E de onde vai vir todo o alimento para essas pessoas?”, questiona.

Segundo o engenheiro agrônomo, atualmente o mundo está diante de três grandes ondas de consumo de alimentos. “A primeira tem cerca de quatro bilhões de bocas que estão chegando no mercado. Somente a China tem 1,4 bilhão de pessoas para alimentar e que já estão no mercado hoje. O gigante asiático tem poder aquisitivo para comprar comida para essa gente toda”, explica. “Logo depois vem a outra onda que é a Índia. Essa é a próxima China, também com 1,3 bilhão de habitantes, mas que são mais pobres que os chineses, mas que ainda assim têm uma forte demanda por alimentos”, diz. “E por fim virá o continente Africano, que tem 1,2 bilhão de pessoas que ainda são muito pobres. É impressionante o que essa gente gostaria de estar consumindo de alimentos”, destaca.

Desafios para competitividade

Spies destaca que são muitos os desafios que existem para a competitividade nacional, mas ele destaca dois: o respeito ao bem-estar animal e a sanidade, e alimentos seguros para a saúde, que terão a preferência do consumidor. “São dois pontos que vão ser fundamentais para nós termos a nossa competitividade preservada”, alerta. “Por isso, defesa sanitária de modo geral e biossegurança é um investimento, não um gasto. Assegurar a sanidade da pecuária e das lavouras e ter segurança alimentar é um atributo inegociável para chegar ao mercado hoje em dia”, afirma.

Ele afirma que investir na segurança alimentar interfere nos custos de produção. “Ter segurança sanitária custa caro? A retirada da vacina de febre aftosa foi uma decisão ousada. Agora, todos precisam investir em defesa preventiva. Quando sai a vacina de um lado da balança, tem que entrar no outro lado a proteção, o reforço na prevenção. E isso envolve educação e conscientização. É muito importante todos fazerem a sua parte, o produtor rural e a agroindústria também, e não deixar somente na mão do governo a responsabilidade de cuidar dos animais e da sanidade”, diz.

Spies comenta que o Brasil tem 220 milhões de bovinos, e a partir deles existem três subpopulações: o rebanho geral do país, o rebanho de Santa Catarina, que são cinco milhões de cabeças que não são vacinados há 20 anos, não tem nenhuma memória vacinal, e o rebanho do Paraná que tem uma vacina suspensa e que não pode mais entrar em contato, de jeito nenhum, com rebanhos de outros Estados. “Essa é a consciência que é preciso ter. Quando retiramos a vacina é para ter 100% de certeza que não há nenhuma circulação viral de febre aftosa no Estado”, afirma.

O engenheiro agrônomo destaca que quando há defesa vacinal de um lado da balança, é preciso reforçar o outro lado, que é a defesa preventiva. “É assim que fazem os países que têm excelência sanitária”, afirma. Ele informa que em Santa Catarina são gastos R$ 700 milhões por ano em pesquisas agropecuárias, extensão rural e defesa sanitária. “A defesa é com R$ 230 milhões por ano no orçamento do governo, mais R$ 52 milhões das agroindústrias para apoio à defesa sanitária. Tem que ter investimento. Você economiza na vacina, ganha em mercado, mas tem que ter investimento no controle”, destaca.

De acordo com Spies, esses são os principais desafios para manter a defesa sanitária depois da retirada da vacina. “É manter o controle das fronteiras sanitárias, a certificação da área livre de peste suína clássica e de febre aftosa junto a OIE, eliminar a brucelose e controlar a tuberculose, manter área livre de influenza aviária, vaca louca, diarreia suína, entre outras, controlar a incidência de salmonella, e controlar a área vegetal, vespa da madeira e ferrugem da soja, entre outras preocupações que temos que controlar para termos um ambiente saudável para produzir alimentos para o mundo”, comenta.

Para ele, o Brasil consegue enfrentar esses desafios que se apresentam para a produção de alimentos sustentáveis no mundo. “A oportunidade está dada. Tem um estudo da ONU que mostra que a renda per capita chega a oito dólares por dia por pessoa, e tudo o que eles ganham a mais de renda vai ser prioritariamente gasto com comida melhor. Esse pessoal, tendo mais dinheiro, vai querer mais comida. E essa é uma grande oportunidade para o Brasil”, conta. “Porém, isso depende de garantir a sanidade do nosso rebanho e lavouras e organizar as cadeias produtivas, coisas em que somos bons”, afirma.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Mudanças no ciclo pecuário exigem nova abordagem da indústria de suplementação, aponta Asbram

Especialistas destacam mercado aquecido, avanço da intensificação, menor venda de suplementos e projeção de forte recuperação a partir de 2026.

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Compreender a intensidade de movimentos que vêm marcando o atual ciclo pecuário no Brasil. Para realizar os negócios de investimentos em tecnologias modernas de nutrição ao lado dos produtores de carne e leite do país. O desafio foi assumido em outubro passado, em Campo Grande (MS), durante nova reunião da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram). O encontro contou com três palestras, um balanço do Simpósio realizado pela entidade em setembro passado, com presença de quase 500 participantes e avaliação positiva de 98%, e a atualização dos números do painel de comercialização de suplementos minerais nos nove meses de 2025.

Foto: Divulgação

A carne bovina brasileira segue resoluta. Mercado firme, frigoríficos com estratégia mais definida, exportações recordes mesmo com queda nas vendas aos Estados Unidos, mercado interno bom, com oferta da proteína. “Está saindo mais carne do sistema para o mercado. O futuro não vai ser diferente. Deve ter preço de boi subindo e bezerro também. Com tempo de alta na arroba também, e abates em alta’, analisou o médico-veterinário e consultor Hyberville Neto, ao tratar sobre as pextactativas para o fim deste ano e ao longo de 2026.

Ele também destacou o panorama do confinamento, que pode fechar cerca de 8 milhões de cabeças. Com estratégias bem aplicadas e arroba engordada interessante pelo preço atraente do milho. “O grão merece atenção. O mercado doméstico está ganhando espaço principalmente por causa do etanol, que já abocanha 23% do que é colhido. Porém, as vendas externas não param de ajudar. O Vietnã abriu o mercado para a gente. A população de lá só come 4,4 kg por habitante ao ano e é nada menos do que 100 milhões. E o Japão pode começar a comprar ainda neste ano”, salientou.

Como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que o mercado interno vai usar 68% da produção no ano que vem, Neto

Foto: Juliana Sessai

projeta pico de preços em 2027 e 2028. “Até R$ 420 a arroba. Não é um absurdo se olharmos o histórico. Agora, as precauções devem permanecer as mesmas para a fazenda. A baixa e a alta não duram para sempre. Não esqueça do caixa. Quem tem decide se está na compra ou na venda. Olho na economia brasileira, no consumo doméstico, milho e câmbio. Para garantir preço mínimo”, sintetizou.

“A proteína animal vive realmente um bom momento, com abates maiores de vacas e novilhas, uma reação no abate de machos, mas com carcaças mais leves. O que exige uma reflexão detalhada sobre o que vem ocorrendo com as dietas dos animais. Agora, tenho uma visão mais conservadora sobre os preços futuros”, opinou o engenheiro agrônomo e Coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira.

Ele enfatizou que mais variáveis estão sendo incluídas no ciclo pecuário e é necessário compreender níveis tecnológicos mais altos na atividade. Para ele, todos os indicadores são de alta no ciclo, exceto o abate de fêmeas. Aceleração da atividade, área de pastagens caindo, pecuária crescendo de forma sólida, frigoríficos trabalhando bem em segurar preço, e vendas externas sem precedentes, que podem passar de quatro milhões de toneladas neste ano, 22% das exportações globais. “Temos todos os modelos. O conservacionista, 9 milhões de cabeças confinadas, terminação intensiva no pasto, semiconfinamento e pasto com mineralização. São 19,3 milhões de cabeças comendo mais de 1% de peso vivo em concentrados. É uma pecuária nova, estimulante, entretanto também traz pontos de atenção. A nossa cabeça fica confusa, mesmo. Aumentou o número do envio de animais para confinamentos terceirizados. Por isso os fornecedores precisam estar conectados ao longo do ano inteiro. Muitos criadores vendem rápido para entendendo oportunidades de maximizar resultados financeiros, assim como novilha indo ao abate é menos suplemento mineral vendido”, alertou.

Foto: Divulgação

Alinhamento de estratégias do setor

A avaliação percorreu imediatamente todo o público presente à reunião. “Temos que analisar bem nossa estratégia no mercado, o profundo entendimento das necessidades do pecuarista em cada modelo de produção, para que eles tenham resultados melhores e nossas empresas cresçam e ajudem a pecuária brasileira. Melhorar o nível tecnológico é mandatório em qualquer modelo! O que muda é o que se apresenta como tecnologia em cada um. Sistemas mais ou menos intensivos em termos de dieta e de tempo, geram necessidades e análises diferentes que o atual fornecedor de nutrição deve entender se quiser ser reconhecido como relevante para o produtor”, indicou o vice-presidente da Asbram, Rodrigo Miguel.

“A Associação precisa ficar antenada com essas várias mudanças. Vivi isso na Agricultura nos últimos quarenta anos. A gente conhece o final dessa história. Um trabalho bem realizado dá resultado. Tanto que, hoje, comemos carne bovina igual a qualquer outra do mundo”, concordou a vice-presidente executiva da entidade, Elizabeth Chagas.

A nova abordagem ganhou corpo por causa dos números mais recentes das vendas de suplementos minerais. 230 mil toneladas em

Foto: Gisele Rosso

setembro, 10,29% abaixo na comparação com o mesmo mês de 2024. O retrato de 2025 é de 1,871 milhão de toneladas, 3,9% a menos do que o mesmo período do ano passado. “O volume está sendo menor no segundo semestre até porque a base de comparação, segundo semestre de 2024, está desfavorável. A perspectiva para o ano todo é alcançar 2,4 milhões de toneladas. O que vai sinalizar uma contração de 6,9%. Com 68,1 milhões de cabeças suplementadas na média. 4,2% abaixo do ano passado”, sintetizou Felippe Serigati, professor da Fundação Getúlio Vargas e coordenador do Painel de Comercialização da Asbram.

Outros pontos podem estar interferindo nessa questão. O efeito DDG (co-produto da produção de etanol de milho), mudanças na nutrição de vacas e novilhas, rebanho menor e mais leve. “O cliente está capitalizado, mas pode estar suplementando menos animais. Ou aumentou o abate de todas as categorias. E sem bezerro para vender. Não vamos esquecer que os juros altos podem estar mantendo o dinheiro do produtor mais no banco. Mas posso garantir que vai haver recuperação, e forte, em 2026 e 2027. Um rebanho menor e mais leve. Passamos por um vale, mas a recuperação pode ser forte e as empresas de suplementação viverem um novo aumento expressivo. Preparem-se para vender”, tranquilizou Nogueira.

“A ASBRAM vai seguir com nossas estatísticas e nossos debates para que ajudemos a cadeia produtiva de carne e leite a avançar cada vez mais. O painel é referência nacional do mercado de ruminantes do Brasil. É mais do que mineralização. É a fotografia da alimentação de ruminantes no Brasil. Tecnologia exige processos modernos. Para pequenos ou grandes produtores. Capturamos isso no painel”, emendou Elizabeth. “Exatamente. Vamos continuar contribuindo com as informações do painel para vendermos mais ração e aditivos. Pode ser um novo momento da nutrição animal no Brasil. Suplementos, ração, proteicos. Com uma nova visão sobre as fábricas próprias dos confinamentos, novos números. A Associação se posiciona nesse universo”, acrescentou Rodrigo Miguel.

Foto: Divulgação

E a economia vai interferir nesse processo. “Estamos desacelerando, mas seguimos crescendo. Emprego aquecido, serviços e consumo das famílias à toda, média salarial em alta. O Produto Interno Bruto tem avançado em todas as projeções. Mesmo com os juros nas alturas e a inadimplência crescendo. Sendo que a inflação não se mexe. Certamente, por causa dos gastos do governo federal crescendo sem parar. Mas todo esse caldeirão sustenta a venda de carne bovina no supermercado nos próximos meses”, opinou Felippe.

“Pensando nos próximos meses, o ajuste de rebanho, tecnologia e como vamos melhorar. Vamos escalar na nutrição dos negócios. É o trabalho básico da Asbram. Discutir o mercado, a economia brasileira e mundial, lançar materiais de apoio às indústrias e aos pecuaristas, como o Guia Prático de Gado de Corte e Leite, seguir com as campanhas mensais, falando da riqueza da suplementação de qualidade, as publicações na internet, entender o nosso negócio e alimentar de informação o exército de mais de 14 mil profissionais que possuímos para disseminar a boa nutrição dos rebanhos do Brasil”, enfatizou Fernando Penteado Cardoso.

Fonte: Assessoria Asbram
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Crise no leite escancara desigualdade tecnológica no campo

Audiência na Câmara destacou que a democratização da genética avançada pode elevar a produtividade, reduzir custos e fortalecer a renda das famílias rurais.

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Foto: Jaelson Lucas

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados realizou, na última semana, audiência pública para discutir a importância do melhoramento genético do gado leiteiro voltado aos pequenos produtores. O debate foi solicitado pelo deputado Rafael Simões (União-MG), que defende a ampliação do acesso a tecnologias avançadas de reprodução no campo.

Segundo o parlamentar, o melhoramento genético é um dos principais instrumentos para elevar a eficiência e a competitividade da produção de leite no país, especialmente entre agricultores familiares. “Animais com maior potencial genético produzem mais leite, garantem melhor qualidade do produto e apresentam maior resistência a doenças, além de melhor adaptação às condições de manejo. Esses fatores impactam diretamente na redução de custos e no aumento da renda das famílias rurais”, afirmou.

Deputado Rafael Simões: Com apoio técnico, linhas de crédito direcionadas e subsídios, é possível democratizar o uso da transferência de embriões, aproximando os agricultores familiares das mesmas ferramentas utilizadas por grandes propriedades”

Rafael Simões defendeu a criação de um programa específico voltado ao melhoramento genético para pequenos produtores. “Com apoio técnico, linhas de crédito direcionadas e subsídios, é possível democratizar o uso da transferência de embriões, aproximando os agricultores familiares das mesmas ferramentas utilizadas por grandes propriedades. Isso fortalece a cadeia produtiva do leite, valoriza a agricultura familiar e contribui para a sustentabilidade da atividade”, destacou.

O secretário de Agricultura Familiar e Abastecimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Vanderley Ziger, informou que o governo estruturou um programa nacional de melhoramento genético, instituído pela Portaria nº 28, de junho de 2025, e trabalha agora para sua efetiva implementação. “Temos a necessidade de fazer com que o programa lançado se torne concreto, e isso passa por uma grande campanha nacional que estimule, fortaleça e esclareça essa agenda. Se houver mobilização, acredito que o produtor compreenderá melhor o potencial e os benefícios da transferência de embriões”, explicou.

O diretor de Pecuária Leiteira da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rodrigo Simões, reforçou a importância de ampliar o acesso à genética avançada. “A atividade leiteira enfrenta desafios naturais: climáticos, de preço de insumos e pela entrada de leite importado. Se conseguirmos garantir que os pequenos produtores tenham acesso à genética de ponta, esse desafio se torna muito menor, pois uma vaca ruim come o mesmo que uma vaca boa”, afirmou.

Deputado José Medeiros: “Há tempos tocamos nesse problema, que é recorrente. Precisamos agir, ou o nosso produtor de leite não vai resistir”

O deputado José Medeiros (PL-MT) também demonstrou preocupação com a crise no setor leiteiro e defendeu ações urgentes do Congresso. “Há tempos tocamos nesse problema, que é recorrente. Precisamos agir, ou o nosso produtor de leite não vai resistir. Acredito que o secretário Vanderley sai desta audiência com ideias importantes para fortalecer o programa. Estamos, inclusive, coletando assinaturas para instalar a CPI do Leite”, frisou.

Rafael Simões concluiu afirmando que continuará acompanhando o tema de perto e que pretende se reunir com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, para tratar do assunto.

Fonte: Assessoria FPA
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Congresso Internacional de Girolando premia trabalhos científicos e atrai público de sete países

Evento em Uberlândia (MG) reuniu 650 participantes e abordou inteligência artificial, genética avançada e sustentabilidade na produção leiteira.

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Com a participação de 650 pessoas de sete países, o 3º Congresso Internacional de Girolando apresentou as inovações da pecuária leiteira mundial e as tendências de mercado para o próximo ano. O evento, realizado de 12 a 14 de novembro, em Uberlândia (MG), contou com participantes do Brasil, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Honduras, Panamá e de Sudão.

Fotos: Divulgação/Girolando

A inteligência artificial foi um dos temas apresentados. Segundo o pesquisador da Universidade de Wisconsin, Guilherme Rosa, estudos feitos na instituição norte-americana estão permitindo utilizar a IA para melhorar a eficiência produtiva das fazendas leiteiras, utilizando, por exemplo, imagens para identificar animais com problemas ou para selecionar aqueles de maior desempenho. Já o uso da robótica está contribuindo para otimizar a ordenha das vacas, além de solucionar problemas com mão de obra.

O Congresso ainda destacou a evolução genética dos rebanhos da raça Girolando, que nos últimos 20 anos aumentou em 100% sua produção de leite enquanto as emissões de metano caíram 40%. “Hoje, não precisa esperar o animal nascer para iniciar a seleção. É possível fazer isso ainda na fase de embriões”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Marcos Vinicius Barbosa da Silva, que abordou o impacto da genômica na raça Girolando.

As inovações incorporadas por fazendas selecionadoras da raça foram apresentadas no evento. Uma delas é a Santa Luzia, em Passos/MG, uma das maiores produtoras de leite do Brasil, primeira fazenda a ser certificada para biosseguridade no país e que tem um trabalho pioneiro em bem-estar animal. O gestor da Santa Luzia e criador de Girolando Maurício Silveira Coelho ministrou palestra sobre boas práticas de manejo para garantir a sustentabilidade. “O bem-estar animal é um conceito indissociável do futuro da produção leiteira”, assegura o criador.

O evento, que também abordou o mercado global do leite, sucessão familiar, eficiência alimentar, gestão das propriedades, premiou os melhores trabalhos científicos sobre a raça Girolando. Concorreram mais de 40 pesquisas. O primeiro lugar ficou com Vitor Augusto Nunes, que avaliou efeitos da intensidade do ciclo reprodutivo em protocolos de IATF. O segundo colocado foi Fabrício Pilonetto, que pesquisou sobre a relação do genoma e o sistema mamário das vacas Girolando. Já o terceiro colocado foi Joseph Kaled Grajales-Cedeño, com trabalho sobre reatividade e seus efeitos na produção e qualidade do leite em vacas primíparas Girolando. As premiações foram nos valores de R$5 mil, R$3 mil e R$2mil, respectivamente.

O 3º Congresso Internacional de Girolando foi organizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, em parceria com o Sebrae, Fundo de Investimento do Programa de Melhoramento Genético de Girolando e Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite).

Fonte: Assessoria Girolando
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