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Brasil e Texas: um intercâmbio que revela a força e os desafios da pecuária
Troca de experiências entre produtores brasileiros e americanos evidencia a excelência, a sustentabilidade e os desafios da pecuária nacional, estimulando inovação, gestão estratégica e valorização do setor.

O contraste entre duas das maiores potências agropecuárias do mundo revelou mais semelhanças do que diferenças. Em uma missão organizada pela Agrotravel, em parceria com o Sebrae e cooperativas de Roraima, um grupo de produtores brasileiros viajou ao Texas, nos Estados Unidos, para conhecer o modelo americano de pecuária.
O resultado foi uma troca rica de experiências que serviu não só para absorver boas práticas, mas também para reforçar o valor do que já se faz no campo brasileiro.
Logo nos primeiros dias da missão, os participantes foram impactados pela forma como os Estados Unidos comunicam sua história agropecuária. Em um museu a céu aberto, antigas fazendas restauradas contavam, de forma envolvente, o papel da pecuária na formação da economia e da cultura local. “É impressionante como eles sabem contar a própria história e transformam isso em orgulho coletivo. O agro lá tem uma identidade muito bem construída, que conversa com toda a sociedade”, relata Fábio Torquato, responsável pela organização e condução da missão técnica.
Segundo ele, essa valorização pública é um ponto em que o Brasil ainda tem muito a aprender. “A gente tem um modelo produtivo reconhecido lá fora pela eficiência e sustentabilidade, mas internamente ainda enfrenta muitas narrativas distorcidas. O marketing da pecuária brasileira precisa avançar para ocupar o espaço que merece”, destaca.
Outro ponto forte observado durante as visitas foi a gestão tecnológica das fazendas americanas. Com estruturas que abrigam de 3 mil a 5 mil cabeças de gado, propriedades operavam com cerca de apenas seis funcionários. A explicação está na coleta contínua de dados, automação de processos e, principalmente, na leitura estratégica dessas informações para tomada de decisão. “Eles têm uma visão muito empresarial da fazenda. Tudo é mensurado, comparado, analisado. É um nível de controle que permite decisões mais ágeis e menos desperdício. Isso nos inspira a evoluir no uso da tecnologia não só como ferramenta, mas como cultura de gestão”, afirma Torquato.
Mas talvez o momento mais revelador da viagem tenha vindo de uma reunião com especialistas de uma universidade americana. Durante a conversa, os brasileiros ouviram o que muitos ainda custam a acreditar: o Brasil deveria dar aula de sustentabilidade para o mundo. O professor destacou que nenhuma outra nação possui regras ambientais tão rigorosas e um nível de preservação em áreas produtivas tão elevado. “Foi um momento marcante para todos. Muitos produtores brasileiros, ao ouvirem aquilo, se deram conta da dimensão real do que o Brasil representa nesse tema. Às vezes, é preciso sair para enxergar o valor do que já fazemos aqui”, compartilha Torquato.
Nos Estados Unidos, por exemplo, não há obrigação legal de manter áreas de reserva nas fazendas. Isso colocou em evidência o diferencial brasileiro, que combina produção em larga escala com respeito à legislação ambiental.
A pecuária brasileira tem desafios, sem dúvida. Mas tem também conquistas sólidas, muitas delas ainda invisíveis até para quem produz. Conhecer o que há lá fora, nesse contexto, é tão importante para inovar quanto para reconhecer o próprio valor.
A missão ao Texas não teve como objetivo copiar modelos, mas promover reflexões. O que se viu foi uma oportunidade de diálogo entre culturas produtivas diferentes, mas complementares. Para Fábio Torquato, esse tipo de experiência amplia a visão de quem está no campo: “Essas imersões mostram que a evolução não vem só da tecnologia, mas do olhar atento. Aprendemos sobre gestão, comunicação e inovação, mas também voltamos mais conscientes da força e da responsabilidade do que já construímos no Brasil”, expõe

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Nova edição de Nutrição & Saúde Animal destaca avanços que moldam o futuro das proteínas animais
Conteúdos exclusivos abordam soluções nutricionais que ampliam índices produtivos e fortalecem a sanidade de aves, suínos, peixes e ruminantes.

A nova edição do Jornal Nutrição e Saúde Animal, produzida por O Presente Rural, já está disponível na versão digital e reúne uma ampla cobertura técnica sobre os principais desafios e avanços da produção animal no Brasil. A publicação traz análises, pesquisas, tendências e orientações práticas voltadas aos setores de aves, suínos, peixes e ruminantes.
Entre os destaques, o jornal aborda a importância da gestão de micotoxinas na nutrição animal, tema discutido no contexto da melhoria da eficiência dos rebanhos . A edição também traz conteúdos sobre o uso de enzimas e leveduras e o papel dessas tecnologias na otimização de dietas e no desempenho zootécnico .
Outro ponto central são os avanços na qualificação de técnicos e multiplicadores, essenciais para promover o bem-estar animal e disseminar práticas modernas dentro das granjas . O jornal destaca ainda o impacto estratégico dos aminoácidos na nutrição, além de trazer uma análise sobre conversão alimentar, tema fundamental para a competitividade da agroindústria .
Os leitores encontram também reportagens sobre o uso de pré-bióticos, ferramentas de prevenção contra Salmonella, estudos sobre distúrbios de termorregulação em sistemas produtivos e avaliações sobre os efeitos da crescente pressão regulatória e tributária sobre o setor de proteína animal .
A edição traz ainda artigos sobre manejo, probióticos, qualidade de ovos, doenças respiratórias em animais de produção e desafios sanitários relacionados a patógenos avícolas, temas abordados por especialistas e instituições de referência no país .
Com linguagem acessível e foco técnico, o jornal reforça seu papel como fonte de atualização para produtores, gestores, consultores, médicos-veterinários e demais profissionais da cadeia produtiva.
A versão digital já está disponível no site de O Presente Rural, com acesso gratuito para leitura completa, clique aqui.
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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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STF suspende julgamento da Moratória da Soja e mantém paralisação nacional de processos
Com pedido de vista de Dias Toffoli, segue válida a liminar de Flávio Dino que congelou ações na Justiça e no Cade, enquanto especialistas destacam impacto do caso na segurança jurídica do agro.

O Supremo Tribunal Federal suspendeu o julgamento que analisava a liminar concedida pelo ministro Flávio Dino que determinou a suspensão nacional de todos os processos que discutem a validade da Moratória da Soja na Justiça e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Até o momento, há quatro votos para confirmar a paralisação das ações. A análise ocorre no plenário virtual desde a última sexta-feira (14) e estava prevista para terminar na próxima terça-feira (25). O pedido de vista foi do ministro Dias Toffoli, e até que o processo volte à pauta a medida segue válida.
O advogado Frederico Favacho afirma que é positiva a decisão de Flávio Dino, por reconhecer que a Moratória da Soja é legal. “Esse é o ponto mais importante de toda a controvérsia”, entende.
A Moratória da Soja é um acordo voluntário entre tradings que comercializam grãos, no qual se comprometem a não comprar soja de áreas desmatadas na Amazônia após julho de 2008. O STF julga uma ação ajuízada pelo PcdoB, PSOL, PV e Rede. As legendas pedem a suspensão de lei do estado de Mato Grosso que proíbe a concessão de benefícios fiscais para empresa que assinaram o acordo.
Em dezembro do ano passado, Flávio Dino atendeu ao pedido dos partidos e suspendeu a lei de forma liminar. Em abril deste ano, ele reconsiderou a decisão, estabelecendo que a norma passaria a valer a partir de 1º de janeiro de 2026.
Em 05 de novembro, Flavio Dino determinou a suspensão nacional de todos os processos, inclusive os que investigam possível formação de cartel no Cade. Afirmou não considerar adequado, em respeito ao princípio da segurança jurídica, permitir que o debate sobre a Moratória da Soja prossiga nas instâncias ordinárias jurisdicionais ou administrativas, diante da possibilidade de serem proferidas decisões conflitantes e em desacordo com o entendimento a ser fixado pelo STF. “No mesmo voto, Flávio Dino também reconhece o direito de os entes federativos estabelecerem as regras para concessão dos benefícios fiscais, o que, na prática, implicaria em os Estados poderem retirar os benefícios das empresas signatárias, o que continua sendo discutível na esfera infraconstitucional em relação a forma, razoabilidade e outros quesitos”, diz Favacho, complementando: “De toda forma, isso vem num momento importante, quando o mundo todo está de olhos voltados para as boas práticas ambientais do agronegócio brasileiro”.



