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Notícias Investimento superior a US$ 1 milhão

Brasil e EUA avançam em projeto de cooperação de fertilizantes

Pesquisa conjunta visa garantir segurança alimentar, reduzir impactos climáticos, identificar alternativas aos fertilizantes químicos e fortalecer seu uso eficiente.

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Foto: Vinicius Kuromoto

Pesquisadores do Serviço de Pesquisa Agrícola (USDA-ARS) e do Serviço Agrícola Estrangeiro (USDA-FAS), do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, e da Universidade da Flórida (UF-IFAS) realizaram, em junho, reuniões e visitas técnicas na Embrapa Solos, Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Cerrados e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Os encontros integraram a iniciativa Fertilize 4 Life (F4L), articulada pelo Labex América do Norte e lançada em 2023, durante as comemorações dos 50 anos da Embrapa, em resposta às crises globais de fertilizantes, de clima e de segurança alimentar.

Foto: Magda Cruciol

Em 2024, na fase inicial dos projetos, serão destinados US$ 1,2 milhão (cerca de R$ 6,5 milhões), provenientes do USDA e do Departamento de Estado dos Estados Unidos (DOS), sendo US$ 612 mil para a Embrapa e o restante para os demais parceiros. Para 2025, está previsto o aporte de mais US$ 600 mil a serem captados de forma conjunta, entre os governos dos dois países e empresas privadas da área de fertilizantes.

Na ocasião, a comitiva americana participou de uma reunião na diretoria-executiva com a presença de Clenio Pillon, diretor de Pesquisa e Inovação (DEPI), de Marcelo Morandi, chefe da Assessoria de Relações Internacionais (Arin), e de Alexandre Varella, coordenador do Labex América do Norte, quando foi aprofundada a discussão sobre a iniciativa Fertilize 4 Life e assinados acordos de cooperação científica, que permitem a remessa e a execução das ações previstas em cada um dos projetos. “Os americanos ficaram impressionados com o nível elevado dos trabalhos desenvolvidos na Embrapa, elogiaram o andamento do F4L no Brasil e gostariam de discutir a possibilidade de trabalhar com a Embrapa em projetos para países da África para o combate da insegurança alimentar e o aumento da resiliência climática”, destaca o diretor.

Em setembro, uma missão brasileira, com a participação da presidente Silvia Massruhá, Pillon e Morandi, sob coordenação do Labex América do Norte, vai aos EUA. “Pretendemos discutir a expansão da colaboração com o USDA e demais parceiros americanos em outros projetos para o Brasil e outros países – para além da iniciativa F4L -, com foco em descarbonizarão da agricultura, digitalização e inteligência artificial, segurança alimentar e saúde única, por exemplo”, afirma Alexandre Varella.

Uso eficiente e alternativas aos fertilizantes químicos
A iniciativa Fertilize 4 Life integra o projeto Fertilize Right, no âmbito do Desafio Global de Fertilizantes do Departamento de Estado dos Estados Unidos. “O objetivo é fortalecer a segurança alimentar e reduzir as emissões de gases de efeito estufa na agricultura através do uso eficiente e alternativas de fertilizantes, em conjunto com quatro países: Brasil, Colômbia, Paquistão e Vietnã”, explica Caroline Brainer, gerente de projetos do DOS.

No Brasil, a iniciativa recebe o nome de Fertilize 4 Life, sendo um dos maiores projetos articulados no âmbito do Labex América do Norte, com previsão de aporte de US$ 5 milhões em cinco anos. “É um projeto ambicioso, que integra e aprofunda a colaboração em pesquisa entre a Embrapa e o USDA estabelecida ao longo dos anos, com potencial de compartilhamento das informações técnicas, protocolos e tecnologias alternativas para melhorar a saúde e a fertilidade do solo com outros países do mundo”, aponta Brainer, uma das líderes da comitiva norte-americana.

Estados Unidos e Brasil são líderes globais na produção agrícola e de alimentos e, em conjunto, alimentam um quarto da população mundial. O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes, depois da China, Índia e EUA. Aproximadamente 80% dos fertilizantes consumidos pelo agro brasileiro são importados. “Os dois países são grandes importadores de fertilizantes, dos quais os seus sistemas de produção agrícola intensiva são altamente dependentes e vulneráveis a crises globais, portanto, é fundamental desenvolver e aplicar no campo tecnologias para reduzir a utilização de fertilizantes e utilizar os nutrientes do solo de forma mais eficiente”, destaca Varella.

A iniciativa Fertilize 4 Life engloba quatro projetos de pesquisa a serem desenvolvidos entre 2023 e 2027, envolvendo 63 gestores e pesquisadores de instituições brasileiras e americanas. As propostas de investigação centram-se nos seguintes temas:

1. gestão de precisão, big data e inteligência artificial;
2. produtos biológicos, microbiologia do solo e saúde do solo;
3. novos produtos fertilizantes de solo, incluindo fertilizantes organominerais; e
4. uso de plantas de cobertura do solo e sistemas integrados para uso mais eficiente de nutrientes.

Instituições participantes da iniciativa Fertilize 4 Life
Dos Estados Unidos: Serviço de Pesquisa Agrícola (USDA-ARS) e Serviço Agrícola Estrangeiro (USDA-FAS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, Instituto de Ciências Agrícolas e Alimentares da Universidade da Flórida (UF-IFAS) e Centro Internacional de Desenvolvimento de Fertilizantes (IFDC).

Do Brasil: Embrapa Solos; Embrapa Agrobiologia; Embrapa Cerrados; Embrapa Agricultura Digital; Embrapa Instrumentação; Embrapa Arroz e Feijão; Embrapa Agrossilvipastoril; Embrapa Milho e Sorgo e Embrapa Soja.

Fonte: Assessoria Embrapa

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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável

Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

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Foto: SAA SP

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.

 

Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.

Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.

A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.

Solos mais saudáveis e produtivos

Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.

Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.

A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.

Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.

Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.

A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.

A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).

O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.

Fonte: O Presente Rural com Embrapa Cerrados
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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio

Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

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Foto: Freepik

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.

Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.

Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.

Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”

Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.

Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.

Marco jurídico recente

Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.

Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.

Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.

Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu

A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.

Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.

Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.

Fonte: Assessoria Celso Cândido de Souza Advogados
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30

Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

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Foto; Beatriz Batalha/Mapa

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.

Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.

Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.

A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.

Fonte: Assessoria Mapa
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