Notícias Encontro das Cooperativas
Brasil é a aposta do mundo para garantir segurança alimentar
Ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, participa do ENCA no dia 4 de junho para falar sobre ‘As perspectivas do agronegócio brasileiro’
As perspectivas para o agronegócio no Brasil em 2019 são positivas. O mundo aposta no Brasil. É o que afirma Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Roberto abrirá a tarde de palestras no primeiro dia do Encontro Nacional das Cooperativas Agropecuárias (ENCA), realizado em Campinas (SP), nos dias 4 e 5 de junho.
De acordo com Roberto Rodrigues, o sistema da segurança alimentar é de extrema importância global. Ele conta que a ONU, cujo papel é garantir e defender a paz universal, fez um estudo para 2050, mostrando que o mundo terá 9 bilhões de habitantes e a porção de alimentos precisa crescer 60%. “Todos os estudos sérios de caráter planetário indicam que a segurança alimentar depende fundamentalmente do Brasil, porque temos a melhor tecnologia tropical do mundo e os números mostram isso com clareza. Crescemos mais em produtividade do que em área plantada, temos terra para incorporar o sistema produtivo e temos gente muito boa fazendo agricultura, jovem e competente. Esses fatores, nenhum outro país do mundo tem e isso dá condições de sermos o grande supridor de alimento e, portanto, o indutor da paz, afinal, só haverá paz quando não houver fome”, analisa.
Segundo Rodrigues, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com dados Fundação de Apoio Universitário (FAU) vem mostrando que em 10 anos a oferta mundial de alimento vai crescer 20% em termos globais para que não haja fome no mundo. “Parece tranquilo, mas não é. Os EUA, Canadá, China, Índia, Rússia são produtores mundiais e podem crescer no máximo 11%. Para que o mundo cresça 20% na oferta de alimentos em 10 anos o Brasil tem que crescer 40%. Há uma demanda global, de fora para dentro, inédita na história do Brasil e o mundo pede que aumentemos nossa produção”, conta.
Se o Brasil é capaz? Sim, mas para crescer, explica Roberto Rodrigues, é preciso ter estratégias que contemplem questões macro econômicas, como reformas da previdência, tributária e política, como elementos que gerem confiança para investimentos e alguns temas que vão depender muito de dinheiro de fora. Também é preciso ter investimentos maciços em logística e infraestrutura. “O grande gargalo hoje no Brasil é a logística, isso inclui rodovia, ferrovia, postos e ter ação em pesquisa e tecnologia para que ocorra sem desmatamento exagerado e com sustentabilidade e política comercial ativa para que passe pela formulação de acordo bilaterais relevante. Tem que ter política pública ligada ao seguro rural. É preciso investir em seguro de renda para o campo para que haja estabilidade na atividade produtiva”, explica.
Ainda na avaliação do coordenador do Centro de Agronegócio da FGV é preciso pensar na sustentabilidade. “Em especial, na produção da agroenergia, porque à medida que hoje é feito álcool de milho, terá uma competição do milho para alimentação e para a energia. Toda problemática da sustentabilidade em todos os biomas no Brasil tem que ser olhada cada qual com tecnologias diferentes e específicas para que haja exploração sustentável sem exagerado desmatamento, preservando os recursos naturais”.
Na visão de Roberto, não dá para falar de alimento sem comunicar. Por isso, ele explica que precisa ter comunicação que mostre ao país que alimentar o mundo não é papel só dos agricultores, mas do Brasil inteiro. Precisa ter uma política industrial, articulação entre público e privado, rural e urbano para compor uma política para próximos anos.
Cooperativas: braço econômico da organização
Roberto explica que o momento é complexo, mas as cooperativas têm uma vantagem sob os demais setores porque têm gestão moderada e correm menos riscos. Para ele, elas têm condições mais adequadas para enfrentar os desafios econômicos. “Os modelos de crédito cooperativo no mundo mostram isso. Os bancos comerciais sofrem mais do que banco cooperativos, adicionalmente como são instituições inclusivas – podem ajudar qualquer governo democrático a avançar adequadamente. O que diferencia o país subdesenvolvido do desenvolvido é o grau de organização de sua sociedade. As cooperativas são braço econômico da organização na sociedade e podem ser elemento decisivo para que o país saia da crise e avance de maneira consistente, inclusive do ponto de vista da segurança alimentar. As cooperativas são responsáveis por 50% de poder agrícola no Brasil e isso tem um peso enorme até em termos globais, pois, elas podem servir de exemplo para que o país chegue ao modelo de campeão mundial que tanto almejamos”, conclui.
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Altas no preço do boi seguem firmes, com escalas ainda menores que em outubro
Frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
O movimento de alta nos preços da pecuária segue intenso. Segundo pesquisadores do Cepea, semana após semana, frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
No final da cadeia produtiva, o consumidor também se mostra resiliente diante dos valores da carne nos maiores patamares dos últimos 3,5 anos.
No mesmo sentido, a demanda de importadores mundo afora tem se mantido firme.
Pesquisadores do Cepea observam ainda que as escalas de abate dos principais estados produtores, em novembro, estão ainda menores que em outubro.
No mercado financeiro (B3), também cresceu forte a liquidez dos contratos de boi para liquidação neste ano, pelo Indicador do boi elaborado pelo Cepea, o CEPEA/B3.
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Competitividade da carne frango em relação à carne suína alcança o maior nível desde novembro de 2020
Frango inteiro é negociado, em média, 6,68 Reais/kg mais barato que a carcaça especial suína, sendo que esta diferença está 14,4% acima da de outubro.
Levantamentos do Cepea mostram que a competividade da carne de frango frente à suína está no maior patamar dos últimos quatro anos – desde novembro de 2020.
Na parcial de novembro (até o dia 19), o frango inteiro é negociado, em média, 6,68 Reais/kg mais barato que a carcaça especial suína, sendo que esta diferença está 14,4% acima da de outubro.
Pesquisadores do Cepea explicam que isso acontece pelo fato das valorizações da proteína suína estarem mais intensas que as da de frango.
O mesmo cenário é observado frente à carne bovina, cujos preços também vêm subindo com mais força que os da proteína avícola ao longo de novembro.
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JBS e Nigéria assinam acordo para investir em segurança alimentar e desenvolver cadeias produtivas sustentáveis
Plano de investimento de US$ 2,5 bi em 5 anos inclui a construção de 6 fábricas e a colaboração com o Governo da Nigéria no fomento da produção local.
A JBS, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, assinou na última quinta-feira (21) um memorando de entendimentos com o Governo da Nigéria com a intenção de investir no desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis para a produção de alimentos no país africano.
Maior economia da África e país mais populoso do continente, a Nigéria tem também uma das taxas de crescimento populacional mais altas do mundo: segundo projeções das Nações Unidas, a população nigeriana alcançará 400 milhões até 2050 — o país tem hoje mais de 250 milhões de habitantes. O PIB nigeriano, hoje em US$ 363,82 bilhões, poderá mais que dobrar até 2050, chegando a US$ 1 trilhão. Ao mesmo tempo, o país enfrenta uma das maiores taxas de insegurança alimentar do mundo, com 24,8 milhões de pessoas passando fome (WFP). Na África Subsaariana, 76% da população em extrema pobreza vive da agricultura (WB).
“Nosso objetivo é estabelecer uma parceria sólida e apoiar a Nigéria no enfrentamento da insegurança alimentar. A experiência nas regiões em que operamos ao redor do mundo mostra que o desenvolvimento de uma cadeia sustentável de produção de alimentos gera um ciclo virtuoso de progresso socioeconômico para a população, em especial nas camadas vulneráveis”, afirmou o CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni.
Pelo memorando, a JBS irá desenvolver um plano de investimento de cinco anos, que abrangerá estudos de viabilidade, projetos preliminares das instalações, estimativas orçamentárias e um plano de ação para desenvolvimento da cadeia de suprimentos. O Governo da Nigéria, por sua vez, assegurará as condições econômicas, sanitárias e regulatórias necessárias para a viabilização e sucesso do projeto. O documento prevê a construção de 6 fábricas — 3 de aves, 2 de bovinos e uma de suínos — com investimento de US$ 2,5 bilhões.
A produção de proteína no país responde por 10% do PIB, e fornece 40% da demanda doméstica. A ampliação da produção local tem o potencial de não apenas melhorar a segurança alimentar, mas reduzir significativamente as importações, gerando empregos locais e apoiando milhões de pequenos produtores.
O plano de investimento da JBS na Nigéria incluirá um amplo trabalho de desenvolvimento das cadeias produtivas locais, com apoio aos pequenos produtores e a estímulo de práticas agrícolas sustentáveis, a exemplo de como a Companhia já atua com seus milhares de parceiros em outras regiões do mundo. Um exemplo é o programa como Escritórios Verdes, que dá assistência técnica gratuita para produtores rurais brasileiros aumentarem a eficiência de sua produção, atendendo aos mais rigorosos critérios socioambientais.
Conforme diagnóstico realizado pela Força Tarefa de Sistemas Alimentares do B20, o braço empresarial do G20, durante a presidência do Brasil, estimular o aumento da produtividade através da adoção de tecnologias inovadoras no campo e da assistência técnica aos produtores, especialmente para os pequenos agricultores, é essencial para garantir o aumento da produção agrícola, preservando os recursos naturais e promovendo ao acesso das populações mais vulneráveis a alimentos de qualidade. Essa foi uma das recomendações da força-tarefa, posteriormente adotada pela declaração final dos líderes do G20.
“Nosso objetivo é colaborar com o Governo da Nigéria no sentido de apoiar a implementação do Plano Nacional de Segurança Alimentar, compartilhando nossa expertise no desenvolvimento de uma cadeia agroindustrial sustentável e as melhores práticas com o objetivo de aumentar a eficiência, a produtividade e a capacidade produtiva do país”, concluiu Tomazoni.