Notícias
“Brasil continuará produzindo soja livre, mas é preciso alinhar expectativas”, diz presidente do Instituto Soja Livre em evento na Alemanha
O Non-GMO Summit reuniu mais de 200 representantes de diversos setores da cadeia da soja não-transgênica para compartilhar experiências e fortalecer negócios.

O Brasil continuará produzindo soja não-transgênica, a chamada soja livre, em suas áreas agricultáveis, mas é preciso alinhar expectativas, informou o presidente do Instituto Soja Livre, César Borges, durante o 1º International Non-GMO Summit, realizado nos dias 9 e 10 de maio em Frankfurt, na Alemanha.
Atualmente, são quase um milhão de hectares cultivados com soja convencional, o que torna o Brasil um fornecedor para este nicho de mercado que tem os principais consumidores nos países da Europa. Por isso, o evento patrocinado pelo Instituto Soja Livre foi uma importante oportunidade que reuniu mais de 200 representantes de diversos setores da cadeia da soja não-transgênica, compartilhando experiências e fortalecendo os negócios.
“Pelo número de pessoas aqui presentes e pelo conteúdo das palestras apresentadas, o resultado já é bastante positivo. Como se o evento desse uma reavivada nesse tema, para mostrar que a produção de não transgênicos continuará”, declarou César Borges, presidente do Instituto Soja Livre.
A participação brasileira reforçou o compromisso dos produtores do país em promover práticas agrícolas sustentáveis e oferecer alimentos seguros e saudáveis aos consumidores europeus.
Já na abertura do evento, o adido agrícola na Alemanha, Eduardo Sampaio Marques, desmentiu a relação do problema do desmatamento do Brasil com a agricultura. Ele reforçou que o Brasil permite que o produtor atenda ao mercado, mas que é preciso mais previsibilidade dos demais atores da cadeia de suprimentos para que haja incentivo de plantio.
Marcus Thieme, diretor de Relações com Investidores da Caramuru e representante do Instituto Soja Livre, também insistiu nessa garantia aos produtores. Ele participou do segundo painel do dia nomeado “Fortalecimento do fornecimento de produtos não transgênicos a longo prazo”.
“O Brasil tem dinheiro sendo investido no desenvolvimento de tecnologias para plantações não modificadas geneticamente e tem como prover a quantidade que for necessária para a Europa, o problema está na demanda. Os produtores precisam de clareza e é preciso trabalhar com uma estrutura de prêmios”, explicou Thieme.
Prova da preocupação do agricultor brasileiro com a transparência e garantia de contratos é o depoimento do produtor rural e representante da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Elton Hammer. “Acho que eles (europeus) estão um pouco descuidados, achando que sempre terão o produto. Conversei com vários parceiros da Aprosmat e tem gente que já descartou semente convencional, outros reduziram a utilização. Como o preço da soja caiu, muita gente não formou ainda o pacote para a próxima safra, mas ainda assim a situação é urgente, e precisa ser resolvida em 30 dias, senão a redução da produção será muito drástica”.
Luis Fiorese, conselheiro do Instituto, explicou que são necessários de dois a três anos para entregar uma semente convencional de qualidade e é este prazo que o agricultor brasileiro precisa para planejamento de safra. Por isso, a necessidade de contratos firmados a médio e longo prazo. “Eu atendo 30% do mercado de semente convencional. Então, se eu parar de fazer semente, vai parar a pesquisa e depois para a retomar a produção vai demorar três anos para poder vender pro mercado.”
Como a preocupação dos atores alemães também é sustentabilidade, o diretor da Caramuru, Marcus Thieme, destacou as certificações de desmatamento ilegal zero, que é uma obrigatoriedade no Brasil, a participação dos pequenos agricultores na produção de soja convencional, e a utilização de energias limpas no país, vislumbrando ainda a venda de créditos de carbono através da agricultura brasileira.
A cúpula foi coordenada por VLOG, ARGE Gentechnik-frei, Pro Terra Foundation, Donau Soja e Associação Europeia da Indústria de Não-Geneticamente Modificados (ENGA). No encerramento, a secretária geral da ENGA, Heike Moldenhauer, pediu por mais cooperação e transparência a fim de enfrentar os desafios do setor.
“Precisamos de informações sobre as condições premium e preços, também sobre requisitos comerciais, sociais e políticos. E precisamos deles em todas as camadas da cadeia de suprimentos, desde os produtores de matérias-primas até os varejistas”, declarou.
Para superar os desafios, os organizadores estudam promover o Summit todo ano. E o Brasil já se colocou à disposição para sediar o próximo evento. “A gente espera receber os alemães lá no Brasil no início do ano que vem, para coincidir com o período de colheita, para que eles possam ver nosso potencial”, disse César Borges.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



