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Brasil avança com produção de soja baixo carbono e sistemas de produção mais resilientes às mudanças climáticas
Certificação inédita da Embrapa conecta produtividade, redução de emissões e adaptação climática no campo.

Tecnologias sustentáveis de produção de soja baixo carbono são o destaque da Embrapa Soja na AgriZone, vitrine de tecnologias, ciência e cooperação internacional voltada à agricultura sustentável e ao combate à fome da Embrapa, sediada na Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). “O Brasil está avançando fortemente na agenda de soluções para transição climática e segurança alimentar. Um dos destaques é a iniciativa do Programa Soja Baixo Carbono, que está desenvolvendo um protocolo de certificação voluntária, em uma perspectiva de inovação setorial, que valoriza a soja produzida em sistemas de produção que contribuam para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ao mesmo tempo que adotam técnicas produtivas mais resilientes para cenários de mudanças climáticas”, explica a chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Soja, Carina Rufino.

Foto: Shutterstock
Durante a COP30, os pesquisadores da Embrapa Soja estarão demonstrando, na prática, aspectos das diretrizes e o protocolo de Certificação de Soja Baixo Carbono na Vitrine dos Programas de Baixo Carbono da Embrapa, na fazenda Álvaro Adolfo, uma das áreas centrais da AgriZone, com práticas de intensificação sustentável e de diversificação de sistemas produtivos. “A iniciativa vai permitir aos produtores que aderirem à certificação, que atestem a sustentabilidade da soja produzida, por meio de uma metodologia brasileira, que está sendo desenvolvida com parâmetros científicos e adaptados à realidade da agricultura tropical, tornando tangíveis aspectos qualitativos e quantitativos do grão, produzido com tecnologias e práticas agrícolas que reduzam a intensidade de emissão de gases de efeito estufa (GEEs)”, explica a chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Soja, Roberta Carnevalli.
A estimativa da Embrapa, realizada a partir de dados históricos, obtidos em experimentos com mais de 30 anos de condução, mostra que a adoção das práticas preconizadas na certificação soja baixo carbono pode reduzir as emissões de Gases de Efeitos Estufa em cerca de 30%. Considerando o carbono removido no solo, a redução pode chegar a 60%. Estarão em demonstração sistemas produtivos que envolvem a soja como cultura principal e culturas em sucessão ou rotação, tais como trigo, milheto, milho, milho-braquiária e pastagem. A Vitrine contará com várias plantas de cobertura que podem entrar nos sistemas de diversificação de culturas (crotalárias, guandu, estilosantes, braquiária ruziziensis, gergelim, algodão, arroz, caupi, nabo forrageiro, milheto).
Os visitantes poderão conhecer também outras iniciativas de certificação desenvolvidas pela Embrapa, além de conferir os benefícios da diversificação de culturas para a saúde do solo. As vitrines tecnológicas são excelentes oportunidades para se observar a parte aérea das plantas, mas, a Embrapa Soja pretende mostrar também o que fica dentro do solo, combinado ao processo de inoculação com bioinsumos. Para isso, foi montado um painel com raízes de seis espécies de plantas: soja, milho, sorgo, panicum, braquiária brizanta e braquiária ruziziensis. Essas alternativas de diversificação de culturas aumentam a qualidade do sistema plantio direto, a qualidade do solo e, consequentemente, a produtividade da soja.
Painel Agrizone
A Embrapa Soja também irá promover, durante a COP 30, o painel Soja Baixo Carbono: Alicerces para uma agricultura tropical resiliente e sustentável, no dia 13 de novembro, às 16h40, no Pavilhão de Exposições da Agrizone. O Programa Soja Baixo Carbono adota um modelo de inovação setorial e conta com a parceria de sete empresas apoiadoras: Bayer, Bunge, Cargill, Coamo, Cocamar, GDM e UPL. Na ocasião, será lançada a versão em inglês da publicação Diretrizes técnicas para certificação Soja Baixo Carbono – primeira aproximação (Technical guidelines for Low Carbon Soybeancertification – first approach), acesse clicando aqui.
Bioinsumos
Os inoculantes desenvolvidos pela Embrapa Soja com parceiros também irão integrar o portfólio de bioinsumos da Embrapa na COP30. A proposta é apresentar inoculantes para as culturas de soja, feijão, milho e pastagens.
ZarcNM
O ZARC níveis de Manejo (ZarcNM) é outra solução que será destaque entre os lançamentos da Embrapa no ano de 2025. Com um projeto-piloto no Paraná, na safra 2025/26, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para cultura da soja irá considerar, também a adoção de boas práticas de manejo do solo que aumentam o volume de água disponível para as plantas. Os produtores que aderirem ao projeto terão acesso a percentuais diferenciados de subvenção nas apólices do seguro rural, de acordo com o nível de manejo adotado na propriedade. A inovação da proposta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Embrapa no Zarc Níveis de Manejo pretende contribuir para a mitigação dos riscos climáticos enfrentados pela soja.
Painel Segurança Alimentar e Nutricional
No dia 14 de novembro, das 16h30 às 18 horas, haverá o painel “Segurança Alimentar e Nutricional: O Papel da Ciência Brasileira no Combate à Fome”, uma realização da Embrapa, Academia Brasileira de Ciência e Instituto Peabiru. Durante o painel será lançada a versão em inglês do livro de mesmo nome, organizado pela pesquisadora Mariangela Hungria, em parceria com autores de diferentes organizações. A publicação é editada pela Academia Brasileira de Ciências.

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Alta umidade do solo cria ambiente favorável para desenvolvimento da safra verão
Volume acima da média favorece germinação e crescimento inicial, mas excesso hídrico aumenta risco fitossanitário em regiões do Sul, Sudeste e Centro-Oeste; monitoramento permanece essencial.

Nos últimos dias, o volume de chuva acumulado ultrapassou 70 milímetros em grande parte das regiões produtoras da safra de verão. Em vários polos produtivos, os índices registrados ficaram entre 10% e mais de 200% acima da média histórica, indicando episódios de precipitação intensa, segundo o relatório técnico da EarthDaily. “Do ponto de vista agronômico, esse excesso hídrico favorece a fase inicial do ciclo das culturas, beneficiando germinação, estabelecimento das plantas e expansão vegetativa, além de reduzir riscos associados à semeadura tardia ou irregular. Porém, chuvas concentradas em determinadas áreas podem gerar encharcamento, atrasar operações de campo e elevar o risco fitossanitário em locais mais vulneráveis”, afirma Felippe Reis, analista de cultura da EarthDaily.
Apesar da elevação da umidade do solo, o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) permanece próximo da média histórica, porém com trajetória desfavorável, semelhante ao padrão observado na safra 2024. A recuperação hídrica recente deve apoiar o avanço do desenvolvimento das lavouras, mas ainda será necessário acompanhar a resposta do NDVI nas próximas semanas para confirmar se essa melhora se traduzirá em ganhos consistentes de vigor e condição produtiva ao longo do ciclo.
Em Goiás, o NDVI encontra-se no menor nível dos últimos cinco ciclos, porém permanece em patamar semelhante ao da safra 2020/21, que apresentou produtividade satisfatória. Esse fator reduz a preocupação no momento. O aumento recente da umidade do solo e a previsão de manutenção de níveis elevados no curto prazo podem favorecer a recuperação das lavouras de soja no estado.
No Mato Grosso do Sul, o NDVI está próximo da média, porém com dinâmica pouco favorável, também semelhante ao comportamento observado no ano ruim de 2024. Ainda assim, a umidade do solo registrou forte elevação nos últimos dias e deve permanecer alta no curto prazo, com as lavouras se recuperando, embora o excesso hídrico possa ampliar o risco fitossanitário.
Em Minas Gerais, o vigor da vegetação continua abaixo da média nas áreas de lavouras de verão. No entanto, a umidade do solo apresenta tendência de aumento e deve seguir nesse movimento no curto prazo, criando condições favoráveis para a recuperação das lavouras.
Atenção no Sul
Na região Norte do Paraná, as chuvas intensas registradas recentemente podem ter provocado efeitos adversos sobre as lavouras de verão, especialmente em solos mais suscetíveis ao encharcamento. Entre os principais riscos estão atrasos no desenvolvimento vegetativo e aumento da incidência de doenças associadas ao excesso de umidade. A previsão de continuidade de precipitações elevadas reforça a necessidade de monitoramento constante para identificação precoce de eventuais perdas e avaliação de impactos sobre o manejo e o cronograma das próximas fases do ciclo.
Após os episódios de chuva intensa observados nos últimos dias, as projeções dos modelos ECMWF e GFS indicam volumes reduzidos de precipitação no curto prazo no Rio Grande do Sul. Essa condição deve contribuir para a diminuição do risco de encharcamento do solo, favorecendo a recuperação das áreas afetadas e a normalização das operações de campo, especialmente nas regiões com maior saturação hídrica recente.
Os modelos ECMWF e GFS apontam precipitações acima da média para grande parte da zona produtora de soja no curto prazo, mantendo um cenário predominantemente úmido. No entanto, algumas áreas devem registrar volumes mais modestos, especialmente no extremo Sul e em porções do Norte da região sojicultora. Essa heterogeneidade pode resultar em condições contrastantes, com risco de excesso hídrico em algumas lavouras e manutenção de limitações pontuais em áreas menos favorecidas.
Entre 10 e 17 de dezembro, as projeções indicam manutenção de níveis elevados de umidade do solo na maior parte da área agrícola, com possibilidade de excedente hídrico, sobretudo entre Paraná e São Paulo. Nessas regiões, o risco agronômico está associado à saturação do solo, restrição do desenvolvimento radicular e maior suscetibilidade a doenças.
Em sentido oposto, o oeste da Bahia tende a apresentar redução da umidade no período, o que pode reintroduzir limitações hídricas pontuais em áreas onde o avanço vegetativo ainda depende de maior regularidade das chuvas para consolidação do potencial produtivo neste início de ciclo.
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USDA mantém projeção de esmagamento recorde de soja para 2025/26
Projeção segue em 69,5 milhões de toneladas enquanto Argentina reduz impostos sobre grãos e a União Europeia adia a entrada em vigor da lei antidesmatamento.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve a projeção de esmagamento recorde de soja na safra 2025/26, estimada em 69,5 milhões de toneladas, mesmo diante da retração das margens de processamento observada nos últimos meses. A manutenção do volume reflete a expectativa de que a demanda siga sustentada, especialmente em função das políticas de combustíveis renováveis. Segundo o órgão, a definição das metas obrigatórias e das possíveis isenções deve ocorrer no início de 2026, fator que será determinante para o ritmo de consumo de óleo de soja no país.

Foto: Divulgação/OP Rural
Na América do Sul, o governo da Argentina anunciou a redução permanente das alíquotas de exportação para grãos e derivados, em uma tentativa de aliviar a carga tributária sobre o setor agropecuário. A taxa aplicada à soja foi reduzida de 26% para 24%, enquanto os subprodutos tiveram corte de 24,5% para 22,5%. Para trigo e cevada, a alíquota caiu de 9,5% para 7,5%; milho e sorgo passaram de 9,5% para 8,5%; e o girassol, de 5,5% para 4,5%. De acordo com o ministro da Economia, Luis Caputo, a medida busca reforçar a competitividade da agroindústria argentina, responsável por cerca de 60% das exportações do país.
Na Europa, o Conselho Europeu e o Parlamento chegaram a um acordo provisório para adiar em um ano a entrada em vigor da Lei Antidesmatamento (EUDR). A proposta ainda precisa ser votada, com previsão entre os dias 15 e 18 de dezembro. Caso seja aprovada, grandes operadores terão prazo até 30 de dezembro de 2026 para se adequar às exigências, enquanto pequenos operadores — incluindo pessoas físicas e micro ou pequenas empresas — terão até 30 de junho de 2027.
A EUDR proíbe a comercialização, no mercado europeu, de produtos ligados às cadeias de cacau, café, óleo de palma, soja, madeira, borracha e pecuária oriundos de áreas desmatadas após 30 de dezembro de 2020. O regulamento exige ainda que importadores garantam a rastreabilidade das mercadorias, com o objetivo de assegurar que o consumo europeu não esteja associado a novos desmatamentos.
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Corte de incentivos acende alerta no campo e pressiona custos da produção
Redução de benefícios tributários pode elevar impostos sobre insumos e alimentos em meio a perdas climáticas e alto endividamento dos produtores.

O Sistema Faep vê com preocupação a aprovação do PLP 128/2025, pelo Congresso Nacional, que promove a redução mínima de 10% dos benefícios federais de natureza tributária, financeira e creditícia. A diminuição prevista se refere aos incentivos e benefícios que já incidem sobre os seguintes tributos federais: PIS/Pasep; PIS/Pasep-Importação; Cofins; Cofins-Importação; IPI; IRPJ; CSLL; imposto de importação; e contribuição previdenciária do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada.
“Esses benefícios são importantes para a gestão no meio rural, com impacto significativo nas contas do produtor rural. Num momento complicado como o atual, onde as intempéries climáticas têm gerado perdas no campo e o endividamento do setor está alto, não podemos aceitar uma medida como essa”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette. “Vamos continuar trabalhando para tentar reverter essa decisão ou, ao menos, procurar uma saída que possa compensar a redução”, complementa.
O projeto prevê redução em 10% dos benefícios tributários, impactando a produção, com aumento da alíquota do PIS/Cofins sobre insumos, e a venda de produtos agropecuários (corte do crédito presumido). Ainda, a medida reduz o crédito presumido da indústria de alimentos e rações e o lucro presumido.
“É preciso que os setores produtivos sejam ouvidos. A agropecuária, principal pilar da economia do país, será severamente atingida com essa medida, pois vai penalizar quem produz, desestimular o investimento, comprometer a competitividade e colocar ainda mais pressão de custos sobre a produção de alimentos”, afirma Meneguette.



