Notícias Pré-cúpula
Brasil apresenta na ONU as características sustentáveis da agricultura nacional
Na Pré-Cúpula dos Sistemas Alimentares, em Roma, a ministra Tereza Cristina defendeu a posição de que cada país deve traçar seu próprio caminho rumo à sustentabilidade a partir de suas próprias características naturais e culturais

O Brasil concluiu na quarta-feira (28) a sua participação na Pré-Cúpula dos Sistemas Alimentares, em Roma, na Itália. No evento, foram discutidos caminhos para o aprimoramento dos sistemas alimentares no que diz respeito à sustentabilidade social, econômica e ambiental, como forma de aceleração do progresso na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
À frente da delegação brasileira, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, defendeu a posição de que cada país deve traçar seu próprio caminho rumo à sustentabilidade a partir de suas próprias características naturais e culturais. A ministra alertou que a imposição de modelos produtivos alheios às realidades locais poderá resultar em custos adicionais a produtores e consumidores, queda de produtividade, aumento de preços e perda de biodiversidade.
Nos eventos de que participou, a ministra Tereza Cristina apresentou as características sustentáveis da agricultura tropical brasileira e as políticas nacionais de segurança alimentar e nutricional. Ela ressaltou a necessidade de ações coletivas a nível global para erradicação da fome, a importância de políticas sociais para proteção dos mais vulneráveis e a promoção da educação para a alimentação adequada e saudável.
Em reuniões com ministros de países latino-americanos e caribenhos, a ministra reforçou a posição comum das Américas em prol da ciência e inovação, do comércio internacional e da pecuária sustentável como expressão cultural dos povos do hemisfério. Esses pontos foram reiterados também a interlocutores como União Europeia, Itália, Organização das Nações Unidas para para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e Organização das Nações Unidas (ONU).
A participação da ministra de forma presencial na reunião em Roma teve o objetivo de demonstrar a importância atribuída pelo Brasil aos sistemas alimentares e sublinhar que as perspectivas dos países da América Latina, maior região exportadora líquida de alimentos e provedora de serviços ambientais, não podem ser desconsideradas.
“Foi muito importante a nossa vinda de maneira presencial, a gente pode discutir e ver o que está sendo discutido, as medidas que afetarão a vida dos produtores rurais do Brasil. Ainda temos um tempo para nos prepara para a Cúpula, em setembro, nas Nações Unidas em Nova York. Também foi muito importante a participação dos países das Américas. Conversamos muito e aprofundamos as nossas relações para esses encaminhamentos que afetarão a todos”, disse a ministra, ao encerrar a viagem.
Próximos passos
Nas próximas semanas, terá seguimento o trabalho preparatório para a Cúpula dos Sistemas Alimentares, que será realizada em setembro, na sede das Nações Unidas em Nova York. Na ocasião, o Brasil enviará à Cúpula documento contendo visão sintética de uma trajetória para o aprimoramento do sistema alimentar brasileiro até 2030. Estuda-se ainda a participação em iniciativas coletivas para avançar em temas como perdas de desperdícios de alimentos, alimentação escolar, inovação e pecuária sustentável.
O resultado final da Cúpula, que não é vinculante, será um documento elaborado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, contendo sua sugestão de um receituário de medidas para aprimoramento dos sistemas alimentares globais.
Através da coordenação interministerial liderada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro continuará engajado no processo preparatório em prol de um resultado equilibrado que contemple seus interesses. Seguirá também reforçando seu alinhamento com os demais países das Américas no âmbito do Instituto Interamericano de Cooperação em Agricultura (IICA), no sentido de promover e divulgar o posicionamento comum da região.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



