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Biosseguridade rígida assegura ao Brasil um dos melhores status sanitários do mundo
“A suinocultura brasileira possui status sanitário bastante favorável por ser considerada livre de doenças economicamente importantes e que estão acometendo outros países”, destaca a diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Sula Alves.
O Brasil é livre de importantes doenças que afetam a suinocultura mundial, como a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS) e a Peste Suína Africana. Nas regiões onde também são produzidos suínos de maneira industrializada, também é livre da Peste Suína Clássica. São alguns exemplos que tornam o Brasil um referencial em status sanitário. Para manter esse padrão, rigorosas regras de biosseguridade, ditadas pelas legislações, mas também pela indústria, são seguidas rigorosamente por todos os atores da cadeia de produção.
A diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Sula Alves, destaca que esse status sanitário invejável é garantido por meio ações conjuntas e que programas bem estruturados ajudam a evitar graves consequências sanitárias e econômicas. “A biosseguridade e a manutenção do status dos planteis suinícolas dependem dos cuidados de todos os entes envolvidos nas cadeias produtivas, sendo a maior responsabilidade para as empresas integradoras e os produtores nas granjas. Dada a maior complexidade da cadeia de animais reprodutores, outros critérios específicos de biosseguridade devem ser seguidos, além de monitoramento de doenças específicas. O Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS) se concentra nas doenças constantes da lista da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Isso porque de acordo com suas características, são as que se espalham muito facilmente e assim acabam por apresentar graves consequências econômicas e sanitárias, portanto objeto de interesse no comércio internacional”, destaca Alves.
Ela ainda diz que inclusive, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, todo cidadão que suspeite da ocorrência de uma dessas doenças no território nacional é obrigado a comunicar imediatamente o fato ao serviço veterinário oficial, uma vez que a responsabilidade é compartilhada e a proteção do status sanitário do Brasil é responsabilidade de todos.
Assim, exemplifica a diretora da ABPA, são aplicadas medidas preventivas extensas para proteção dos plantéis que compreendem todos os aspectos que permeiam a produção, desde a entrada de materiais, caminhões, ração, controle de pragas até o trânsito de pessoas e todos os programas pertinentes à limpeza e desinfecção das granjas, incluindo também toda a parte de proteção dos animais, como vacinas, ambiência, isolamento geográfico, controle de trânsito dos lotes, controle da água, destinação correta dos resíduos, entre outros.
Além de garantir qualidade à produção e segurança alimentar, o status sanitário garante acesso a mercados internacionais. “A suinocultura brasileira possui status sanitário bastante favorável por ser considerada livre de doenças economicamente importantes e que estão acometendo outros países, como a Peste Suína Africana (PSA) e a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS) e por possuir uma vasta zona livre de Peste Suína Clássica (PSC) e estar caminhando para ser livre de Febre Aftosa (FA) sem vacinação. A manutenção desta condição sanitária no Brasil garante menores custos de produção e vantagem competitiva no acesso a mercados internacionais”, destaca Alves.
Peste Suína Africana
Sula Alves destaca que a Peste Suína Africana acomete apenas os suínos, não sendo um risco para a saúde humana, porém entre os suínos domésticos é uma doença altamente contagiosa, que tem rápida disseminação e consequências severas, sendo considerada pela OIE uma das mais relevantes com relação ao comércio internacional. “A PSA foi identificada inicialmente na África, há um século, mas atualmente está presente em vários países produtores de suínos na Ásia, África, Europa e, mais recentemente, nas Américas, tendo sido identificada na República Dominicana, em julho de 2021, o que disparou diversos alertas para o risco, principalmente no que se refere ao trânsito de pessoas e produtos de origem suína”, destaca a profissional.
No Brasil, o último foco foi registrado em 1981. O país é declarado livre de Peste Suína Africana desde 1984. “Com a confirmação do caso da doença na República Dominicana e no Haiti, o governo federal brasileiro anunciou reforço da fiscalização, principalmente em aeroportos”, aponta a diretora da ABPA.
Fiscalização
A biossegurança é bastante reforçada nas fazendas e agroindústrias, mas também nas fronteiras e portos brasileiros. O objetivo é evitar a entrada de patógenos prejudiciais à suinocultura local. “As equipes da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) realizam fiscalizações de cargas e bagagens nos portos, aeroportos e postos de fronteira de ingresso no Brasil, com utilização de cães farejadores treinados para a detecção de produtos de risco agropecuário. Essas ações têm como objetivo proteger as fronteiras quanto ao trânsito de produtos que possam caracterizar risco”, menciona.
Por outro lado, iniciativa privada e entidades de classe colaboram com ações para garantir a biosseguridade da cadeia produtiva brasileira. “A ABPA tem empregado esforços em aumentar as ações de comunicação com relação ao risco e à prevenção das doenças de interesse econômico através do Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana (Gepesa). O Gepesa também trabalha em outras frentes de apoio às ações das empresas e do governo, tais como levantamentos de valores disponíveis nos fundos estaduais para atuação em emergência sanitária, solicitação de alteração de regulamentos de interesse às medidas preventivas, apoio ao Vigiagro, entre outras”, pontua.
Sula Alves explica que “também foi formado o Grupo de Crise Prevenção PPA América, que conta com a participação de 19 países e 23 associações. O grupo objetiva a construção de ações de prevenção contra a Peste Suína Africana no âmbito da América, troca de experiências, seminários e principalmente comunicação rápida entre os entes participantes”.
Alves menciona que o objetivo das ações sempre é trabalhar com prevenção e em caso de foco é trabalhar a detecção e diagnóstico precoces e que as medidas de contenção possam ser tomadas o mais rápido possível. “A importância de reforçar a biossegurança é reforçar ao máximo as medidas de prevenção que devem ser aplicadas de forma rigorosa. O Brasil precisa resguardar seu maior patrimônio hoje, que é a sanidade. Por conta disso o país se apresenta como destaque no comércio internacional e se mantém como o quarto maior exportador de carne suína do mundo”, aponta a diretora da ABPA.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.