Avicultura
Biosseguridade para matrizes e frangos precisam ser adaptáveis
Medidas de biosseguridade garantem o bem-estar dos animais e das pessoas envolvidas na produção, além, é claro, de garantir a segurança dos alimentos que chegam na mesa dos consumidores.

As ações de biosseguridade na produção comercial de aves são fundamentais para evitar a entrada e propagação de doenças na granja. As medidas garantem o bem-estar dos animais e das pessoas envolvidas na produção, além, é claro, de garantir a segurança dos alimentos que chegam na mesa dos consumidores.
Os procedimentos de biosseguridade a serem implementados e aplicados em um sistema de produção de matrizes de corte que vão produzir ovos para a produção de frangos são aqueles contemplados como os dez elos da corrente de biosseguridade: isolamento físico do sistema; fluxo operacional; limpeza e desinfecção; monitoramento e análise; possível erradicação de enfermidades; vacinação e medicação; auditorias de rotina; educação continuada; plano de contingência e recursos financeiros.

PhD em Medicina Veterinária, Luiz Sesti: “Os programas de biosseguridade sempre estarão diretamente ligado à realidade epidemiológica e objetivos de operação de cada granja” – Fotos: Divulgação
Para o PhD em Medicina Veterinária, Luiz Sesti, antes de desenhar um programa de biosseguridade é necessário saber qual o tipo de produção avícola industrial o programa será implementado. Portanto, segundo ele, um programa de biosseguridade sempre deve ser flexível e adaptável. “Ou seja, saber qual tipo de granja para definir o escopo e o nível de detalhes dos procedimentos do programa de biosseguridade desenhado especificamente para aquele sistema de produção”, explica Sesti.
Via de regra, será necessário corrigir, adaptar e atualizar o programa, sempre com o objetivo de manter a maior eficácia possível dentro das limitações econômicas e operacionais do sistema de produção.
Sem receita
Um erro básico apontado por Sesti, e muito comum na avicultura industrial, é a busca por uma “receita de bolo”, ou seja, um conjunto qualquer de procedimentos de biosseguridade que possam ser aplicados e efetivos em qualquer situação. “Todo sistema de produção que inicie sua atividade desta maneira já começa errando drasticamente”, ressalta.
De acordo com Sesti, a melhor e principal ferramenta para a biosseguridade é a educação continuada de todos os envolvidos dentro do sistema de produção. “Uma equipe treinada e constantemente atualizada sempre será o melhor caminho para um programa de biosseguridade eficiente”, destaca.
Pontos de atenção
Segundo Sesti, três pontos básicos devem ser considerados dada a importância da biosseguridade na avicultura industrial. Ele cita primeiro a saúde pública, ou seja, a produção de proteína animal extremamente nutritiva, saudável e livre de contaminações por agentes zoonóticos que possam afetar a saúde dos consumidores.
Outro ponto é a manutenção do nível de saúde dos plantéis brasileiros, de maneira que a exportação de produtos avícolas e material genético não seja afetada.

PhD em Medicina Veterinária, Luiz Sesti: “O programa de biosseguridade sempre estará diretamente ligado à realidade epidemiológica e objetivos de operação de cada granja”
A terceira questão apontada por Sesti faz referência a rentabilidade e sobrevivência da atividade avícola. Conforme ele, plantéis enfermos não desempenham bem zootecnicamente e colocam em risco a continuidade do sistema de produção. “Além disso, a oferta de empregos e manutenção da mão-de-obra nas zonas de produção podem ser seriamente prejudicadas”, destaca.
Outro ponto extremamente importante que precisa ser observado é o fato de que praticamente todos os sistemas de produção avícola produzem alimentos para consumo humano (ovos e carne fresca ou industrializada). “Os procedimentos do programa de biosseguridade deverão obrigatoriamente contemplar a prevenção da transmissão de agentes infecciosos zoonóticos dos produtos avícolas destinados para o nosso consumo”, menciona.
O terceiro pilar de atenção é a ciência sobre os desafios causados por agentes infecciosos presentes na região, estado ou país em que está localizado o sistema de produção. “Isto será chave, por exemplo, para o planejamento da produção e para a definição do programa de vacinação das aves”, orienta Sesti.
Existem situações de sistemas de produção especializados, tais como as granjas SPF (Specific Pathogen Free/Livre de Patógenos Específicos) onde se aplicam os mais estritos procedimentos de biosseguridade possíveis tecnicamente. “Nestes sistemas se originam matérias-primas indispensáveis à produção de insumos e antígenos para vacinas de uso animal e humano”, explica.
Perdas
Qualquer agente que possa causar enfermidade em um sistema de produção será um propagador de perdas econômicas, não somente para a empresa afetada, mas também para a região e o país onde a empresa está situada.
De acordo com Sesti, tais perdas se apresentam como mortalidade e baixo desempenho zootécnico, entretanto, existem enfermidades que causam impactos mais significativamente que esses: o impacto político. A Newcastle e a Influenza Aviária, por exemplo, são enfermidades capazes de afetar toda uma indústria mundialmente conhecida, tal como a indústria avícola brasileira. “Uma cadeia produtiva que exporta cerca de 40% da sua produção”, destaca Sesti. Portanto, se o Brasil fosse afetado por uma dessas enfermidades, isso geraria enormes perdas econômicas geradas pela imediata parada de exportação de carne avícola com duração mínima de até seis meses, afirma Sesti. “Caso isso ocorresse, o país teria que provar a erradicação da enfermidade para todo o mercado mundial, o que geraria perdas econômicas imensuráveis”, afirma.
Biossegurança e Biosseguridade
Biossegurança é a tradução literal da palavra “biosafety” (inglês). Refere-se explicita e unicamente à saúde humana. Há inclusive uma lei nacional publicada em 24 de março de 2005 que descreve as diretrizes de biossegurança que devem ser utilizadas pelo país, além de contar com uma comissão específica nomeada responsável (CTNBio).
Sesti explica que as normas e planos de biossegurança são permanentes, praticamente imutáveis (a não ser para tornarem-se ainda mais restritos). “O objetivo de um programa de biossegurança é risco zero e 100% proteção para o ser humano”, afirma Sesti.
Esta definição é aplicada geralmente para pessoas que trabalham em laboratórios humanos, no desenvolvimento de organismos geneticamente modificados, laboratórios e fábricas onde se manuseiam qualquer tipo de material que possa afetar a saúde humana (biológicos, químicos, radiativos, etc.).
Em geral, as normas de biossegurança estão intimamente ligadas ao princípio da precaução, que prevê, em linhas gerais, que se algo pode afetar a saúde humana, em algum momento, deve ser proibido.
Biosseguridade é algo totalmente diferente, relacionada única e exclusivamente à saúde animal, principalmente àquelas espécies criadas com o objetivo industrial de produzir alimento humano. Biosseguridade é a tradução literal da palavra “biosecurity” (inglês) que surgiu na segunda metade da década de 1980 dentro da indústria suinícola dos Estados Unidos, conceito imediatamente absorvido e implantado pela indústria avícola.
De acordo com Sesti, as normas de biosseguridade, ao contrário das de biossegurança, são e devem ser flexíveis, adaptáveis e evolutivas. De outra maneira, biosseguridade impediria a produção de proteína animal nas indústrias avícolas e suinícolas. “Biosseguridade prevê o uso de riscos conhecidos e assumidos, sem os quais não poderia haver produção animal economicamente rentável”, ressalta.
Ainda conforme Sesti, um programa de biosseguridade, ao contrário de um programa de biossegurança, se adapta a uma situação epidemiológica específica. Além disso, pode tratar de prevenção, controle/convivência ou erradicação, com o objetivo de conseguir uma produção de proteína animal de alta qualidade com custos acessíveis. “Basicamente, biosseguridade está relacionada à Medicina Veterinária preventiva e à produção de proteína animal”.
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Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

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Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

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Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




