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Biosseguridade para evitar e conter PRRS ainda se mostra frágil no Brasil

São diversos e altos os prejuízos causados pelo vírus; saber o que é a doença e como evitar é essencial nas granjas brasileiras

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Estar preparado para qualquer eventualidade, principalmente quando o assunto é sanidade, é essencial para que o suinocultor não tenha prejuízos. Mesmo ainda não sendo uma realidade no país, a PRRS é uma ameaça às granjas brasileiras e todos os cuidados necessários devem ser tomados para evitar que a enfermidade chegue ao Brasil ou que seja devidamente controlada para não haver maiores danos caso ela ocorra. O médico veterinário Luiz Felipe Lecznieski falou sobre os “cuidados de biosseguridade para minimizar perdas com a PRRS” durante o Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que aconteceu de 22 a 24 de maio, em Porto Alegre, RS. Para o profissional, a biosseguridade para evitar PRRS ainda é frágil no Brasil.

O grande desafio do suinocultor é adotar as corretas medidas protetivas para evitar a entrada da doença na propriedade. Lecznieski informa que em primeiro lugar é preciso aderir a programas de biossegurança para as granjas. “Veja que me refiro a um “programa” e não a um “procedimento” isolado. Não adianta eu tomar banho para entrar na minha granja e não controlar moscas e baratas, por exemplo. Para que um programa seja eficaz, ele precisa abranger os diferentes riscos que envolvem a entrada de patógenos na granja e ser consistente e constante. A biossegurança precisa ocorrer todos os dias, sete dias por semana, durante os doze meses do ano”, conta.

O médico veterinário acrescenta que, com relação ao programa e ações propriamente ditos, é preciso identificar os fatores de risco e agir pontualmente. “Fazendo um bom trabalho em biossegurança reduzimos não apenas o risco da entrada de PRRS, mas de diversos outros patógenos que também podem impactar nosso rebanho”, diz.

Trânsito

De acordo com Lecznieski, em se tratando de PRRS o principal cuidado que deve ser tomado pelo suinocultor brasileiro é o fator “pessoa”. “Devemos restringir ao máximo a entrada de pessoas em nossas granjas, principalmente visitantes de outros países”, alerta. Ele explica que produtores de suínos dos Estados Unidos, por exemplo, estão exigindo dos visitantes internacionais cinco noites em território norte-americano para permitir acesso às granjas e que medidas semelhantes – ou mais rigorosas – deveriam ser adotadas no Brasil.

Outro fator importante que deve ser considerado é a entrada de veículos, informa. “A movimentação de caminhões e animais também eleva o risco da entrada da doença. Reduzir o número de introduções e origens reduz o risco de contaminação. Nosso sistema de produção não possibilita que muitas granjas possuam um quarentenário para a recepção de animais, o que com certeza seria benéfico para o controle”, conta. Além do mais, o controle de moscas também é muito importante para evitar a entrada da doença, acrescenta. “Já foi demonstrado em alguns estudos que a mosca pode transportar o vírus da PRRS de uma granja para outra, provocando a contaminação do plantel”, diz.

Minimizando as perdas

Segundo Lecznieski, quando se fala em uma doença que ainda não existe no Brasil, é preciso ter duas coisas em mente: promover ações para evitar a introdução do agente no plantel e para minimizar o impacto que a doença venha a causar no caso de uma eventual positividade. “A primeira se refere a traçar um plano de contingência nacional, regional e na própria empresa/granja. O objetivo aqui é evitar que a doença entre no Brasil e, consequentemente, em uma granja. Sendo assim, muitas das ações são externas. Como, por exemplo, gerenciar e monitorar o fluxo de pessoas e animais”, esclarece.

O médico veterinário cita que é preciso treinar e educar as equipes de trabalho sobre PRRS. “Treinamentos sobre a doença, identificação de sinais clínicos na granja e o que fazer no caso de visualizar esses sinais no dia-a-dia. Precisamos agir de forma rápida no caso de suspeitas. E só conseguiremos isso se toda cadeia estiver alerta e consciente. O pessoal da granja precisa ter conhecimento sobre a doença e o impacto que ela pode causar”, afirma. Ele conta que recentemente fez um teste em algumas granjas que visitou no Brasil, perguntando ao gerente da granja se ele sabia o que era PRRS e qual o plano de ações em uma eventual positivação do rebanho. “Infelizmente a maioria das respostas foi negativa, não se tendo conhecimento nem da doença e nem do plano de contingência”, lamenta.

A segunda atitude que deve ser considerada é no caso de a doença entrar no plantel e, diante de uma situação dessas, o que pode ser feito para minimizar o impacto na granja, comenta Lecznieski. “Nesse aspecto, as ações são mais intrínsecas à rotina da granja, como fluxo interno de animais e pessoas, manejo na maternidade – evitando movimentações desnecessárias –, troca de agulhas para medicação/vacina, luvas, botas, roupas, limpeza e desinfeção, controle de pragas, manejo de animais mortos, etc.”, diz.

Para o profissional, a PRRS é realmente uma ameaça à suinocultura brasileira, por isso a importância de todos os cuidados necessários serem devidamente tomados. “Precisamos trabalhar com a hipótese que a doença pode chegar a qualquer momento no plantel brasileiro e, a partir disso, assegurar que cada vez mais nossas granjas adotem medidas de biossegurança para reduzir esse risco”, afirma.

Ele comenta que o caso recente da doença no Uruguai eleva ainda mais o risco de a enfermidade chegar ao Brasil, o que faz todos os agentes envolvidos na cadeia questionar sobre um possível plano de contingência. “O que faríamos se uma granja no Brasil apresentasse os sintomas compatíveis com o da PRRS? Em quanto tempo teríamos o diagnóstico definitivo? Qual seria o plano de ação? Como seria a comunicação para a indústria? Particularmente, não tenho certeza de quão preparados estamos para uma situação dessas”, alerta.

Lecznieski conta que os Estados Unidos lidam há 20 anos com a PRRS e ainda continuam tendo cerca de 20 a 40% de novos casos todos os anos. “Trata-se de uma doença muito difícil de controlar, precisamos estar preparados e tentar conter a sua entrada”, reitera.

Prejuízos

O médico veterinário revela que quando se fala em uma doença com a magnitude da PRRS, tudo acaba sendo perda econômica. “A PRRS afeta o desempenho do plantel, há uma redução grande no número de leitões desmamados/porca/ano, seja pela perda reprodutiva da porca ou pelo aumento da mortalidade dos leitões. Por outro lado, os custos com alimentação continuam a existir, ou seja, há um desequilíbrio muito grande no binômio receita-despesa”, conta.

Ele afirma ainda que existe um desgaste psicológico dos funcionários, que trabalham de forma incessante e não veem o resultado desse trabalho. “Em algumas granjas em que eu trabalhava nos Estados Unidos, a rotatividade de funcionários quase dobrava quando a granja positivava para PRRS. Isso porque ficava muito difícil atingir as metas de produção, o que impactava no bônus das equipes. Então, veja que a PRRS impacta de diversas formas na economia de uma granja”, alerta.

Compartilhar informações para prevenir

De acordo com Lecznieski, a indústria norte-americana compartilha muitas informações sobre os seus plantéis, o que é muito positivo para o auxílio no controle da doença. “Práticas de manejo, índices produtivos e status sanitário são discutidos e compartilhados entre veterinários de empresas teoricamente concorrentes no negócio. A indústria de lá se deu conta que a união é a melhor maneira de lutar contra a PRRS. Existe constante troca de informações entre empresas, universidades e órgãos governamentais”, conta.

O profissional acredita que os agentes da cadeia suinícola brasileiros deveriam rever a forma que partilham informações entre granjas e empresas. “Tratamos tudo com muito sigilo, poucas empresas admitem os problemas sanitários que enfrentam ou compartilham as práticas de manejo e seus números produtivos. Agimos como se a troca de informações fosse prejudicial ao negócio. Em minha opinião, somente com uma relação clara e aberta entre empresas, universidade e governo poderemos nos preparar e reagir à eventual entrada da PRRS no Brasil”, assinala o médico veterinário.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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