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Suínos / Peixes

Biosseguridade: está na hora de parar com o faz de conta

Conforme o médico-veterinário, Nelson Morés, um bom exemplo de negligência nas granjas acontece quando não é dada a devida importância e respeito ao vazio sanitário e ao fluxo de produção tecnicamente corretos.

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Foto: Shutterstock

Com uma visão de dentro da granja, o médico-veterinário Nelson Morés, questiona se o setor de suinocultura compreendeu de fato o significado dos desafios sanitários. Segundo ele, é preciso parar com o faz de conta em relação a biosseguridade nas granjas brasileiras. “Precisamos ter atitudes com aquilo que se sabe, fazer acontecer. O conhecimento não tem valor até que se torne em atitudes ou ações”, afirma Morés.

Médico-veterinário, Nelson Morés: “A ausência de enfermidades como a PSA, a PRRS e a PED em território nacional oportuniza vantagens econômicas importantes em relação a países concorrentes infectados” – Foto: Divulgação/Embrapa

Para o profissional, um bom exemplo de negligência nas granjas acontece quando não é dada a devida importância e respeito ao vazio sanitário e ao fluxo de produção tecnicamente corretos. “As etapas mais prejudicadas, muitas vezes tomar as atitudes corretas, é na maternidade e na creche, principalmente nas duas primeiras semanas após o desmame.

Apesar das granjas de suínos e sistemas de produção no Brasil serem bastante diferentes, com emprego de alta ou baixa tecnologia, a biosseguridade não varia muito entre granjas de baixa ou alta tecnologia. Segundo Morés, as granjas de alta tecnologia geralmente são granjas grandes, com alta escala de produção, onde as questões de biosseguriodade são muito mais relevantes, porque a concentração de animais é muito maior e a possibilidade de ocorrência de doenças multifatoriais é muito maior. “A presença e a importância dos fatores de risco nestas granjas geralmente são mais relevantes”, salienta.

Para Morés a redução dos desafios sanitários nas granjas brasileiras depende de investimentos em infraestruturas, porém o trivial não pode ser deixado de lado. “O que mais pode ser feito é o feijão com arroz, ou seja, o que sabemos, mas por várias razões muitas vezes não colocamos em prática”, menciona.

Conforme Morés, uma das principais ações de biosseguridade é a qualificação da mão de obra, principalmente em granjas de grande porte. “Elas necessitam fazer constantes treinamentos técnicos e práticos a seus colaboradores, principalmente em biosseguridade externa e interna, práticas que reduzam o nível de estresse dos animais e nos cuidados dos leitões e porca nos três dias após os partos”, explica.

Para Morés o papel de técnicos e outros profissionais envolvidos na produção de carne suína em relação à biosseguridade é avaliar individualmente e propor medidas de que se adequem à granja, principalmente da estrutura existente e do fluxo de produção. “E aos produtores cabe discutir a viabilidade em função dos recursos disponíveis e executar (ter atitudes) corretamente as orientações acordadas”, destaca Morés.

Riscos sanitários

Para morés, a cadeia produtiva e seus atores compreendem a fundo os riscos dos desafios sanitários na proteção nacional para impedir a entrada de novas doenças no Brasil. Exemplo disso são as enfermidades importantes que acometem outros países, como a Peste Suína Africana (PSA), a Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos (PRRS) e a Diarreia Epidêmica dos Suínos (PED). “E o Brasil com esforço conjunto da cadeia produtiva e da vigilância sanitária oficial continua livre dessas enfermidades”, destaca. Porém, segundo Morés, internamente, o modelo produtivo existente, com muito deslocamento e mistura de leitões no desmame ou descrechados, favorece a disseminação de enfermidades já existentes entre os rebanhos. “Outro grande desafio sanitário é manter livre de peste suína clássica a região de maior produtividade de suínos”, menciona.

Morés avalia a biosseguridade da suinocultura brasileira de modo geral como razoável. O médico veterinário afirma que existem rebanhos com excelente biosseguridade, porém outros com nenhuma. “Evoluiu-se muito nos últimos anos, alguns estados elaboraram portarias específicas para orientar técnicos e produtores, mas ainda há muito o que fazer nas granjas, principalmente com relação à biosseguridade interna”, ressalta.

Principal risco

O principal risco sanitário que merece atenção no país é sem dúvida a entrada PSA, da PRRS, da PED e a disseminação da Peste suína Clássica das regiões infectadas do Brasil com pouca expressão produtiva para a região considerada atualmente livre dessa enfermidade. “O Brasil deve continuar muito vigilante para que continuemos livres dessas enfermidades”, menciona.

Morés cita ainda outras duas doenças existentes no Brasil que segundo ele, são muito relevantes do ponto de vista econômico: a Disenteria suína e a Pleuropneumonia suína. “Esforços devem ser feitos no sentido de reduzir sua disseminação e/ou erradicá-las nos rebanhos já infectados”, menciona Morés.

Um dos grandes temores dos suinocultores e profissionais da área em relacionados a entrada de doenças trazidas de outros países para o plantel brasileiro. Morés avalia quão grave seria a entrada de patógenos indesejados, como a Peste Suína Africana ou mesmo a Peste Suína Clássica em áreas livres.

Segundo ele, os problemas vão depender muito da rapidez e da eficácia das medidas de contenção adotadas. “Caso um evento dessa natureza venha acontecer é de suma importância que o foco seja imediatamente identificado e contido”, afirma Morés. Nesse aspecto, o setor produtivo tem papel fundamental em informar rapidamente os órgãos oficiais de vigilância epidemiológica os casos de suspeita dessas enfermidades, para que tais casos sejam investigados e se necessário medidas oficiais urgentes de controle sejam adotadas. “Se tais enfermidades não forem contidas rapidamente e se disseminem nos rebanhos as consequências econômicas para a cadeia serão catastróficas”, acentua.

O assunto foi debatido durante o 14º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), realizado em agosto na cidade de Chapecó (SC). O evento é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e acontece paralelamente à 13ª Brasil Sul Pig Fair.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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