Suínos
Biosseguridade é pilar e patrimônio da suinocultura brasileira
Mesmo com status sanitário invejável, ainda existem detalhes e cuidados que suinocultor deve tomar no dia a dia para que doenças não entrem nas granjas
São vários os fatores que tornam uma produção boa e de qualidade. Manejo, nutrição, genética. Mas, um dos itens que nunca sai da pauta e que o suinocultor deve se atentar sempre é a sanidade. Sem este, os outros quesitos perdem todo o potencial que podem oferecer. O Brasil é referência quando o assunto é sanidade suinícola, porém, para manter este status é preciso que o suinocultor se atente aos diversos pontos que são essenciais quando o assunto é biosseguridade.
Para o médico veterinário da Agroceres PIC, Nilo de Sá, sanidade é um assunto que a cadeia suinícola sempre vai discutir, já que um pequeno erro pode acarretar em sérias complicações e prejuízos. “O Brasil tem hoje uma sanidade melhor que outros concorrentes do mercado internacional. Nós temos que olhar para quem está competindo com a gente no mercado mundial, principalmente Estados Unidos, Canadá e União Europeia”, conta. De acordo com ele, os três mercados exportam mais que o Brasil, porém, têm importantes doenças virais que o Brasil não tem.
Além do mais, segundo Nilo, é preciso ainda que o Brasil se atente a outros mercados importantes, como a China. “É um mercado gigante, eles têm mais de um bilhão de pessoas, compram muita carne de porco. O Brasil tem 1,8 milhão de matrizes e a China tem 35 milhões de matrizes, e mesmo assim não conseguem alimentar todo o povo, então tem que comprar (importar). Este é um mercado que temos que olhar porque queremos vender para eles”, destaca. O profissional ainda destacou a Rússia, que é um país importante, que compra muita carne brasileira.
Nilo destaca que ao observar estes países – União Europeia, Estados Unidos, Canadá, China, Rússia, entre outros –, eles possuem várias doenças que o Brasil não tem, como a PRRS e a PED, por exemplo. “Somente a PRRS causa aos Estados Unidos um prejuízo anual de US$ 1 bilhão. Já a PED matou entre 2013 e 2014 cerca de oito milhões de animais na América do Norte”, informa. Outras enfermidades destacadas pelo profissional que o Brasil é livre são a peste suína africana e peste suína clássica. Além do mais, para aquelas que o Brasil é positivo, como o circovirus, o produtor consegue conviver com elas. “Somos positivos, mas temos manejo, medicamento e vacina, assim conseguimos controlar. Vemos hoje que o Brasil é melhor que outros países, mas a sanidade é um assunto importante”, destaca.
Segundo o médico veterinário, existe uma série de medidas que são adotadas para um país ser livre de enfermidades. Um grande diferencial do Brasil é a quarentena que o país possui na cidade de Cananeia, em São Paulo. “Nós somos o único país que tem uma quarentena para trazer animais de fora”, conta Nilo. O profissional explica que quando o animal vem ao Brasil, passa por este local, onde são feitos diversos exames e análises para confirmar que é livre de qualquer enfermidade. “Por que fazemos isso? Para nos cercar com uma série de medidas de segurança que os animais que vão vir de fora não tragam doenças, vírus ou bactérias para o nosso país”, diz.
Melhor biosseguridade
De acordo com o médico veterinário, o primeiro passo para uma melhor biosseguridade é tomar todos os cuidados possíveis na granja para evitar que os animais sejam contaminados. “Tudo começa por um animal, mas pode ser um sapato, uma roupa, um caminhão. Qualquer item pode transportar ou trazer a doença para a granja, e é por isso que temos que tomar uma série de medidas para evitar que qualquer enfermidade chegue até a granja”, explica.
Segundo ele, é importante que todos os cuidados sejam tomados para maior proteção contra os agentes infecciosos, como vírus, bactérias, fungos ou parasitas. “E estes itens são mais difíceis porque não vemos nenhum deles. É fácil pensar em rato, mosca ou barata, mas é difícil pensar em vírus. Por isso, temos que entender que nós não vemos, mas esse bicho está lá e pode trazer uma série de prejuízos”, afirma Nilo. O médico veterinário reitera que a cada pouco tempo existem novos desafios e novas doenças, e por conta disso a biosseguridade é um assunto que nunca vai sair dos principais temas da produção animal.
Formas de transmissão
Uma das formas de transmissão de vírus, de acordo com o médico veterinário, é a introdução de novos suínos em um lote. “O animal pode ter alguma doença e eventualmente não apresenta o sintoma. Dessa forma, esse animal vai chegar em uma granja nova e passar a doença para outros animais, e normalmente esse novo rebanho não tem a imunidade contra o vírus e vai adoecer”, explica.
Outro item de grande risco, segundo Nilo, é o veículo, especialmente os que transportam animais. “O veículo transportou um animal que era doente para uma granja, ou buscou animais doentes de algum local, não fez a correta lavagem, é um risco. Ou mesmo outro veículo que transporta maravalha ou outro tipo de material para dentro da granja”, comenta. Outros objetos, como vassouras, sapatos e equipamentos emprestados, por exemplo, são também fontes que podem transmitir algum vírus.
Pessoas são também um grande risco, confidencia o profissional. “Pessoas que visitam uma granja não trocam de roupa e vão para outra. E não somente a roupa, mas todos os itens podem estar contaminados, como relógio, anel, pulseira, cabelo”, informa. Além do mais, Nilo reitera que pragas como ratos, insetos e pulgas também podem carregar doenças. “Algumas doenças podem ainda ser transmitidas pelo ar, pela água e, por fim, animais de estimação ou outros, como javalis, cães e gatos”, esclarece. O médico veterinário comenta como existe uma série de possibilidades de transmissão de doenças. “O animal pode transmitir direto, ou vai contaminar veículos, materiais e isso vai contaminar todo o rebanho”, diz.
Agente não é certeza de doença
Um aviso importante dado por Nilo é que o animal ter o agente, bactéria ou vírus não necessariamente significa que vai ter a doença na granja. “O aparecimento da doença em si vai depender de um conjunto de fatores, que é ter o agente, os animais não estarem em uma boa condição de imunidade, manejo, nutrição, um ambiente adequado, lotação inadequada, sofrendo com frio. Muitas vezes ter o agente não necessariamente significa o desenvolvimento da doença na granja”, informa. Para ele, é possível eventualmente conviver com o agente com baixo ou praticamente nenhum prejuízo, desde que itens como nutrição, ambiente, manejo e conforto dos animais sejam controlados.
Para demonstrar melhor a importância de cuidar de todos os itens já citados, Nilo apresentou um estudo, em que granjas estavam submetidas a condições de risco. De acordo com ele, estas granjas que não tomavam os devidos cuidados e tinham um número maior de surtos de doenças tinham um número maior de visitantes que não trabalhavam diretamente com a produção e não tomavam as medidas de proteção – como trocar de roupa ou tomar banho – do que outras granjas.
Outros dados descobertos foram que estas granjas tinham 1,6 vezes mais entrada de veículos, dez vezes mais introdução de animais de outras origens, 3,5 vezes mais compartilhamento de equipamentos com outras granjas e 2,5 vezes mais pássaros nas instalações. “Ou seja, vários daqueles itens de risco que falamos ocorrendo mais de uma vez e obviamente aumentou o risco de introduzir alguma doença na granja”, destaca.
Apesar isso, o médico veterinário informa que não será uma falha, um dia, que fará com que todo um rebanho fique doente. “Normalmente são falhas repetitivas, não conformidades repetidas ao longo do ano que podem aumentar o risco e levar a entrada de doenças para dentro da granja”, esclarece.
Manter status
O médico veterinário destaca ainda que é importante que o suinocultor mantenha o status sanitário que ele tem. “Normalmente, uma vez que temos um bom status, vamos trabalhar para mantê-lo”, afirma. Ele explica que esse status seria o produtor ver qual doença ele tem na granja, se consegue conviver com ela com os índices de produtividade bons e uma boa conversão alimentar, além de um bom número de leitões/desmamados/porca/ano e bom ganho de peso. “Então, temos que trabalhar para manter esse status e ter um resultado satisfatório”, diz. De acordo com ele, cada granja tem a sua realidade, positivo para alguns agentes e negativos para outros.
O controle de pragas é outro ponto fundamental, de acordo com Nilo, e que muitas vezes é negligenciado. Para ele, quanto maior o status de uma granja, maior o cuidado que deve ser tomado. Entre as orientações do profissional que devem ser adotadas pelo suinocultor está o cinturão verde ao redor da granja, o controle de pessoas e veículos dentro da granja, um portão trancado com placa de “entrada proibida” na entrada da propriedade e controle de visitas. Além do mais, é importante que o suinocultor tenha cuidados especiais com a água e ração dadas aos animais, o tratamento de dejetos e o bom manejo da composteira. “O raciocínio é: quanto menor a circulação de animais e pessoas vindos de fora, menor o risco”, afirma.
Nilo explica que todas estas recomendações e medidas que devem ser adotadas pelo produtor não vêm do nada. “Muitas vezes são normativas do Ministério da Agricultura que temos que seguir, principalmente para atender aos nossos clientes internos e externos”, conta. O médico veterinário diz que os trabalhos feitos para aumentar a biosseguridade na propriedade devem ser incorporados no trabalho e dia a dia das granjas, principalmente para se manter competitivo no mercado com indicadores altos. “O investimento em biossegurança tende a deixar o trabalho mais estável ao longo do tempo, além de melhorar o ambiente de trabalho, tendo uma maior eficiência da mão de obra. Além do mais, diminui custos com medicamentos, que é um compromisso de todos os países. Devemos utilizar os medicamentos para prevenir as doenças e não tratar, e para isso acontecer a biosseguridade é tudo”, enfatiza.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
