Avicultura
Biosseguridade de poedeiras é chave para sucesso do Estado de São Paulo
Coordenador da Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo, Fernando Gomes Buchala, falou sobre sanidade durante o Congresso de Ovos APA
O médico veterinário e coordenador da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Fernando Gomes Buchala, fez uma palestra durante o Congresso de Ovos APA (Associação Paulista de Avicultura), que aconteceu de 20 a 22 de março, em Ribeirão Preto, SP. Buchala estava incumbido de falar sobre as atualizações das novas instruções normativas e impacto na biosseguridade de poedeiras comerciais. Em entrevista ao jornal O Presente Rural, ele conta como São Paulo está trabalhando para manter a sanidade avícola em dia e como o produtor está se adequando às mudanças que estão acontecendo na maneira de produzir ovos.
São Paulo é o maior produtor de ovos do Brasil, responsável por uma a cada três unidades. O destaque é o município de Bastos, que tem até festa para a iguaria todos os anos. “O município de Bastos é o maior polo de produção de ovos. Com uma capacidade de alojamento para mais de 28 milhões de aves, Bastos produz aproximadamente 231 ovos por segundo”, cita o coordenador da CDA. Ele explica que o sistema vem sendo inovado com tecnologia e para atender nichos específicos de mercado, mas o sistema tradicional ainda é bastante comum. “Os novos e os grandes produtores já estão adequando suas instalações aos sistemas vertical e piramidal, mas ainda encontramos em todas as regiões do Estado os galpões do tipo californiano e, ainda, algumas iniciativas de criações livres de gaiolas, os denominados caipiras”.
Em qualquer um dos modelos, avalia, os critérios de biosseguridade são fundamentais e devem ser orientados por profissionais. “Em primeiro lugar é preciso a figura de um profissional, médico veterinário, capacitado e apto para atuar em sanidade avícola. Ele é quem deve realizar toda orientação para a implantação das medidas de biosseguridade preconizadas pelas normativas federais e estaduais, que se resumem a adoção de medidas físicas para minimizar a probabilidade de ocorrência de doenças, e de mudança de hábitos de produção, por meio de boas práticas”. Praticas, aliás, semelhantes ao que se adota nas granjas de frango de corte. “Os pontos críticos são aqueles aos quais as instruções normativas preconizaram medidas de mitigação de risco, como o controle do trânsito de veículos e de pessoas, controle de pragas (insetos e roedores), limpeza e desinfecção das instalações e dos equipamentos, tratamento da água, entre outros”.
Pioneirismo em biosseguridade
Ele cita que o Brasil é pioneiro em normatizar questões de biosseguridade, ou seja, transformar exigências em leis, e que apresentou no congresso um breve histórico de tudo que foi implementado até hoje no país. “Durante o congresso foi apresentado apenas uma síntese de todo arcabouço legal que regulamenta a atividade avícola do ponto de vista sanitário e que foi implementado até hoje. Estas normativas, do ponto de vista sanitário, e o objeto de competência de nossa coordenadoria, impactam diretamente no status sanitário das aves criadas com a finalidade de produção de alimentos, refletindo em um produto de maior qualidade ao consumidor. O Brasil é o único país do mundo que adota procedimentos de biosseguridade sob a forma de lei, ou seja, a biosseguridade só aqui é regulamentada por meio de normativas, o que faz do Brasil deter certo pioneirismo na adoção de tais procedimentos”, sustenta.
As normativas que regulam o status sanitário, na opinião de Buchala, são mais rigorosas, exigindo mais empenho do produtor, mas vão assegurar sustentabilidade e controle mais efetivos a todos os envolvidos na cadeia. “Há uma mudança nos paradigmas, principalmente com relação aos hábitos de criação adotados até então, pois o criador, além da implantação de medidas de biosseguridade, deverá adotar procedimentos documentados e registrados, que deverão ser arquivados para efeitos de fiscalização. Considerando que as aves serão criadas em um sistema sanitário mais rigoroso, a indústria passa a receber um produto com maior qualidade e, consequentemente, a oferta de alimentos seguros ao consumidor”, avalia o coordenador da CDA.
Ele explica que o Estado de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) possui um sistema informatizado, contemplando o cadastro de todos os estabelecimentos avícolas localizados no Estado, permitindo a emissão de forma eletrônica da da Guia de Trânsito Animal (GTA) e, consequentemente, a rastreabilidade das aves. Tudo e todos são ‘vigiados’. “A CDA executa atividades de vigilância epidemiológica para as principais doenças de interesse do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) em granjas de reprodução, comerciais, de subsistência e em sítios de aves migratórias”.
Tendências
Para Buchala, produções livres de gaiolas e de antibióticos vão ganhar espaço, mas vão demandar mais trabalho e atender apenas mercados específicos, sem afetar a produção de postura comercial convencional. “O sistema de criação denominado de cage-free, ou livre de gaiolas, em virtude da preocupação da sociedade de consumo, parece ser uma tendência mundial, e está diretamente relacionado às questões de bem-estar animal. Sanitariamente, segundo alguns autores, este sistema demanda maior atenção quanto à adoção e a execução de procedimentos de biosseguridade. Assim como as questões relacionadas ao bem-estar animal, a utilização de antibióticos nas produções animais também tem sido tema de discussão da sociedade moderna, principalmente quando se observa a proliferação de bactérias multirresistentes. No entanto, o uso de antibióticos sempre foi largamente utilizado e os produtos de origem animal podem ser destinados ao consumo desde que respeitados os períodos de carência. No entanto, cabe ao consumidor a opção pela escolha, uma vez que estas questões de bem-estar e de “antibiotic free” são nichos de mercado explorados pela indústria.
Compartimentação na postura
Em relação à biosseguridade, Buchala acredita em granjas compartimentadas. “Os próximos passos já estão sendo dados, além da atualização e elaboração de normas para regulamentar o setor, um dos passos mais importantes tem sido o processo de compartimentação das casas genéticas de postura comercial (Hendrix e Hy-Line), sendo que uma delas obteve seu certificado recentemente (Hy-Line) e, talvez em um futuro, que o próximo passo possa ser o processo de compartimentação da postura comercial”.
Ele cita a importância de manter os planteis livres de enfermidades. “A ausência de qualquer enfermidade em qualquer que seja a espécie animal é uma benção para o produtor e para o sistema de defesa agropecuária, pois garante a produção e a fonte de renda do produtor.
Buchala tem mestrado e doutorado em Medicina Veterinária Preventiva pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp) e pós-doutorado em epidemiologia pela Universidade da Geórgia, Estados Unidos.
Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
