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Biossegurança negligenciada aumenta necessidade de medicamentos

Manejos são realizados nas granjas, porém de forma inadequada, e que cuja correção/adequação não requer necessariamente grandes investimentos financeiros, mas conhecimento, treinamento e disciplina

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Artigo escrito por Eliana Dantas, médica veterinária e gerente Técnica da Bayer Saúde Animal

A sua granja está dependente do uso de antibióticos? A redução do uso de antibióticos irá impactar diretamente o desempenho dos animais e os ganhos com a produção? Se sua resposta for – ao menos – “talvez sim”, você precisa olhar para o seu sistema de produção com mais atenção e certamente encontrará diversos pontos de melhoria, os quais muito provavelmente foram negligenciados ao longo do tempo pela dura rotina que impede que seja dada a importância necessária a manejos fundamentais, que exercem grande influência na saúde dos animais e nos resultados finais da produção. Manejos estes que, em sua maioria, são realizados nas granjas, porém de forma inadequada, e que cuja correção/adequação não requer necessariamente grandes investimentos financeiros, mas conhecimento, treinamento e disciplina.

Outra questão a se refletir é de que forma estou fazendo uso dos antibióticos? Pontualmente, para corrigir problemas sanitários, ou de forma constante, para corrigir falhas de produção?

E pensando desta maneira, de que forma a biossegurança pode contribuir neste processo de redução do uso de antibióticos nos sistemas de produção animal?

Primeiramente, vamos relembrar o conceito de biossegurança citado por Sobestiansky, J. e colaboradores (1985): “Programa de biossegurança é um conjunto de medidas cuja finalidade é proporcionar ao animal ótimas condições de saúde a fim de que este possa desenvolver a máxima produtividade de que é potencialmente capaz”. Isto significa que se tratando de biossegurança não será apenas uma ação isolada que vai melhorar as condições de saúde e o desempenho de um lote de animais, mas sim um conjunto de ações que, quando bem executadas isoladamente, trarão de forma conjunta um resultado positivo, que terá como um de seus principais benefícios a redução da pressão de infecção na granja e consequentemente uma menor necessidade do emprego de antibióticos, já que o grau de contaminação do ambiente estará em patamares aceitáveis, o risco à ocorrência de doenças será menor e o potencial produtivo dos animais poderá ser expresso mais intensamente.

Para exemplificar alguns dos elos desta importante cadeia que é o programa de biossegurança, vamos iniciar com a localização da granja e o seu adequado isolamento, aspectos de extrema importância no âmbito sanitário relacionado à propagação de doenças e transmissão dos agentes infecciosos através de aerossóis e vetores. Granjas localizadas em regiões de aglomerados animais, quando mal isoladas, se tornam vulneráveis à contaminação com agentes infecciosos oriundos de unidades vizinhas.

Controle de Acesso

O controle de acessos também é fundamental. Este controle deve incluir o fluxo de pessoas, de veículos, de materiais e equipamentos, a adequação da portaria, de cercas, avisos e barreira vegetal. A portaria deve ser o único local de acesso de pessoas à granja, e deve conter o escritório e banheiros. O banheiro deve ter área suja e limpa, e os funcionários e visitantes devem tomar banho antes de entrar na granja e devem trocar de roupa. As visitas devem ser restringidas e o período de vazio sanitário (em média 48 horas) dos visitantes deve ser respeitado. As cercas devem ter ao menos 1,5 metro de altura para controlar acesso de pessoas, veículos e animais, e barreira vegetal servirá como um cinturão verde a partir da cerca de isolamento.

O cuidado com a entrada de materiais e equipamentos deve ser voltado para a prevenção de introdução de agentes contaminantes, o que torna importante a presença de um sistema de fumigação na portaria. Os caminhões de transporte de ração, insumos e animais não podem ter acesso ao complexo interno da granja, o descarregamento deve ser feito nas proximidades da cerca de isolamento. As granjas devem ter embarcadouros e desembarcadouros de animais e os caminhões devem ser lavados e desinfetados após cada desembarque. Aqui vale ressaltar a importância dos caminhões na disseminação de doenças através do exemplo claro e recente dos episódios da Diarreia Epidêmica Suína (PED), em que os caminhões eram passíveis de contaminação no frigorífico e responsáveis por carrear o vírus e contaminar granjas.

A introdução de animais e/ou sêmen para a reposição do rebanho é outro ponto fundamental na biossegurança, pois neste momento podem ser introduzidas doenças através de material genético e animais portadores aparentemente sadios. Como prevenção, somente devem ser adquiridos de granjas certificadas, preferencialmente de uma única origem, e realizar a quarentena (ao menos 28 dias) dos animais em áreas segregadas, atentando para a realização de tratamento contra parasitas e vacinações.

Higienização

A higienização, termo que associa os processos de limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos, é o processo que é realizado em todas as granjas, mas que é altamente passível a erros. A higienização correta das instalações, associada ao vazio sanitário, é fundamental para minimizar o risco de infecção e favorecer a quebra do ciclo de vida de determinados agentes infecciosos. O processo de higienização pode ser dividido em cinco etapas: limpeza seca, limpeza úmida, aplicação do detergente, enxágue e desinfecção. Compreender e seguir os procedimentos de limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos resulta na correta eliminação dos resíduos da produção. Assim, os funcionários devem entender a importância de cada etapa deste processo, devem estar atentos ao uso correto dos detergentes e desinfetantes – incluindo diluição de uso, tempo de contato, condições da superfície a ser tratada -, o que significa que os funcionários devem ser treinados!

Vetores

O controle de roedores e insetos nunca deve ser desprezado. Estes representam um sério risco à produção, o qual, não raramente, é negligenciado pelo produtor. Os roedores são responsáveis por grandes prejuízos econômicos. Danificam instalações elétricas e telefônicas, provocam danos à estrutura e equipamentos, provocam perdas significativas de ração, não somente pelo volume de ração que consomem, mas também pela considerável quantidade que contaminam e inutilizam. São responsáveis pela transmissão de doenças tanto ao plantel como aos homens, o que caracteriza sua importância na saúde pública (ex. leptospirose, raiva, hantavirose, etc.) e na saúde animal (ex. salmonelose, peste suína clássica, disenteria suína, raiva, etc.).

O controle de roedores deve ser incorporado como um programa integrado, através da colocação orientada das iscas e uso de produtos eficazes e seguros, assim como adoção de medidas que evitem a atração e instalação dos roedores na granja: manutenção das instalações a fim de evitar fendas, aberturas e exposição da fiação, evitar o acúmulo de lixo e entulho, evitar o desperdício de ração nas baias e manter o local de armazenagem limpo e organizado (estrados), cuidar das áreas ao redor do galpão, entre outras medidas.

Da mesma forma e importância, o controle de moscas deve ser realizado. As moscas também têm importância na saúde pública e animal, pois são responsáveis pela disseminação de agentes patogênicos importantes como o tifo e o paratifo, diarreia dos leitões, doença de Aujesky, transportam mecanicamente ovos de helmintos, contaminam alimentos, e como consequência há desenvolvimento de doenças, gasto com medicamentos, baixo desempenho dos lotes, piora na conversão alimentar, ou seja, perdas econômicas significativas ao produtor. O controle das moscas também deve ser do tipo integrado, como citado para o roedor, através do controle químico direcionado tanto para a fase de larva como para a fase adulta, respeitando o ciclo de vida da mosca. Lembre que as larvas se desenvolvem na matéria orgânica como fezes, lixo e material em putrefação, e que a mosca adulta, por exemplo, a mosca doméstica, pode colocar mais de 800 ovos durante a sua curta vida. Realizar o controle adequado nas instalações e tornar todo o ambiente da granja, considerando interior e arredores, inadequado para a atração e proliferação das moscas, representam a chave para o sucesso do programa.

Em muitas circunstâncias não é possível fazer o controle adequado de agentes infecciosos num sistema de produção devido à presença dos roedores e moscas, e o produtor passa a utilizar quantidades excessivas de antibióticos, não atinge as metas de produção, deixa de zelar pelo bem-estar-animal, põe em risco a segurança e a satisfação dos funcionários.

Considerando os pontos aqui citados, a biossegurança se apresenta como uma grande aliada à luta pelo uso racional de antibióticos e por ganhos na produção.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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