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Suínos Doença altamente contagiosa

Biossegurança é diferencial para proteger suinocultura brasileira da PSA

Em 2018, um surto da Peste Suína Africana na China provocou prejuízos gigantescos. Foi considerado o maior do mundo, arrasando criações inteiras e trazendo desequilíbrio para o mercado global de carnes.

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Arquivo/OP Rural

Uma doença altamente contagiosa, que apesar de não ser nociva aos humanos tem a capacidade de dizimar rebanhos, a Peste Suína Africana (PSA) chegou às Américas e volta a preocupar os suinocultores. A doença, que já afetou a China e países da Europa, foi registrada pela República Dominicana no fim de julho de 2021. Essa é a primeira vez, desde a década de 80, que um país do continente americano confirma casos da PSA.

O engenheiro agrônomo Leandro Hackenhaar destacou o poder destrutivo da Peste Suína Africana, transmissão, sinais clínicos, controle e erradicação, além de seus impactos no mercado suíno internacional.

Originário da África, o vírus que provoca a PSA foi identificado há mais de cem anos. A doença provoca perda de apetite, febre alta, sinais respiratórios, hemorragias na pele, vômito, diarreia, sinais clínicos estes que podem levar à morte de suínos e javalis. As taxas de mortalidade podem chegar a 100%.

Em 2018, um surto da Peste Suína Africana na China provocou prejuízos gigantescos. Foi considerado o maior do mundo, arrasando criações inteiras e trazendo desequilíbrio para o mercado global de carnes. Ainda em 2019, o vírus se espalhou por outros países do continente e também contaminou criadouros na Europa.

Além das granjas com baixa tecnificação, que não conseguem alcançar medidas de biossegurança fortes, os animais selvagens, como os javalis, são o grande empecilho para a erradicação da doença. No caso dos javalis, o grande problema é que o vírus pode permanecer na carcaça dos animais por mais de um ano e qualquer animal que tiver contato pode se contaminar e transmitir a doença. Por outro lado, Leandro afirma que os javalis não são responsáveis pela rápida disseminação. A doença só atravessa continentes com tanta rapidez por causa dos humanos.

Engenheiro agrônomo Leandro Hackenhaar

O mundo globalizado envolve grande movimentação de cargas e pessoas e assim a doença se propaga de forma mais acelerada. “Na verdade, o grande vilão é o ser humano que, por falta de conhecimento ou simples desrespeito aos cuidados com a saúde, leva consigo a doença, principalmente nos alimentos, que acaba chegando aos suínos selvagens ou às produções de baixa tecnificação”, ressalta Hackenhaar.

O especialista alerta que para serem efetivas a longo prazo, as medidas de contenção ao vírus precisam ser continentais. “O controle de javalis, o controle de granjas pouco tecnificadas e o cumprimento das normas internacionais de biossegurança estipuladas pela OIE, são chave para reduzir os efeitos da PSA em áreas contaminadas e evitar sua disseminação”, salienta.

Entre as medidas de combate, Hackenhaar citou também a compartimentalização que, apesar de ainda não ser mundialmente aceita quando se trata da importação de carne suína, pode ajudar a amenizar as consequências da entrada do vírus em uma nação, por dividir o país em áreas com diferentes status em relação à doença e, assim, permitir que outras regiões sigam com maior liberdade para produzir e comercializar.

A esperança também está na vacina. Porém, ainda não há nada concreto até agora. “Apesar de vários anúncios otimistas sobre alguns progressos relacionados ao desenvolvimento, ainda é difícil prever quando haverá uma vacina efetiva comercialmente disponível”, pontua.

Papel do produtor

Hackenhaar chama a atenção, ainda, para a desinformação e para os riscos de que alguns produtores, ao identificarem que o seu rebanho tem PSA, se desfazem dos animais o mais rápido possível para evitar prejuízos, como ocorreu na China e no Vietnã, fator responsável por disseminar tão rapidamente a doença naquela região. “O produtor não pode ter medo de falar que tem peste suína no seu rebanho, ele tem que ter coragem e incentivo para falar. Por isso, a importância de fomentar programas que transmitam para o produtor a garantia de que ele será ressarcido de alguma forma por ter os animais abatidos, orientando os mesmos a informarem imediatamente as autoridades em caso da menor suspeita de PSA. Isso é fundamental para reduzir o efeito da contaminação”, enfatiza.

Embora a suinocultura mundial não esteja mais no “olho do furacão”, o especialista afirma que “seguimos em meio à tempestade” e o setor ainda passará por instabilidade, já que o vírus está em praticamente todos os continentes. Para mudar esse cenário, atuar somente no território nacional não será suficiente. “As ações não devem focar apenas no nosso país, mas sim em todo o continente. Acredito muito nas parcerias público-privadas, em somar esforços para as ações serem rápidas e eficientes. Em caso de disseminação do vírus no Brasil, por conta da suinocultura moderna que nós temos, não veremos o mesmo desastre que acometeu a China, mas precisamos nos proteger para que isso não aconteça, porque uma simples notificação de que há um foco de PSA será desastroso para qualquer país exportador. Investir na biossegurança é o diferencial”, frisa.

Hackenhaar salienta que o suinocultor brasileiro precisa ficar atento, mas também deve se valer do nosso status sanitário para crescer. “Como em todas as crises, há muitos perdedores, alguns sobreviventes e também aqueles que sabem aproveitar as oportunidades. Nosso desafio é estar preparados como nação para aproveitar as oportunidades do mercado. Aproveitar que somos um país livre da doença, garantir que nossas granjas não sejam afetadas, exportar e ter tranquilidade na produção. Essa tem que ser nossa meta”, menciona.

Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Colunistas

Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

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Foto: Claudio Pazetto

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.

O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock

Reposicionar para crescer

Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.

Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.

O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.

Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.

Digital: o novo campo do agro

As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels

compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.

Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.

Promoções e estratégias de varejo

Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.

Marketing como elo da cadeia produtiva

A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.

Fonte: O Presente Rural com Felipe Ceolin
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