Conectado com

Notícias

Bioinseticida para controle de mosca-branca chega ao mercado

Produto é baseado no fungo Cordyceps javanica, que é eficaz contra a praga, mas é inofensivo para humanos, outros vertebrados e insetos benéficos.

Publicado em

em

Mosca-branca é uma das piores pragas da agricultura brasileira, que causa perdas em mais de 40 lavouras no país - Foto: Sebastião Araújo

Uma parceria público-privada entre a Embrapa e a empresa Lallemand Plant Care lançou o inseticida biológico Lalguard Java, uma alternativa sustentável para o controle da mosca-branca ( Bemisia tabaci ), praga que causa perdas em mais de 40 lavouras no Brasil. O inseto é responsável por perdas diretas (por sucção de seiva, injeção de toxinas e distúrbios fisiológicos) e indiretas devido à excreção de uma substância açucarada que favorece o crescimento de fungos nas folhas das plantas. Além disso, é um vetor de várias doenças transmitidas por vírus em plantas. A mosca-branca apresenta resistência a vários inseticidas químicos sintéticos, o que torna seu manejo difícil e caro.

O Lalguard Java foi formulado a partir de uma cepa do fungo Cordyceps javanica , que tem demonstrado eficiência no controle de ninfas (fases jovens) e adultas de mosca-branca, principalmente pelo seu comportamento de “caçador” (cresce extensivamente a partir de insetos mortos e infecta outros insetos nas folhas), o que resulta em alta mortalidade de pragas. Além disso, é inofensivo para humanos e outros vertebrados e tem baixo impacto sobre insetos benéficos, inimigos naturais de pragas no campo. Ao contrário dos pesticidas químicos, o Lalguard Java é inofensivo ao meio ambiente e não deixa vestígios nos alimentos.

O bioproduto é resultado de um estudo iniciado em 2012 e que envolveu especialistas da Embrapa. O trabalho incluiu a coleta do fungo em áreas com alta mortalidade natural de mosca-branca nas lavouras de soja, feijão, milho, goiaba, tomate e algodão nos Estados brasileiros de Goiás, Maranhão; e no Distrito Federal.

As cepas do fungo coletadas de ninfas e adultos de mosca-branca no campo foram isoladas em meios de cultura para dar início à pesquisa. Após essa etapa, foram realizadas análises moleculares por meio de sequenciamento genético para determinar quais espécies estavam presentes nas amostras, sendo então identificadas 11 cepas do fungo Cordyceps javanica. O próximo passo foi testar essas amostras quanto à eficácia no controle da mosca-branca em experimentos de laboratório, casa de vegetação e campo. O resultado desse trabalho foi a seleção da cepa de Cordyceps javanica BRM 27666.

Além de estabelecer um zoneamento climático favorável para a cepa selecionada, eles avaliaram sua compatibilidade com mais de 30 produtos comerciais comumente usados ​​em lavouras, entre adjuvantes, inseticidas, fungicidas e herbicidas. O objetivo era testar se os produtos químicos sintéticos tinham algum efeito tóxico na eficiência do componente fúngico (esporos ou conídios) no controle da mosca-branca.

O BRM 27666 tem demonstrado eficácia em ambientes com alta ou baixa umidade, o que é um ponto positivo para sua aplicação em lavouras. Além disso, essa cepa se multiplica dentro do hospedeiro e produz muitos esporos, que são as estruturas de disseminação do fungo que podem se espalhar pelo vento, chuva ou pelo próprio inseto, causando novas infecções.

Ninfas de mosca-branca infectadas com o fungo Cordyceps javanica após aplicação do Lalguard Java – Foto: Eliane Quintela

Estratégia de gestão integrada 
Em 2015, foi firmada uma parceria com a empresa canadense Lallemand Plant Care, com sede no Brasil em Patos de Minas, MG, que foi responsável por transformar todo o conhecimento gerado em um bioproduto. É uma fórmula em pó molhável para ser aplicada via spray foliar contendo conídios fúngicos, ou seja, estruturas germinativas que penetram na mosca-branca ao contato, o que é um aspecto importante, pois a infecção independe da alimentação do inseto a partir dela.

Segundo o fabricante Lallemand Plant Care, o Lalguard Java tem um bom prazo de validade (cerca de um ano) se armazenado em condições adequadas e com controle de temperatura.

A entomóloga da Embrapa Eliane Quintela , uma das cientistas responsáveis ​​pela pesquisa que deu origem ao produto Lalguard Java, explica que o novo bioinseticida foi testado em todas as safras (verão, seca e inverno) para controlar a mosca-branca em lavouras atacadas pelo praga. Segundo ela, essa é mais uma opção para as limitadas estratégias de controle do inseto. “Esse bioinseticida protege as plantas, não deixa vestígios nos alimentos e é compatível com outros inseticidas, herbicidas e adjuvantes. aos defensivos químicos convencionais”, acrescenta Quintela.

Ela destaca o potencial do novo insumo como ferramenta a ser incorporada aos programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) em culturas de importância socioeconômica para o Brasil, como algodão, soja, feijão, tomate, batata, melão, melancia e plantas ornamentais, entre outras . “A perspectiva de uso do Lalguard Java deve estar alinhada com o conjunto de práticas de MIP que visam manter o equilíbrio da população de mosca-branca nas lavouras; agregar a rotação de culturas e cultivares; monitorar insetos nas lavouras; e observar os períodos de pausas sanitárias estabelecidos para cada local do país, quando as plantas hospedeiras da mosca-branca não podem ser cultivadas”, conclui Quintela.

Fonte: Ascom Embrapa Arroz e Feijão

Notícias

Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

Publicado em

em

Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Notícias

Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

Publicado em

em

Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
Continue Lendo

Notícias

Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

Publicado em

em

Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.