Suínos Saúde Animal
Benefícios das adaptações ambientais para o desempenho de suínos em terminação
Existem várias opções para manter o ambiente térmico nos níveis desejados
Artigo escrito por Eliene Justino, Felipe Norberto Alves Ferreira e Vinícius Mundim e Barros, da Agroceres Multimix
Com a temperatura mais amena no inverno, agora é a melhor hora para pensar em preparar os galpões para o calor do verão. A evolução genética tem proporcionado aos suínos um crescimento mais rápido e mais magro, porém, os animais produzem mais calor corporal devido ao aumento da atividade metabólica.
O ambiente térmico para o suíno envolve fatores que afetam a troca de calor entre o animal e seus arredores e essa troca pode ser sensível ou latente. Para ocorrer a troca de calor sensível, é necessário uma diferença de temperatura entre a superfície da pele do suíno e as superfícies adjacentes (piso, parede) ou o ar circundante (ventilação).
Nos suínos, a troca de calor latente ocorre apenas por evaporação, já que os suínos não suam. À medida que as temperaturas do ar e da superfície em torno do suíno se aproximam à temperatura de sua pele, a troca de calor por evaporação torna-se o único método para perder calor. Na evaporação, a transferência de calor é realizada pela troca de umidade entre o ar circundante e o trato respiratório do suíno (isto é, pela respiração) ou entre o ar circundante e a superfície da pele do suíno quando está “molhada”. O conhecimento sobre como os suínos perdem ou ganham calor é fundamental para entender a interação entre o animal e seu ambiente.
Em resposta ao estresse térmico, os suínos diminuirão o consumo de ração no esforço para reduzir a produção de calor corporal e, consequentemente, haverá redução no ganho de peso.
Não há dúvida de que o estresse térmico reduz a eficiência da instalação (quantidade de kg de carne produzida por ano), pois aumenta acentuadamente o tempo necessário para atingir o peso de abate. No entanto, o efeito do estresse térmico sobre a eficiência alimentar depende tanto da temperatura como do peso do suíno. Para estresse térmico moderado, a eficiência alimentar geralmente aumenta devido ao efeito da restrição alimentar sobre a composição do ganho de peso corporal (mais carne magra/menos gordura). Eficiência alimentar reduzida é reportada em suínos nas fases crescimento/terminação mantidos a temperatura superior a 30°C. Essa diminuição na eficiência alimentar está relacionada a uma proporção reduzida da ingestão de energia disponível para o crescimento dos tecidos, o que é explicado principalmente por uma forte redução no consumo de ração.
Portanto, é importante preparar as instalações para manter o bom desempenho dos suínos na terminação, nas diferentes épocas do ano.
Técnicas
O resfriamento evaporativo é uma técnica de arrefecimento que utiliza a evaporação da água para baixar a temperatura do ar. Quanto maior a temperatura ambiente e menor a umidade relativa do ar, mais eficiente é o sistema de resfriamento evaporativo.
O túnel de ventilação com resfriamento evaporativo é uma alternativa, na qual podemos controlar os fatores relacionados à temperatura ambiente efetiva, ou seja, temperatura ambiente, umidade relativa do ar, radiação solar e velocidade do ar. A temperatura crítica superior, quando os suínos começam a sentir calor, está por volta de 23°C para os animais na fase de terminação. No entanto, devemos considerar – além da temperatura ambiente – o nível de umidade relativa do ar, o isolamento térmico do galpão que minimiza a influência da radiação solar, a velocidade do ar e a taxa de ventilação. É imprescindível verificar a distribuição da temperatura, umidade e velocidade do ar ao longo do galpão.
Enquanto a taxa de ventilação para suínos em terminação, durante outono/inverno, pode ser ao redor de 40 m3/h/suíno (ventilação mínima), a taxa de ventilação aumenta para 200 m3/h/suíno durante a primavera/verão. Para operar efetivamente, os galpões mecanicamente ventilados não podem ter entradas falsas de ar, como portas ou janelas abertas, frestas nas portas, paredes, cortinas ou no forro. A vedação do galpão é fundamental manter a pressão estática suficiente e garantir que a velocidade do ar alcance todos os pontos até o final do galpão.
Existem várias tecnologias para monitorar o ambiente térmico e as respostas fisiológicas dos animais. O monitoramento efetivo e em tempo real é necessário para tomar as decisões adequadas de investimento no ambiente. A frequência respiratória é um bom indicador de monitoria do conforto térmico do suíno, simplesmente contada via observação humana, à medida que a cavidade torácica se expande e se contrai. Consideramos conforto térmico para os suínos em crescimento e terminação até 40 movimentos respiratórios por minuto.
Destacamos a seguir os resultados obtidos no experimento de um pesquisador em 2008 e em granjas comerciais, onde foi avaliado o desempenho de suínos alojados em galpão com ventilação natural ou ventilação artificial (ventiladores/exaustores com resfriamento evaporativo).
- Experimento na granja “A”
Os resultados de desempenho de suínos alojados em galpão com ventilação natural e em galpões com dois sistemas de ventilação artificial (pressão positiva: ventilador lateral e nebulização ou pressão negativa: ventilação tipo túnel e nebulização). O experimento foi realizado no período do outono-inverno com variação na temperatura ambiente externa de 14,9 a 34,5°C de 61 a 96 dias, de 12,8 a 32,1°C de 97 a 131 dias e 12,0 a 31,1°C de 132 a 166 dias de idade.
A condução do experimento na estação outono-inverno pode ter contribuído para a falta de efeito significativo dos dois sistemas de ventilação artificial sobre o desempenho dos suínos. Porém, considerando-se o período total do experimento, houve melhorias no ganho de peso (44 g/dia para a ventilação lateral com nebulização e 60 g/dia para a ventilação tipo túnel com nebulização) e no peso aos 166 dias de idade (5,0 kg a mais para a ventilação lateral com nebulização e 6,1 kg a mais para a ventilação tipo túnel com nebulização). A conversão alimentar foi ligeiramente pior no galpão com ventilação tipo túnel e nebulização, no entanto, sem diferença significativa.
- Estudo de caso na granja comercial “B”
Os resultados da granja “B” foram obtidos de três lotes (1685 suínos) alojados no galpão climatizado e três lotes (1321 suínos) alojados no galpão com ventilação natural no período de agosto/2015 a abril/2016. Os suínos alojados no galpão climatizado (pressão negativa: ventilação tipo túnel e resfriamento evaporativo) apresentaram maior ganho de peso diário, melhor conversão alimentar e maior peso vivo aos 160 dias de idade, em relação aos suínos alojados no galpão com ventilação natural.
Conforto térmico
Quando os suínos são mantidos na zona de conforto térmico (galpão climatizado), a produção de calor é menor e maior proporção da energia ingerida pode ser direcionada para o ganho de peso. O pior resultado dos animais alojados em condições ambientais adversas, submetidos ao calor, pode estar associado a menor eficiência dos suínos na utilização da energia para crescimento, visto que, parte dos nutrientes é desviada para a dissipação do calor em altas temperaturas.
- Estudo de caso na granja comercial “C”
Os resultados da granja “C” foram obtidos de 9 lotes (3.733 suínos) alojados no galpão climatizado e 30 lotes (12.015 suínos) alojados no galpão com ventilação natural no período de fevereiro/2018 a março/2019. Os galpões com ventilação natural foram identificados como GN1, GN2 E GN3 e o galpão com ventilação tipo túnel e resfriamento evaporativo foi identificado como GN4. Na Figura 4, temos a vista interna dos galpões.
Resultados
O ganho de peso diário (GPD) apresentou grande amplitude, com as maiores médias para o GN3 (0,830 kg) e o GN4 (0,836 kg). O GN4 contribuiu para maior uniformidade dos animais.
Mortalidade
A mortalidade apresentou a maior amplitude entre as variáveis estudadas e a menor média para o GN4 (2,37%).
Refugos
A quantidade de animais eliminados (refugos) também apresentou grande amplitude entre as variáveis estudadas, sendo que o GN4 apresentou a menor média (1,54%) de animais eliminados.
Conclusões
A falta de efeito significativo da climatização sobre o ganho de peso diário na granja “C”, pode ser devido à ocorrência de fatores não controlados em todos os galpões, como, por exemplo, o alto desafio sanitário e a variação na densidade de alojamento na creche, no fornecimento de ração, na umidade no piso das baias, no controle da temperatura ambiente, umidade relativa do ar e ventilação. No entanto, foi possível concluir que o sistema de climatização no GN4 contribuiu para maior uniformidade dos lotes e menor quantidade de animais eliminados no período analisado.
Quanto mais aprendermos sobre os impactos dos diversos fatores do ambiente no desempenho dos suínos, mais estaremos preparados para reduzir os efeitos das situações adversas encontradas nas granjas.
Existem várias opções para manter o ambiente térmico nos níveis desejados. Os suínos certamente se adaptarão ao meio ambiente, mas muitas vezes isso tem um custo. Esse custo pode estar na forma de consumo extra de ração durante períodos de estresse pelo frio, ou redução no consumo de alimento e ganho de peso durante períodos de estresse por calor. Avaliar o ambiente em intervalos regulares e assegurar a manutenção do ambiente dentro de uma faixa ótima de temperatura ambiente efetiva reduzirá a suscetibilidade de estressores induzidos termicamente.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.
Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.