Suínos Nutrição
Benefícios da utilização do Cromo na suinocultura
Cromo Orgânico se mostra como uma ferramenta essencial e de baixo custo para a produção de suínos de alto desempenho

Artigo escrito por Bruno Guimaraes Amorim, coordenador de Produtos – Nutrição Animal da MCassab
A utilização do Cromo na suinocultura vem sendo cada vez mais estudada, uma vez que é um mineral essencial que participa do metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos dos animais.
Apesar de ter sido descoberto há mais de dois séculos, apenas em 1959 os pesquisadores Schwarz e Mertz mostraram que o Cromo faz parte de um fator nutricional que potencializa a insulina, denominando-o fator de tolerância à glicose (GTF), o que evidencia ainda mais a essencialidade deste mineral.
A ação do Cromo está diretamente ligada à ação da insulina na membrana celular, aumentando a sensibilidade do receptor à insulina por meio da inibição da enzima fosfatase fosfotirosina, a qual reduz a sensibilidade de tal receptor.
O Cromo é um dos minerais mais abundantes na natureza, sendo o Cr3+ (cromo trivalente) a forma mais estável e de maior importância nutricional. Este mineral é utilizado na dieta dos animais, principalmente, na forma inorgânica devido ao seu baixo custo. No entanto, a absorção da forma inorgânica é muito baixa, sendo por volta de 0,4 a 2%.
Essa baixa absorção se deve a fatores como presença de fitato e competição com outros minerais, em especial o zinco, o ferro e o vanádio. Assim, além dos requerimentos de Cromo não serem atendidos, os animais excretam maior quantidade do mesmo quando administrado em sua forma inorgânica.
O Cromo em sua forma orgânica pode ser uma alternativa interessante, pois sua absorção pode ser até 10 vezes maior do que em sua versão inorgânica. O Picolinato de Cromo, que é o mineral complexado com o ácido picolínico – um isômero da vitamina B3 (ácido nicotínico) -, apresenta os melhores resultados na nutrição de suínos.
Estudos mostram que a suplementação de Picolinato de Cromo na fase de crescimento e terminação afeta positivamente o ganho de peso, a conversão alimentar, a proporção de carne magra/gordura e o rendimento de carcaça, melhorando assim a produtividade nessa fase e agregando valor à carne desses animais.
Assim, devido à capacidade de aumentar a deposição de carne e reduzir o teor de gordura na carcaça, o Picolinato de Cromo pode ser uma alternativa à ractopamina, especialmente para granjas que destinam sua produção à países que restringem o uso desta substância. A crescente demanda do mercado consumidor pela proibição do aditivo (ractopamina) abre portas para o Picolinato de Cromo, que se destacada também pelo baixo nível de inclusão (200 a 1000 ppb), tornando-se assim, uma ferramenta fácil de se utilizar e de baixo custo.
Além disso, o Cromo por ter um modo de ação particular, apresenta efeitos sinérgicos quando utilizado com outros aditivos nutricionais. Para produtores que destinam a produção ao mercado interno, o Picolinato de Cromo pode complementar a ação da ractopamina, melhorando a qualidade de carcaça.
O Cromo pode também ter um efeito positivo em situações de estresse, nas quais os animais reduzem a ingestão de ração e há um aumento nos níveis de cortisol na corrente sanguínea, inibindo a ação da insulina, o que diminui o desempenho dos animais. Neste cenário o Cromo é uma ótima alternativa, por aumentar a ação da insulina e melhorar o aproveitamento dos nutrientes.
Como a suplementação do Picolinato de Cromo potencializa a ação da insulina, também é possível observar efeitos positivos em características reprodutivas, sendo que a insulina estimula a foliculogênese. A insulina também está relacionada com o aumento na taxa de ovulação e com a produção de IGF-I pelos folículos, o que pode ser comprovado em estudos que demonstraram aumento no número de leitões nascidos vivos.
Entretanto, é importante ressaltar que os benefícios da suplementação com Picolinato de Cromo são observados a partir do próximo ciclo, devido ao tempo que leva para fazer efeito e por isso deve ser usado de forma contínua.
O Cromo Orgânico se mostra como uma ferramenta essencial e de baixo custo para a produção de suínos de alto desempenho, podendo ser utilizado em quantidades menores que suas versões inorgânicas, reduzindo o impacto ambiental, além de promover maior eficiência produtiva dos animais aumento da rentabilidade ao produtor.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



