Suínos Nutrição
Benefícios da utilização de ácidos orgânicos microencapsulados na suinocultura
É importante estabelecer um programa de utilização de produtos, verificando qual a dose e forma de apresentação mais adequada de ácido orgânico para uso

Artigo escrito por Caroline Facchi, engenheira Agrônoma, especialista em fábrica de ração, mestre em Sanidade e Produção Animal, doutoranda em Ciência Animal na linha de nutrição de monogástricos e atua na área de Pesquisa & Desenvolvimento da BTA Aditivos;
e Tiago Goulart Petrolli, doutor em Zootecnia na área de Nutrição e Produção de Monogástricos e pesquisador dos cursos de graduação em Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc/Xanxerê
Um dos grandes desafios da suinocultura moderna é controlar a ação de patógenos, frente as constantes restrições de uso de antibióticos, e minimizar o efeito das altas condições de estresse que acometem os animais nas granjas. Esses fatores podem levar a grandes perdas de eletrólitos e ao aumento de endotoxinas séricas, pois as condições estressoras promovem interferências nas funções da barreira intestinal, estimulando o sistema imune. Essa estimulação excessiva leva à piora das funções e a danos das vilosidades intestinais, diminuindo a área de absorção de alimentos, exigindo um maior consumo de energia para a manutenção da saúde intestinal.
Uma ferramenta alternativa para melhora na saúde do animal baseia-se na utilização de ácidos orgânicos nas dietas. Sua inclusão auxilia na redução mais rápida do pH no lúmen estomacal, o que resulta em menor tempo para alcançar o pH ótimo necessário para a ativação do pepsinogênio em pepsina nesse órgão. O efeito disso é a melhora na digestibilidade da proteína, além do aumento na atividade de outras enzimas, o que é de suma importância em suínos pós-desmana, devido à baixa produção de ácido clorídrico em animais jovens. Os produtos resultantes da digestão das proteínas pela pepsina no estômago chegam ao duodeno e estimulam a secreção de enzimas pancreáticas e bicarbonato, no qual pode apresentar função significativa sobre a regulação do esvaziamento gástrico, que se torna mais lento.
Os ácidos orgânicos utilizados na nutrição animal, além de melhorar a absorção de nutrientes, auxiliam no controle de contaminações microbiológicas, pois agem diretamente sobre bactérias patogênicas reduzindo o pH do interior da célula a nível intestinal. Esses compostos alteram a concentração de íons H+ no interior da célula bacteriana, fazendo com que o patógeno gaste excessiva quantidade de energia na tentativa de normalizar o pH do interior da célula. Esse alto consumo de energia ocasiona restrição nas atividades de síntese de DNA e proteínas no interior da célula patogênica, resultando em morte da célula bacteriana por esgotamento energético. Os principais ácidos orgânicos de utilização na nutrição animal são o ácido láctico, propiônico, butírico, fórmico, acético e cítrico.
A decisão de qual tipo de ácido orgânico deverá ser fornecido e em qual formato físico varia de acordo com as necessidades do animal, podendo ser incorporado na dieta na forma líquida ou pó. Ambas as formas têm restrição de consumo para suínos, devido a alteração de palatabilidade. Uma terceira forma que vem ganhando amplo espaço é a de fornecimento de ácidos orgânicos microencapsulados, que possuem um revestimento externo, não ocasionando em alterações sensoriais para o animal.
As principais vantagens da utilização dos ácidos orgânicos microencapsulados se referem ao seu poder de atuação nas diferentes condições do TGI, proporcionando melhora na digestibilidade e absorção de nutrientes, por induzir aumento na secreção pancreática e biliar. Outro benefício é a manutenção da integridade intestinal, com efeito sobre a saúde das vilosidades e diminuição do turnover celular, o que contribui com menor gasto energético para esse processo, quando na ocorrência de desafio sanitário.
É importante ainda ressaltar a redução de bactérias patogênicas no lúmen intestinal em função da incorporação dessas moléculas na dieta, fornecendo ao animal uma forma mais eficiente de controle microbiológico. Adicionalmente, os ácidos orgânicos compreendem uma alternativa promissora no controle de Salmonella, visto que a maior parte da contaminação desse grupo de microrganismos ocorre nas porções mediais e distais do intestino, onde os ácidos orgânicos microencapsulados possuem maior efetividade.
Outro ponto a ser considerado com relação aos ácidos orgânicos microencapsulados é sobre questões de manipulação em fábrica de rações. Este produto é de fácil manuseio devido ao seu revestimento, o que protege a liberação dos odores característicos de cada ácido, tornando a sua utilização mais segura. Eles também apresentam maior fluidez que os ácidos livres e propiciam melhor capacidade de mistura quando adicionados a ração.
A utilização deste aditivo se consolida no mercado como uma alternativa promissora, porém para maior efetividade da aplicação dessa tecnologia, esse processo deve caminhar em paralelo com o manejo da granja e da fábrica de ração, possibilitando as boas práticas de produção e garantindo a biosseguridade do ambiente.
É importante estabelecer um programa de utilização de produtos, verificando qual a dose e forma de apresentação mais adequada de ácido orgânico para uso, sendo os blends de ácidos os mais indicados para garantir melhores resultados.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2020 ou online.

Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.



