Suínos
Bem-estar no parto de fêmeas suínas e vitalidade dos leitões: qual a relação com probióticos?
Os diferentes mecanismos de ação dos bacilos promovem melhores resultados produtivos e reprodutivos nas diferentes fases de produção de suínos.

Os probióticos são “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro”. Na busca de soluções sustentáveis para o uso prudente e racional de antimicrobianos na suinocultura, os probióticas a base de bacilos vem sendo cada vez mais utilizados e estudados. Bacilos são capazes de promover a melhoria da saúde do suíno, seja através do efeito benéfico sobre a imunidade a nível de trato gastrointestinal, regulando a composição e o metabolismo da microbiota do intestino, melhorando a digestão e absorção de nutrientes, inibindo as bactérias potencialmente patogênicas e prevenindo doenças.
Os diferentes mecanismos de ação dos bacilos promovem melhores resultados produtivos e reprodutivos nas diferentes fases de produção de suínos. O efeito de modulação microbiana entérica atua modificando processos fisiológicos e comportamentais através do eixo intestino-microbiota-cérebro, sendo capaz de impactar de forma favorável no bem-estar animal.
A suplementação probiótica pode reduzir os efeitos do estresse dos suínos, especialmente nas fases de gestação e lactação, períodos em que as fêmeas suínas estão altamente susceptíveis ao estresse, seja por questões de manejo, ambientais ou de instalações. O estresse poderá se intensificar no momento do parto, comprometendo negativamente o desempenho reprodutivo das fêmeas e a vitalidade dos leitões neonatos. Outro aspecto a ser considerado é que melhorar o bem-estar das porcas é uma maneira eficaz de melhorar o bem-estar de seus leitões. Entretanto, há ainda poucos estudos que mensuram a melhoria do bem-estar da fêmea suína com a utilização de probióticos.
Com este objetivo, um estudo foi realizado numa granja comercial brasileira, no qual fêmeas suínas foram suplementadas com probiótico comercial contendo Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis na ração durante as fases de gestação e lactação e comparadas com um grupo de fêmeas sem o probiótico no mesmo período.
Partos
Todos os partos foram acompanhados e fêmeas suínas do grupo probiótico apresentaram partos mais rápidos, com menores intervalos entre leitões nascidos e menos intervenções humanas, consequentemente houve redução de 30% no uso de ocitocina ou/e toques.
Além disso, fêmeas suplementadas com bacilos apresentaram diminuição de 45% de partos longos (acima de 300 minutos) comparado ao grupo de fêmeas sem probiótico, conforme figura 1.
Em contrapartida, fêmeas não suplementadas com bacilos, tiveram partos demorados com 70 minutos a mais na duração média dos mesmos, maior tempo de expulsão entre leitões (10 minutos a mais) e o dobro de intervenções por leitegadas (Tabela 1).
O parto é um processo fisiologicamente crítico e doloroso para a fêmea suína, o qual poderá ser agravado por vários relacionados ao estresse na granja. Neste cenário, haverá desequilíbrio hormonal no organismo da fêmea, com aumento de adrenalina e cortisol, bloqueio da ação da ocitocina (hormônio importante para contrações uterinas) e aumento de partos distócicos (partos prolongados necessitando da intervenção de funcionários da granja, seja com aplicações de ocitocina ou toques vaginais). Neste estudo, a suplementação com probiótico a base de bacilos promoveu bem-estar das fêmeas suínas com provável influência na manutenção dos hormônios importantes para partos mais rápidos e tranquilos.
Colostro
A vitalidade dos leitões neonatos foi avaliada através de parâmetros como presença de mecônio, ruptura de cordão umbilical, glicose sanguínea, saturação de oxigênio no sangue e batimentos cardíacos, os quais não foram diferentes entre os grupos. Foram realizadas pesagens dos leitões 24 horas após nascimento e estimadas as quantidades de colostro ingeridas, os quais foram melhores nos leitões nascidos de fêmeas suplementadas com os bacilos, conforme Tabela 2. Leitões nascidos de fêmeas do grupo Probiótico ingeriram 70 g de colostro a mais comparado ao grupo sem suplementação.
A ingestão de colostro é um ponto crítico e decisivo na vida dos leitões, sendo importante o consumo de volumes adequados que permitam a nutrição e imunidade neste período, os quais irão impactar no desempenho zootécnico e sanitários nas próximas fases de produção. Para que a ingestão do colostro seja adequada, a vitalidade dos leitões ao nascimento é ponto-chave.
Nesse estudo, leitões nascidos de fêmeas suplementadas com o probiótico demostraram maior vitalidade, pois 61% dos leitões consumiram quantidade de colostro superiores a 290g comparado ao grupo controle que apresentaram 55% de leitões com baixo consumo de colostro. A distribuição dos leitões considerando as quantidades de ingestão de colostro comparando a suplementação probiótica em fêmeas suínas estão demonstrados nas figuras 2 e 3.
Considerações Finais
O comportamento e a fisiologia das fêmeas suínas durante o parto foram beneficiados com a ação das cepas de bacilos utilizadas no estudo. A suplementação probiótica com Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis por promover melhorias na saúde intestinal e microbiota saudável modularam as respostas do eixo intestino-cérebro, proporcionando bem-estar das fêmeas nesta fase estressante.
O bem-estar resultou em um estado de maior tranquilidade da fêmea suína, tornando o processo de parição mais eficiente, com reduzido tempo de expulsão do leitão e, consequentemente, menos partos distócicos. Leitões que passaram por menos tempo sob ação das contrações uterinas apresentaram menor sofrimento e nasceram mais ativos e vigorosos, ou seja, com melhor vitalidade e por isso, ingeriram mais colostro.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: brdade@chr-hansen.com.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.







