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Bem-estar animal além das instalações

Há pontos importantes que podem e devem ser revisados no manejo diário das granjas

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Luciana Fiorin Hernig, médica veterinária (UFRGS) e coordenadora Técnica de Território da Boehringer Ingelheim

A preocupação com o bem-estar nos sistemas de produção animal tem sido foco de discussões ao redor do mundo. Neste sentido, na suinocultura é comum pensarmos em grandes investimentos voltados à criação de fêmeas gestantes em baias coletivas, em vez de gaiolas individuais, com estações eletrônicas de alimentação, por exemplo. No entanto, há pontos importantes que podem e devem ser revisados no manejo diário das granjas, os quais não exigem mudanças estruturais, nem altos investimentos financeiros, mas que também estão associados a uma melhoria na qualidade de vida dos suínos e, consequentemente, do seu desempenho zootécnico.

Alguns exemplos são aqueles que causam algum tipo de dor ou mal-estar aos animais, como o corte de cauda, a castração cirúrgica e a vacinação. Associado a este movimento a favor do bem-estar animal, é importante ter em mente que nos dias de hoje, há uma forte pressão em prol da redução do uso de antimicrobianos na produção animal, devido à resistência de microrganismos a alguns princípios ativos usados inclusive em humanos. O fato de se diminuir ou extinguir o uso de antimicrobianos, principalmente nas fases de creche, crescimento e terminação poderá ocasionar o aparecimento de doenças que antes mantinham-se controladas com o uso constante destes produtos. Desta forma, o sucesso da produção estará ligado a adoção de estratégias de prevenção, as quais baseiam-se em melhorias na biosseguridade do processo. Além disso, um ponto chave, será a adoção do protocolo de vacinação adequado de acordo com a realidade de cada granja, como forma de prevenção.

Quando o assunto é vacinação de suínos, há alguns fatores que devem ser avaliados para garantir o bem-estar animal e a eficácia do produto escolhido, como o tipo de vacina e a forma de aplicação. Existem no mercado vacinas cujos protocolos utilizados indicam a aplicação de duas doses, por via injetável, ou seja, gera-se um estresse dobrado das pessoas envolvidas e dos animais devido a contenção e aplicação do mesmo produto em dois momentos. Hoje a maioria das granjas tem trabalhado com quadros reduzidos de funcionários e há pouco tempo disponível para execução dos manejos diários, o que prejudica, em muitos casos, a qualidade na execução de práticas importantes, como a vacinação.

Assim, são comuns situações de falhas na higiene com o material utilizado na aplicação das vacinas (aplicadores, seringas e agulhas) e na forma como essas são aplicadas, devido à pressa em executar o manejo. Estes são pontos críticos, que podem gerar o aparecimento de abscessos no local da injeção e/ou redução na eficácia das mesmas.

Devido a todos os fatores citados, há muitos estudos em prol do desenvolvimento de tecnologias na área de biológicos para suínos. Um exemplo que já é bem consolidado no mercado mundial, são as vacinas desenvolvidas para serem aplicadas uma única vez (dose única), reduzindo o manejo diário nas granjas e o estresse dos leitões. Isto é possível devido a tecnologia dos adjuvantes utilizados, que consistem em componentes essenciais na formulação de qualquer vacina, com a função de estimular a imunidade no organismo do animal, garantindo assim a eficácia desejada. Há adjuvantes desenvolvidos com tecnologia que asseguram o desenvolvimento de imunidade adequada para proteção dos animais, sem a necessidade de duas aplicações. Em alguns casos, pode haver ainda uma combinação de antígenos para que seja efetuada uma única aplicação no animal, com uma simples mistura prévia de duas vacinas, o que só é possível quando indicado previamente pela empresa fornecedora.

Além do número de aplicações reduzido, alguns adjuvantes a base de polímeros aquosos, por exemplo, não promovem reações adversas pós-vacinais (indesejáveis), como ocorre normalmente com vacinas injetáveis com adjuvantes oleosos, que provocam respostas infamatórias intensas. Dentre os efeitos observadas há o aumento de volume no local da aplicação, hipertermia de até 2ºC, apatia, prostração e redução no consumo de ração, que podem durar por mais de 24 horas. No passado acreditava-se que este quadro de reações exacerbadas estava associado a um melhor efeito da vacina, mas atualmente já se sabe que não é necessário provocar um mal-estar aos leitões para obter ótimos resultados na defesa imunitária contra os agentes. Pelo contrário, esta redução no consumo de ração, devido ao fato dos leitões permanecerem por longos períodos deitados e/ou com febre, impede os mesmos de expressar todo seu potencial em ganho de peso na fase, gerando impactos negativos no desempenho zootécnico. Portanto, independentemente da via de aplicação escolhida, já existem vacinas no mercado que não promovem reações adversas e são altamente eficazes.

Outra tecnologia desenvolvida são as vacinas orais, as quais podem ser aplicadas com uma pistola apropriada na boca do leitão, misturadas à ração ou administradas via água de bebida para todo galpão de creche e/ou terminação. Esta tecnologia desenvolvida no ramo de biológicos para suínos substitui o estresse em decorrência das injeções no momento da vacinação, bem como não gera efeitos adversos indesejados. Somado a isto, o uso de vacinas orais produzidas com antígenos vivos atenuados, para casos de agentes entéricos como Lawsonia intracellularis e Salmonella cholerasuis, por exemplo, possibilita a formação de frentes de defesa locais no trato gastrointestinal. Isto porque, os antígenos ingeridos imitam no organismo do suíno o trajeto realizado pelo agente em casos de infecções naturais. Entretanto, como os agentes apesar de vivos são atenuados, tornam-se incapazes de reproduzir a doença. Desta forma, desencadeia-se uma resposta imune abrangente, formada pela defesa sistêmica, mas também na mucosa intestinal, local de atuação do agente, representada por células de defesa. Assim, o animal estará protegido com uma via reforçada de resposta imune, a qual é rapidamente ativada no caso do mesmo se infectar no ambiente. Pode-se observar ainda um efeito de “imunidade do rebanho”, pois há uma redução na replicação e excreção dos agentes patogênicos, reduzindo a pressão de infecção por esses na instalação.

Levando-se em consideração o fato de que o bem-estar animal está relacionado, entre outros fatores, à forma como são efetuados os manejos diários, torna-se necessário conhecer e adotar as tecnologias que reduzam o estresse dos suínos, como, por exemplo, na vacinação. Neste sentido, há hoje opções de vacinas no mercado altamente eficazes que respeitam o bem-estar animal, com menor número de aplicações, ausência de reações adversas indesejáveis e facilidades no manejo, garantindo a segurança e saúde do plantel.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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