Suínos
Belga Dominiek Maes fala sobre controle e variabilidade genética do M. hyo
Nas dicas do especialista estão qualidade de alojamento, biossegurança, avanços no controle e vacinação
Um dos mais conceituados pesquisadores na área de M. hyo, o PhD. Dominiek Maes, que estuda a bactéria há mais de duas décadas, falou em entrevista exclusiva para O Presente Rural sobre M. hyopneumoniae: importância da variabilidade genética e medidas. Para Maes, quanto maior a diversidade de cepas mais graves se mostram as lesões. Em uma conversa aprofundada, Maes destacou a importância das coinfecções e vacinação, onde apresentou resultados utilizando cepas altamente virulentas e de baixa virulência em lotes testados. "Podemos ver uma redução significativa no escore de pneumonia, e há grande redução do número de animais doentes. Temos uma resposta precoce com redução significativa comparando vacinados e não vacinados. Houve redução não só nas lesões como de prevalência" completa Dominiek Maes da Ghent University, Bélgica.
Nas dicas do especialista estão qualidade de alojamento, biossegurança, avanços no controle e vacinação.
O Presente Rural (OP Rural) – Se já conhecemos a doença, por que não conseguimos controlá-la?
Dominiek Maes (DM) – Nós conhecemos a doença e também algumas fases importantes na sua patogênese, mas ainda há muitas questões que desconhecemos. Por exemplo, como o patógeno realmente interage com o hospedeiro e quais as proteínas que são importantes para desencadear a resposta imune. Portanto, ainda há algumas lacunas no nosso conhecimento e especialmente sobre as respostas imunes e as interações precoces entre os agentes patogênicos e o hospedeiro, por enquanto nós ainda não sabemos. Deste ponto de vista, há que reconhecer o M.hyo como um patógeno muito inteligente e que apresenta muitos mecanismos que pode utilizar, podem ser usados para escapar da resposta imune ou atacar o animal no trato respiratório. Então essa é uma das razões pelas quais, por enquanto, nós não temos, digamos, medidas de controle ou vacinas que induzem uma imunidade esterilizante. Mas se você fizer uma comparação com outras vacinas, também não temos uma imunidade estéril. Então, sem dúvida, há espaço para melhoria, mas as vacinas atuais são eficientes em termos de custos em muitas granjas, mas na verdade não oferecem uma medida de controle sustentável, porque se pararmos de vacinar, vamos acabar em uma situação como antes. É um organismo complexo que tem muitos mecanismos diferentes e esse é um dos motivos de não termos realmente medidas de controle muito eficientes por enquanto.
OP Rural – E no caso do Brasil, o que precisamos aprender? O que podemos fazer, controle ou manejo?
DM – Bem, o passo número um, o foco das medidas de controle deve estar no manejo e nas condições de alojamento, pois isso é crucial. Então nós realmente precisamos tentar otimizar o máximo possível. Sabemos que nunca será perfeito, de forma que vai sempre haver deficiências no manejo e nas condições de alojamento. Portanto, deveríamos, em uma determinada situação em uma granja específica, procurar otimizar, convencer o suinocultor a fazer isso e posteriormente avaliar, se será necessário alterar o programa vacinal ou implementar outras medidas de controle. Mas nós demonstramos que, em muitas granjas, mesmo com manejo muito bom e biossegurança, ainda temos muita infecção, alto nível de infecção, não necessariamente problemas clínicos, mas níveis elevados de infecção que podem causar queda do desempenho e que, nessas granjas, a vacinação pode ser eficiente em termos de custos e pode ser benéfica para o suinocultor.
OP Rural – E com relação às vacinas, o que é mais importante? A variabilidade?
DM – Bem, por enquanto a maioria das vacinas que temos são bacterinas, o que significa que é o organismo inteiro junto com um adjuvante, e em geral, essas vacinas cumprem a sua função e na maioria das granjas são eficientes em termos de custos. Obviamente elas poderiam ser melhores e conferir uma proteção melhor, sobretudo contra a transmissão. Mas, mesmo assim, em muitas das granjas, elas estão fazendo o seu trabalho e isso já há duas décadas.
OP Rural – O que há de novo no controle. Quais resultados na Europa e nos Estados Unidos?
DM – Em várias granjas nos EUA e também na Europa, começaram a usar a filtração do ar de admissão, de forma que não podem pegar a infecção das granjas vizinhas, porque sabemos que, no caso do Mycoplasma hyopneumoniae, um mecanismo também importante para manter a infecção a nível regional é que a transmissão pelo ar pode ser importante. Por isso, não tem sentido começar com animais livres de M. Hyo, se todos os seus vizinhos, as granjas de suínos estão infectados de forma enzoótica, porque, você sabe, se você não tomar medidas específicas, como a filtração do ar, você vai se infectar (o plantel) em pouco tempo. Então, desse ponto de vista, a filtração do ar também pode ser, para algumas granjas e circunstâncias específicas, uma possibilidade, para permanecerem livres ou diminuírem os níveis de infecção. Diversas áreas em que podemos trabalhar para melhorar o controle da infecção. Mas, sem dúvida, são necessárias vacinas melhores e nós estamos trabalhando atualmente em um projeto na Europa para desenvolver vacinas de diferentes formas para tentar otimizá-las. Mas é claro que você nunca sabe como isso vai terminar. Você tem o tipo de cepa, você tem a carga de infecção, você tem o adjuvante, então, há muitos aspectos diferentes da vacina que podem determinar o resultado de infecções.
OP Rural – O que os pesquisadores e a indústria podem fazer juntos?
DM – Você tem diversos níveis. Em primeiro lugar meu foco seria definitivamente tentar limitar os padrões de transmissão das infecções nas granjas por meio da otimização da biossegurança. É difícil dar orientações gerais, porque precisam ser customizadas, de acordo com a situação específica da granja ou do sistema de produção da integração. Mas certamente há algo que deve ser feito e que será benéfico, não só no caso de micoplasma, mas também de outros agentes patogênicos. Esses são, então, os aspectos gerais para as medidas de controle. E a medicação microbiana está sob alvo de pressões, principalmente na Europa, de modo que é algo que queremos reduzir, diminuir ao máximo. Nós sabemos que os antimicrobianos também serão necessários no futuro, mas a utilização sistemática, o uso preventivo de antimicrobianos para o tratamento de micoplasma ou de outros patógenos respiratórios é objeto de pressões atualmente. De modo que não é uma área que, digamos, irá expandir no futuro. Pelo contrário, ela tem de diminuir, o que significa que teremos que desenvolver vacinas melhores. São as vacinas que conferem melhor proteção, redução mais significativa das lesões e também. Isso também é importante: talvez vacinas capazes de reduzir também a transmissão de forma mais eficiente, para que consigamos atingir níveis de infecção mais baixos e talvez, no longo prazo, possamos nos esforçar para erradicar ou eliminar o M. Hyo de granjas específicas.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
