Suínos
Barreira ao preço mínimo para carne suína revela desconhecimento de causa
Os preços da carne suína finalmente estão reagindo, depois de longos períodos do suinocultor empatando investimento ou arcando prejuízos. Mas os lucros não significam tranquilidade. O setor trava batalha de cinco décadas no Congresso Nacional para a inclusão da carne suína na Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) do governo federal, e até poucos dias parecia que a guerra estava vencida. Mas não foi desta vez.
O projeto de lei nº 7.416, de 2010, havia sido aprovado dia 14 de agosto, de forma conclusiva na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC). Então, só precisava a sanção presidencial. Mas o inesperado aconteceu. O deputado federal Hugo Leal (PSC/RJ) reuniu 52 assinaturas para um requerimento, fazendo com que o projeto também necessite ser apreciado pelos plenários da Câmara e do Senado, inviabilizando o benefício em curto prazo, porque todos nós sabemos que esperar agilidade do Congresso é somente com muita pressão e, muitas vezes, sob investimentos que vão além de argumentos técnicos e justificativas sociais.
Do lado contrário, o presidente da Frente Parlamentar da Suinocultura no Congresso Nacional, o deputado gaúcho Vilson Covatti, iniciou campanha no sentido de sensibilizar os parlamentares que assinaram o documento, inclusive um paranaense Osmar Serraglio a retirarem suas assinaturas do requerimento. O trabalho também é intenso entre outros parlamentares e lideranças do setor. A dificuldade, manifestam eles, é que muitos deputados alinhados na iniciativa desconhecem a importância da suinocultura para o Brasil, principalmente as cidades do interior. Caso do próprio Hugo Leal e outros, como o polêmico Jean Wyllys.
Esses parlamentares, provavelmente, desconhecem que a suinocultura no país gera diretamente mais de um milhão de postos de trabalho, R$ 1,5 bilhão em exportações, sendo que o Brasil é o 4º maior exportador mundial de carne suína. No último ano saíram daqui nada mais, nada menos que 3,5 milhões de toneladas de carne, produzidas por mais de 50 mil produtores rurais. O trabalho deles promoveu um valor bruto de produção de R$ 10 bilhões em 2012 puro valor agregado. Passou o tempo que das propriedades rurais brasileiras saíam apenas grãos. Os resultados são fruto de investimento pesado. O país atua com pelo menos 1,65 milhão de matrizes tecnificadas. Santa Catarina é o maior produtor e exportador de carne suína, depois vem o Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, mas as granjas suinícolas estão espalhadas por todo país. São Paulo, por exemplo, não produz o bastante para o seu próprio consumo, buscando produto em outros Estados.
E qual a diferença que o preço mínimo faria para essa cadeia produtiva? Toda diferença. A medida torna obrigatória a intervenção do governo federal em casos de crise no setor. O Poder Público poderia agir de três formas: primeiro sob concessão de subvenção econômica nas operações de crédito rural, onde o Executivo pode atuar diretamente no mercado, promovendo leilões e contratos de opções, para que os preços atinjam patamares melhores. O governo poderia ainda rever os juros pagos pelos produtores rurais, para que haja uma compensação com o valor recebido pelo suinocultor na venda de seu produto. E uma terceira possibilidade seria a execução das operações de financiamento ou aquisição de produtos agropecuários com a fixação de preço mínimo, em que o próprio governo compraria a carne suína pelo preço mínimo – fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A suinocultura é de suma importância para o agronegócio brasileiro. Mais do que isso, para a economia do país. Cidades inteiras do interior entram em crise quando o setor está trabalhando no prejuízo. Entre Rios do Oeste (Oeste do Paraná) por exemplo, tem um rebanho de suínos muito maior do que o número de habitantes. A atividade proporciona renda e desenvolvimento ao município, e assim é por várias regiões e Estados. Tentar retardar ou impedir a inclusão da carne suína na Política de Garantia de Preço Mínimo mais parece atitude de quem apenas conhece o produto em um prato saboroso na sua mesa, mas nunca reparou nos gráficos econômicos nacionais que são impulsionados pelo setor.
Fonte: Luciany Franco – O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
