Notícias Aquicultura brasileira
Baixo nível de oxigênio aumenta tempo de cultivo e eleva custo da tilápia em quase R$ 3 por quilo produzido
Outras condições adversas que têm impacto e influenciam no desempenho e na saúde dos animais são temperaturas extremas, oscilações no pH, amônia e nitrito na qualidade de água, além de florações de algas potencialmente tóxicas, como cianobactérias e dinoflagelados.

Em meados de 2013, a aquicultura brasileira conseguiu igualar a pesca em termos de importância em produção de pescados em escala global, o que demonstra a força e o desenvolvimento deste segmento na pecuária nacional. O emprego de novas tecnologias aliado a técnicas modernas de manejo e a uma nutrição de alta qualidade colocam o Brasil entre os 14 maiores produtores aquícolas mundiais de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO).

Engenheiro agrônomo, PhD em aquicultura e diretor geral da Acqua & Imagem Serviços, Fernando Kubitza: “Essa questão econômica por si só já é uma justificava mais que suficiente para investir em um bom ambiente para produção” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Conforme o engenheiro agrônomo, PhD em aquicultura e diretor geral da Acqua & Imagem Serviços, Fernando Kubitza, o produto brasileiro é produzido seguindo todas as exigências sanitárias, com alto padrão de qualidade do ponto de vista microbiológico e da padronização no manejo, chegando ao consumidor final a preços competitivos. No entanto, é preciso estar atento a como está sendo entregue a qualidade nutricional destes animais. “É necessário comunicar melhor ao consumidor o que é o produto da aquicultura e como são as condições de cultivo dos peixes, uma vez que ainda há muita desconfiança do público quanto às condições em que esses animais são produzidos”, declarou Kubitza.
Indicadores da condição de conforto e bem-estar
Existe várias formas de se avaliar o grau de conforto e bem-estar de peixes em sistema de cultivo, entre elas alterações comportamentais, mudanças de hábitos e sinais clínicos de doenças. “O monitoramento deve ser constante. É recomendado enviar amostras para laboratórios periodicamente ou quando se observa qualquer alteração suspeita nos peixes. Saúde é o principal indicador de conforto e bem-estar”, expõe.
O segundo indicador é o monitoramento de desempenho dos animais, que envolve índices de crescimento, conversão alimentar e eficiência reprodutiva, seguida dos indicadores de mortalidade no cultivo e de ambiência. “Crescimento lento e alta mortalidade são indícios de problemas na qualidade da água, no ambiente de cultivo ou na ração, fatores que impactam diretamente na saúde dos animais e estão associados a perdas econômicas para o produtor”, salienta.
Qualidade da água e bem-estar
Uma das causas mais frequentes de mortandade é a queda na concentração de oxigênio da água, que geralmente é acompanhada por altos níveis de gás carbônico, o que dificulta a respiração e causa asfixia nos peixes. De acordo com o estabelecido na Resolução Conama 357/05, o valor mínimo de oxigênio dissolvido (OD) para a preservação da vida aquática é de 5,0 mg/L, mas existe uma variação na tolerância de espécie para espécie.
Em um estudo de 12 semanas realizado com diferentes níveis de oxigênio dissolvido (OD em mg/l) sobre o desempenho de juvenis de tilápia do Nilo com 13 a 30 gramas evidencia que o OD entre 6 e 6,5 mg/L oferece melhores condições de conversão alimentar, com ganho de peso mensal de 24,5 g/peixe, atingindo o peso ideal para abate em seis meses, diferente de quando o OD varia entre 1 e 1,5 mg/L, condição que os juvenis apresentam baixo peso e uma conversão alimentar de 2,22, aumentando o tempo de cultivo para atingir o peso ideal para abate, o que acarreta em custo de produção de R$ 2,72 a mais de ração por quilo produzido. “Essa questão econômica por si só já é uma justificava mais que suficiente para investir em um bom ambiente para produção. Considerando que o tempo normal de cultivo é de seis meses, se houver um atraso no crescimento levará no mínimo mais dois meses para terminar esse peixe, o que torna maior o custo de produção e diminuiu o retorno econômico ao produtor”, avalia.
Outras condições adversas que têm impacto e influenciam no desempenho e na saúde dos animais são temperaturas extremas, oscilações no pH, amônia e nitrito na qualidade de água, além de florações de algas potencialmente tóxicas, como cianobactérias e dinoflagelados.
Nutrição e bem-estar
A alimentação dos peixes representa cerca de 60% dos custos de produção e a melhoria na qualidade dos alimentos interfere no seu crescimento, conversão alimentar, digestibilidade, saúde e sobrevivência no cultivo. Segundo o especialista, através da nutrição é possível modular a qualidade e o rendimento da carne. “Pra isso a qualidade da ração é determinante. Precisamos trabalhar com rações de alta qualidade e compatíveis para cada sistema de cultivo e fase de produção”, enfatiza.
Deficiências nutricionais podem levar a alterações fisiológicas e comportamentais, deformidades corporais, baixa resistência ao manuseio e doenças. “Para quem está atuando em uma área tão competitiva como é a piscicultura precisa estar atento às novidades do setor, às novas tecnologias, porque sem conhecimento não se consegue evoluir na atividade”, alerta Kubitza.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



