Notícias EuroTier 2022
Baixa procura em cursos de Medicina Veterinária preocupa associação da categoria na Alemanha
Para sanar essa evolução perigosa que pode comprometer o bem-estar dos animais, o país alemão busca facilitar a imigração de trabalhadores.
A Associação Federal de Veterinários Praticantes (BPT), se mostrou preocupada com a fraca procura de jovens para seguir carreira no setor da Medicina Veterinária. A entidade sabe da importância deste setor para atender as exigências do mercado consumidor que estada cada vez mais exigindo mais cuidados na produção animal, seja em questões de bem-estar, bem como na saúde animal que consecutivamente reflete na saúde humana também, tanto do produtor quanto do consumidor final.
Além de qualidade de vida e saúde do produtor, as doenças também podem comprometer a saúde financeira das fazendas, pois se os animais forem acometidos por infecções, parasitoses, doenças em geral, problemas metabólicos ou de fertilidade, isso tudo pode afetar o desempenho dos animais e, portanto, a situação econômica da fazenda.
A base do sucesso da produção pecuária é, e continuará sendo, a população animal saudável, porém sabe-se que para isso, o médico veterinário deve cada vez mais contribuir com sua capacidade profissional, competência consultiva e conhecimento em questões de manutenção da saúde e alimentação para uma produção mais eficiente e que atenda as exigências do mercado.
Falta de novos veterinários
No entanto, estes requisitos veterinários cada vez mais complexos enfrentam um problema sério na Alemanha: a escassez de veterinários. Dos atuais cerca de 22.000 veterinários praticantes na Alemanha (incluindo cerca de 12.000 proprietários de consultórios e 10.000 veterinários empregados), apenas cerca de 3.500 trabalham no cuidado veterinário de animais de fazenda. “Os recursos veterinários estão se tornando cada vez mais escassos, especialmente nas áreas rurais, porque há uma falta de descendentes na prática curativa”, explica Heiko Färber, diretor administrativo da Associação Federal de Veterinários Praticantes (BPT). Há muitas razões para isso. Para além do desejo de proximidade com a cidade e de conciliação entre a vida profissional e a vida familiar, as condições de trabalho, por vezes ainda difíceis, mas também os insuficientes procedimentos de seleção para os estudantes de veterinária desempenham um papel para a geração mais jovem. Os requisitos legais cada vez maiores e a burocracia agravam ainda mais a situação.
Uma análise da aplicação nacional do Regulamento da UE relativo aos medicamentos veterinários reforça essa tese. A atual (primeira) alteração à Lei dos Medicamentos Veterinários não só cria mais obrigações de comunicação, como também se destina a reduzir ainda mais os tratamentos antibióticos necessários, embora a utilização de antibióticos na produção animal já tenha sido reduzida em mais de 60% nos últimos dez anos. Esta conquista reforça ainda mais de que os veterinários e produtores estão enfaticamente comprometidos com a ideia One Health. Uma nova redução dos tratamentos antibióticos necessários acarreta o sério risco de efeitos negativos na saúde animal e, por conseguinte, no bem-estar dos animais. Isto foi reforçado recentemente em uma auditoria de peritos da Comissão da Alimentação e da Agricultura do Bundestag, em outubro deste ano.
Cobertura nacional em risco
“Tudo isso é um grande dilema, porque não só a busca às vezes malsucedida por veterinários empregados causa problemas. Isso é agravado pelas práticas com arranjos sucessórios que não podem mais ser mudados. Se tudo continuar no ritmo que esta, em breve não será mais possível garantir um atendimento veterinário integral”, prevê Färber. “No entanto, se os animais doentes ou feridos não puderem mais ser adequadamente tratados devido à falta de capacidade veterinária, isso poderá comprometer o bem-estar animal”, continua Färber.
Para sanar essa evolução perigosa que pode comprometer o bem-estar dos animais na Alemanha, o país busca facilitar a imigração de trabalhadores qualificados que serão cedidos pelo Governo Federal, porém essa estratégia não parece ser suficiente do ponto de vista da associação veterinária.
Pelo contrário, o que é necessário é uma rápida flexibilização da Lei do Horário de Trabalho, a fim de poder mobilizar o grupo cada vez maior de veterinários empregados de forma mais flexível, e uma redução maciça da burocracia, de modo a que o tempo de trabalho cada vez menor possa surgir um efeito efetivo deste tempo disponível para ser utilizado para o trabalho com animais e, por conseguinte, para a saúde animal.
Finalmente implementando o gerenciamento de portfólio em lei
“A saúde animal e o bem-estar animal também seriam mais bem servidos se forem usados os recursos escassos na prática pecuária para intensificar os cuidados veterinários do rebanho”, explica Heiko Färber. Desde abril de 2021, as visitas obrigatórias de veterinários estão ancoradas na legislação de saúde animal da UE. Infelizmente, este requisito sensato da UE ainda não foi transposto para o direito nacional. “A rápida implementação da gestão do setor exigida por unanimidade pelo BPT e todas as associações veterinárias teria um efeito muito mais rápido e duradouro sobre a situação sanitária nas explorações agrícolas e também contribuiria de forma mais eficaz para uma maior redução do uso de medicamentos do que novas obrigações de notificação com benefícios questionáveis”, afirma Färber.
As visitas regulares e estreitas prestam serviços valiosos para o bem-estar dos animais, bem como para a proteção da saúde dos consumidores e a proteção jurídica do agricultor enquanto produtor de alimentos. Eles também contribuem para o fato de que alimentos de alta qualidade podem ser produzidos economicamente lucrativos com animais saudáveis, porque a integração do manejo de estoque pelo veterinário da fazenda no processo de produção pode reduzir os custos de tratamento, garantir um uso mais direcionado de medicamentos veterinários e, ao mesmo tempo, otimizar ainda mais o uso de antibióticos. O trabalho veterinário torna-se, assim, um fator de custo muito relevante e rentável para o produtor.
Inovações para mais bem-estar animal
Paralelamente aos canais reguladores, muitas vezes morosos, as inovações técnicas podem garantir condições de criação adequadas às espécies e, assim, melhorar o bem-estar dos animais. Isso é muito importante para Heiko Färber: “Os Prêmios de Bem-Estar Animal, que a BPT apresenta junto com o DLG, servem exatamente a esse propósito. Dos novos desenvolvimentos/inovações apresentados na EuroTier, serão selecionados aqueles que servem particularmente o bem-estar animal e a saúde animal.” Os três vencedores deste ano são dedicados à detecção precoce automatizada de doenças respiratórias na granja, à saúde da e ao bem-estar de vacas leiteiras. “Com essas inovações impressionantes, conseguimos algo para os animais muito mais rápido do que com a lei regulatória. Para mim, este é um trabalho dentro dos padrões One Health”, diz Färber.
Prêmio
Entrega do “Prêmio Bem-Estar Animal” como parte do Evento Internacional de Saúde Animal na quinta-feira, 17.11.2022, das 18h30 às 19h30, Sala 1b (nível do salão), Centro de Convenções da EuroTier em Hanover.
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Universo Pecuária destaca produção sustentável
Evento segue até domingo (03), no município gaúcho de Lavras do Sul.
O secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul, Clair Kuhn, participou na última terça-feira (29) da abertura oficial da 2ª edição do Universo Pecuária. A feira, voltada para a pecuária sustentável, acontece a cada dois anos no município de Lavras do Sul (RS). No evento, Kuhn representou o governador Eduardo Leite ao lado da secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Marjorie Kauffmann.
O Universo Pecuária é uma realização do Sindicato Rural de Lavras do Sul e acontece a cada dois anos, tendo a sua primeira edição no ano de 2022. A feira busca discutir soluções para a produção sustentável, fomenta práticas de manejo responsáveis e inovadoras que diminuam os impactos ambientais, promovam o bem-estar animal, e preservem a biodiversidade e os ecossistemas.
Kuhn, que ressaltou a orientação do governador pela atuação conjunta entre as pastas para o desenvolvimento da pecuária e da agricultura gaúcha. “Hoje precisamos de validação científica sobre os dados que produzimos na pecuária para que possamos agregar ainda mais valor aos nossos produtos. Na Seapi, temos investido em equipamentos e aparelhos que vão qualificar esse trabalho. A agropecuária, assim como diversos outros setores, avançaram ao longo dos anos e agora é o momento de usarmos a tecnologia e a aplicação da ciência a nosso favor”, ressaltou.
A secretária da Sema foi uma das palestrantes do evento que tratou sobre pecuária e carbono. Com a palestra Neutralidade Climática do RS, Marjorie apresentou os compromissos assumidos pelo governo de neutralizar as emissões de carbono até 2050 e os caminhos projetados para o atingimento dessa meta.
Majorie também reforçou o constante compromisso do governo gaúcho com o bioma Pampa e apresentou as inúmeras ações de preservação e de uso sustentável já em andamento, como o Campos do Sul, o Programa Estadual de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg RS) e o Plano de Ação Territorial, que prevê a proteção de espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção.
“O governo está novamente no Universo Pecuária, evento que ocorre no bioma Pampa, para reforçar neste palco tudo o que está em andamento na Sema com foco no uso sustentável do Pampa. Em 2020 o governador Eduardo Leite sancionou o Código Estadual do Meio Ambiente, que de forma inédita no Estado previu o Pampa como bioma, e nós seguiremos avançando nas políticas públicas de conservação”, afirmou Marjorie.
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Complexo de enfezamentos do milho: impacto na qualidade dos grãos
Plantas sintomáticas para o Complexo de Enfezamentos do Milho, de diferentes híbridos, produzem grãos com menor teor de amido.
O grão de milho é importante para a nutrição humana e animal, uma vez que é um dos principais insumos energéticos utilizados na alimentação de bovinos, suínos e aves. Entre os fatores que podem impactar na produtividade desta cultura e, consequentemente, sua lucratividade, está a ocorrência de doenças como o Complexo de Enfezamentos do Milho (CEM), transmitido pela cigarrinha Dalbulus maidis.
Atualmente, cultivares de milho com diferentes níveis de tolerância aos enfezamentos estão disponíveis no mercado. E vários prejuízos relacionados ao complexo já estão parcialmente elucidados, como a produção de múltiplas espigas com má formação, menor número de grãos por espiga e menor produtividade. Porém as informações sobre a qualidade dos grãos produzidos em plantas doentes e como a composição deles é afetada, ainda são escassas.
Neste sentido, pesquisadores do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade Cesumar (Iceti-UniCesumar), do Campus Maringá, têm verificado, em resultados preliminares, que plantas sintomáticas para o CEM, de diferentes híbridos, produzem grãos com menor teor de amido, e que esta redução varia de 6% a 38%, dependendo da severidade dos sintomas. Ou seja, mesmo híbridos tolerantes ao CEM apresentaram redução no teor de amido dos grãos, porém de forma menos intensa do que em híbridos susceptíveis. Contudo, os pesquisadores não verificaram variações significativas nos teores de proteínas e de lipídios totais dos grãos.
Estes resultados reforçam a importância do manejo adequado da cultura, visando a redução dos danos ocasionados pelos patógenos do CEM, que deve abranger não só a escolha de híbridos tolerantes, mas também a eliminação de plantas voluntárias de milho (tiguera) e o controle biológico e químico do inseto vetor, desde a emergência da cultura.
Esse estudo faz parte da Rede Complexo de Enfezamento do Milho (Rede CEM), formada por universidades estaduais, cooperativas, centros de pesquisa e instituições de governo, que está fomentando iniciativas de manejo e controle da praga. Sua coordenação cabe à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), com apoio do Sistema FAEP e Fundação Araucária.
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Paranaense assume presidência de Comissão Nacional de Mulheres do Agro
Simone Carvalho de Paula, de Rondon, também é coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres da Faep.
A produtora rural Simone Carvalho de Paula está no comando da Comissão Nacional das Mulheres do Agro, vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Desde julho, ela preside, de forma interina, a comissão nacional, depois que a presidente do colegiado, Stéphanie Ferreira, pediu licença temporária por conta da maternidade. Com propriedade no município de Rondon, região Noroeste do Paraná, Simone também é uma das 16 coordenadoras da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF).
“É um desafio, mas também uma satisfação. A gente sempre almejou que essa transformação que vimos acontecer no Paraná atingisse o nível nacional”, destaca a dirigente, referindo-se ao impacto que a CEMF e as comissões locais de mulheres, formadas junto aos sindicatos rurais do Paraná, estão trazendo para o meio rural.
Desde a criação da CEMF, em 2021, é possível elencar diversas iniciativas que vêm trazendo benefícios para o setor agropecuário estadual, como a reativação de sindicatos rurais e mesmo a abertura de novas entidades para o fortalecimento do sistema sindical rural.
“A transformação é feita dentro e fora da porteira. Dentro, são a gestão e as mudanças que conseguimos trazer para a propriedade. Fora, envolve o fortalecimento dos sindicatos rurais”, explica Simone. Essa percepção vai ao encontro do trabalho da comissão nacional, que busca valorizar, encorajar e preparar as mulheres do meio rural para ampliar o protagonismo feminino dentro do sistema sindical.
Pioneirismo da CEMF
A CEMF foi uma das primeiras a serem formalizadas no país, se transformando em referência nacional. “Por onde eu vou, percebo que nos tornamos inspiração para os outros Estados por conta dessa forma diferenciada como trabalhamos o agro”, avalia.
Segundo Simone, a rotina mudou desde que assumiu a presidência interina da Comissão Nacional de Mulheres do Agro. “Mudanças para o bem, porque participamos de muitos eventos pelo país”, ressalta Simone. “Eu também trabalho na propriedade, coloco a mão na massa. Felizmente meu marido e o meu filho entenderam esse momento. Eles foram aqueles que mais apoiaram para que eu participasse da comissão, pois sabem que o nosso intuito é o fortalecimento do agro”, revela a produtora.
Dentre as missões no cargo de presidente interina está o desafio de criar comissões em todos os Estados. “Praticamente concluímos isso. Faltam apenas alguns Estados formalizarem, mas já estão a caminho”, conta Simone, que destaca a intensa troca de experiências proporcionadas pelo contato com mulheres de todo Brasil.