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Bactérias do bem

Produtores de soja e feijão já incorporaram aos seus sistemas de produção a inoculação com estirpes das bactérias Bradyrhizobium e Rhizobium, que atuam na fixação biológica do nitrogênio atmosférico nas plantas, dispensando a adubação nitrogenada.

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Foto: Antônio Neto/Arquivo Embrapa

De acordo com o balanço social da Embrapa 2020, no ciclo agrícola 2019/20, a área beneficiada com Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) alcançou incríveis 36,9 milhões de hectares (Mha). Produtores de soja e feijão já incorporaram aos seus sistemas de produção a inoculação com estirpes das bactérias Bradyrhizobium e Rhizobium, que atuam na fixação biológica do nitrogênio atmosférico (FBN) nas plantas, dispensando a adubação nitrogenada. Estima-se que, na safra 2022/23, os produtores que inocularam suas sementes pouparam mais de R$ 30 bilhões pela dispensa de uso de fertilizantes nitrogenados. E evitaram a emissão de 250 Mt de CO2 equivalente.

Mas a FBN não é a única tecnologia que usa bactérias do bem. Desde 2018 o agricultor pode usar a coinoculação, em que também se beneficia de bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP), como a espécie Azospirillum brasilense. Esse microrganismo aumenta a produção de pelos radiculares e promove o crescimento radicular, aumentando a absorção de água e nutrientes. Os primeiros nódulos de Bradyrhizobium surgem nos pelos radiculares, logo a coinoculação da soja (Azospirillum + Bradyrhizobium) aumenta a formação precoce de nódulos, pois há mais pelos radiculares para serem para abrigarem rizóbios. A área de adoção da tecnologia supera 9 milhões de hectares, com ganhos para o produtor estimados em R$1,2 bilhões, devido a um incremento médio adicional de produtividade de 8% comparado com o uso exclusivo de FBN.

Mais inovação

Tem mais bactérias do bem! Para a próxima safra estima-se uma área superior a 45 Mha de soja e a 22 Mha de milho. O consumo de fertilizante fosfatado, em superfostato triplo equivalente, é projetado em 8 Mt para a soja e 2 Mt para o milho. Ao preço médio de R$ 2.400,00/t, são R$ 24 bilhões de reais que os produtores de soja e milho investirão em adubos fosfatados.

Temos boas novas. É possível melhorar a eficiência de uso do adubo fosfatado e, cortar em até 50% a adubação fosfatada para o milho – considerando a recomendação resultante da análise de solo – e ainda aumentar a produtividade em 28%. Reduzir em R$ 410 milhões o custo em fertilizante e acrescentar R$ 53 bilhões na renda bruta dos agricultores. Mais que boa, é uma excelente novidade.

Então vamos explicar. Nos experimentos realizados pela Embrapa nos municípios de Santa Maria (RS) e Palotina (PR), foi possível reduzir o custo e aumentar a produtividade da cultura do milho. Em uma condição em que foi aplicada apenas 50% da dose recomendada de fertilizante fosfatado, porém com inoculação do produto BiomaPhos®, que é uma mistura das bactérias Bacillus megaterium e B. subtilis, foram obtidos os ganhos de produtividade acima referidos. Essas bactérias são consideradas microrganismos solubilizadores de fósforo (MSP).

Experimentos em condições controladas e próximas do ideal produzem retornos mais elevados do que a condição usual da lavoura do agricultor. Por isso, os autores do estudo referem que “Nas avaliações realizadas em áreas de produtor, onde as adubações com fósforo foram aplicadas conforme recomendação local, houve aumento de produtividade por causa da inoculação: Bahia 7,8%, Mato Grosso do Sul 10,7%, Mato Grosso 17,6% e Goiás 8,3%. Considerando todos os locais, o ganho médio de produtividade com a inoculação foi de 8,9%”.

A tecnologia

Existe um grupo de microrganismos que são promotores de crescimento de plantas – como o Azospirilllum citado acima. As bactérias que solubilizam fósforo no solo pertencem a este grupo, e sua eficiência na solubilização e mineralização de fósforo redunda na promoção de crescimento de plantas, conjugado com maior produtividade.

Foram cerca de 20 anos de dedicação de pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo que possibilitaram o desenvolvimento de tecnologia tão promissora. A equipe conduziu diversos estudos de prospecção e teste de seleção de bactérias com características de solubilização do fósforo no solo. Dos 450 microrganismos inicialmente identificados, foram selecionados os 15 mais promissores, dos quais cinco foram testados em condições de campo. Finalmente, os pesquisadores verificaram que os melhores resultados foram obtidos com as duas espécies de bactérias que compõem o BiomaPhos®, lançado comercialmente em 2019.

As sementes de soja ou milho podem ser inoculadas com o BiomaPhos®, à semelhança do que já é efetuado com Bradyrhizobium (FBN) ou na coinoculação das sementes de soja. Uma vez no solo, as bactérias liberam ácidos orgânicos e enzimas, que atuam na clivagem de compostos complexos que contém fósforo. Este elemento, embora esteja presente no solo, nem sempre está prontamente disponível em forma solúvel, que permita a sua absorção e aproveitamento pelas plantas. A ação das bactérias torna o fósforo disponível para ser absorvido pelas raízes. O que é particularmente importante para áreas com longo histórico de cultivo e aplicações anuais de fertilizantes fosfatados, bem como naquelas com aplicação de fontes com baixas solubilidade, como os fosfatos naturais de rocha.

Estudos conduzidos pela Embrapa demonstraram que, em média, a inoculação de sementes com BiomaPhos® redunda em aumento da produção de 8,6% na cultura do milho e de 6,3% na soja. No caso do milho, cultura para qual já existe registro de uso, a indicação de uso é de 100 mL do produto por hectare e o custo da inoculação foi estimado em R$ 80/ha.

Conclusão

Não me canso de repetir: não basta produzir, tem que ser sustentável. O mercado assim exige e nosso compromisso com o futuro da Humanidade aponta para este caminho. À semelhança da FBN e da coinoculação, o uso do BiomaPhos®, desenvolvido pela Embrapa, redunda em maior sustentabilidade. Aumenta a eficiência de uso do fósforo pelas culturas, resultando em possível menor uso de fertilizantes, maior produtividade, com maior rentabilidade para o produtor e menor impacto no ambiente, reduzindo a pressão pela expansão para novas áreas, logo menor desmatamento. E com menor emissão de gases de efeito estufa – promotores das mudanças climáticas – ao longo da cadeia de valor dos produtos agrícolas.

Fonte: Por Décio Luiz Gazzoni, conselheiro do CCAS.

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O triunfo da cooperação

O cooperativismo tem sido a catapulta do desenvolvimento do grande Oeste catarinense e de extensas regiões do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

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Presidente da Aurora Coop. Neivor Canton - Foto: Divulgação/Aurora Coop

Há 55 anos, oito cooperativas agropecuárias do grande Oeste catarinense se uniam para a fundação da Cooperativa Central. Esse projeto nasceu do encontro do arrojado e destemido pioneiro do cooperativismo, Aury Luiz Bodanese, que presidia a Cooperativa Mista Agropastoril Chapecó, com Setembrino Zanchet, na época gerente do Banco do Brasil.

Era o final da década de 1960. Aquelas duas lideranças tinham uma visão muito nítida do futuro: tornava-se imperativo para o desenvolvimento regional que o oeste catarinense deixasse de ser simples fornecedor de matéria-prima e passasse a industrializar proteínas animal e vegetal.

O projeto de Bodanese e Zanchet consolidou-se quando, em 15 de abril de 1969, 18 dirigentes representando oito cooperativas formalizaram a criação da Coopercentral. Nessas cinco décadas e meia construímos – a muitas mãos – esse grande complexo de produção de proteína animal chamado Cooperativa Central Aurora Alimentos, notabilizada nos mercados nacional e mundial como Aurora Coop.

Na comemoração do 55º aniversário inauguramos uma moderna e avançada indústria de processamento de carne mediante investimentos de quase 600 milhões de reais. Esse é um eloquente testemunho do triunfo do cooperativismo como ideologia associativista e do modelo de negócio fundado na ética e na sustentabilidade. Faz parte da estratégia para diversificação do nosso portfólio. Busca fortalecer a posição da Aurora Coop no mercado brasileiro e, também, como player global. Porque é fundamental investir na produção e no lançamento de linhas de produtos inovadores, gerando valor para os nossos produtores rurais cooperados, colaboradores, clientes e consumidores, sem esquecer da gestão sustentável da cadeia produtiva.

Atualmente, os números testemunham a nossa condição de terceiro maior grupo brasileiro do segmento de proteína. Nossas plantas industriais processam POR DIA 32 mil suínos, 1,3 milhão de aves e 1,6 milhão de litros de leite. Mas eu não desejo me fixar nos números de nossa expressão econômica, embora eles sejam grandiloquentes. Quero realçar o extraordinário capital humano envolvido nesse universo chamado Sistema Aurora de Produção, que envolve milhares de famílias rurais e os 45.000 trabalhadores nas indústrias e unidades da Aurora Coop.

A Cooperativa Central Aurora Alimentos pertence a 14 cooperativas filiadas que, juntas, congregam uma extraordinária base produtiva no campo formada por 85.600 famílias rurais, 85% delas tecnicamente classificadas na categoria de agricultura familiar.

O cooperativismo tem sido a catapulta do desenvolvimento do grande Oeste catarinense e de extensas regiões do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. No último triênio, somente a Aurora Coop investiu R$ 2,7 bilhões para a modernização e ampliação das unidades fabris e a aquisição de novas plantas industriais para manter a posição de terceiro maior grupo do setor.

Na área rural trabalhamos para a crescente incorporação de ciência e tecnologia, conferindo ganhos de escala nas propriedades rurais que passaram a ser geridas como verdadeiras empresas, comprometidas com a busca de resultados, em um regime de sustentabilidade e de proteção aos recursos naturais – condição sine qua nom para a perenidade do negócio. Nas nossas fábricas adotamos melhorias contínuas em todos os processos.

Nas regiões onde atuamos – e isso representa mais de 600 municípios brasileiros – as nossas cadeias produtivas da suinocultura industrial, da avicultura industrial e da pecuária leiteira injetaram volumosos recursos, fortalecendo o movimento econômico – e, por extensão, a arrecadação tributária das comunidades locais.

Citarei apenas alguns números de nosso relatório de 2023. No ano passado a geração de ICMS chegou a R$ 2,3 bilhões, o valor adicionado na atividade agropecuária (indireto) foi de R$ 11,6 bilhões e o valor adicionado na atividade industrial e comercial somou R$ 5,3 bilhões. Os investimentos nos colaboradores totalizaram R$ 2,7 bilhões, incluindo salários, encargos, benefícios etc. Isso tudo é dinheiro a irrigar as economias microrregionais.

Mas isso vem sendo feito com grande sacrifício em face das imensas deficiências logísticas e operacionais que enfrentamos nas regiões de produção. Desde os primórdios, o grande oeste ressente-se da insuficiente presença do Estado em várias áreas e, especialmente, na infraestrutura.

As deficiências se fazem sentir nas rodovias, no suprimento de energia elétrica, nos sistemas de água, na ausência de gás para uso industrial, na inexistência de um modal ferroviário, na carência de hospitais públicos etc. Porém, com o braço forte do cooperativismo, a região aprendeu a enfrentar seus problemas e a equacionar seus desafios sem a presença do ente estatal. Contra todos os prognósticos nos tornamos o celeiro do País, erigimos um formidável sistema agroindustrial que se notabilizou no Brasil e no exterior, fazendo com que aqui nascessem e prosperassem alguns dos maiores grupos da indústria de alimentos.

Recentemente, entidades empresariais iniciaram movimento pela construção de ferrovias para assegurar a competitividade do setor e a perpetuação do sistema, uma ligando o oeste de SC com o centro-oeste brasileiro (Ferrovia Norte-Sul) e outra, ligando o oeste com o litoral (Ferrovia Leste-Oeste).

Esse quadro sugere que é hora de a representação política do grande oeste – na Assembleia Legislativa e no Congresso – priorizar a articulação conjunta de propostas coletivas em favor das grandes causas oestinas.

Fonte: Por Neivor Canton, presidente da Aurora Coop
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A revolução das soluções baseadas na natureza

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

“Hell de Janeiro”. A sensação térmica recorde de 62,3ºC registrada em uma estação do Rio de Janeiro durante a terceira onda de calor de 2024 gerou uma série de memes e muito desconforto, para dizer o mínimo. De acordo com um estudo liderado pela UFRJ, 48 mil pessoas morreram por ondas de calor entre 2000 e 2018 no Brasil. No ano passado, nove ondas de calor assolaram o país, num total de 65 dias com temperaturas muito acima da média histórica – até os anos 1990, eram sete dias em média de calor atípico, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

Definitivamente, as mudanças climáticas são a principal ameaça que a humanidade enfrenta. No último ano, a temperatura global esteve muito próxima do 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, marco limite do acordo de Paris, e para que não seja ultrapassado esse limiar as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas em 43% até 2030 (em relação a 2019), conforme a ONU. Para atingir essa meta ousada são necessárias diversas estratégias e atores, e contar com o engajamento das empresas para a redução e compensação das suas emissões.

As soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês) podem proporcionar mais de um terço das reduções de emissões necessárias até 2030, de acordo com um estudo da The Nature Conservancy (TNC). É o caso de projetos de conservação e restauração florestal, e de manejo de terras agrícolas. Essas soluções não apenas ajudam a enfrentar as mudanças climáticas, mas também podem melhorar a saúde do solo, conservar e aumentar a biodiversidade e equilibrar o ciclo hidrológico, além de promover o desenvolvimento social de comunidades tradicionais.

Segundo o estudo da TNC, os projetos do tipo REDD+ (Reduções de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação) podem evitar a emissão de aproximadamente 3 GtCO2e (bilhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono) com a conservação de florestas nativas. Enquanto os projetos do tipo ARR (Afforestation, Reforestation and Revegetation) podem remover cerca de 1,6 GtCO2e da atmosfera com a restauração florestal. Já os projetos de ALM (Agricultural Land Management) podem garantir que mais de 5 GtCO2e sejam compensados com a adoção de boas práticas e tecnologias na agricultura e na pecuária. Os recursos financeiros para esses projetos vêm do mercado de carbono, onde empresas e governos do mundo inteiro estão estabelecendo metas de carbono zero (net zero) e regulamentações.

Mas, para que esse mercado atinja todo o seu potencial, é preciso garantir a qualidade e integridade dos créditos de carbono, gerados de acordo com padrões robustos e reconhecidos. Os projetos NBS precisam ter adicionalidade e monitoramento para assegurar o cumprimento de seus objetivos e proporcionar benefícios para o clima, para as comunidades e para a biodiversidade por um período mínimo de 40 anos. Os órgãos certificadores do mercado voluntário de carbono, como a Verra, têm buscado constantemente o aperfeiçoamento de suas metodologias para garantir a consistência dos projetos e a confiança do mercado.

A integridade e qualidade dos projetos estão ligadas à transparência, rastreabilidade e segurança. Tecnologias avançadas, como drones com sensores LiDAR e inteligência artificial, são importantes para aumentar a transparência e acurácia na mensuração do carbono e no monitoramento da biodiversidade e da degradação florestal. Tecnologias sociais, incluindo aplicativos de monitoramento ambiental comunitário e mecanismos de resolução de conflitos e geração de renda, fomentam a gestão colaborativa e a participação ativa em projetos NBS – as ações sociais são essenciais para assegurar a segurança e eficácia dos projetos no longo prazo, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas. De acordo com um estudo da McKinsey, a demanda pelos créditos aumentará 15 vezes ou mais até 2030 e até 100 vezes até 2050, fazendo esse mercado saltar de US$1 bilhão em 2021 para US$50 a 100 bilhões até o final desta década.

Neste cenário, o Brasil possui uma posição promissora: 15% do potencial global de compensação de carbono por meio de soluções baseadas na natureza concentra-se em seu território, o equivalente a quase 2 GtCO2e – e apenas 1% dessa capacidade é aproveitada atualmente. Para que o país possa se beneficiar desse potencial de crescimento, faz-se necessário também a formação de pessoal capacitado para atender o aumento da demanda. Hoje o mercado já está carente de profissionais tanto na área de desenvolvimento de projetos NBS, quanto na área de auditoria por parte dos órgãos de verificação e validação dos projetos, bem como na área de sustentabilidade dentro das empresas.

Cobrir essas lacunas é essencial para termos condições de descarbonizar a economia, com agricultura e pecuária regenerativas e baseadas na floresta em pé, consolidando o Brasil como uma potência mundial em sustentabilidade. Esta é a revolução das Soluções Baseadas na Natureza.

Fonte: Por Danilo Roberti Alves de Almeida, engenheiro florestal, mestre em Ciências de Florestas Tropicais e doutor em Recursos Florestais.
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Genética: o pilar sustentável da produção animal

casamento entre a excelência genética e a inovação tecnológica não só impulsiona o progresso da pecuária, mas também consolida seu compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

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Foto: Divulgação/ABS

A tríade imponente de sanidade, bem-estar e genética não é apenas uma teoria, mas sim a espinha dorsal de toda a produção animal. Esses três pilares não só garantem a eficiência, mas também são a base de uma abordagem verdadeiramente sustentável para a produção animal. Contudo, como a realidade do campo nos lembra incansavelmente, tudo começa com a genética.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Em um cenário em que as discussões sobre sustentabilidade ganham cada vez mais relevância e alcance, a urgência de ações concretas se torna evidente. Diariamente, vemos uma crescente pressão e culpabilização sobre a produção animal em relação aos impactos ambientais, como emissões de gases do efeito estufa e desmatamento. É hora de agir rapidamente, trazendo clareza aos debates por meio de dados concretos relacionados à capacidade da produção animal de ser sustentável, e a genética é o insumo permanente.

No contexto desafiador da produção animal sustentável, a genética se destaca como o alicerce desde o primeiro momento, moldando os anos subsequentes após cada seleção criteriosa. Ao longo de décadas, testemunhamos de perto os avanços tecnológicos no campo do melhoramento genético animal, uma saga de progresso que assegura a continuidade dos alelos favoráveis – as verdadeiras engrenagens que impulsionam a produção animal.

A busca por características que potencializam a eficiência animal está no centro das atenções e é amplamente adotada. Esta abordagem tem permitido a coleta de fenótipos relevantes, evidenciando a capacidade de animais com alto mérito genético em manter padrões elevados de qualidade e desempenho, ao mesmo tempo em que demonstram uma excepcional eficiência na conversão alimentar, no rendimento de carcaça e na redução do tempo de permanência na fazenda. Os pecuaristas contabilizam, ao final, um saldo positivo rastreado e almejado.

Na vanguarda da inovação na pecuária, a implementação estratégica de linhagens terminais nos rebanhos emerge como um exemplo marcante de avanço. Esta abordagem, que capitaliza a complementaridade entre raças e explora a heterose, tem impulsionado de forma notável a eficiência produtiva. Resultados tangíveis são observados na redução substancial do tempo de confinamento dos animais, além de um notável aumento no peso e rendimento da carcaça, bem como na qualidade da carne.

Além disso, destacamos a importância da aplicação de tecnologias de ponta e metodologias inovadoras, como as ômicas, que têm revolucionado o cenário da seleção genética. Este vasto campo promete uma nova era na pesquisa e aplicação, permitindo a identificação e expressão de características altamente desejáveis. Entre elas, destaca-se a atenção aos pilares da sustentabilidade, bem como a compreensão aprofundada da microbiota ruminal, cujo papel crucial na mitigação das emissões de gases do efeito estufa é cada vez mais reconhecido.

Assim, o casamento entre a excelência genética e a inovação tecnológica não só impulsiona o progresso da pecuária, mas também consolida seu compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

Em resumo, a manutenção da conexão ciência-indústria-campo é um elemento vital na busca pela produção sustentável, permitindo a produção de animais mais eficientes, saudáveis e adaptados ao meio ambiente, garantindo estabilidade na produção animal e um futuro alimentar seguro e saudável para as gerações futuras.

Nessa jornada, há um setor engajado e com a busca incessante pela excelência genética, pois sabemos que é a partir dela que construímos os fundamentos de um amanhã mais promissor para a produção animal sustentável, sem esquecer de garantir a subsistência da próxima geração de agricultores e pecuaristas.

Fonte: Por Laís Grigoletto, gerente de Serviços Genéticos Corte Latam da ABS.
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