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VOZ DO COOP

Avicultura Uso racional

Avicultura precisa mensurar melhor quanto gasta de água

Frangos de corte, matrizes reprodutoras e poedeiras comerciais consomem, em média, dois litros para cada quilo de ração consumida. Diante disto, aves com melhor conversão alimentar vão consumir menos água para produzir o mesmo peso.

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Envolvida em muitas funções fisiológicas, a água chega a compor 85% da estrutura corporal de pintainhos e de até 75% em aves adultas. Por isso, a reposição da água corporal e a qualidade desta água ingerida é fundamental para o consumo adequado dos animais para evitar desidratação e redução no consumo da ração.

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o diretor Global de Contas Estratégicas da Cargill Animal Nutrition, Antônio Mário Penz Junior, destacou que diante da escassez hídrica vivenciada nos últimos anos é preciso cada vez mais buscar alternativas para o uso racional da água. Neste contexto, é fundamental rever todos os processos que envolvem a utilização de água na atividade avícola, desde as granjas reprodutoras, passando pelos incubatórios, produção de frangos, abatedouro e fábrica de ração.

Antônio Mário Penz Junior: “Sem medir a qualidade da água não podemos melhorar qualquer processo” – Fotos: Arquivo/OP Rural

Conforme Penz, em um incubatório se espera um consumo total de água de 300 ml/1000 pintainhos, enquanto que em um abatedouro, o valor médio empregado de água é de 22 litros/ave abatida. “Na propriedade rural só agora começa a discussão deste tema, uma vez que se começa a ver a coleta de água da chuva e de linhas de bebedouros para serem usadas em refrigeração de painéis evaporativos ou para outros usos, até irrigação de plantas da casa do produtor ou em suas hortas, quando não em alguma produção de grãos”, relata. Ele palestrou sobre “Qualidade de água: sustentabilidade x crise hídrica” no 22º Simpósio Brasil Sul de Avicultura, promovido em abril pelo Núcleo de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), na cidade de Chapecó (SC)

Quantidade ideal de água por frango

Frangos de corte, matrizes reprodutoras e poedeiras comerciais consomem, em média, dois litros para cada quilo de ração consumida. Diante disto, aves com melhor conversão alimentar vão consumir menos água para produzir o mesmo peso. “Qualquer desvio desta proporção por dias subsequentes sugere alguma anomalia na saúde dos animais, que podem consumir mais, em um processo febril e consumir menos pelo uso de água quente, bebedouros altos, etc.”, alerta.

Outro fator a ser considerado é a mortalidade, uma vez que quanto maior a idade com que as aves morrem, maior o consumo de água e de ração que serão perdidos. Já frangos com dieta peletizada podem consumir até 20% menos água do que aves que consomem dieta farelada, além de apresentar melhor conversão alimentar, o que leva a uma redução de consumo de água.

Penz diz que é imprescindível medir o que é gasto nos diferentes processos de produção. Em incubatórios e abatedouros esta é uma medida regular, um item de controle. Mas na propriedade, além do que é gasto com as aves, tem que medir o que é gasto em outros processos na produção, como nos painéis evaporativos. “Cada produtor, com a medida de consumo total na propriedade, definirá um indicador que poderá ser por frango produzido/mês, por frango produzido por metro quadrado de galpão por ano, etc. As empresas integradoras terão importante papel nesta atividade, estimulando os produtores a começar a medir o que gastam e como podem fazer para que reduzam seus gastos. Sem medir não podemos melhorar qualquer processo”, expõe.

Para aplicar na prática o método da água sustentável, Penz afirma que é necessário começar com a medição do consumo de água que cada propriedade tem e definir valores de referência para cada segmento de produção. Para isto, as propriedades deverão ter pelo menos um hidrômetro de registro. “E se quiserem ser ainda mais eficientes que tenham hidrômetros em diferentes segmentos como tambo, pocilga, aviário, casa do proprietário etc.”, menciona, ressaltando: “Temos que medir o que é consumido e devemos fazer análises sistemáticas da água usada pelos frangos – duas vezes por ano, sendo na época de chuva e na seca -, para identificarmos se há algum cuidado que deve ser dado à água antes que seja utilizada pelos produtores e seus animais”.

Em termos de temperatura, são recomendados valores inferiores a 25ºC. Com relação ao pH, que seja entre 6 e 7. Água com pH alcalino (9) deve ser acidificada, para que atinja, pelo menos a neutralidade (pH 7,0), orienta o diretor global.

Para a concentração mineral da água, Penz sugere como indicador de referência o uso de sólidos dissolvidos totais, onde os valores devem ser de no máximo 1000 mg/L. “Acima disto e quanto maior for este valor, maior atenção o produtor deverá dar a água que está sendo usada pelas aves, em geral”, salienta.

Em relação ao que provoca nas aves a falta de consumo d’água, Penz é enfático: “O frango come por que bebe! Desta forma, se a ave toma 90% do que deveria consumir, seu consumo de ração será 10% abaixo do previsto e, com isto, o resultado de produção do lote será muito prejudicado”.

Medição de consumo de água

O profissional declara que para se pensar em soluções econômicas ao uso d’água para o futuro é preciso agir no presente, iniciando com a medição do que está de fato sendo consumido na propriedade. “A medição de consumo de água de uma propriedade rural não é um procedimento convencional, pois a água, normalmente, vem da propriedade, através de açudes, poços rasos ou profundos, porém, sem medir não podemos definir metas”, pontua.

Tecnologia e uso racional

“Com os equipamentos hoje disponibilizados já é possível identificar o consumo e a temperatura de água em tempo real e relacionar este consumo com o consumo de alimento. Qualquer alteração que ocorra no aviário será identificada imediatamente, permitindo ações mais rápidas e efetivas”, assegura Penz.

Ele cita que já estão disponíveis no mercado equipamentos que permitem medir o peso dos frangos, em tempo real, através do uso de câmeras, além do surgimento de equipamentos que mensuram características ambientais importantes no galpão, como concentração de CO², umidade, amônia, velocidade do ar e temperatura, além de sons distintos produzidos pelos animais. “Qualquer desvio de parâmetros ambientais e comportamentais podem comprometer o consumo de água que, por consequência, comprometerá o consumo de alimento”, reforça.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura – Corte & Postura.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Em meio ao Siavs 2024, Facta promove simpósio sobre quadro atual e avanços científicos da Influenza aviária

Especialistas do Brasil e da Europa debatem migração, gestão de crise e experiências de quem já enfrentou o problema.

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Coordenador do simpósio e presidente da Facta, Ariel Mendes: "Como único país entre os grandes produtores a permanecer livre de registros no plantel comercial, o Brasil precisa avaliar constantemente seus erros e acertos para fortalecer ainda mais não apenas a sua biosseguridade, como também a sua agilidade em uma eventual reação" - Foto: Divulgação/Facta

A Fundação de Apoio às Ciências e Tecnologias Avícolas (Facta) promoverá um amplo debate sobre a conjuntura internacional e as pesquisas relativas à Influenza aviária, em simpósio que acontecerá durante o Salão Internacional de Proteína Animal (Siavs), programado entre os dias 06 e 08 de agosto, no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP).

Evento tradicional da programação dos Siavs, o Simpósio Facta será dividido em dois blocos nesta edição. Na primeira etapa, abordará o papel das aves migratórias e mamíferos marinhos na ecopidemiologia da enfermidade, principais rotas na América do Sul, além das origens e contenções de casos na região. Especialistas como Jansen de Araújo, da Universidade de São Paulo, Priscilla Prudente do Amaral  da ICMBio e Mário Sérgio Assayag  da Aviagen participarão do painel, que será mediado pela auditora fiscal federal agropecuária, Taís Oltramari Barnasque.

Na segunda etapa, a chefe da Divisão de Gestão de Planos de Vigilância do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa/DF), Daniela de Queiroz Baptista, e o pesquisador Sjaak de Wit, da Universidade de Utrech da Holanda, vão apresentar experiências diferentes no enfrentamento da enfermidade, indo das lições aprendidas pelo Brasil sobre as ocorrências em aves silvestres e de fundo de quintal, chegando ao debate atual em torno do desenvolvimento de vacinas para a enfermidade. A jornalista Juliana Azevedo mediará o debate.

“Estamos em um contexto em que a Influenza aviária deixou de ser um tema estritamente de prevenção, e se tornou rotina na produção avícola global. Como único país entre os grandes produtores a permanecer livre de registros no plantel comercial, o Brasil precisa avaliar constantemente seus erros e acertos para fortalecer ainda mais não apenas a sua biosseguridade, como também a sua agilidade em uma eventual reação”, avalia o coordenador do simpósio e presidente da Facta, Ariel Mendes.

As inscrições para a programação de palestras do Siavs já estão abertas. Preços promocionais e mais informações podem ser encontradas clicando aqui.

Fonte: Assessoria Siavs
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Avicultura

Vendas externas de carne de frango voltam a crescer em março

No balanço do primeiro trimestre de 2024, as vendas externas totalizam 1,2 milhão de toneladas, 7,2% menos que no mesmo período do ano passado.

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As exportações brasileiras de carne de frango voltaram a crescer em março, depois de dois meses em queda.

Segundo dados da Secex analisados pelo Cepea, foram embarcadas 418,1 mil toneladas (entre produtos in natura e industrializados), volume 5,2% maior que o de fevereiro/24, mas 18,7% inferior ao de março/23.

No balanço do primeiro trimestre de 2024, as vendas externas totalizam 1,2 milhão de toneladas, 7,2% menos que no mesmo período do ano passado.

À China – ainda maior parceira comercial do Brasil –, os envios caíram 7,4% entre fevereiro e março, passando para 38 mil toneladas.

Apesar disso, pesquisadores do Cepea apontam que o setor avícola nacional está confiante, tendo em vista que oito novas plantas frigoríficas foram habilitadas para exportar à China.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Avicultura Saúde intestinal e saúde óssea

Impacto sobre a rentabilidade e qualidade das carcaças de frangos de corte

Dentre as afecções que podem comprometer a saúde intestinal dos bezerros está a Colibacilose, que tem como agente etiológico a bactéria Escherichia coli.

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A saúde intestinal e a saúde óssea estão em conexão por mecanismos que envolvem, principalmente, a microbioma intestinal e a comunicação com as células ósseas. O equilíbrio e estabilidade da microbiota intestinal influencia diretamente a homeostase óssea. “Um dos mecanismos que vem sendo estudado é o papel da microbiota sobre a regulação da homeostase do sistema imune intestinal. Alterações na composição da microbiota intestinal podem ativar o sistema imunológico da mucosa, resultando em inflamação crônica e lesões na mucosa intestinal”, explica a doutora Jovanir Inês Müller Fernandes, durante a Conexão Novus, evento realizado em 07 de março, em Cascavel, no Paraná.

Conforme salienta a palestrante, a ativação do sistema imunológico pode levar a produção de citocinas pró-inflamatórias e alteração na população de células imunes que são importantes para manter a homeostase orgânica e controlar os processos inflamatórios decorrentes, mas simultaneamente pode reduzir os processos anabólicos como a formação óssea. “Isso porque os precursores osteoclásticos derivam da linhagem monócito/macrófago, células de origem imunitária” frisa.

Consequentemente, o sistema imunológico medeia efeitos poderosos na renovação óssea. “As células T ativadas e as células B secretam fatores pró-osteoclastogênicos, incluindo o ativador do receptor de fator nuclear kappa B (NF-kB), o ligante do receptor ativador do fator nuclear kappa B (RANKL), interleucina (IL) -17A e fator de necrose tumoral (TNF-α), promovendo perda óssea em estados inflamatórios”, detalha a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Problemas

Além disso, doutora Jovanir também ressalta que o intenso crescimento em reduzido tempo das atuais linhagens de frangos de corte resulta em sobrecarga sobre um sistema ósseo em mineralização. Ela frisa ainda que o centro de gravidade dos frangos tem sido deslocado para frente, em comparação com seus ancestrais, o que afeta a maneira como o frango se locomove e resulta em pressão adicional em seus quadris e pernas, afetando principalmente três pontos de choque: a quarta vértebra toráxica e as epífises proximais da tíbia e do fêmur. “Nesses locais são produzidas lesões mecânicas e microfraturas, e tensões nas cartilagens imaturas, especialmente na parte proximal dos ossos. As lesões mecânicas danificam e rompem os vasos sanguíneos que chegam até a placa de crescimento e, como consequência, as bactérias que circulam no sangue conseguem chegar às microfaturas e colonizá-las, iniciando as inflamações sépticas”, relata.

O aumento do consumo de água e a produção de excretas que são depositadas na cama, associado a uma menor digestibilidade da dieta, segundo a médica veterinária, resultam em aumento da umidade e produção de amônia. “Camas úmidas aumentam a riqueza e diversidade da microbiota patogênica, que pode alterar o microbioma da ave e desencadear a disbiose intestinal, pode favorecer a translocação bacteriana pelas lesões de podermatite e afetar a mucosa respiratória pelo aumento da produção de amônia que, consequentemente, resulta em desafios à mucosa respiratória e aumento da sinalização imunológica por citocinas e moléculas inflamatórias” enfatiza a profissional.

lém desses fatores, doutora Jovanir explica que a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites, a exemplo dos isolamentos já feitos no Brasil de cepas patogênicas de Enterococcus faecalis. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado nos aviários”, elucida.

Segundo a médica-veterinária, devido a dor e a dificuldade locomotora, as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. “Isso também contribui para a ocorrência de pododermatite, dermatites e celulites. Importante ainda destacar que esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, bem como a ocorrência de artrites assépticas. Nesse sentido, é fundamental a manutenção de um microbioma ideal para modular o remodelamento ósseo das aves” adverte.

Importância do microbioma intestinal nos ossos

“Pesquisadores mostram que a comunicação entre microbioma e homeostase óssea garante a ação dos osteoblastos maior que a ação dos osteoclastos, com isso, garantindo boa remodelação óssea. Ou seja, forma mais osso sólido do que se rarefaz’, complementa Jovanir Fernandes.

Além disso, ela informa que a composição da microbiota do intestino impacta na absorção dos nutrientes, promovendo aumento de assimilação de cálcio, magnésio e fósforo – vitais na saúde óssea. “Durante o processo de fermentação, os micróbios intestinais produzem numerosos compostos bioativos, que são importantes para a saúde óssea, como vitaminas do complexo B e vitamina K. As bactérias intestinais produzem também ácidos graxos de cadeia curta (ácido butírico), importantes na regulação dos osteocitos e massa óssea”, ressalta.

Os estudos, de acordo com a palestrante, indicam que esses ácidos graxos inibem a reabsorção óssea através da regulação da diferenciação dos osteoclastos e estimulam a mineralização óssea. “Age também ativando células Treg (potencializadoras de células tronco nos ossos). Hormônios produzidos no intestino pela presença de bactérias boas desempenham um papel importante na homeostase e metabolismo ósseo”, aponta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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SIAVS 2024 E

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