Avicultura
Avicultura gaúcha divulga dados preliminares com aves natalinas e reafirma força do setor em 2025
Mesmo diante de adversidades climáticas e sanitárias, Rio Grande do Sul mantém produção robusta, estabilidade de mercado e posição estratégica no cenário nacional.

A avicultura gaúcha volta a demonstrar sua capacidade de superação, organização e protagonismo econômico. Em 2025, o comércio de aves natalinas no Rio Grande do Sul deve movimentar R$ 1,438 bilhão, resultado que representa um crescimento de 2% em relação a 2024, mesmo em um cenário marcado por desafios climáticos e sanitários que exigiram cautela e planejamento do setor.
Levantamento preliminar da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) aponta uma produção estimada de 56,4 mil toneladas de perus e aves natalinas, volume que, embora apresente uma leve retração de 2,4% frente ao ano anterior, confirma a robustez da cadeia produtiva, que adequou estrategicamente sua oferta sem comprometer o desempenho econômico.
Os dados refletem um mercado equilibrado e maduro. O preço do quilo do peru registrou reajuste médio de 4%, oscilando entre R$ 29,00 e R$ 31,00, enquanto as demais aves natalinas apresentaram estabilidade, com variação média de apenas 0,5%. As aves mais tradicionais seguem com preços entre R$ 13 e R$ 14,5 por quilo, mantendo competitividade e acesso ao consumidor.
Para o presidente executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos, os números evidenciam a capacidade de resposta do setor frente às adversidades. “A avicultura gaúcha mostrou, mais uma vez, maturidade e responsabilidade produtiva. Adequamos volumes, preservamos mercado e mantivemos estabilidade comercial. Isso demonstra eficiência, planejamento e uma cadeia altamente profissionalizada, capaz de enfrentar crises e lutar por competitividade”, afirma.
Rio Grande do Sul é o segundo exportador nacional de carne de peru
A força do Rio Grande do Sul também se destaca no cenário nacional e internacional. O Estado é o segundo maior exportador de carne de peru do Brasil, com embarques anuais de aproximadamente 22,8 mil toneladas, reforçando sua relevância estratégica para a balança comercial e para o abastecimento global.
No mercado interno, o consumo de carne de peru permanece estável, com 0,297 quilo por habitante ao ano, consolidando o caráter sazonal, porém estratégico, do produto no período natalino.
Segundo a Asgav, o desempenho positivo ocorre apesar do elevado nível de exigência produtiva das aves natalinas, que demandam manejo diferenciado, maior consumo de ração, embalagens especiais, ampliação da capacidade de armazenagem, resfriamento, congelamento, logística dedicada e processos adicionais, como tempero e padronização — fatores que elevam os custos e exigem alto grau de gestão.
Ainda assim, a cadeia avícola gaúcha segue avançando, gerando renda, emprego e desenvolvimento regional. Para José Eduardo dos Santos, o setor reafirma sua relevância estrutural para o Estado. “A avicultura é um pilar da economia gaúcha. Mesmo em anos difíceis, seguimos entregando resultados, garantindo segurança alimentar, empregos e competitividade. Isso é fruto de investimento, tecnologia e, sobretudo, da capacidade do produtor e da indústria gaúcha de se reinventar”, conclui.
Com números consistentes, planejamento e visão de longo prazo, a avicultura do Rio Grande do Sul reafirma em 2025 sua pujança econômica, seu papel estratégico no agronegócio brasileiro e sua capacidade de transformar desafios em resultados.

Avicultura
Frango congelado apresenta oscilações ao longo da semana no mercado interno
Levantamento do Cepea/Esalq indica variações pontuais nas cotações nos últimos dias com leve recuo no fechamento da semana e estabilidade no acumulado mensal.

Os preços do frango congelado no estado de São Paulo apresentaram oscilações pontuais ao longo da última semana, com leve movimento de baixa no fechamento do período, segundo levantamento do Cepea/Esalq.
Na última sexta-feira (12), o produto foi negociado a R$ 8,11 por quilo, registrando queda diária de 0,25%. No acumulado do mês, entretanto, o preço permaneceu estável, sem variação percentual.
Nos dias anteriores, o mercado mostrou pouca movimentação. Em 11 e 10 de dezembro, a cotação ficou em R$ 8,13/kg, sem alterações diárias e com alta mensal de 0,25%. Já no dia 9, o preço também foi de R$ 8,13/kg, com avanço diário de 0,49%, sinalizando uma reação pontual das cotações.
No início da semana, em 08 de dezembro, o frango congelado foi comercializado a R$ 8,09/kg, com recuo diário de 0,12% e queda mensal de 0,25%.
O comportamento dos preços indica um mercado relativamente equilibrado, com pequenas oscilações diárias e ausência de tendência definida no acumulado do mês, refletindo cautela nas negociações e ajustes pontuais entre oferta e demanda.
Avicultura
Produção brasileira de ovos para consumo desacelera no terceiro trimestre
Levantamento do IBGE e Cepea indica leve queda trimestral na oferta porém aponta recorde histórico no acumulado de 2025 com impacto direto nos preços pagos ao produtor.

Dados do IBGE analisados pelo Cepea mostram que, entre julho e setembro, foram produzidas 1,02 bilhão de dúzias de ovos para consumo, queda de 1,4% frente ao trimestre anterior, mas alta de 2,5% na comparação com igual intervalo de 2024.
No acumulado do ano, a produção nacional soma 3,04 bilhões de dúzias, volume recorde para o período de toda a série histórica do Instituto, iniciada em 2012. Assim, pesquisadores do Cepea explicam que, mesmo com a leve retração na quantidade produzida, os valores dos ovos seguiram enfraquecidos ao longo do terceiro trimestre.
De acordo com levantamentos do Centro de Pesquisas, entre julho e setembro, a média dos ovos brancos tipo extra, a retirar (FOB) em Bastos (SP), foi de R$ 149,15/caixa com 30 dúzias, queda de 14% em termos reais (dados deflacionados pelo IGP-DI de nov/25), em relação ao trimestre anterior.
Para os ovos vermelhos, houve desvalorização real de 16% em igual comparativo, à média de R$ 164,45/cx na região paulista.
Avicultura Do surto ao recall
Lições que a agroindústria não pode ignorar
Especialistas alertam que o avanço de contaminações no Brasil e no exterior exige vigilância contínua, tecnologia de ponta e gestão rigorosa para evitar crises sanitárias e prejuízos às empresas.

A segurança alimentar voltou ao centro das atenções diante da escalada de surtos e contaminações que desafiam a indústria de alimentos no Brasil e no mundo. A mensagem foi reforçada pela bióloga Marina Gumiere, doutora em Microbiologia Agrícola, durante o 11º Encontro Avícola Empresarial Unifrango, realizado em julho na cidade de Maringá (PR).
Segundo a especialista, só um monitoramento contínuo e políticas rígidas de controle de qualidade conseguem prevenir riscos e proteger tanto a saúde pública quanto a reputação das marcas. “Os riscos invisíveis da indústria alimentícia exigem mais que protocolos básicos, pedem vigilância constante, ferramentas modernas e uma cultura de prevenção. Prevenir surtos é sempre mais eficiente, e menos custoso, do que lidar com as consequências de uma crise sanitária”, frisou.
Entre 2013 e 2022, o Brasil registrou uma média anual de 6,6 mil surtos alimentares. Casos recentes de enterovírus e contaminações por E. coli e Salmonella em praias de São Paulo evidenciam a persistência do problema. Em 2024, episódios semelhantes atingiram Estados Unidos, Vietnã, Rússia e Arábia Saudita, com foco em carnes, saladas prontas e alimentos processados, um alerta de que a vulnerabilidade é mundial. “As consequências de um recall são amplas. Além de altos custos financeiros, que envolvem recolhimento, processos judiciais e investimentos em recuperação, as empresas sofrem desgaste da reputação, com perda da confiança do consumidor e questionamentos de investidores. Há ainda a pressão legal, com disputas e ações judiciais que prolongam os impactos da crise”, enumerou Marina.
Casos que marcaram a indústria

Bióloga Marina Gumiere, doutora em Microbiologia Agrícola: O Plano de Monitoramento Ambiental (PMA) é fundamental para identificar fontes de contaminação, mapear áreas críticas e apontar falhas de higiene nas plantas industriais” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Marina lembrou de episódios que se tornaram referência em segurança alimentar e que servem de alerta para toda a cadeia produtiva. Em 2010, nos Estados Unidos, mais de 500 milhões de ovos foram recolhidos após 2,5 mil casos de salmonelose, com custos superiores a US$ 100 milhões. Em 2007, a contaminação de manteiga de amendoim gerou impacto estimado em US$ 1 bilhão, atingindo não apenas o produtor, mas também a extensa cadeia de produtos que utilizava o ingrediente.
A rede de hambúrgueres que enfrentou surtos de E. coli em 2004 e novamente em 2024 sofreu queda de 10% no valor de suas ações, perda de vendas e precisou investir mais de US$ 100 milhões em medidas corretivas e marketing para tentar recuperar a imagem.
Ferramentas para prevenir
Para reduzir riscos, Marina defende o uso de estratégias que envolvem diferentes frentes de controle. “O Plano de Monitoramento Ambiental (PMA) é fundamental para identificar fontes de contaminação, mapear áreas críticas e apontar falhas de higiene nas plantas industriais”, destacou.
Ela ressaltou ainda a importância do zoneamento de risco, que classifica os ambientes da fábrica em quatro níveis, permitindo direcionar o monitoramento para microrganismos adequados a cada área. “Sem um bom zoneamento, se perde eficiência no controle, porque não se mede o que realmente importa em cada ponto da planta”, afirmou.
Outro ponto crítico são os biofilmes, estruturas resistentes formadas por comunidades microbianas que podem abrigar agentes como Listeria e Salmonella. “Eles criam uma barreira protetora que dificulta a ação dos sanitizantes e, muitas vezes, só podem ser eliminados com ação mecânica”, alertou a especialista.
Soluções avançadas de investigação
A evolução tecnológica também oferece novas ferramentas para que a indústria alimentícia enfrente riscos invisíveis com mais precisão. Marina destacou o papel do sequenciamento de nova geração (NGS) e do sequenciamento completo do genoma (WGS), técnicas que permitem identificar microrganismos que não crescem em meios tradicionais e rastrear a origem de surtos. “O WGS consegue diferenciar sorotipos e apontar se a mesma cepa está presente em diferentes pontos da planta. É uma ferramenta poderosa de rastreamento e prevenção”, afirmou, destacando que essas técnicas também permitem identificar genes de resistência a sanitizantes e antibióticos, além de relacionar características das cepas com as condições sanitárias da planta e avaliar a evolução da resistência microbiana ao longo do tempo.
Outra solução é a metagenômica, capaz de extrair o DNA diretamente da matéria-prima, da água ou de superfícies, sem necessidade de cultivo. “A metagenômica mostra toda a comunidade microbiana presente, sua diversidade, abundância e potenciais riscos. É como acender a luz em um ambiente que antes estava no escuro”, comparou Marina.
A avaliação da eficácia dos desinfetantes utilizados na fábrica também é indispensável, especialmente contra as cepas isoladas da própria planta, e não apenas contra microrganismos indicadores padrão. “É importante testar a eficácia das soluções ao longo do tempo de armazenamento, já que alguns ativos, como o hipoclorito, perdem potência rapidamente”, reforçou.
No campo da gestão, a especialista reforçou a importância de ferramentas modernas de monitoramento, que superam as limitações das planilhas tradicionais. “O Excel ajuda, mas não oferece a visão estratégica. Hoje existem sistemas capazes de mapear zonas de risco, indicar pontos positivos de contaminação, monitorar ativos e desencadear planos de mitigação de forma integrada”, pontuou.
A versão digital está disponível gratuitamente no site oficial de O Presente Rural. A edição impressa já circula com distribuição dirigida a leitores e parceiros em 13 estados brasileiros.



