Avicultura Mercado
Avicultura brasileira se mantém firme na missão de alimentar pessoas
O setor está empenhado para manter o fluxo de exportações neste período de pandemia, fortalecendo seu apoio pela segurança alimentar das nações parceiras

A pandemia da Covid-19, doença que chegou ao Brasil ao final de fevereiro, tem mudado a rotina das pessoas e empresas em todo o país. Em meio à quarentena para a contenção do vírus, parte da população permanece em suas casas e diversos comércios foram fechados para diminuir a circulação de pessoas e reduzir a possibilidade de infecção. Entretanto, serviços considerados essenciais mantêm suas atividades, para que as pessoas tenham acesso a produtos que supram suas necessidades básicas: como remédios e alimentos.
Neste cenário, a avicultura brasileira se mantém firme na missão de alimentar as pessoas e tem como prioridade a saúde de seus colaboradores. No Paraná, responsável por cerca de 35% da produção nacional, adotou diversas medidas para reduzir riscos de propagação antes mesmo da quarentena. “As atividades no segmento sempre contaram com rígidos padrões de higienização em todas as áreas do processo produtivo, ações que vêm sendo reforçadas neste período”, destaca o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.
Visão compartilhada pelo presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Segundo ele, muitos dos cuidados recomendados pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde já eram aplicados pelas agroindústrias brasileiras, mas foram cuidadosamente reforçados. A presença do médico do trabalho nas unidades frigoríficas, a proibição de circulação de pessoas externas, uso de uniforme obrigatório cobrindo a maior parte do corpo possível, entre outras regras para manutenção da biosseguridade estão entre as medidas que já eram aplicadas no setor.
De acordo com Turra, algumas das ações tomadas de imediato, especificamente para a prevenção ao novo Coronavírus, foram o afastamento de todos os colaboradores identificados como grupo de risco, verificação constante de temperatura corporal e intensificação das orientações e de vigilância ativa nas unidades frigoríficas. “A saúde das equipes e a oferta de alimentos são prioridades indiscutíveis”, reforça Turra
Mesmo diante deste cenário de adequação e medidas de apoio às indústrias, é inegável que pandemia da Covid-19 trouxe e trará impactos para diversos setores. “O mundo todo não esperava uma pandemia dessa proporção. A indústria em geral entrou em um estado de recesso. Para o setor agroalimentar, porém, os impactos foram menores, visto que seu produto é um item essencial para as pessoas. Obviamente alguns produtos tiveram redução de consumo, mas principalmente os alimentos básicos, como é o caso das carnes de frango, seguiram com a demanda elevada tanto no mercado interno como no mercado externo”, explica o presidente da Fiep.
Domingos Martins destaca que na avicultura do Paraná o primeiro trimestre do setor foi positivo, com acréscimo nos volumes de produção e exportação. “Isso porque tivemos a capacidade de trabalhar exatamente de acordo com a nossa demanda, para então projetar a oferta. Além disso, as indústrias avícolas do estado e brasileiras já desenvolvem um trabalho de excelência no que se refere à qualidade e à sanidade”, relata. Sobre expectativas para os próximos meses, o presidente destaca que é necessário avaliar diariamente, pois o cenário é de volatilidade. Pelo frango ter um ciclo produtivo mais rápido se comparado ao de outras proteínas, o mercado possui maior variação, apresentando diferenças ao longo das semanas. “Dessa maneira, observamos, atualmente, um cenário de equilíbrio no setor”, complementa.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Carlos Valter Martins Pedro, também reforça a importância da agroindústria como um todo, incluindo a avicultura, para a sociedade. “Neste momento, por mais que boa parte da população esteja em casa, as pessoas continuam se alimentando, e quem supre essa necessidade é a indústria de alimentos. Além disso, esse setor é fundamental para a economia do Paraná, em termos de geração de riquezas e, principalmente, na geração de empregos e renda. Por isso, ele terá papel importante para amenizar os efeitos dessa crise econômica em nosso estado”, aponta.
Esforço para não parar a produção
Para o Secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, o controle da doença exige muito de cada pessoa no mundo inteiro, pois cada um é potencial disseminador para centenas de outras pessoas. “No caso da agropecuária, a união é importante agora, para que haja a conscientização, além de um esforço concentrado para não parar a produção, o que seria ruim para o abastecimento da população e catastrófico para a manutenção da renda do produtor”, destaca Ortigara.
O diálogo entre o setor produtivo, as autoridades e órgãos governamentais tem sido frequente para definição das melhores estratégias. Foi por meio destas conversas, após pedido do Sindiavipar, que a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) criou o Comitê Especial de Monitoramento dos Impactos da Pandemia da Covid-19 na agropecuária do Estado do Paraná. Além disso, regionalmente a avicultura também está representada no Comitê de Crise da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). “Neste sentido, ressalto a necessidade da participação dos associados. A conversa que estabelecemos e os retornos que recebemos das indústrias avícolas são a base para buscarmos maneiras de vencer a pandemia”, afirma Domingos Martins. Nacionalmente, a ABPA está inserida em diversos comitês estaduais e federais, além de organizações com o Instituto Pensar Agro (IPA), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outros. Além disso, a entidade também constituiu diversos comitês internos, envolvendo equipes técnicas, de logística, comunicação, relações institucionais, inteligência de mercado e outras áreas, para que juntamente aos seus associados, sejam definidos e constantemente atualizados protocolos com orientações relativas ao trabalho no frigorífico, transporte e manuseio de alimentos, uso de máscaras e demais orientações setoriais para a preservação da saúde dos colaboradores e de todos os envolvidos no sistema produtivo.
Exportações 5,1% superiores
As exportações de carne para a Ásia foram destaque nos primeiros meses do ano. Os embarques de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 1,365 milhão de toneladas no primeiro quadrimestre de 2020, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal. O resultado é 5,1% superior ao registrado no mesmo período de 2019, quando foram exportadas 1,299 milhão de toneladas. Em receita cambial, o saldo total das vendas internacionais de carne de frango neste ano acumula elevação de 0,5%, com US$ 2,151 bilhões entre janeiro e abril de 2020, contra US$ 2,141 bilhões no ano anterior.
Considerando apenas o mês de abril, houve retração de 4,7% nas exportações do setor, com total de 343,3 mil toneladas em abril deste ano e 360,1 mil toneladas no ano anterior. Neste quadro, com total de US$ 515,9 milhões, o saldo das vendas de abril foi 13,9% menor que o obtido no quarto mês de 2019, com US$ 599,1 milhões. “Além da já esperada alta das vendas para a China, houve considerável aumento das exportações para destinos da África, Ásia e Oriente Médio. O setor está empenhado para manter o fluxo de exportações neste período de pandemia, fortalecendo seu apoio pela segurança alimentar das nações parceiras”, avalia Francisco Turra, presidente da ABPA.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2020 ou online.

Avicultura
Influenza aviária deixa de ser exótica no Brasil, alerta auditora fiscal do Mapa
Com o avanço dos casos em aves silvestres e de subsistência, o Brasil deixa de ser território livre da Influenza aviária, reforçando a urgência de vigilância constante e biosseguridade rigorosa em toda a cadeia avícola.

A Influenza aviária de Alta Patogenicidade se tornou uma das maiores emergências sanitárias do mundo. O vírus, que já provocou a morte ou o sacrifício de mais de 630 milhões de aves ao redor do globo desde 2021, deixou um rastro de impactos sanitários, ambientais e econômicos em praticamente todos os continentes. A doença, que antes atingia principalmente aves silvestres, passou a circular com força na avicultura comercial, acelerando a disseminação e trazendo novos desafios para a saúde animal e para a segurança alimentar global. Casos crescentes em mamíferos ampliam a preocupação, reforçando a dimensão de emergência sanitária.
No Brasil, o primeiro registro ocorreu em maio de 2023, em aves silvestres no Espírito Santo. Desde então, foram identificados focos em aves de subsistência em diferentes estados, até que, em maio de 2025, surgiu o primeiro e único caso, até o momento, em um plantel comercial, rapidamente contido pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO).

Denise de Magalhães Viégas, auditora fiscal federal agropecuária do Mapa: “Estamos diante de uma emergência global que ameaça a agricultura, a segurança alimentar, o comércio e os ecossistemas” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Até 10 de setembro deste ano, o Brasil já havia realizado 1.256 coletas de amostras e conduzido mais de 4,7 mil investigações relacionadas à Influenza aviária. No momento, quatro investigações seguem em andamento: duas em criações domésticas, nos municípios de São Paulo de Olivença (AM) e Mirante da Serra (RO), e duas em aves silvestres, em Selvíria (MS) e Guarujá (SP). Desde a primeira detecção, foram confirmados 185 focos da doença no país, sendo um em aves comerciais e 12 em aves não comerciais, além dos registros em populações silvestres.
No Brasil, a Influenza aviária deixou de ser considerada uma doença exótica, após registros de surtos do vírus em aves residentes de diversas regiões do país. Quem chama a atenção para essa mudança é a médica-veterinária Denise de Magalhães Viégas, mestre em Medicina Veterinária e auditora fiscal federal agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). “O desafio, agora, é garantir vigilância contínua, medidas de biosseguridade cada vez mais robustas e resposta ágil a qualquer foco. Para isso, o Mapa reforça a necessidade de responsabilidade compartilhada entre o Serviço Veterinário Oficial e toda a cadeia avícola”, expôs a profissional durante sua participação no Avicultor Mais 2025 – Frangos, Ovos & Peixes, evento que reuniu especialistas e lideranças do setor em meados de junho, em Minas Gerais.
Para enfrentar e conter a disseminação da doença, o Brasil conta com diretrizes claras de vigilância ativa e passiva, que sustentam o Plano Nacional de Vigilância para Influenza aviária e Doença de Newcastle (DNC). O objetivo principal é fortalecer a capacidade de detecção precoce da infecção nessas duas doenças, tanto em aves domésticas quanto em aves silvestres. “Além disso, o sistema busca demonstrar a ausência de Influenza aviária e Newcastle nas populações comerciais, requisito essencial para a manutenção dos mercados internacionais, e monitorar o surgimento de novas cepas virais, com implicações diretas para a saúde animal e pública”, sustenta Denise.
O plano é estruturado em diferentes componentes de vigilância. Ele inclui a investigação de casos suspeitos de síndrome respiratória nervosa (SRN) em aves domésticas, a análise de eventos excepcionais de mortalidade em aves silvestres, a vigilância ativa na avicultura industrial e em aves de subsistência localizadas em áreas de maior risco, além do monitoramento em compartimentos oficialmente reconhecidos como livres de Influenza aviária e Newcastle.
A preparação para possíveis emergências sanitárias também é prioridade. Denise ressaltou que o trabalho do Mapa vai além da estruturação técnica e inclui ações de comunicação com o setor e com a sociedade. Campanhas de conscientização sobre biosseguridade e sobre a obrigatoriedade da notificação de casos suspeitos são ferramentas indispensáveis para ampliar a vigilância e garantir respostas rápidas. “A comunicação de riscos é parte essencial do processo. Precisamos que produtores, trabalhadores e a comunidade entendam que cada notificação é uma peça-chave na defesa sanitária do país”, afirmou.
Para a auditora fiscal, o enfrentamento da Influenza aviária só será possível com a união de esforços. “Estamos diante de uma emergência global que ameaça a agricultura, a segurança alimentar, o comércio e os ecossistemas. O vírus já está aqui e a defesa depende de vigilância ativa, biosseguridade rigorosa e, acima de tudo, da responsabilidade compartilhada entre produtores, técnicos e Serviço Veterinário Oficial”, enfatizou.
A versão digital está disponível gratuitamente no site oficial de O Presente Rural. A edição impressa já circula com distribuição dirigida a leitores e parceiros em 13 estados brasileiros.
Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock
Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.



