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Avicultores do Paraná acendem alerta contra Influenza aviária
Vírus já foi diagnosticado em países da América do Sul, incluindo Uruguai e Argentina. Produtores redobram cuidados nas granjas.

Os produtores de aves do Paraná estão em estado de alerta contra a Influenza aviária. A proximidade de focos tem tirado o sono do setor produtivo. Tanto que o tema dominou parte das discussões na reunião da Comissão Técnica (CT) de Avicultura da Faep, realizada por videoconferência e de forma presencial, na sede do Sistema Faep/Senar-PR, em Curitiba, nesta quinta-feira (09).

Reunião ocorreu de forma híbrida, virtualmente e na sede do Sistema FAEP/SENAR-PR, em Curitiba – Fotos: Divulgação/Faep
No encontro, os avicultores viram que, historicamente, os focos da doença no continente americano se concentram em países mais distantes das áreas produtivas do Brasil (como Canadá, Estados Unidos, México, Venezuela, Colômbia, Equador e Peru). Mas o cenário passou a ser preocupante desde fevereiro deste ano, quando a Argentina e o Uruguai confirmaram casos da enfermidade. Em território argentino, inclusive, já houve pelo menos dois casos de abate sanitário, totalizando 220 mil aves, para conter o avanço da doença, que também tem potencial para contaminar os seres humanos – de forma branda, em geral.
“Temos que trabalhar com cautela, afinal, até o momento, o Brasil é um país livre de influenza aviária. Porém, esse é um momento para redobrada a atenção, seguir as normas sanitárias nas propriedades e contribuir com as autoridades de fiscalização. A entrada de um vírus como a influenza nas nossas granjas teria impactos extremamente negativos ao setor produtivo e à sociedade paranaense”, alertou o presidente da CT de Avicultura, Diener Santana.
Fábio Mezzadri, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar-PR que acompanha a cadeia de avicultura no Paraná, apresentou um panorama sobre a questão. Como o Estado é o maior produtor de frango do Brasil e responsável por quase metade das exportações da ave feitas pelo país, isso reforça a importância das ações de prevenção e o engajamento nas iniciativas.
“Estamos em contato com a Agência de Defesa Agropecuária [Adapar] e sabemos que o órgão está fazendo vigilância ativa nas propriedades rurais do Paraná, sejam nos estabelecimentos comerciais de produção, reprodução e postura”, revelou Mezzadri. “As notificações suspeitas são atendidas prioritariamente e a entidade nos passou que fez capacitação e treinamento de profissionais em todas as unidades regionais para lidar com a situação”, completou o técnico.
Outra medida importante, conforme Mezzadri, foi a designação de veterinários da Adapar para dedicação exclusiva e capacidade técnica elevada na área. Além de, desde julho de 2022, o Paraná contar com o Plano de Vigilância para Influenza Aviária. Como complemento, recentemente, em 27 de fevereiro de 2023, uma portaria proibiu a presença de quaisquer espécies de aves em eventos agropecuários, feiras, exposições, agremiações e atividades afins no Estado por 90 dias.
Prevenção
Nas granjas, a prevenção da entrada da influenza envolve as boas práticas na propriedade. Seguindo as recomendações dos parâmetros técnicos estabelecidos em Instruções Normativas, os produtores reduzem as chances de contaminação dos lotes. Entre os fatores decisivos para isso estão evitar o contato direto das aves do plantel avícola com aves de vida livre; utilizar medidas de higiene e desinfecção no ambiente em que as aves vivem; realizar o controle de pessoas e veículos que adentrem o ambiente; não receber nas propriedades pessoas não vinculadas ao setor produtivo; não levar parentes e visitas para conhecer o aviário, mesmo que esteja em período de vazio sanitário; e lavar constantemente as mãos.

O presidente da CT, Diener Santana, o técnico Fábio Mezzadri e o coordenador do DTE, Jefrey Albers, falam aos produtores
Outros assuntos
A reunião da CT de Avicultura também tratou dos resultados obtidos em negociações entre produtores e agroindústrias nas Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs). Os integrantes compartilharam as conquistas em valores, bônus e critérios de avaliação técnica dos rebanhos, com melhorias para produtores e integradoras.
“Quero enfatizar a importância dessa organização. É esse engajamento dos produtores que dá o embasamento para que nosso trabalho a nível de Faep tenha suporte e seja direcionado ao que realmente importa ao setor produtivo”, pontuou Jefrey Albers, coordenador do DTE do Sistema Faep/Senar-PR.
Aspectos relacionados aos custos de produção também foram apresentados. Os altos custos de energia elétrica e a iminência do fim de subsídios preocupa os avicultores. Entraram também em debate o preço elevado da mão de obra e as estreitas margens de lucro, que têm sido motivo de preocupação pelos produtores, especialmente os pequenos, avaliarem a saída da atividade.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



