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Aves não sentem sabor: MITO!

Evidências comportamentais e genéticas já demonstraram que as aves têm uma capacidade precisa para detectar diferentes modalidades gustativas, desafiando o amplo consenso de que as aves têm menor acuidade gustativa do que os mamíferos.

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A revisão cronológica da anatomia relacionada ao paladar e comportamento alimentar das aves mostra um atraso de 50 anos na descoberta do sistema gustativo (papilas gustativas), em comparação com mamíferos. Este fato está relacionado ao entendimento de que as aves não possuem papilas gustativas na língua e uma secreção limitada de saliva.

No entanto, hoje sabe-se que o sistema gustativo é o sentido que evoluiu do sistema quimio-sensorial presente na cavidade oral de aves, a fim de avaliar o valor nutricional dos alimentos, detectando compostos relevantes, como aminoácidos, ácidos, peptídeos, carboidratos, lipídios, cálcio, sais e compostos tóxicos ou antinutricionais.

O que dizem as pesquisas recentes?

Nos últimos anos surgiram novos estudos, principalmente devido ao advento da metagenômica, os quais evidenciaram que o sistema gustativo é tão crucial para as aves quanto para os mamíferos. Apesar de muitas semelhanças, também existem diferenças fundamentais entre os sistemas gustativos de aves e mamíferos em termos de anatomia, distribuição das papilas gustativas, natureza e estrutura molecular dos receptores gustativos. Geralmente, as aves têm cavidades orais menores, menor número de papilas gustativas e sua distribuição na cavidade oral segue o padrão de deglutição dos alimentos. Além disso, as diferenças entre as espécies de aves no tamanho, estrutura e distribuição das papilas gustativas estão associadas ao tipo de dieta e outras adaptações ecológicas.

Como ocorre a percepção de sabores pelas aves?

As aves têm mais diversidade em termos de estruturas anatômicas das papilas gustativas, com pelo menos três tipos identificados. Além disso, os padrões de distribuição das papilas gustativas são mais diversos e estão localizados principalmente no palato, e não na língua. As aves possuem capacidade de perceber sabores doces, umami, azedos, amargos, ácidos, salgados, cálcicos e de gorduras.

E o uso de palatabilizantes nas dietas?

O uso de palatabilizantes pode melhorar o sabor de uma ração para torná-la mais atraente para o animal ou até mesmo mascarar sabores desagradáveis. Consequentemente, há aumento da ingestão, resultando maior desempenho zootécnico e maior produtividade. Além disso, há uma ligação direta entre a palatabilidade do alimento e o bem-estar animal, uma vez que uma dieta palatável estimula os sentidos e traz emoções positivas à ave.

As aves podem restringir o consumo quando percebem sabores muito intensos?

Sobre o acesso a uma água ou alimento com características muito ácida/azeda/amarga/alcalina, há uma restrição de consumo por mecanismos de defesa do próprio animal. Por exemplo, estudos em aves mostraram que, em geral, existe uma tolerância ao meio ácido ou soluções alcalinas, mas evitando soluções ácidas ou alcalinas extremas.

Qual é a importância do entendimento da percepção sensorial em aves?

O paladar das aves desempenha um papel fundamental na escolha da ração e no seu nível de consumo. Por exemplo, é comum que frangos de corte e poedeiras tenham uma preferência por ingredientes que contenham cálcio na sua composição, como grãos, ossos e cascas. Estes sinais gustativos podem desempenhar um papel fundamental no reconhecimento de dietas deficientes ou suplementadas com cálcio.

As aves são mais sensíveis aos sabores da água do que aos sabores da ração, consumindo quase o dobro da água em relação à ração. É conhecido que as aves preferem água levemente ácida ou água suplementada com tiamina e açúcares, rejeitando sabores como xilose e sacarina. É comum observarmos no campo que quando as aves possuem acesso a uma água de pH natural alcalino que passa a ser acidificada, há um aumento expressivo no consumo de água. Por outro lado, quando este processo de acidificação ocorre de forma muito intensa, baixando-se muito o pH, verifica-se uma redução do consumo.

Uma grande diversidade de vitaminas, minerais ou ácidos orgânicos são comumente adicionados a dieta dos animais, seja via água ou ração. No entanto, o efeito da palatabilidade destes aditivos sobre o consumo dos animais é amplamente conhecido na suinocultura e pouco explorado para as aves. Alguns estudos já demonstraram que produtos à base de ácido acético, fórmico e propiônico, por exemplo, não são tão palatáveis quanto produtos à base de ácido fosfórico, cítrico e ascórbico. Considerando que as aves possuem uma percepção gustativa bem desenvolvida, a composição destes aditivos é fator determinante para estímulo ou restrição ao consumo de uma água ou ração tratada com estes produtos.

Conclusões

Evidências comportamentais e genéticas já demonstraram que as aves têm uma capacidade precisa para detectar diferentes modalidades gustativas, desafiando o amplo consenso de que as aves têm menor acuidade gustativa do que os mamíferos. Desta forma, trabalhar com a nutrição de modo a promover a palatabilidade das dietas e estimular o consumo de água e ração é uma prática fundamental para garantir o sucesso da produção.

As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: marketing@americannutrients.com.br.

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Fonte: Por Daiane Carvalho, Médica Veterinária, doutora em Sanidade Avícola; Michele Fangmeier, Química Industrial, mestre em Biotecnologia e Luana Specht, Bióloga, mestre em Biotecnologia

Avicultura

Influência da qualidade do milho no desempenho das aves

Qualidade e composição nutricional do milho é diretamente influenciada pela umidade, micotoxinas, impurezas, quantidade de grãos ardidos e densidade.

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Foto: Divulgação/Agroceres

Artigo escrito por Larissa Paula Silva Gomides, consultora técnica comercial de aves na Agroceres Multimix

O Brasil é o maior exportador de carne bovina e de frango do mundo. Para alimentar essa grande potência produtiva, 83,4% do consumo interno de milho e 42,2% da soja em 2022/23 foi destinado à produção de rações.

Já é sabido que 70% dos custos totais de produção são destinadas às rações, desta forma, os grandes desafios enfrentados pelas empresas produtoras de proteína animal estão ligados principalmente à alta variação dos custos das matérias primas, como também as demandas dos consumidores, que exigem um alto padrão de qualidade com preços acessíveis.

O milho é a principal fonte de energia e é o produto de maior inclusão nas rações das aves. Ele compõe de 60% a 70% das rações de frangos de corte e postura comercial. Para a avaliação da sua qualidade, no Brasil o milho é classificado como tipo 1, 2, 3, fora de tipo e desclassificado, conforme o grau de impurezas e a proporção de grãos quebrados, chochos ou mofados, como demonstrado no quadro 1.

As variações na qualidade dos ingredientes das rações, principalmente a alta concentração de impurezas e a alteração de níveis bromatológicos, são as principais causas entre os desvios de desempenho esperado e observado nos animais. Mesmo com os avanços tecnológicos para atingir altas produtividades de milho no Brasil, ainda há elevadas perdas nas etapas pós-colheita, tanto em transporte como beneficiamento e armazenagem da safra. O beneficiamento pós-colheita é um dos principais fatores que podem influenciar na qualidade do grão. Uma secagem mal executada pode, inclusive, aumentar as chances de trincar no grão.

A qualidade e composição nutricional do milho é diretamente influenciada pela umidade, micotoxinas, impurezas, quantidade de grãos ardidos e densidade.

Umidade

A umidade do milho recebida é fator determinante para a manutenção da qualidade da armazenagem e das rações. O recebimento do milho com teor de umidade acima de 14% pode causar ataque por fungos, dificultar o processo de moagem e ter prejuízos na qualidade bromatológica do grão, reduzindo em até 800kcal/kg a energia fornecida. O aumento da umidade do grão de milho acarreta o aumento do DGM (diâmetro geométrico médio) e desvio padrão do milho moído, podendo gerar diversas implicações no consumo e digestibilidade das aves.

A porcentagem de umidade e impureza do milho destinado a fabricação de ração tem uma correlação positiva com a conversão alimentar e mortalidade total das aves. Quanto maiores os valores de umidade e impureza do milho, maior será a conversão alimentar, idade de abate e mortalidade, o que é desfavorável.

Micotoxina

Outro fator que afeta a qualidade do milho é a contaminação por fungos. O produto secundário do metabolismo dos fungos são as micotoxinas, que contaminam os alimentos no campo e durante o armazenamento. Em grãos de cereais armazenados, a infecção por fungos bem como a produção de micotoxinas são resultados de uma interação entre alta umidade, temperatura, substrato e presença de insetos. A contaminação por fungos também pode reduzir os teores de carboidratos, proteínas, gorduras e vitaminas do milho, devido ao alto metabolismo dos fungos.

Os alimentos contaminados por estas substâncias tóxicas, quando não provocam a morte das aves em processos de intoxicação aguda, causam perda de peso, queda na produção de ovos, aumento da conversão alimentar, disfunções renais, imunossupressão, susceptibilidade a doenças, bem como problemas reprodutivos.  Estudo demonstrou que dietas com milho de baixa qualidade tiveram efeito negativo no desempenho de frangos de corte, com redução de 18,6% no ganho de peso e piora de 9,73% na conversão alimentar. Estes resultados também foram verificados outros pesquisadores, que relataram efeitos negativos para estas características, ao fornecerem rações com milho de baixa qualidade para frangos de corte, visto que a presença de micotoxinas afeta o metabolismo e o desempenho das aves.

Impurezas

O manejo da pré-limpeza de grãos tem como finalidade separar o produto de outros materiais através de uma corrente de ar e por peneiras, onde os grãos passam por uma série de peneiras com diferentes perfurações, separando os grãos de outros produtos maiores e menores.

Do ponto de vista técnico, para a melhor conservação dos grãos, controle de insetos, temperatura e do melhor desempenho da aeração, quanto menos impurezas os grãos apresentarem, melhor será a qualidade do armazenamento. O tratamento com pré-limpeza foi eficiente em reduzir significativamente os teores de impurezas, matérias estranhas e grãos quebrados da massa de grãos armazenada.

As impurezas como resíduos de caule e folhas, poeira, pequenos torrões de terra, presentes no lote de sementes de baixa densidade são mais absorventes e retentoras de umidade, fazendo com que o lote fique mais suscetível ao crescimento fúngico. O crescimento de fungos nessas impurezas produz água metabólica que, absorvida pelas sementes ao redor, faz com que seu teor de umidade aumente a níveis acima da umidade crítica. Outros estudiosos verificaram que o processo da pré-limpeza foi eficiente na redução da umidade e atividade de água em amostras de milho. Essa variável é importante para diminuir a incidência de fungos e outras pragas, que podem gerar defeitos nos grãos, além de acelerar a sua deterioração.

Quantidade de grãos ardidos

O milho é classificado em ardido quando os grãos ou pedaços perdem a coloração ou a cor característica, por ação do calor, umidade ou fermentação. Os grãos ardidos diminuem a quantidade de energia que os grãos podem disponibilizar na ração e consequentemente prejudicar o desempenho das aves.

Densidade

Outro manejo interessante na recepção do milho na fábrica de ração é a avaliação da densidade. Um pesquisador, estudando os valores energéticos para milhos de diferentes qualidades, determinados com frangos de corte, verificou que os valores da EMAn (energia metabolizável aparente corrigida) foram decrescendo à medida que a densidade do milho foi reduzida, refletindo sua pior qualidade. O milho de alta densidade foi energeticamente superior ao milho de densidade intermediária e de baixa densidade, cerca de, respectivamente 6,0 e 12,5% com frangos de 11 a 19 dias de idade.

Em outro estudo pesquisadores estabeleceram relação entre a densidade do grão e os valores de EMA (energia metabolizável aparente). Os autores observaram que o decréscimo de 20% da densidade do grão está associado à redução de 4,3% no valor de EMA. Este valor não pode ser desconsiderado, uma vez que a porcentagem média de incorporação do milho nas rações de aves é de 62% e redução de 4% no valor de EMA do milho corresponderá a 85 kcal/kg de ração, o que provocará menor peso final e piora na conversão alimentar de, aproximadamente, 3% nas aves, o que não é desejável.

A implantação de equipamentos, como a mesa densimétrica, pode ser uma interessante alternativa para separar e armazenar milho de diferentes densidades, podendo utilizar o grão com maiores densidades nas rações das aves mais jovens.

Conclusão

Concluindo, o melhoramento genético das aves resultou em um alto ganho produtivo ao longo dos anos; esse ganho será mais bem expressado com o fornecimento de rações com ingredientes com alta qualidade e com formulações com matrizes nutricionais ajustadas de acordo com os ingredientes utilizados. A implantação de rigorosos padrões de recebimento e armazenagem do milho, assim como o monitoramento durante o período de armazenagem e o uso de novas tecnologias de segregação e limpeza dos grãos de milho, refletem na alta qualidade das rações de frango de corte e poedeiras.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: joao.santos@agroceres.com.

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Fonte: O Presente com Larissa Paula Silva Gomides
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Avicultura Enfrentando o desafio da Salmonela

Soluções nutricionais para auxílio em programas de controle

Essencial um programa que envolva manejo, biosseguridade e nutrição. A nutrição não se limita ao controle microbiológico nas fabricas de ração, matérias primas e sistema logístico, mas inclui aditivos que promovem a saúde intestinal.

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Foto: Shutterstock

Artigo escrito pela equipe técnica da Adisseo

A Salmonela causa perdas econômicas significativas e é uma preocupação para a saúde pública, principalmente as Salmonelas paratíficas, que podem contaminar carcaças de aves, tendo grande impacto na segurança alimentar. Elas colonizam o trato intestinal e algumas cepas têm alta capacidade de translocação, dificultando o controle. Nos últimos 5 anos, os sorovares mais comuns na avicultura foram Minnesota, Heidelberg, Enteritidis, Typhimurium, Infantis e Agona. Para controlar a Salmonela, é essencial um programa que envolva manejo, biosseguridade e nutrição. A nutrição não se limita ao controle microbiológico nas fabricas de ração, matérias primas e sistema logístico, mas inclui aditivos que promovem a saúde intestinal. A abordagem “Saúde e Performance” visa melhorar a imunocompetência e a saúde intestinal das aves. Utilizando soluções como ácido butírico e probióticos, este programa não apenas melhora a saúde e o desempenho dos animais, mas também têm o potencial de criar um ambiente intestinal mais resistente ao desenvolvimento da Salmonella.

Construindo um microbioma resiliente

Para combater a Salmonela em aves, é crucial estabelecer uma microbiota intestinal equilibrada, promovendo o crescimento de bactérias benéficas que competem e inibem os patógenos. Os probióticos desempenham um papel vital nesse processo, mantendo uma comunidade microbiana intestinal estável e diversificada, que compete com os patógenos por nutrientes e locais de fixação, produz substâncias antimicrobianas e melhora a resposta imunológica do hospedeiro. Nos últimos anos, temos estudado uma cepa probiótica, o Bacillus subtilis 29784, que demostra ser uma solução probiótica completa para a saúde intestinal. O B. subtilis 29784 já demonstrou ser capaz de agir na modulação da microbiota intestinal, na integridade intestinal, na ação anti-inflamatória e ação direta sobre bactérias patogênicas como Clostridium perfringens e Salmonela.

De fato, estudos in vitro, mostraram a capacidade do B. subtilis 29784 em diminuir o crescimento de Salmonella Enterititids, Typhimurium, Heildelberg entre outras, através de diversas metodologias, como mostradas a seguir.

Atividade anti-Salmonela in vitro

Teste in vitro destaca a ampla atividade do B. subtilis 29784 contra cepas de Salmonela isoladas a campo, mostrando sua capacidade em reduzir fortemente o crescimento de Salmonella, enquanto o produto concorrente (probiótico X) apresentou pouca ou nenhuma redução no crescimento desta bactéria (Figura 1).

Figura 1 Redução do crescimento de Salmonella in vitro pelo B. subtilis 29784 em comparação com um produto concorrente (probiótico X).

Atividade anti-Salmonela in vivo

Metodologias in vitro são muito importantes para a realização de triagens de aditivos nutricionais que possam fazer parte de programas de controle de Salmonela. Entretanto, a eficácia de qualquer aditivo deve ser acompanhada de ensaios in vivo, com modelos de infecção experimental. Foram conduzidos 3 experimentos científicos no Brasil envolvendo frangos de corte desafiados com Salmonella Heidelberg, uma cepa comumente isolada a campo. Foram estabelecidos dois grupos experimentais, um controle sem nenhum produto com efeito antimicrobiano, como promotores de crescimento, antibióticos ou probióticos, e o grupo experimental com a adição do B. subtilis 29784. Para mimetizar as contaminações por Salmonela a campo, foram utilizados dois métodos diferentes de desafio: método Seeders, onde é realizada a contaminação de 20% das aves por gavage (oral), e essas aves servem então de disseminadoras da Salmonela para os demais animais; e método gavage direto onde foi utilizada a metodologia tradicional de infecção oral, por gavage, em 100% das aves.

No Experimento 1, as aves do grupo B. subtilis 29784 tiveram redução na contagem cecal de Salmonella Heidelberg de 1,079 e 1,271 log10 UFC/g aos 14 e 28 dias de idade, respectivamente. No experimento 2, essa redução foi observada aos 14 dias de idade (redução de 1,817 log10). No ensaio 3, o B. subtilis 29784 não reduziu a contagem cecal de Salmonella Heidelberg  aos 14 dias, mas reduziu em 0,995 log10 aos 28 dias. Além disso, o B. subtilis 29784 reduziu o número de aves positivas para Salmonella Heidelberg quando analisadas amostras de fígado aos 28 dias.

Figura 2: Redução da contaminação por Salmonella Heildelberg com o uso de Bacillus subtilis 29784 em 3 diferentes experimentos (Quinteiro Filho, WM et al. Poultry Science, v. 102, E- suppplement 1, p 138, 2023).

Protegendo a integridade intestinal

A integridade intestinal e o controle dos processos inflamatórios estão intimamente relacionados com o sucesso do programa de redução de Salmonela. O butirato desempenha um papel crucial no trato gastrointestinal, principalmente no intestino posterior, agindo como uma molécula sinalizadora que facilita a comunicação entre a microbiota intestinal e o hospedeiro. Bactérias benéficas produzem butirato, que então estimula a manutenção da barreira intestinal e desencadeia respostas imunológicas que, por sua vez, favorecem o crescimento dessas bactérias benéficas.

Além disso, o butirato é reconhecido por sua capacidade de reduzir a virulência da Salmonela. Uma de suas contribuições significativas para a redução deste desafio reside na sua capacidade de estimular a secreção, no intestino, de peptídeos antimicrobianos de defesa do hospedeiro. Esses peptídeos protegem ativamente o intestino da infecção, atacando e eliminando diretamente bactérias nocivas como a Salmonela. Ademais, o butirato pode mitigar a inflamação e reduzir a expressão dos genes de virulência da Salmonela, que são cruciais para a colonização e invasão do hospedeiro.

Há também efeitos indiretos através da imunomodulação. Graças às suas propriedades anti-inflamatórias, o butirato cria um ambiente entérico menos favorável à proliferação da Salmonela.

Butirato de liberação precisa

O butirato é normalmente absorvido rapidamente no intestino superior, fato que limita seus efeitos no restante do trato intestinal. Para garantir que o butirato alcance as todas as regiões do intestino – inclusive regiões distais (cecos e colón), foi desenvolvido é um butirato de liberação precisa protegido por uma matriz de gordura, conhecido por aumentar a concentração de butirato em todo o trato gastrointestinal. Essas soluções inovadoras fortalecem a barreira intestinal e aumentam a resistência das aves contra a colonização por Salmonella.

Pesquisadores da Universidade de Ghent investigaram as consequências de diferentes formulações de produtos de butirato, cada uma com um perfil de liberação distinto: butirato de sódio desprotegido, tributirina, butirato revestido de liberação precisa e um butirato incorporado em uma matriz de cera microcristalina, um protótipo com uma liberação esperada mais alta no intestino posterior. As análises de liberação de butirato foram realizadas in vitro, usando condições gastrointestinais simuladas, e in vivo. Os testes confirmaram que quanto mais forte o nível de proteção, maior a concentração de butirato no intestino posterior e menor a carga cecal de Salmonella (Figura 3).

Figura 3 Relação entre a carga cecal de Salmonela e a concentração relativa de butirato no intestino posterior (R2 = 0,912, P = 0,003).

Para testar se estas concentrações aumentadas de butirato cecal poderiam realmente estar ligadas a um nível de proteção maior contra a infecção por Salmonela, aves de todos os grupos de tratamento foram infectadas oralmente com Salmonella Enteritidis. Os resultados mostram claramente que a suplementação das dietas de frangos de corte com butirato incorporado em uma matriz altamente protetora estimula uma composição microbiana saudável e aumenta a resistência contra a colonização cecal por Salmonela (Figura 4).

Figura 4 Eliminação de Salmonela em frangos de corte (swabs cloacais) infectados oralmente no dia 5 com Salmonella Enteritidis, recebendo uma dieta controle ou uma dieta com butirato revestido de liberação precisa

Conclusão

O butirato protegido de liberação precisa possui propriedades anti-inflamatórias, auxilia na proteção da integridade intestinal, reduzindo a invasão e translocação da Salmonela. O B. subtilis 29784 apresenta um perfil único de metabólitos que aumentam a resistência à colonização por Salmonela. Juntos, esses compostos colaboram para a criação de um ambiente intestinal muito menos favorável ao desenvolvimento desta bactéria.

No entanto, a abordagem “Saúde e Performance” vai além da simples recomendação de aditivos alimentares que colaboram com o controle de Salmonela ou outros patógenos. Nossa expertise reside em uma avaliação abrangente dos desafios para a seleção cuidadosa de uma combinação ideal de aditivos para cada tipo de situação. Ao considerar o panorama geral, nos dedicamos a ajudá-lo a aumentar a lucratividade da sua operação avícola e a qualidade de seu produto final.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: mariana.correa@adisseo.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente com equipe técnica da Adisseo
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Avicultura

Conbrasfran 2024 debate mercado global e desafios da produção de proteína animal com lideranças da BRF, Seara, Aurora e ABPA

Executivos de algumas das principais produtoras de carnes de aves, suínos e derivados do país vão discutir suas perspectivas para o mercado de frango de corte.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Diretor Comercial de Mercado Externo da Aurora Coop, Dilvo Casagranda – Fotos: Divulgação/Asgav

Quais são as tendências mais importantes para o mercado de proteína animal? Como o comportamento do consumidor moderno pode impactar a produção avícola? Quais são os desafios mais importantes da produção de proteína de origem animal no mundo? E as oportunidades? Quais são as expectativas da agroindústria para 2025? Enfim, como será a produção e a comercialização de carne de frango e suínos no futuro? Essas são algumas das perguntas que serão respondidas por lideranças de algumas das principais produtoras de proteína animal do país, representadas pela BRF, Seara e Aurora Coop, durante a Conbrasfran 2024, a Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango, que vai ser realizada pela Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura) entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, no Rio Grande do Sul.

O painel A tendência mundial no mercado de proteínas de origem animal e a alimentação da humanidade vai ser aberto às 14h45, do dia 27 de novembro, com um debate sobre O mercado mundial de alimentos e os desafios da produção de proteína animal na visão dos big players.

Diretor Executivo de Agropecuária da Seara, José Antônio Ribas

As discussões serão encabeçadas pelo diretor vice-Presidente de Agro e Qualidade da BRF, Fabio Duarte Stumpf, pelo diretor Executivo de Agropecuária da Seara, José Antônio Ribas e pelo diretor Comercial de Mercado Externo da Aurora Coop, Dilvo Casagranda. A moderação deste painel será do presidente da ABPA, Ricardo Santin. Os interessados podem se inscrever através do site do evento. As vagas são limitadas a 500 participantes.

O presidente Executivo da Asgav e organizador do evento, José Eduardo dos Santos, destaca a importância de reunir representantes da cadeia produtiva para discutir a atividade. “Este encontro de profissionais do setor para debater os rumos dos setores de proteína animal é essencial para o segmento alinhar demandas, discutir os desafios, vislumbrar oportunidades e se desenvolver como cadeia produtiva. Além disso, a Conbrasfran é uma oportunidade para os participantes acessarem insights estratégicos, ampliarem networking e se capacitarem para enfrentar os desafios da gestão e inovação do setor”. O evento ainda vai abordar temas como energia alternativa e desafios ambientais e sanitários, entre outros.

Diretor vice-Presidente de Agro e Qualidade da BRF, Fabio Duarte Stumpf

O desafio central proposto pela Conbrasfran 2024 é conectar lideranças com o propósito de colaboração em um cenário global em que as empresas enfrentam mudanças de maneira muito rápida e profunda nas relações com o consumidor e em suas operações, salientou Santos.

A programação completa da Conbrasfran 2024 está disponível , acesse clicando aqui. “Os interessados em participar devem se inscrever com antecedência porque estamos com poucas vagas disponíveis”.

Fonte: Assessoria Asgav
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