Avicultura
Aves não sentem sabor: MITO!
Evidências comportamentais e genéticas já demonstraram que as aves têm uma capacidade precisa para detectar diferentes modalidades gustativas, desafiando o amplo consenso de que as aves têm menor acuidade gustativa do que os mamíferos.
A revisão cronológica da anatomia relacionada ao paladar e comportamento alimentar das aves mostra um atraso de 50 anos na descoberta do sistema gustativo (papilas gustativas), em comparação com mamíferos. Este fato está relacionado ao entendimento de que as aves não possuem papilas gustativas na língua e uma secreção limitada de saliva.
No entanto, hoje sabe-se que o sistema gustativo é o sentido que evoluiu do sistema quimio-sensorial presente na cavidade oral de aves, a fim de avaliar o valor nutricional dos alimentos, detectando compostos relevantes, como aminoácidos, ácidos, peptídeos, carboidratos, lipídios, cálcio, sais e compostos tóxicos ou antinutricionais.
O que dizem as pesquisas recentes?
Nos últimos anos surgiram novos estudos, principalmente devido ao advento da metagenômica, os quais evidenciaram que o sistema gustativo é tão crucial para as aves quanto para os mamíferos. Apesar de muitas semelhanças, também existem diferenças fundamentais entre os sistemas gustativos de aves e mamíferos em termos de anatomia, distribuição das papilas gustativas, natureza e estrutura molecular dos receptores gustativos. Geralmente, as aves têm cavidades orais menores, menor número de papilas gustativas e sua distribuição na cavidade oral segue o padrão de deglutição dos alimentos. Além disso, as diferenças entre as espécies de aves no tamanho, estrutura e distribuição das papilas gustativas estão associadas ao tipo de dieta e outras adaptações ecológicas.
Como ocorre a percepção de sabores pelas aves?
As aves têm mais diversidade em termos de estruturas anatômicas das papilas gustativas, com pelo menos três tipos identificados. Além disso, os padrões de distribuição das papilas gustativas são mais diversos e estão localizados principalmente no palato, e não na língua. As aves possuem capacidade de perceber sabores doces, umami, azedos, amargos, ácidos, salgados, cálcicos e de gorduras.
E o uso de palatabilizantes nas dietas?
O uso de palatabilizantes pode melhorar o sabor de uma ração para torná-la mais atraente para o animal ou até mesmo mascarar sabores desagradáveis. Consequentemente, há aumento da ingestão, resultando maior desempenho zootécnico e maior produtividade. Além disso, há uma ligação direta entre a palatabilidade do alimento e o bem-estar animal, uma vez que uma dieta palatável estimula os sentidos e traz emoções positivas à ave.
As aves podem restringir o consumo quando percebem sabores muito intensos?
Sobre o acesso a uma água ou alimento com características muito ácida/azeda/amarga/alcalina, há uma restrição de consumo por mecanismos de defesa do próprio animal. Por exemplo, estudos em aves mostraram que, em geral, existe uma tolerância ao meio ácido ou soluções alcalinas, mas evitando soluções ácidas ou alcalinas extremas.
Qual é a importância do entendimento da percepção sensorial em aves?
O paladar das aves desempenha um papel fundamental na escolha da ração e no seu nível de consumo. Por exemplo, é comum que frangos de corte e poedeiras tenham uma preferência por ingredientes que contenham cálcio na sua composição, como grãos, ossos e cascas. Estes sinais gustativos podem desempenhar um papel fundamental no reconhecimento de dietas deficientes ou suplementadas com cálcio.
As aves são mais sensíveis aos sabores da água do que aos sabores da ração, consumindo quase o dobro da água em relação à ração. É conhecido que as aves preferem água levemente ácida ou água suplementada com tiamina e açúcares, rejeitando sabores como xilose e sacarina. É comum observarmos no campo que quando as aves possuem acesso a uma água de pH natural alcalino que passa a ser acidificada, há um aumento expressivo no consumo de água. Por outro lado, quando este processo de acidificação ocorre de forma muito intensa, baixando-se muito o pH, verifica-se uma redução do consumo.
Uma grande diversidade de vitaminas, minerais ou ácidos orgânicos são comumente adicionados a dieta dos animais, seja via água ou ração. No entanto, o efeito da palatabilidade destes aditivos sobre o consumo dos animais é amplamente conhecido na suinocultura e pouco explorado para as aves. Alguns estudos já demonstraram que produtos à base de ácido acético, fórmico e propiônico, por exemplo, não são tão palatáveis quanto produtos à base de ácido fosfórico, cítrico e ascórbico. Considerando que as aves possuem uma percepção gustativa bem desenvolvida, a composição destes aditivos é fator determinante para estímulo ou restrição ao consumo de uma água ou ração tratada com estes produtos.
Conclusões
Evidências comportamentais e genéticas já demonstraram que as aves têm uma capacidade precisa para detectar diferentes modalidades gustativas, desafiando o amplo consenso de que as aves têm menor acuidade gustativa do que os mamíferos. Desta forma, trabalhar com a nutrição de modo a promover a palatabilidade das dietas e estimular o consumo de água e ração é uma prática fundamental para garantir o sucesso da produção.
As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: marketing@americannutrients.com.br.
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Avicultura
Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
Avicultura
Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.
Avicultura
Brasileiros são homenageados no Congresso Latino-Americano de Avicultura 2024
Presidente do Conselho Consultivo da ABPA, Francisco Turra, foi incluído no Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana junto com José Carlos Garrote, presidente do Conselho da São Salvador Alimentos, e Mário Sérgio Assayag Júnior, veterinário especialista em prevenção da Influenza aviária.
O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e uma das figuras mais importantes da história da avicultura brasileira, entrou na última sexta-feira (15) para o Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana.
A nomeação aconteceu durante o Congresso Latino-Americano de Avicultura (OVUM), realizado entre 12 e 15 de novembro, em Punta del Este, no Uruguai. Outros dois nomes foram destacados na cerimônia por indicação da ABPA: José Carlos Garrote, que recebeu homenagem especial como empresário líder no Brasil, e Mário Sérgio Assayag Júnior como técnico destacado.
Garrote é presidente do Conselho da São Salvador Alimentos (SSA), uma das maiores indústrias de alimentação do Brasil, e membro do Conselho de Administração da ABPA. Assayag Júnior é veterinário e membro do grupo técnico de prevenção e monitoramento da Influenza aviária. “A homenagem aos três neste congresso de relevância internacional, mostra a importância e a contribuição da avicultura brasileira para o desenvolvimento mundial do setor”, disse Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).