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Colunistas Tecnologias de inspeção na vanguarda

Avanços e perspectivas para garantir segurança e bem-estar na produção alimentar

Controles estão cada vez mais apurados, tanto para questões de segurança de alimentos e rastreabilidade quanto no âmbito de bem-estar animal e questões ambientais.

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Mestre e doutora em Reprodução Animal e conselheira do Conselho Científico Agro Sustentável, Roberta Zuge - Foto: Divulgação/CCAS

Diariamente somos inundados com inúmeras notícias de novas tecnologias que estão sendo utilizadas em diversas áreas. O setor de inspeção também tem caminhado a passos largos neste sentido.

Na última semana de fevereiro, ocorreu um simpósio “Modern inspections with new technology”, em Haia, focado na discussão sobre tecnologias nos serviços de inspeção. Não somente empresas, mas profissionais do governo e pesquisa apresentaram propostas ou resultados da implantação de soluções baseadas em inteligência artificial, sensores, drones ou outras inovações. Os controles estão cada vez mais apurados, tanto para questões de segurança de alimentos e rastreabilidade quanto no âmbito de bem-estar animal e questões ambientais.

Um projeto financiado pela Horizon Europe, e executado pelo Flanders Research Institute for Agriculture, Fisheries and Food, sediado na Bélgica, possui o foco do bem-estar animal em frangos e suínos. Estas cadeias são de grande relevância frente ao consumidor europeu, estão entre as que mais suscitam preocupações no padrão de produção. O projeto ainda está em fase piloto para monitorar o estresse causado na criação de suínos e aves, da propriedade rural ao abate. Aliados a câmeras e sensores, eles podem identificar até o lacrimejamento em suínos, além de outros parâmetros, como gases, que são também indicadores de bem-estar. A ideia é desenvolver indicadores para uso de qualquer parte interessada, de forma a monitorar o bem-estar e impactos ambientais na criação de suínos e frangos de corte.

Na esfera privada, há iniciativas muito interessantes como a otimização da linha de inspeção no abate. Por meio de câmeras, que possuem sensores, podem identificar alterações em órgãos e carcaças ou contaminações. O trabalho visual de inspeção é otimizado pelas análises das imagens, que rapidamente, utilizando ferramentas baseadas em inteligência artificial, identificam os problemas encontrados em diferentes órgãos que são indicadores de enfermidades. Tal solução não dispensa o responsável, que fará uma análise das imagens antes da definição de tomadas de ações.

Outras empresas apresentaram propostas para detecção de fragmentos ósseos na carne, ou promotores de crescimento (algo proibido na UE) em amostras de urina. Há também empresas que monitoram por meio de câmeras e sensores, com uso da inteligência artificial, todo o abate, em suas distintas fases, inclusive o comportamento humano, de forma a garantir que o bem-estar animal seja aplicado corretamente. Mesmo longe do abatedouro, o responsável recebe as informações processadas, indicando se os procedimentos foram realizados de forma correta.

Estas ferramentas serão muito importantes como complementares aos processos de certificação, para garantirem a transparência da produção ao processamento. O Brasil tem muitas oportunidades à frente, especialmente com a consolidação do acordo do Mercosul-União Europeia. Há barreiras devido a desconfiança do consumidor, em relação a cumprimentos de requisitos ambientais e sanitários. Com as inovações, esta distância poderá ser mitigada.

Fonte: Por Roberta Zuge, mestre e doutora em Reprodução Animal e conselheira do Conselho Científico Agro Sustentável.

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As cooperativas e as eleições

Os cidadãos em geral e os cooperativistas em particular estão e sempre estiveram comprometidos com a construção de uma sociedade justa e fraterna, fundada no pluralismo político e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa econômica.

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Presidente da OCESC, Vanir Zanatta: "os eleitores devem procurar conhecer as prioridades, os projetos, as ideias e os postulados que cada candidato defende – bem como sua vida pregressa – para, assim, exercer de modo consciente o voto."Foto: Divulgação

A União Federal, os Estados e os Municípios são os entes federativos que a Carta Magna estabeleceu. Na realidade, entretanto, a vida ocorre concretamente nos Municípios. Por isso, as eleições municipais para a escolha dos dirigentes (prefeitos e vice-prefeitos) e legisladores (vereadores) são de grande importância para o futuro das comunidades locais. Inspirada por essa constatação, a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) reforça para que todos os cidadãos e cooperativistas catarinenses exerçam o direito-dever do voto neste domingo (6 de outubro).

Os cidadãos em geral e os cooperativistas em particular estão e sempre estiveram comprometidos com a construção de uma sociedade justa e fraterna, fundada no pluralismo político e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa econômica. Por isso, os eleitores devem procurar conhecer as prioridades, os projetos, as ideias e os postulados que cada candidato defende – bem como sua vida pregressa – para, assim, exercer de modo consciente o voto.

As cooperativas são um exemplo de modelo social porque, em sua natureza, defendem o pluralismo e a liberdade de manifestação de todas as correntes do pensamento.

Além do engajamento cívico dos cooperativistas, é essencial desaconselhar o voto nulo e o voto em branco. É frequente, na sociedade contemporânea, certa predisposição pelo voto branco ou nulo, resultado da apatia e do descontentamento com a classe política. Mas, é preciso lembrar que o voto é o mais legítimo e eficaz instrumento para mudanças e transformações. Por outro lado, é essencial superar a “cultura do esquecimento” e acompanhar as ações dos candidatos, depois de eleitos.

Um aspecto curioso é a ausência do tema “cooperativismo” na pauta das prioridades dos candidatos às eleições municipais. As cooperativas vêm prestando extraordinária cooperação para a dinamização das economias locais/regionais. Além disso, colaboram com o Poder Público e, em especial, com as Administrações Municipais, sejam em campanhas de interesse público ou em ações voltadas para a solução de graves problemas da coletividade.

Em suma, o cooperativismo pode oferecer grande contribuição ao desenvolvimento dos Municípios, pois todos os ramos do cooperativismo têm compromisso com geração de empregos, recolhimento de impostos, crescimento e atendimento às expectativas de seus membros e atenção com as questões que preocupam a sociedade. O modelo do cooperativismo se funde com os interesses da coletividade.

Os 4,2 milhões de catarinenses associados às cooperativas constituem uma força social e econômica formidável cuja participação no processo eleitoral pode ser determinante. Esse imenso capital humano com certeza escolherá candidatos com visão e coragem, sensatez e senso crítico para propor o que é possível, viável e necessário.

Fonte: Por Vanir Zanatta, presidente da OCESC
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 Saiba quais são as consequências para o agro com a reforma tributária 

O ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio hoje gira em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta, essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes. E isso pode ser ainda mais elevado.

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Fotos: Shutterstock

A regulamentação da reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional tem sido alvo de intensos debates, especialmente no que tange aos reflexos para o agronegócio, um setor vital para a economia brasileira. É crucial analisar as possíveis mudanças e seus impactos à luz dos textos propostos, também com foco nas alíquotas e na estrutura tributária. Embora a reforma tenha como objetivo simplificar o sistema de impostos sobre consumo, as consequências para o agronegócio podem ser severas.

Atualmente, o agronegócio desfruta de uma situação diferenciada no sistema tributário brasileiro. Muitos dos tributos que incidem sobre o setor, como IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS, têm alíquotas reduzidas ou até mesmo zeradas. Além disso, o setor ainda conta com a possibilidade de recuperar créditos tributários em espécie ou compensá-los com outros tributos. No entanto, com a substituição desses impostos pelos novos tributos IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), além do imposto seletivo, as alíquotas tendem a aumentar significativamente.

O ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio hoje gira em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta, essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes. E isso pode ser ainda mais elevado. O pedido do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a alíquota em mais 1,47%, que pode levar o percentual total para 28%, coloca o Brasil no patamar das maiores alíquotas de IVA (Imposto sobre Valor Agregado) do mundo, comparável à Hungria.

Por outro lado, a dita simplificação tributária está cada vez mais distante, com uma série de regras específicas, e a concomitância de 2 sistemas distintos, encarecendo ainda mais o staff do empresário que já usa muitas horas para apuração de seus tributos.

Esse aumento pode impactar negativamente a competitividade do agronegócio brasileiro. O setor já enfrenta desafios significativos, como altos custos logísticos e trabalhistas, que são alguns dos mais elevados globalmente. A carga tributária mjorada poderá inviabilizar a capacidade do agro em competir no mercado internacional, especialmente em um cenário onde outros países, como Estados Unidos, França e Suíça, oferecem subsídios substanciais para seus produtores.

Outro ponto que merece atenção é o impacto sobre os pequenos produtores. A reforma prevê que produtores que faturam até R$ 3,6 milhões anuais precisarão se tornar pessoas jurídicas para ter acesso ao crédito presumido, essencial para manter a competitividade. Isso pode criar barreiras adicionais, dificultando a sobrevivência desses pequenos produtores no mercado e, por consequência, prejudicando toda a cadeia produtiva do agro.

Além disso, a dívida tributária já existente no Brasil, que ultrapassa R$ 12,5 trilhões, evidencia um sistema falido. O aumento da carga tributária pode agravar ainda mais essa situação, tornando o cumprimento das obrigações fiscais ainda mais difícil para os empresários honestos que já lutam para se manter em dia com o fisco.

A velocidade com que a reforma está sendo aprovada também é motivo de preocupação. A Câmara dos Deputados aprovou o texto em tempo recorde, sem a devida discussão e análise aprofundada das centenas de emendas apresentadas. Agora, cabe ao Senado examinar com mais calma e atenção, evitando que decisões precipitadas prejudiquem ainda mais o setor agropecuário.

A Frente Parlamentar, as entidades representativas do agronegócio, os agricultores precisam se mobilizar intensamente para que sejam apresentadas soluções ao texto com objetivo de mitigar os impactos negativos da reforma. Embora o pior cenário já esteja delineado, ainda há espaço para ajustes que possam preservar a competitividade do agro e, por extensão, a estabilidade econômica do país.

Em suma, a reforma tributária em discussão tem potencial para trazer mudanças profundas para o Brasil, mas é preciso cautela para evitar que o agronegócio, responsável por uma fatia significativa do PIB e do saldo positivo da balança comercial brasileira, sofra prejuízos irreparáveis.

A sociedade deve estar ciente de que as decisões tomadas agora poderão afetar o país por décadas, e é necessário um esforço conjunto para garantir que o novo sistema tributário seja justo e eficiente, sem sacrificar um dos setores mais importantes da nossa economia.

Fonte: Por Eduardo Berbigier, advogado tributarista e especialista em Agronegócio.
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Espinha dorsal

Na condição de espinha dorsal do sistema rodoviário catarinense, a BR-282 é essencial para o escoamento da vasta produção agroindustrial do Oeste de Santa Catarina aos portos e aos grandes centros brasileiros de consumo.

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As deficiências de infraestrutura são os principais problemas enfrentados pela economia catarinense em geral e pelo agronegócio, em particular, para manter a competitividade. É o principal fator – “da porteira para fora” – a interferir no desempenho das cadeias produtivas da agricultura e da pecuária barriga-verde. As más condições das rodovias federais, estaduais e vicinais têm capacidade de anular os ganhos do produtor rural.

Na contextura catarinense, a rodovia federal BR-282 configura-se como a espinha dorsal do sistema viário, ligando o litoral a fronteira internacional com a Argentina. Construída entre 1960 e 1975, a BR-282, uma rodovia federal traçada para assegurar a efetiva integração territorial de Santa Catarina, ligando Oeste, Planalto e litoral, registra permanente estado de abandono em quase todos os trechos. Nos planos governamentais e no imaginário popular, a rodovia foi concebida como um ícone para integração política, econômica e cultural.

Na condição de espinha dorsal do sistema rodoviário catarinense, a BR-282 é essencial para o escoamento da vasta produção agroindustrial do Oeste de Santa Catarina aos portos e aos grandes centros brasileiros de consumo. Por ela transitam milhões de dólares em produtos exportáveis que asseguram as divisas das quais o país precisa para sustentar seu desenvolvimento.

Considerando-se somente a produção agroindustrial, somam milhares de toneladas de produtos cárneos, grãos e lácteos transportados todo mês. Somente a análise da receita tributária que essa riqueza gera para o Estado torna incompreensível a situação de penúria e abandono da BR-282.

O pavimento asfáltico de grandes extensões – especialmente no trecho localizado no grande oeste catarinense – foi destruído pelo uso contínuo sem manutenção reparativa adequada.

As atuais condições da BR-282 provocam acidentes diários com perda de dezenas de vidas que enlutam muitas famílias a cada mês e, ainda, astronômicos prejuízos econômicos para empresas e para o país.

Uma luz no fim do túnel surge, agora, com o anúncio do Ministério dos Transportes da contratação de um consórcio de empresas para elaboração dos projetos para a duplicação da rodovia federal BR-282 no grande oeste catarinense. O Ministério dos Transportes anunciou que o Consórcio Geosistemas MKS foi declarado vencedor da licitação, contratado e autorizado a iniciar imediatamente a elaboração de estudos e projetos básicos e executivo de engenharia, visando a execução das obras de duplicação, adequação de capacidade e melhorias de segurança – com eliminação de pontos críticos – da rodovia BR-282, entre o entroncamento com a BR-116 (Lages) e o entroncamento com a BR-163 (São Miguel do Oeste).

É consenso geral entre técnicos, empresários e gestores públicos: a única solução para a BR-282 é a duplicação da rodovia. Daí a importância do projeto de duplicação da BR-282, principal via de acesso ao oeste e, também, maior rota para o trânsito da imensa produção agroindustrial da região aos portos e aos grandes centros de consumo. É o primeiro – e fundamental – passo de uma longa jornada.

Fonte: Por José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
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