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Avaliação participativa da qualidade do solo pelos agricultores contribui na sustentabilidade da produção agropecuária paranaense

Intensificação da produção agrícola, em especial a monocultura, o uso excessivo de fertilizantes e pesticidas, o desmatamento e as mudanças climáticas têm causado degradação do solo e da água, o que pode levar à diminuição da produtividade agrícola, à escassez hídrica, à perda da biodiversidade e à emissão de gases de efeito estufa.

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Foto: Divulgação/Nepar

A necessidade de desenvolver sistemas de manejo que promovam o equilíbrio entre a qualidade do solo e a produção de alimentos é cada vez mais desafiador. Neste aspecto, a extensão rural tem um papel fundamental ao aplicar o conceito de qualidade do solo de forma participativa, com o intuito de garantir a sustentabilidade da produção agropecuária.

Este conceito está relacionado à ideia de que a gestão e conservação do solo deve ser feita de forma que envolva todos os interessados no uso do solo, incluindo agricultores, extensionistas, técnicos, comunidade, entre outros atores.

A abordagem participativa busca criar um diálogo aberto e transparente entre os participantes, reconhecendo e valorizando seus conhecimentos e experiências para promover a tomada de decisão conjunta. O objetivo é desenvolver práticas e estratégias de manejo do solo que sejam socialmente justas, ambientalmente competitivas e economicamente viáveis.

Entretanto, a intensificação da produção agrícola, em especial a monocultura, o uso excessivo de fertilizantes e pesticidas, o desmatamento e as mudanças climáticas têm causado degradação do solo e da água, o que pode levar à diminuição da produtividade agrícola, à escassez hídrica, à perda da biodiversidade e à emissão de gases de efeito estufa.

É aí que entra o importante trabalho desenvolvido pela extensão rural, que tem por objetivo comunicar ao produtor rural os conhecimentos gerados pela pesquisa. Isto é, levar informações, tecnologias e técnicas atualizadas aos agricultores, pecuaristas e demais membros da comunidade rural, a fim de que possam aplicá-las em suas atividades e melhorar sua produção e renda.

Para minimizar os problemas relacionados ao solo paranaense, como a erosão, por exemplo, extensionistas têm abordado a relevância da adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como a cobertura do solo, a formação de palhadas, a rotação de culturas e o não revolvimento do solo.

Para isso, os produtores rurais do estado do Paraná vêm participando de oficinas sobre a avaliação participativa da qualidade do solo, uma metodologia utilizada no estado de Santa Catarina, conhecida como “Avaliação participativa da qualidade do Solo em Sistema Plantio Direto de Hortaliças” (SPDH), desenvolvida por professores e pesquisadores da UFSC, Epagri e UDESC (Comin et al., 2020. Guia prático de avaliação participativa da qualidade do solo no Sistema Plantio Direto de Hortaliças, Florianópolis: UFSC, 18 p.) Essa metodologia, apesar de ser nominada para Hortaliças, pode ser aplicada em todos os sistemas produtivos agrícolas com o objetivo de verificar os efeitos positivos e negativos das práticas de manejo na sustentabilidade dos agroecossistemas

O extensionista Júlio Carlos Bitencourt Veiga Silva, especialista e assessor da área de Agroecologia do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), explica que esse trabalho reúne agricultores e técnicos nas oficinas que avaliam e pontuam os indicadores de qualidade do solo, como a estrutura, a compactação, a erosão, os microrganismos, a matéria orgânica, a profundidade de raiz, a retenção de água e a cobertura. “Existe uma tabela com características pré-determinadas para cada um dos indicadores com pontuação de zero a dez”, diz ele.

Júlio Carlos conta que as pontuações são disponibilizadas num gráfico radar, em que a imagem construída facilmente demonstra quais aspectos contribuíram para a condição da qualidade do solo avaliada. “Cada um dos participantes emite uma pontuação para cada indicador. Ao final da dinâmica, debatemos quais as práticas de manejo necessitamos implementar na referida região para obtermos melhorias no solo, para evitar erosão, estresse hídrico, poluição da água, indisponibilidade de nutrientes entre outros tipos de degradação”, explica.

“Hoje, temos uma porcentagem boa de produtores que aderiram a práticas como a rotação de cultura e formação de palhadas, mas precisamos avançar, pois ainda temos muitos problemas com erosão”, afirma Júlio Carlos.

A erosão é um dos um dos processos que vem sendo estudado pela Rede Paranaense de Agropesquisa, em seis mesorregiões. As estações de estudo apresentam megaparcelas com e sem terraço, instaladas em áreas rurais de sete municípios. Assim é possível obter informações hidrossedimentológicas e avaliar como as boas práticas no manejo do solo proporcionam ganhos financeiros, ambientais e sociais não só aos produtores, mas a toda a sociedade.

Esse trabalho de longo prazo trará aos técnicos e produtores uma ferramenta robusta e assertiva no estabelecimento do manejo e controle dos processos erosivos.

Entre as técnicas agrícolas mais indicadas para combater a erosão, o Sistema Plantio Direto ganha relevância pelo seu pioneirismo no Paraná.
As práticas agrícolas baseadas nos três princípios básicos do Sistema Plantio Direto – considerado um dos sistemas agrícolas mais revolucionários do país – envolvem a ausência de revolvimento do solo, cobertura do solo e rotação de culturas. “O que acontece é que a maioria dos agricultores faz a cobertura para um plantio só e acaba revolvendo o solo, isso porque o uso do maquinário no Brasil é cultural, enraizado no comportamento do produtor. Então, a gente não tem uma linearidade”, opina.

Em contrapartida, a avaliação da qualidade do solo com a metodologia participativa tem uma visão sistêmica e não imediatista, ou a curto prazo. Segundo o extensionista, os produtores que estão há pelo menos 5 anos no SPDH já constataram que o solo fica muito mais friável, com boa drenagem e com facilidade para o desenvolvimento radicular das culturas.

“Esse trabalho de avaliação participativa da qualidade do solo vem contribuindo para a construção de soluções mais efetivas e adaptadas às necessidades locais, bem como para o fortalecimento da capacidade dos participantes envolvidos em lidar com os desafios da gestão do solo”, diz Júlio Carlos.

Agricultura familiar adota manejo do solo com sucesso

O engenheiro agrônomo e extensionista do IDR-Paraná, Felipe Youssef Abboud, vem trabalhando a campo, na região de Irati, com assistência e extensão rural atendendo agricultores familiares nas áreas de fruticultura, olericultura e, mais recentemente, erva-mate, tanto na produção convencional como na produção orgânica. Dentro dessas áreas, a importância do manejo e conservação de solos e sua aplicabilidade são abordadas, enfatizando que é fundamental em qualquer cadeia produtiva, pois do seu cuidado vai resultar no sucesso de qualquer produção.

“Ao tratar de manejo e conservação de solo, precisamos incluir a água que faz parte do sistema (solo, água, planta), pois um solo bem cuidado, resultará em água de qualidade e em quantidade para as culturas, animais e para nós, seres humanos”, afirma Felipe.

No manejo e conservação de solo e água estão relacionadas várias práticas entre elas manejo adequado da adubação (tanto mineral quanto orgânica) e dos agroquímicos de modo geral, sistema plantio direto, plantas de cobertura, rotação de culturas, plantio em nível, construção de terraços, e outras práticas se necessário.

“Essas práticas são o foco do nosso trabalho de extensão rural, pois sabemos que um solo mal manejado, não dará o resultado esperado de produção para o agricultor. Além disso, o solo mal manejado vai encarecer o custo produtivo, reduzindo sua rentabilidade, perdendo solo, água e nutrientes, resultando na degradação do mesmo, onde sua recuperação é onerosa e muitas vezes inviável, pois seu uso e aptidão não serão mais os mesmos”, afirma Felipe.

Segundo ele, independente da cultura a ser cultivada (grãos, hortaliças e frutíferas), se o produtor adotar as práticas de manejo e conservação de solo e água preconizadas pela pesquisa, terá sucesso na sua atividade, devido a melhoria da qualidade de solo, o que proporcionará desenvolvimento de plantas saudáveis e menos suscetíveis à incidência de pragas e doenças, atingindo o potencial produtivo esperado com sustentabilidade.

“O solo é um bem finito. Para a natureza formar um centímetro de solo leva algumas centenas de anos, dependemos dele para nossa sobrevivência. O seu cuidado hoje refletirá no futuro das próximas gerações”, ressalta Felipe

Solo saudável impulsiona o potencial produtivo da cultura

Manejar corretamente o solo é uma das principais práticas para o bom cultivo de grãos. Antes mesmo da semeadura, é necessário que o solo esteja em condições ideais para impulsionar todo o potencial produtivo da cultura.

Seguindo à risca essa dica, os extensionistas trabalham com as boas práticas e vários manejos, entre elas, o manejo de solo e água no sistema de produção de grãos. “Todo manejo da produção de grãos acaba refletindo no manejo da conservação de solo”, comenta o engenheiro agrônomo Edvan José Possamai, coordenador Estadual do Programa Grãos Sustentáveis do IDR-Paraná.

O Índice de Qualidade Participativo do Sistema Plantio Direto (IQP) é uma ferramenta de extrema importância que vem sendo adotada em várias regiões do Estado. Trata-se de uma Metodologia Participativa de Avaliação da Qualidade do Sistema Plantio Direto – Índice de Qualidade Participativo (IQP 3) desenvolvida pela FEBRAPDP e Itaipu Binacional em parceria com IDR-Paraná, Embrapa e outros.

Esse indicador auxilia a técnicos e produtores rurais na tomada de decisão com vistas às práticas agrícolas, que levam à melhoria da qualidade do manejo do solo em áreas sob Sistema Plantio Direto. Na avaliação participativa da qualidade do sistema plantio direto, os envolvidos se questionam quanto à forma de produção, ao uso do solo e ao reflexo de suas ações para o solo cumprir adequadamente suas funções.

“Esse trabalho é uma ferramenta importante que vem sendo aplicada em algumas regiões do Paraná e auxilia no monitoramento da qualidade do Sistema Plantio Direto. Por meio dos indicadores de qualidade, pode-se verificar os efeitos negativos ou positivos das práticas de manejo na qualidade do solo”, enfatiza. A região de Toledo, por exemplo, é uma das que realizaram avaliações do Índice de Qualidade Participativo para identificar as boas práticas de manejo de solo implementadas por produtores de grãos paranaenses.

Segundo Possamai, o IDR-Paraná procura fazer um trabalho de referência acerca da conservação do solo. Agricultores que adotam as boas práticas recomendadas pela pesquisa, contribuem para o sistema de produção sustentável e aumento de produtividade. “Temos enfatizado fortemente a rotação de culturas com espécies que produzem boa palhada para uma melhoria de manejo e conservação do solo”, acrescenta.

Ele tem observado que o produtor tem conseguido manejar a água no sistema de produção, um dos principais elementos para o sistema. “Percebemos, que nas últimas safras, a água tem influenciado no aumento ou redução da produtividade”.

Região dos Campos Gerais é referência em manejo sustentável de solo

Pioneira do sistema plantio direto, a região dos Campos Gerais é uma referência de altas produtividades. “Cada vez mais a qualidade do solo é fundamental para o estabelecimento da agricultura sustentável, por isso trabalhamos com análises de enzimas justamente para avaliar melhor a qualidade do solo e não somente fazer uma análise clássica”, explica Gabriel Barth, coordenador de pesquisa na área de solos e nutrição de plantas da Fundação ABC, instituição voltada para pesquisa em agricultura e pecuária, mantida pelo Sistema Cooperativista da Capal, Frísia e Castrolanda.

A instituição trabalha também com manejo de dejetos animais e preservação da água e solo. “O dejeto bem manejado pode ser um grande aliado do produtor”, afirma Barth.

Segundo ele, a região dos Campos Gerais é a que mais respeita os três pilares do sistema plantio direto: não revolvimento do solo, palhada na superfície e rotação de culturas. “O fato de estarmos numa região de clima subtropical traz uma possibilidade maior de rotação de cultura e cobertura de solo”, diz Barth. Podemos ter de duas a três safras por ano usando diferentes culturas.

“Trabalhar a agricultura de forma sustentável é nossa linha mestra na Fundação ABC, que há mais de 30 anos vem inovando e investindo em capacitação técnica de agrônomos, zootecnistas e veterinários para prestar uma boa assistência aos produtores”, pontua Barth, acrescentando que o papel da Fundação ABC é buscar na pesquisa informações para comunicar aos produtores sobre o manejo mais adequado tanto para a pecuária quanto para a agricultura. “Nossas recomendações são no sentido de oferecer o manejo mais correto e sustentável ao produtor”, finaliza.

Saúde do solo influencia na produção de alimentos

Com o aumento da população global até 2050, o mundo terá que elevar a produção de alimentos em 50%, de acordo com estudos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Cada vez mais será necessário produzir com sustentabilidade para garantir a saúde do solo como um recurso natural não-renovável.

Dentro deste contexto, deve-se levar em consideração o quanto as boas práticas conservacionistas do solo podem influenciar na produção de alimentos em um futuro próximo.

Para isso, é preciso destacar a importância de iniciativas que ajudem a avaliar a qualidade do solo, bem como implantar técnica adequada para diferentes culturas agrícolas, pecuárias e florestais, que gerem ganhos significativos na qualidade e conservação do solo, no aumento da produção e renda do produtor.

Fonte: Assessoria
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ABCS reforça práticas de bem-estar animal realizadas pelos produtores e agroindústrias

Prática foi ressaltada durante Audiência Pública na Câmara dos Deputados.

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Foto: Shutterstock

A diretora técnica da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Charli Ludtke participou, na (30) de Audiência Pública na Câmara dos Deputados e solicitada pelos deputados Marcelo Queiroz (Progressistas/RJ) e Aureo Ribeiro (Solidariedade/RJ) com o objetivo de promover o bem-estar na suinocultura, uso prudente de antimicrobianos e de reforçar a transparência no atendimento dos requisitos de bem-estar animal (BEA). Na oportunidade, também foi apresentado a 4ª edição do relatório Observatório Suíno. O Relatório é uma iniciativa da ONG Alianima, que estruturou o Observatório Animal para o acompanhamento de políticas de boas práticas nas agroindústrias de suínos, dando transparência aos compromissos públicos assumidos pelas principais empresas do país.

Para a diretora técnica da ABCS, a Audiência é uma forma de unir os debates e informações dos diversos atores institucionais que atuam em prol do bem estar animal, como o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ONGs e demais instituições que representam o segmento da suinocultura. “O bem estar animal e o uso prudente aos antimicrobianos são pautas fundamentais no segmento da suinocultura, e devem ser tratados integrando a saúde única, e visando cada vez mais promover um melhor grau de BEA nas criações e nos procedimentos relacionados ao abate dos animais”, disse Charli Ludtke. Ela também reforçou a necessidade de se trabalhar o conceito de bem estar junto a políticas de créditos. “É essencial ter incentivos subsidiados que possam auxiliar o produtor a investir nas adequações, já que o suinocultor tem aceitado e apoiado a adoção das boas práticas de produção”.

Na ocasião, a diretora explicou o trabalho desenvolvido pela a ABCS, que atua em sinergia com as normas estabelecidas pelo MAPA. “Capacitar e auxiliar os nossos produtores e agroindústrias a implementar as diretrizes estabelecidas pelo MAPA é fundamental. Principalmente para simplificar e obter maior adoção quanto a importância de se adequar às exigências do uso prudente dos antimicrobianos e o bem estar animal”. Charli ainda reforçou o conceito de Saúde Única e como a ABCS vem trabalhando o tema para auxiliar o produtor nessa evolução e adequação. “Assegurar o bem-estar é agregar valor à produção, e contribuir para uma suinocultura mais sustentável, priorizando apoio para a transição e buscando políticas de crédito, e tempo de adequação para as normas”, disse Charli.

Para o Consultor da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA, Iuri Pinheiro Machado,a suinocultura é a única cadeia que que já tem uma norma sobre o tema (Instrução Normativa 113 de 2020), e por isso ela está a frente de outros setores. “A IN 113 mostra a evolução do setor produtivo de suínos, que absorveu bem o conceito de saúde única e da evolução no bem-estar animal apesar das dificuldades econômicas diante das últimas crises”.

Ainda participaram da Audiência: Valéria Stacchini Ferreira Homem – Coordenadora de Saúde Única e Boas Práticas (CSBP) do Ministério da Agricultura e Pecuária; Vanessa Negrini – Diretora do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais (DPDA) do Ministério do Meio Ambiente; Denizard André de Abreu Delfino – Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde; Patrycia Sato – Presidente e Diretora Técnica da Organização de Proteção dos Animais– Alianima.

Fonte: Assessoria ABCS
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Confira como será o clima no Brasil em dezembro

Segundo o Inmet, o mês será marcado por volumes mais regulares na parte central do país, continuidade das chuvas na Região Sul e, na Região Nordeste e parte da Região Norte, volumes abaixo da média histórica.

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Foto: Divulgação/Mapa

Em dezembro, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de chuvas próximas ou abaixo da climatologia do mês em áreas da Região Norte, como o oeste do Amazonas, leste do Pará e Tocantins e grande parte da Região Nordeste (tons em cinza, amarelo e laranja – figura 1a), com volumes previstos inferiores a 200 milímetros (mm). Já a parte leste da Região Nordeste, ainda estará em seu período seco e é normal que os acumulados de chuva não ultrapassem os 100 mm.

Em grande parte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, a previsão indica chuvas acima da média e chuvas mais regulares (tons em azul – figura 1a), com volumes que podem superar os 300 mm em áreas de Mato Grosso, Goiás, centro-sul de Minas Gerais, nordeste de São Paulo e sul do Rio de Janeiro. No norte dos estados de Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo, as chuvas previstas poderão ser abaixo da média, com volumes inferiores a 200 mm.

Para a Região Sul, ainda são previstas chuvas acima da média nos estados do Paraná e Santa Catarina (tons em azul – figura 1a), onde são previstos volumes acima de 180 mm. Volumes inferiores, são previstos para o centro-sul do Rio Grande do Sul, onde as chuvas devem ser próximas ou ligeiramente abaixo da média.

O prognóstico climático do Inmet para o mês de dezembro de 2023 e seu possível impacto na safra 2023/24 para as diferentes regiões produtoras indica que em áreas do Matopiba (região que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), os baixos volumes de chuva previstos ainda manterão os níveis de água no solo baixos, exceto em áreas do sul de Tocantins e extremo sudoeste da Bahia, onde haverá uma ligeira recuperação da umidade no solo. Essa condição poderá impactar a evolução do plantio e desenvolvimento inicial dos cultivos de primeira safra que já estão em andamento.

Em grande parte do Brasil Central, o retorno gradual das chuvas está sendo importante para a recuperação do armazenamento de água no solo, especialmente em áreas do norte de Mato Grosso e sul de Goiás. No geral, a umidade no solo será favorável para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra, exceto em áreas do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, bem como no noroeste do Mato Grosso do Sul e sudoeste de Mato Grosso, onde os níveis de umidade poderão ser mais baixos.

Na Região Sul, os níveis de água no solo podem continuar elevados e beneficiar as fases iniciais dos cultivos de primeira safra. Contudo, em algumas áreas o excesso de chuvas poderá resultar em excedente hídrico e encharcamento do solo, impactando a colheita dos cultivos de inverno e impedir o avanço da semeadura dos cultivos de primeira safra.

Temperatura

A previsão também indica que as temperaturas que deverão ser acima da média em grande parte do País (tons em amarelo e laranja – figura 1b), principalmente no leste da Região Norte e grande parte da Região Nordeste, onde as temperaturas médias podem superar 28ºC. Ressalta-se que, a ocorrência de dias consecutivos com chuva sobre o oeste da Regiões Sul, poderá amenizar as temperaturas, chegando a valores inferiores a 24°C.

Fonte: Assessoria Mapa
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Balança comercial tem superávit recorde de US$ 8,776 bi em novembro

Safra recorde de soja e queda nas importações puxaram resultado.

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Foto: Claudio Neves

Beneficiada pela queda nas importações de combustíveis e compostos químicos e pela safra recorde de soja, a balança comercial – diferença entre exportações e importações – fechou novembro com superávit de US$ 8,776 bilhões, divulgou nesta sexta-feira (1º) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado é o melhor para meses de novembro e representa alta de 41,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, pelo critério da média diária.

Com o resultado de novembro, a balança comercial acumula superávit de US$ 89,285 bilhões em 2023, maior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989. Desde agosto, o saldo positivo acumulado supera o superávit comercial recorde de US$ 61,525 bilhões de todo o ano passado.

Em relação ao resultado mensal, as exportações ficaram estáveis, enquanto as importações despencaram em novembro. No mês passado, o Brasil vendeu US$ 27,82 bilhões para o exterior, alta de 0,6% em relação ao mesmo mês de 2022 pelo critério da média diária. As compras do exterior somaram US$ 19,044 bilhões, recuo de 11,2% pelo mesmo critério.

Do lado das exportações, a safra recorde de grãos e a recuperação do preço do minério de ferro compensaram a queda internacional no preço de algumas commodities (bens primários com cotação internacional). Do lado das importações, o recuo no preço do petróleo, de derivados e de compostos químicos foi o principal responsável pela retração.

Após baterem recorde no primeiro semestre do ano passado, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, as commodities recuaram nos últimos meses. Apesar da subida do petróleo e de outros produtos em novembro, os valores continuam inferiores aos do mesmo mês do ano passado.

No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu 5,1%, enquanto os preços caíram 4% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada caiu 1,8%, e os preços médios recuaram 9%.

Setores

No setor agropecuário, a safra recorde de grãos pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas subiu 46,6% em novembro na comparação com o mesmo mês de 2022, enquanto o preço médio caiu 15,2%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 5%, com o preço médio recuando 2,2%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada caiu 6,5%, enquanto os preços médios caíram 0,7%.

Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram soja (+76%); frutas e nozes não oleaginosas (+81,6%) e animais vivos, exceto pescados ou crustáceos (+12,2%). Em valores absolutos, o destaque positivo é a soja, cujas exportações subiram US$ 1,178 bilhão em relação a novembro do ano passado. A safra recorde fez o volume de embarques de soja aumentar 105,8%, mesmo com o preço médio caindo 14,5%.

Na indústria extrativa, as principais altas foram registradas em minérios de ferro e concentrados (+27,5%) e pedra, areia e cascalho (+37,7%). No caso do ferro, a quantidade exportada aumentou 5,6%, e o preço médio subiu 20,7%, puxados principalmente pelos estímulos para a economia chinesa.

Quanto aos óleos brutos de petróleo, também classificados dentro da indústria extrativa, as exportações caíram 7,4%. Os preços médios recuaram 8,2% em relação a novembro do ano passado, enquanto a quantidade embarcada aumentou apenas 0,9%.

Na indústria de transformação, as maiores altas ocorreram em açúcares e melaços (+36,8%), farelos de soja (+15,3%) e carne bovina (+11%). A crise econômica na Argentina, principal destino das manufaturas brasileiras, também interferiu no recuo das exportações dessa categoria.

Entre os importados, os produtos que tiveram os maiores recuos foram trigo e centeio não moídos (-30,3%); milho não moído, exceto milho doce (-40,1%) e látex e borracha natural (-60,6%), na agropecuária; óleos brutos de petróleo (-35,4%) e gás natural (-11,4%), na indústria extrativa; e compostos organoinorgânicos (-46,9%) e válvulas e tubos termiônicos (-25,4%), na indústria de transformação.

Quanto aos fertilizantes, cujas compras do exterior ainda são impactadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, as importações subiram 2,7% na comparação com novembro do ano passado. No entanto, o crescimento seria maior não fosse a diminuição de 37,7% nos preços. A quantidade importada subiu 64,7%.

Estimativa

Apesar da desvalorização das commodities, o governo prevê saldo positivo recorde de US$ 93 bilhões, contra projeção anterior de US$ 84,7 bilhões, feita em julho.

Segundo o MDIC, as exportações ficarão estáveis em 2023, subindo apenas 0,02% e encerrando o ano em US$ 334,2 bilhões. As estimativas são atualizadas a cada três meses. As importações recuarão 11,5% e fecharão o ano em US$ 241,1 bilhões.

As previsões estão um pouco mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 83,05 bilhões neste ano.

Fonte: Agência Brasil
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