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Avaliação participativa da qualidade do solo pelos agricultores contribui na sustentabilidade da produção agropecuária paranaense

Intensificação da produção agrícola, em especial a monocultura, o uso excessivo de fertilizantes e pesticidas, o desmatamento e as mudanças climáticas têm causado degradação do solo e da água, o que pode levar à diminuição da produtividade agrícola, à escassez hídrica, à perda da biodiversidade e à emissão de gases de efeito estufa.

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Foto: Divulgação/Nepar

A necessidade de desenvolver sistemas de manejo que promovam o equilíbrio entre a qualidade do solo e a produção de alimentos é cada vez mais desafiador. Neste aspecto, a extensão rural tem um papel fundamental ao aplicar o conceito de qualidade do solo de forma participativa, com o intuito de garantir a sustentabilidade da produção agropecuária.

Este conceito está relacionado à ideia de que a gestão e conservação do solo deve ser feita de forma que envolva todos os interessados no uso do solo, incluindo agricultores, extensionistas, técnicos, comunidade, entre outros atores.

A abordagem participativa busca criar um diálogo aberto e transparente entre os participantes, reconhecendo e valorizando seus conhecimentos e experiências para promover a tomada de decisão conjunta. O objetivo é desenvolver práticas e estratégias de manejo do solo que sejam socialmente justas, ambientalmente competitivas e economicamente viáveis.

Entretanto, a intensificação da produção agrícola, em especial a monocultura, o uso excessivo de fertilizantes e pesticidas, o desmatamento e as mudanças climáticas têm causado degradação do solo e da água, o que pode levar à diminuição da produtividade agrícola, à escassez hídrica, à perda da biodiversidade e à emissão de gases de efeito estufa.

É aí que entra o importante trabalho desenvolvido pela extensão rural, que tem por objetivo comunicar ao produtor rural os conhecimentos gerados pela pesquisa. Isto é, levar informações, tecnologias e técnicas atualizadas aos agricultores, pecuaristas e demais membros da comunidade rural, a fim de que possam aplicá-las em suas atividades e melhorar sua produção e renda.

Para minimizar os problemas relacionados ao solo paranaense, como a erosão, por exemplo, extensionistas têm abordado a relevância da adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como a cobertura do solo, a formação de palhadas, a rotação de culturas e o não revolvimento do solo.

Para isso, os produtores rurais do estado do Paraná vêm participando de oficinas sobre a avaliação participativa da qualidade do solo, uma metodologia utilizada no estado de Santa Catarina, conhecida como “Avaliação participativa da qualidade do Solo em Sistema Plantio Direto de Hortaliças” (SPDH), desenvolvida por professores e pesquisadores da UFSC, Epagri e UDESC (Comin et al., 2020. Guia prático de avaliação participativa da qualidade do solo no Sistema Plantio Direto de Hortaliças, Florianópolis: UFSC, 18 p.) Essa metodologia, apesar de ser nominada para Hortaliças, pode ser aplicada em todos os sistemas produtivos agrícolas com o objetivo de verificar os efeitos positivos e negativos das práticas de manejo na sustentabilidade dos agroecossistemas

O extensionista Júlio Carlos Bitencourt Veiga Silva, especialista e assessor da área de Agroecologia do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), explica que esse trabalho reúne agricultores e técnicos nas oficinas que avaliam e pontuam os indicadores de qualidade do solo, como a estrutura, a compactação, a erosão, os microrganismos, a matéria orgânica, a profundidade de raiz, a retenção de água e a cobertura. “Existe uma tabela com características pré-determinadas para cada um dos indicadores com pontuação de zero a dez”, diz ele.

Júlio Carlos conta que as pontuações são disponibilizadas num gráfico radar, em que a imagem construída facilmente demonstra quais aspectos contribuíram para a condição da qualidade do solo avaliada. “Cada um dos participantes emite uma pontuação para cada indicador. Ao final da dinâmica, debatemos quais as práticas de manejo necessitamos implementar na referida região para obtermos melhorias no solo, para evitar erosão, estresse hídrico, poluição da água, indisponibilidade de nutrientes entre outros tipos de degradação”, explica.

“Hoje, temos uma porcentagem boa de produtores que aderiram a práticas como a rotação de cultura e formação de palhadas, mas precisamos avançar, pois ainda temos muitos problemas com erosão”, afirma Júlio Carlos.

A erosão é um dos um dos processos que vem sendo estudado pela Rede Paranaense de Agropesquisa, em seis mesorregiões. As estações de estudo apresentam megaparcelas com e sem terraço, instaladas em áreas rurais de sete municípios. Assim é possível obter informações hidrossedimentológicas e avaliar como as boas práticas no manejo do solo proporcionam ganhos financeiros, ambientais e sociais não só aos produtores, mas a toda a sociedade.

Esse trabalho de longo prazo trará aos técnicos e produtores uma ferramenta robusta e assertiva no estabelecimento do manejo e controle dos processos erosivos.

Entre as técnicas agrícolas mais indicadas para combater a erosão, o Sistema Plantio Direto ganha relevância pelo seu pioneirismo no Paraná.
As práticas agrícolas baseadas nos três princípios básicos do Sistema Plantio Direto – considerado um dos sistemas agrícolas mais revolucionários do país – envolvem a ausência de revolvimento do solo, cobertura do solo e rotação de culturas. “O que acontece é que a maioria dos agricultores faz a cobertura para um plantio só e acaba revolvendo o solo, isso porque o uso do maquinário no Brasil é cultural, enraizado no comportamento do produtor. Então, a gente não tem uma linearidade”, opina.

Em contrapartida, a avaliação da qualidade do solo com a metodologia participativa tem uma visão sistêmica e não imediatista, ou a curto prazo. Segundo o extensionista, os produtores que estão há pelo menos 5 anos no SPDH já constataram que o solo fica muito mais friável, com boa drenagem e com facilidade para o desenvolvimento radicular das culturas.

“Esse trabalho de avaliação participativa da qualidade do solo vem contribuindo para a construção de soluções mais efetivas e adaptadas às necessidades locais, bem como para o fortalecimento da capacidade dos participantes envolvidos em lidar com os desafios da gestão do solo”, diz Júlio Carlos.

Agricultura familiar adota manejo do solo com sucesso

O engenheiro agrônomo e extensionista do IDR-Paraná, Felipe Youssef Abboud, vem trabalhando a campo, na região de Irati, com assistência e extensão rural atendendo agricultores familiares nas áreas de fruticultura, olericultura e, mais recentemente, erva-mate, tanto na produção convencional como na produção orgânica. Dentro dessas áreas, a importância do manejo e conservação de solos e sua aplicabilidade são abordadas, enfatizando que é fundamental em qualquer cadeia produtiva, pois do seu cuidado vai resultar no sucesso de qualquer produção.

“Ao tratar de manejo e conservação de solo, precisamos incluir a água que faz parte do sistema (solo, água, planta), pois um solo bem cuidado, resultará em água de qualidade e em quantidade para as culturas, animais e para nós, seres humanos”, afirma Felipe.

No manejo e conservação de solo e água estão relacionadas várias práticas entre elas manejo adequado da adubação (tanto mineral quanto orgânica) e dos agroquímicos de modo geral, sistema plantio direto, plantas de cobertura, rotação de culturas, plantio em nível, construção de terraços, e outras práticas se necessário.

“Essas práticas são o foco do nosso trabalho de extensão rural, pois sabemos que um solo mal manejado, não dará o resultado esperado de produção para o agricultor. Além disso, o solo mal manejado vai encarecer o custo produtivo, reduzindo sua rentabilidade, perdendo solo, água e nutrientes, resultando na degradação do mesmo, onde sua recuperação é onerosa e muitas vezes inviável, pois seu uso e aptidão não serão mais os mesmos”, afirma Felipe.

Segundo ele, independente da cultura a ser cultivada (grãos, hortaliças e frutíferas), se o produtor adotar as práticas de manejo e conservação de solo e água preconizadas pela pesquisa, terá sucesso na sua atividade, devido a melhoria da qualidade de solo, o que proporcionará desenvolvimento de plantas saudáveis e menos suscetíveis à incidência de pragas e doenças, atingindo o potencial produtivo esperado com sustentabilidade.

“O solo é um bem finito. Para a natureza formar um centímetro de solo leva algumas centenas de anos, dependemos dele para nossa sobrevivência. O seu cuidado hoje refletirá no futuro das próximas gerações”, ressalta Felipe

Solo saudável impulsiona o potencial produtivo da cultura

Manejar corretamente o solo é uma das principais práticas para o bom cultivo de grãos. Antes mesmo da semeadura, é necessário que o solo esteja em condições ideais para impulsionar todo o potencial produtivo da cultura.

Seguindo à risca essa dica, os extensionistas trabalham com as boas práticas e vários manejos, entre elas, o manejo de solo e água no sistema de produção de grãos. “Todo manejo da produção de grãos acaba refletindo no manejo da conservação de solo”, comenta o engenheiro agrônomo Edvan José Possamai, coordenador Estadual do Programa Grãos Sustentáveis do IDR-Paraná.

O Índice de Qualidade Participativo do Sistema Plantio Direto (IQP) é uma ferramenta de extrema importância que vem sendo adotada em várias regiões do Estado. Trata-se de uma Metodologia Participativa de Avaliação da Qualidade do Sistema Plantio Direto – Índice de Qualidade Participativo (IQP 3) desenvolvida pela FEBRAPDP e Itaipu Binacional em parceria com IDR-Paraná, Embrapa e outros.

Esse indicador auxilia a técnicos e produtores rurais na tomada de decisão com vistas às práticas agrícolas, que levam à melhoria da qualidade do manejo do solo em áreas sob Sistema Plantio Direto. Na avaliação participativa da qualidade do sistema plantio direto, os envolvidos se questionam quanto à forma de produção, ao uso do solo e ao reflexo de suas ações para o solo cumprir adequadamente suas funções.

“Esse trabalho é uma ferramenta importante que vem sendo aplicada em algumas regiões do Paraná e auxilia no monitoramento da qualidade do Sistema Plantio Direto. Por meio dos indicadores de qualidade, pode-se verificar os efeitos negativos ou positivos das práticas de manejo na qualidade do solo”, enfatiza. A região de Toledo, por exemplo, é uma das que realizaram avaliações do Índice de Qualidade Participativo para identificar as boas práticas de manejo de solo implementadas por produtores de grãos paranaenses.

Segundo Possamai, o IDR-Paraná procura fazer um trabalho de referência acerca da conservação do solo. Agricultores que adotam as boas práticas recomendadas pela pesquisa, contribuem para o sistema de produção sustentável e aumento de produtividade. “Temos enfatizado fortemente a rotação de culturas com espécies que produzem boa palhada para uma melhoria de manejo e conservação do solo”, acrescenta.

Ele tem observado que o produtor tem conseguido manejar a água no sistema de produção, um dos principais elementos para o sistema. “Percebemos, que nas últimas safras, a água tem influenciado no aumento ou redução da produtividade”.

Região dos Campos Gerais é referência em manejo sustentável de solo

Pioneira do sistema plantio direto, a região dos Campos Gerais é uma referência de altas produtividades. “Cada vez mais a qualidade do solo é fundamental para o estabelecimento da agricultura sustentável, por isso trabalhamos com análises de enzimas justamente para avaliar melhor a qualidade do solo e não somente fazer uma análise clássica”, explica Gabriel Barth, coordenador de pesquisa na área de solos e nutrição de plantas da Fundação ABC, instituição voltada para pesquisa em agricultura e pecuária, mantida pelo Sistema Cooperativista da Capal, Frísia e Castrolanda.

A instituição trabalha também com manejo de dejetos animais e preservação da água e solo. “O dejeto bem manejado pode ser um grande aliado do produtor”, afirma Barth.

Segundo ele, a região dos Campos Gerais é a que mais respeita os três pilares do sistema plantio direto: não revolvimento do solo, palhada na superfície e rotação de culturas. “O fato de estarmos numa região de clima subtropical traz uma possibilidade maior de rotação de cultura e cobertura de solo”, diz Barth. Podemos ter de duas a três safras por ano usando diferentes culturas.

“Trabalhar a agricultura de forma sustentável é nossa linha mestra na Fundação ABC, que há mais de 30 anos vem inovando e investindo em capacitação técnica de agrônomos, zootecnistas e veterinários para prestar uma boa assistência aos produtores”, pontua Barth, acrescentando que o papel da Fundação ABC é buscar na pesquisa informações para comunicar aos produtores sobre o manejo mais adequado tanto para a pecuária quanto para a agricultura. “Nossas recomendações são no sentido de oferecer o manejo mais correto e sustentável ao produtor”, finaliza.

Saúde do solo influencia na produção de alimentos

Com o aumento da população global até 2050, o mundo terá que elevar a produção de alimentos em 50%, de acordo com estudos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Cada vez mais será necessário produzir com sustentabilidade para garantir a saúde do solo como um recurso natural não-renovável.

Dentro deste contexto, deve-se levar em consideração o quanto as boas práticas conservacionistas do solo podem influenciar na produção de alimentos em um futuro próximo.

Para isso, é preciso destacar a importância de iniciativas que ajudem a avaliar a qualidade do solo, bem como implantar técnica adequada para diferentes culturas agrícolas, pecuárias e florestais, que gerem ganhos significativos na qualidade e conservação do solo, no aumento da produção e renda do produtor.

Fonte: Assessoria

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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