Suínos Planejamento
Avaliação multifatorial pode embasar mudanças dentro da granja
Professor doutor Caio Abércio da Silva falou sobre avaliação multifatorial dos índices reprodutivos de granjas brasileiras durante o Sinsui

Avaliar conjuntamente quais fatores de produção, quer sejam eles de caráter genético, alimentar, nutricional, ambiental, sanitário ou de manejo, estão produzindo os índices zootécnicos é uma forma do produtor perceber como está o funcionamento da granja. Uma avaliação simples, mas que pode fazer toda a diferença na propriedade, é o assunto que o médico veterinário e professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), doutor Caio Abércio da Silva, explica durante o 12° Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que aconteceu em maio, em Porto Alegre, RS. Ele aborda a “Avaliação multifatorial dos índices reprodutivos de granjas brasileiras”.
O profissional explica que o estudo visa, também, identificar o quanto cada um dos fatores como genética, nutrição, sanidade ou manejo tem implicações nos índices zootécnicos. “Ou seja, se o manejo de castração do leitão na maternidade tem impacto no peso dos leitões desmamados/matriz/ano, e o quanto seria este impacto em quilogramas”, informa.
O professor explica que para a obtenção dos resultados que serão apresentados foi desenvolvida uma pesquisa com foco nos setores de pré-gestação, gestação e lactação. “Os principais índices zootécnicos que escolhemos representam um valor das ações associadas nestas três fases. São vários os índices que se obtêm, mas focamos naqueles que mais pesam ou de forma ampla mais representam o que um setor reprodutivo da granja busca, especialmente considerando o impacto econômico que determinam”, conta. Ele diz que dessa forma foi destacado o peso médio do leitão ao desmame, peso de leitões desmamados/matriz/ano e a conversão alimentar da matriz no ano, sendo representada pelo quilograma de ração consumida para desmamar um quilo de leitão.
Silva esclarece que o procedimento envolve primeiro um levantamento bem amplo de granjas de diferentes características, localizadas em diferentes regiões do país, e de seus índices reprodutivos e características, como manejos praticados, doenças verificadas, tipos de alojamentos e equipamentos, níveis nutricionais das rações e manejos alimentares empregados, tipo e número de mão-de-obra, etc. “Posteriormente estes dados são avaliados individualmente frente a cada índice zootécnico escolhido para verificar se há alguma relação efetiva com estes (provados por meio de equações matemáticas)”, diz.
O especialista expõe que uma vez identificados, foram selecionados os fatores de produção que tiveram relação com o índice e estes forma novamente avaliados, da mesma forma que anteriormente, mas agora de maneira conjunta, ou seja, com todos os fatores que influenciaram um determinado índice zootécnico. “Finalmente poderemos verificar, novamente por equações matemáticas, que fatores permanecem influenciando um determinado índice zootécnico e o quanto o afeta. Neste caso há fatores de produção que, se presentes, são sinérgicos, favorecendo o índice, mas há aqueles que são também negativos. Assim temos um valor final para um índice zootécnico que avaliamos”, afirma. Ele complementa que o processo é uma ferramenta de avaliação qualitativa e quantitativa conjunta dos fatores de produção sobre os índices zootécnicos.
Segundo Silva, o processo é um diagnóstico da realidade de granjas que representam o setor no Brasil. “Assim, ele pode apontar como um produtor ou empresa se identifica frente a este reconhecimento. Também pode indicar como e quanto eu poderia melhorar os índices zootécnicos que obtenho se realizasse as orientações embasadas pelo diagnóstico”, indica.
Resultados que ajudam
O professor destaca que os resultados correspondem a uma excelente ferramenta para técnicos e produtores, já que a presença ou ausência de uma ou mais desses fatores nas granjas (voltando ao exemplo da castração do leitão, se deve ser castrado ou não), ou de sua participação maior ou menor (por exemplo, relação de funcionário por matriz), podem apontar o status da granja, ou seja, é possível o produtor identificar em qual nível a granja se encaixa. “Ou ainda, o que eu posso fazer para torná-la melhor diante da possibilidade de, frente a um diagnóstico, adotar medidas boas ou corrigir ou excluir fatores de produção ruins observados”, conta.
Silva explica que com base no diagnóstico do que pode ser melhorado o produtor tem que avaliar o custo benefício desta decisão. “Há coisas que não valem a pena e há outras que são simples e têm grandes repercussões financeiras. Sendo uma ferramenta, a decisão, que cabe ao produtor e ao técnico, poderá ser mais acertada”, comenta.
Segundo o especialista, é importante levar em conta que os resultados envolvem muitas granjas e muitos dados. “Foram avaliados aproximadamente 8,5% do plantel de matrizes do Brasil (em torno de 140 mil matrizes) ao longo de um ano. Isto totaliza em torno de 4 milhões de leitões. Ou seja, o trabalho tem grande representatividade e os dados, confiança”, diz. Dessa forma, conta, o que é necessário considerar que é preciso renovar esta validação em determinados períodos de tempo, já que os índices mudam e as características das granjas (fatores de produção), embora numa velocidade menor, também.
Silva garante que esta técnica é perfeitamente possível de ser aplicada em qualquer agroindústria ou associação, com dados que podem ser específicos para uma determinada realidade.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



