Suínos Controle eficaz
Avaliação de inativador enzimático de micotoxinas em suínos nas fases de reprodução, crescimento e terminação
Quanto melhor o desempenho produtivo dos animais, maior sua exigência metabólica; consequentemente, mais pronunciadas são as perdas causadas pelos efeitos nocivos das micotoxinas.

O controle eficaz de micotoxinas é um dos pontos críticos da suinocultura moderna. Com desempenhos produtivos cada vez mais arrojados e um metabolismo já bastante exigido para garantir a produtividade, os suínos tornam-se mais suscetíveis a enfermidades e menos capazes de lidar com intoxicações. Especialmente em animais de alta performance, mesmo níveis considerados baixos ou seguros de micotoxinas podem causar prejuízos produtivos e sanitários significativos. Quanto melhor o desempenho produtivo dos animais, maior sua exigência metabólica; consequentemente, mais pronunciadas são as perdas causadas pelos efeitos nocivos das micotoxinas.
Sabe-se que os suínos são extremamente sensíveis às micotoxinas e que dentro de um ciclo de produção há fases ou categorias nas quais as micotoxinas representam maior risco, como por exemplo as matrizes em reprodução e leitões recém desmamados. Porém, qualquer suíno pode apresentar sensibilidade às micotoxinas, em maior ou menor grau. A apresentação clínica ou subclínica das micotoxicoses se dá pela relação entre o nível de micotoxinas da ração, o período de consumo do alimento contaminado e o status sanitário, nutricional e imunológico dos animais.
Como sabemos que muitas variáveis relacionadas ao alimento, ambiência e sanidade não podem ser completamente controladas em uma produção de suínos em grande escala, é importante tomar medidas preventivas e de contenção para minimizar o impacto das micotoxicoses nos parâmetros produtivos e sanitários dos suínos.
Muitas vezes o preço, a qualidade e a disponibilidade de grãos faz com que os níveis de micotoxinas na ração sejam altos, e a mesma seja fornecida a suínos, que em muitos casos estão enfrentando desafios sanitários e de ambiência. Em situações como essas, o risco das micotoxinas é ampliado e seus efeitos nocivos mais expressivos. Com esse panorama em mente, o uso de ferramentas para controlar as micotoxinas na ração torna-se estratégico para garantir melhores resultados produtivos e econômicos.
De acordo com as micotoxinas alvo, os níveis de contaminação e as categorias animais em questão, pode-se montar um programa de controle de micotoxinas envolvendo diversas práticas de manejo, controle de qualidade e segregação das matérias-primas e uso de produtos anti-micotoxinas. Diversos aditivos para esta finalidade estão disponíveis no mercado, diferindo principalmente em seu mecanismo de ação, eficácia no controle, segurança (adsorção de nutrientes e antibióticos, p.ex.) e espectro de ação.
Estudos nas áreas de Enzimologia e Microbiologia levaram à descoberta de enzimas capazes de clivar as micotoxinas em regiões específicas, resultando em metabólitos atóxicos ao animal. Este processo denominou-se detoxificação, biotransformação ou inativação enzimática.
A inativação enzimática é conhecida desde a década de 60, quando foram publicados os primeiros estudos. Desde então, com o uso de técnicas de biotecnologia e fermentação industrial, viabilizou-se a produção destas enzimas para inativação das micotoxinas em grande escala.
Aproveitando a ocorrência de um caso clínico de micotoxicose em uma granja no estado de São Paulo, a Dra. Nazaré Lisboa (Consuitec) avaliou a eficácia de um inativador enzimático para suínos nas fases de reprodução, crescimento e terminação para suínos na fase reprodutiva e de crescimento/terminação.
Histórico do caso clínico
Uma granja com aproximadamente 1.000 matrizes localizada no interior de São Paulo enfrentava, no primeiro semestre de 2014, baixa performance reprodutiva com suspeita de micotoxicose. Visando controlar esse quadro e melhorar a fertilidade do plantel, em Junho de 2014 a granja decidiu substituir o adsorvente utilizado e passou a incluir o Inativador de Micotoxinas em suas rações para as fases reprodutivas.
Paralelamente, deu-se início um processo de perdas com aumento significativo de mortalidade nas fases de crescimento e terminação. Os sinais clínicos de tosse progressiva, dispneia, febre, aumento de refugagem e aumento de mortalidade relacionavam-se com a suspeita de Complexo Respiratório Suíno com envolvimento de Circovírus.
Observou-se também maior ocorrência de animais com 30 a 40 kg apresentando prolapso retal. O veterinário clínico que avaliou os animais realizou necropsias e enviou amostras ao laboratório de diagnóstico, que confirmou a suspeita clínica de Complexo Respiratório Suíno com envolvimento de Circovírus.
Por se tratar de um caso agudo com aumento de mortalidade, o nutricionista também visitou a granja, coletando amostras de matéria-prima e de rações nas referidas fases para envio a um laboratório de referência em análise de micotoxinas. Os resultados das amostras de ração confirmaram altos níveis de Zearalenona e Fumonisina. A partir de setembro de 2014, os animais passaram a receber o Inativador de Micotoxinas dos 49 aos 126 dias de vida.
Resultados
Fase Reprodutiva
Já nas primeiras quatro semanas do uso do Inativador enzimático observou-se 3% de redução de perdas embrionárias. Os partos ocorridos entre Setembro e Dezembro de 2014 foram de fêmeas que consumiram ração contendo o inativador enzimático. Nesse período, houve melhora significativa nos resultados reprodutivos (gráficos 1, 2 e 3).
Quando comparado o número de leitões desmamados por fêmea coberta com os respectivos meses do ano de 2013, verifica-se que a cada 100 coberturas ocorreu um aumento de 97 leitões no grupo que consumiu o inativador enzimático. Este cálculo se baseia no índice de fertilidade multiplicado pelo número de nascidos e/ou desmamados.



Fase de Crescimento/Terminação
Na fase de crescimento/terminação (gráfico 4), que compreende dos 63 aos 150 dias de vida, os animais receberam o inativador enzimático a partir do mês de Setembro de 2014. Os animais consumiram ração contendo o inativador enzimático dos 49 aos 126 dias de vida.

Como pode-se observar no Gráfico 4, houve expressiva diferença na mortalidade entre os três meses pré-tratamento comparados ao período em que os animais receberam o inativador enzimático. Estabelecendo uma média de 7.500 animais por trimestre, pode-se inferir uma redução de mortalidade em torno de 313 animais por período, quando comparadas as mortalidades de 6,33% contra 2,15%, respectivamente.
Conclusão
O inativador de micotoxinas foi eficaz no controle de um caso clínico de micotoxicose em uma granja comercial de suínos. A inclusão do inativador enzimático nas rações refletiu em melhores parâmetros reprodutivos nas matrizes e redução do quadro de mortalidade na fase de crescimento e terminação.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



