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Automação e benefícios dos processos produtivos em granjas de matrizes de frango de corte
Tomadas de decisões e/ou investimentos se tornam muito importante para a viabilidade e sustentabilidade do negócio

Artigo escrito por Eduardo Andre Fronza, consultor técnico comercial de Aves na Agroceres Multimix
Em 50 anos, a população mundial exigirá 100% mais alimentos, e 70% desses alimentos deverão vir da adoção de tecnologias. O uso da tecnologia na avicultura é um caminho sem volta. A indústria avícola busca, continuadamente, vantagens competitivas em relação aos concorrentes, pois a perenidade da empresa não está mais, exclusivamente, na operação “produção X venda”, e, sim, nas melhorias contínuas nos indicadores de desempenho da atividade, buscando qualidade e segurança nos produtos. Estes serão fatores decisivos para a sobrevivência e perenidade da empresa.
Até pouco tempo atrás, creditava-se que o baixo custo de produção estava ligado, principalmente, ao baixo custo de mão de obra e reduzido nível tecnológico das granjas (que era “compensado” pela disponibilidade de mão de obra) até então empregadas no Brasil.
É fato – e de conhecimento geral – que as casas genéticas sempre se utilizam dos mais modernos meios e tecnologias disponíveis no mercado em suas pesquisas de desenvolvimento, o que nos direciona a crer que: para usufruirmos do potencial genético destas aves, teremos de implantar essas tecnologias e automações em nossas granjas criatórias.
Evidencia-se também a evolução dos indicadores de desempenho na área de reprodução dessas aves, em um maior número de ovos e melhor eclosão e, consequentemente maior número de pintos em cada ciclo de produção dessas casas genéticas presentes atualmente na atividade e, que é claro, continuará a acontecer devido à crescente demanda por alimentos no mundo. Em contrapartida, as instalações brasileiras encontram-se num nível intermediário abaixo, o que nos leva a questionar: teremos condições de usufruir e nos beneficiar de todo o potencial que estas aves possuem em sua genética? Nos manteremos competitivos?
Assim, as tomadas de decisões e/ou investimentos se tornam muito importante para a viabilidade e sustentabilidade do negócio, que apresenta um ciclo longo (em torno de ano e meio); risco sanitário da atividade; mão de obra e retorno do capital investido.
Desafios de custos de produção, resultados zootécnicos, disponibilidade e qualidade da mão de obra, bem como a biosseguridade nos direcionam à necessidade de emprego tecnológico.
A tendência aponta para complexos produtivos maiores, os quais farão uso de maior tecnologia, menor mão de obra e entrega de um produto acabado de maior qualidade a um custo baixo de produção. Essa mudança está acontecendo à medida em que os processos automatizados comprovam um melhor resultado, diante da maior padronização do produto acabado. É necessário também que os produtores se profissionalizem e busquem uma gestão mais apurada do negócio, através de maior controle de custos de produtividade, acompanhem as tecnologias e investimentos, o que lhes garantirá competitividade. Dessa forma, quem produz mais e melhor terá c mais chances de se posicionar no mercado cada vez mais competitivo.
O uso da tecnologia e automação na criação de reprodutoras nos aponta o quanto essa evolução vem sendo importante para a busca de melhores padrões sanitários, além da melhoria dos indicadores zootécnicos, como: uniformidade, viabilidade, produtividade e aproveitamento, bem como dos indicadores econômicos de redução de custos, mão de obra e lucratividade.
Alguns exemplos atuais do uso da tecnologia na criação de matrizes reprodutoras, em que buscamos o melhor padrão sanitário, melhoria dos indicadores zootécnicos (viabilidade, uniformidade, produção e aproveitamento) e econômicos (redução de custos, mão de obra e lucratividade).
A automação reduz, substancialmente, a mão de obra na granja, mas em algumas situações perde-se em produtividade, até que ocorra o conhecimento sobre o manejo correto da automação, principalmente em ninhos comunitários e climatização.
Nas granjas de matrizes pesadas, existem algumas áreas principais em maior desenvolvimento e implantação da automação, como a área de alimentação, ninhos mecânicos, climatização e a balança seletora de aves.
Alimentação das aves
A alimentação das aves – a exemplo da Europa – segue a utilização por calha corrente como método preferido, mas agora, há a possibilidade de se elevar a linha de calha, que como benefícios em dietas com raçoes peletizadas e trituradas, podemos citar:
- A uniformidade do consumo de ração, pois como o abastecimento do sistema de comedouro se dá com o equipamento suspenso, o acesso à alimentação de todas as aves ocorre ao mesmo tempo, quando se baixa o comedouro. O maior benefício é a uniformidade das aves e boa produção de ovos;
- Um ambiente com maior liberdade, livre de obstáculos, para que a ave se locomova por todos os pontos do aviário, sem precisar ficar pulando pelas calhas, principalmente na hora de se deslocar para o ninho e bebedouros;
- Maior fertilidade do lote devido à liberdade de locomoção, o que melhora a demarcação territorial por parte dos machos, aumentando assim o número de cópulas ao longo do dia;
- Melhoria da qualidade de cama, que com a suspensão de calhas permite o uso de revolvedores de cama em toda a área útil, o que agiliza o processo e melhora sua eficiência e;
- Redução de ovos de cama em até 2%, com a melhoria da qualidade dos ovos férteis devido ao livre caminho da ave até o ninho.
Ninhos mecânicos
A coleta dos ovos sempre foi responsável pela maior parcela da mão de obra necessária dentro de uma granja, com a implantação do ninho mecânico, se permitiu a redução entre 30 a 40% desse efetivo.
Atualmente, pouco mais de 50% das granjas possuem essa automação que reduz entre 60 a 70% o tempo de coleta em relação ao ninho manual, permitindo assim que o funcionário dedique mais tempo ao manejo com as aves, com a qualidade de cama, a classificação e manejo dos ovos férteis, resultando em aproveitamento e eclosões melhores.
Em contrapartida, a instalação de ninhos mecânicos nas granjas requer um elevado investimento inicial quando comparado com os ninhos manuais, entretanto esse maior investimento é rapidamente compensado pelo avicultor, em função, principalmente, da redução de mão de obra. Um ponto muito vantajoso é que o ninho mecânico permite realizar várias coletas de ovos ao dia, melhorando assim a qualidade microbiológica d e reduzindo o número de ovos trincados. O ninho comunitário tem ganho a preferência na automação, em nível mundial, porque permite aumentar a densidade de fêmeas por metro quadrado.
Um ponto a ser citado como desvantagem para o ninho mecânico é a possibilidade de obtenção de maior percentual de ovos de cama ou de slats.
Climatização de aviários
Os aviários climatizados surgiram no mundo em 1990, de uma forma mais industrial. No Brasil, a climatização de galpões começou nos anos 2000. Atualmente, cerca de 30% dos galpões são desse modelo.
Tendo o Brasil o clima temperado, onde a amplitude térmica em muitos momentos escapa da zona de conforto térmico das aves, essa tecnologia consegue minimizar os efeitos nocivos da variação climática que enfrentamos, especialmente em algumas regiões onde ocorre o extremo frio ou calor, permitindo que se mantenha uma faixa de temperatura mais estável e perto da temperatura de conforto ideal das aves. Essa melhor ambiência influencia diretamente a produção, eclosão e até mesmo a viabilidade dos lotes de matrizes. Ainda, outro ponto de importância a citar é o ganho em biosseguridade, pois devido ao aviário climatizado ser mais bem vedado, possui maior segurança, evitando a entrada de pássaros, roedores e até mesmo patógenos transportados pelo ar, diminuindo assim consideravelmente os riscos de doenças as aves alojadas.
O sistema de ventilação atual é baseado na criação de uma pressão negativa, sendo de suma importância que os galpões estejam bem vedados.
As vantagens da utilização do sistema de ventilação são enormes e nos permitem também ter uma maior densidade de aves por metro quadrado, o que auxilia na viabilização dos altos custos de investimento.
O sistema de climatização de aviários trouxe grandes benefícios para a avicultura brasileira, mas ainda apresenta custo alto e payback elevado.
Muitas vezes, os sistemas de ventilação modernos não nos trazem uma melhoria imediata dos resultados técnicos, quando comparado com o sistema anterior de galpão aberto.
A razão, geralmente, é a falta de experiência no manejo dos controles eletrônicos, induzindo a um esfriamento ou aquecimento das aves.
Balança seletora de aves
Com a balança seletora de aves, permite-se classificar as aves de acordo com a categoria de peso, obtendo uma maior precisão, no momento que realizamos a seleção de 100% dos lotes de matrizes. Além da eficiência, conseguimos reduzir significativamente a mão de obra entre 20 e 30%, de acordo com as condições de alojamento e estrutura da granja.
Outro benefício da máquina é a obtenção automática ao final do processo de indicadores, como: PM, uniformidade e coeficiente de variação, números estes que precisaríamos calcular manualmente ao final da tarefa.
O uso da balança seletora automática de aves nos permite reduzir as falhas da ação humana, nos proporcionando lotes com maior uniformidade, melhor viabilidade e lotes com maior potencial de expressar sua aptidão genética, além de ser um investimento com payback relativamente curto. Estima-se o retorno do investimento em menos de 2 anos.
Conclusões
Com a atual demanda de carne de frango, e as previsões futuras do crescimento ainda maior na produção desta proteína, certamente nos depararemos com a dificuldade de obtenção de mão de obra especializada que, em conjunto com a maior competitividade e aumento dos padrões de exigência do consumidor, nos direcionam para o caminho da produção com o uso de maior tecnologia e entrega de um produto acabado de maior qualidade a um custo baixo de produção, à medida em que os processos automatizados comprovam um melhor resultado, diante da maior padronização do produto acabado, refletindo na perenidade do negócio.
A utilização de automações ainda sofre com a onerosidade de implantação, mas acredita-se ainda que, com a difusão do uso dos mesmos, a fabricação em maior escala desses equipamentos e ainda, aliado à concorrência gerada entre os próprios fabricantes, venham a se tornar, financeiramente, mais viáveis e com um retorno mais rápido do investimento.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2020 ou online.

Avicultura
Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
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Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



