Bovinos / Grãos / Máquinas Mercado
Aumento expressivo dos grãos gera descompasso com outras atividades
Saca de milho lidera valores significativos registrados de um ano para cá, com recorde de 259,46%; soja acumula alta de 85,14% e trigo subiu 51,66%

Análise divulgada há pouco mais de uma semana pelo Sindicato Rural de Toledo, no Oeste do Paraná, destaca, comparativamente, os valores expressivos que as commodities tiveram de um ano para o outro. Considerando as datas de 23 de abril de 2020 e 23 de abril de 2021, o milho registrou o maior aumento, passando de R$ 37 a R$ 96, ou elevação de 259,46%. A saca da soja saltou de R$ 87,50 a R$ 162, ou 85,14% de elevação. Já o trigo avançou de R$ 60 para R$ 91 a saca, perfazendo 51,66% de aumento.
O preço do quilo do suíno pago ao produtor aumentou de R$ 3,61 para R$ 6,72 (86,14%), a arroba da vaca passou de R$ 170 para R$ 285 (67,64%) e a arroba do boi gordo aumentou de R$ 180 para R$ 300 (66,66%). Já o litro do leite pago ao produtor avançou de R$ 1,33 para R$ 1,60, o que significa 20,30% de expansão.
Descompasso
Para o presidente do Sindicato Rural de Marechal Cândido Rondon, também no Oeste do Estado, Edio Chapla, o aumento das commodities ao longo dos últimos meses gerou discrepância em relação aos outros ramos da agricultura. “Desde o início de 2020 acompanhamos uma grande alta principalmente nas sacas do milho e da soja, o que motivou descompasso considerável nas outras atividades que dependem desses itens que fazem parte da ração para alimentar os animais”, expõe.
O que vem acontecendo desde o ano passado, pontua Chapla, é um aumento de custos ao agricultor em termos de aquisição de produtos e insumos diversos seja na parte agrícola, como adubos, nitrogenados, pois praticamente todos são importados e por isso cotados em dólar. “O alto valor dessa moeda também contribuiu à elevação de custos na aquisição desses produtos, assim como ao que diz respeito aos produtos veterinários utilizados nas atividades pecuárias”, observa.
Segundo ele, isso tudo gera maior desgaste ao produtor de leite, especialmente, porque a venda do leite do início do ano passado para este não teve aumento na mesma proporção do que os custos de produção da soja e do milho, incluindo o quesito forragem. “O produtor é quem mais sofre com essa questão da alta de preços, não tendo seu produto elevado a níveis que garantam receita e um bom resultado. Claro que nos suínos e nas aves também impacta, porque milho e soja representam em torno de 60% a 70% do custo total dos insumos de alimentação para esses animais”, pontua.
Chapla comenta que a indústria não tem como repassar este custo por não conseguir comprar com valor mais elevado, então não tem como fornecer aos produtos custos menores. “Além disso, a região tem parcerias com integradoras, que também têm custo elevado”, destaca.
Reajuste
O presidente do Sindicato Rural lamenta o cenário atual para a bovinocultura. “A gente vê no mercado o leite praticado muitos anos a esse preço, a exemplo de derivados como o queijo. Muito queijo consta com valor agregado, talvez o consumidor vê como se o produtor ganhasse muito dinheiro. Acreditamos que o atacado esteja ficando com a fatia maior de resultado, portanto há desproporção de preços, mas não é o que a indústria e o produtor estão ganhando. Vamos ter de sentar com o varejo, com os supermercados, para alinhar esta questão e ver quais os custos para equilibrar esta cadeia para todo mundo ter resultado na atividade”, expõe.
Liquidez de mercado
Especialista em agronegócio, João Luiz Raimundo Nogueira afirma que os preços das commodities dos grãos estão nos níveis mais altos da história. “O milho a R$ 98 é algo que não poderíamos imaginar um ano e meio atrás, bem como a soja a R$ 162 a saca. Isso é devido à altíssima liquidez nos mercados interno e externo. Exportou-se muito no ano passado e neste ano o ritmo segue. O consumo interno aumenta, mesmo que a exportação tenha subido, pois tais insumos são usados na produção de carnes, lácteos e outros. Além do mais, países como a China não são autossuficientes na produção de insumos como milho e soja para atender a própria demanda na produção de carnes”, explica.
Nogueira destaca que Brasil e Estados Unidos se tornaram referências de produção para a China, assim como o Norte da África, para quem o Brasil exporta. “Temos no mercado uma liquidez sem precedentes, então não sabemos onde vai parar. O custo para quem produz carne e leite está muito elevado. Nós temos de levar em consideração na cadeia alimentar a produção, transformação e o consumidor que está dentro dessa cadeia alimentar, seja o externo, mas sobretudo o consumidor interno. Temos dificuldades em relação aos insumos básicos para produtos com maior valor agregado, o que gera mais empregos e renda, algo que precisamos muito no Brasil”, evidencia.
O complexo de produção nacional tem muita qualidade, avalia o especialista. Prova disso, aponta ele, é que o frango brasileiro é exportado para mais de 150 países. “Mas estamos com problema no abastecimento interno, que está chegando até o bolso do consumidor, que também faz parte dessa cadeia. Se torna sério porque a renda está baixa devido à pandemia do coronavírus e ao desemprego. Há um mês a Confederação Nacional do Comércio divulgou pesquisa na qual 63,3% das famílias brasileiras estão endividadas, e com dívida o consumo cai. No setor leiteiro, por exemplo, em que não existe exportação, há uma barreira na hora que chega ao consumo. O produtor é pressionado por baixo com consumo elevado e você tem uma demanda restrita pela baixa renda no mercado interno”, analisa.
Disparidade
Ele comenta que os preços pagos pelo suíno e frango aos produtores não acompanham o aumento de valores dos insumos. “Isso mostra que devemos cuidar um pouco mais dos nossos insumos. É preciso haver mecanismos para segurar parte dos insumos para o nosso abastecimento sem custo tão elevado na produção de carnes. Esse peso fica para os produtores de carnes. Os frigoríficos devem melhorar essa questão e o governo federal deve trabalhar melhor os estoques reguladores, assunto no qual historicamente há desempenho muito bom. Porém, de alguns anos para cá foi abandonada essa política de estoque regulador, que em momentos difíceis com escassez o governo abre mão dos estoques através de leilões, e com preço mais acessível ao pequeno produtor é possível reduzir um pouco as dificuldades que o produtor passa em momentos como este”, salienta.
De acordo com o especialista, não há como mensurar quanto tempo vai durar esse cenário, no entanto, tudo sinaliza que 2021 terá alta liquidez desses produtos nos mercados nacional e internacional em virtude da demanda. “Portanto, vamos passar por um ano muito difícil. Dependemos e muito dessa safra de milho que está em curso, todavia o clima seco é um problema e isso vai influenciar muito os preços. A safra de milho é importantíssima para o abastecimento interno. Além da safra norte-americana, que deve ser semeada entre o final de abril e o início de maio”, menciona.
Até a semana passada, informa Nogueira, regiões nos Estados Unidos apresentavam dificuldades de semeadura em virtude do clima muito gelado. “Precisamos acompanhar a nossa safra de milho que ainda tem caminho longo a ser percorrido, e com clima seco que preocupa, além da safra americana”, enaltece.
Essas variáveis que chegam aos agentes de mercado dão suporte aos preços. “Os três fatores são demanda aquecida, estoques baixos e clima que afeta a nossa safra de milho. Falta chuva e o mercado trabalha com essas informações, deixando o preço sustentado. Em função disso também há a expectativa da safra americana. A Argentina também está no radar dos grandes consumidores de milho, soja e trigo. E hoje os produtores de carne estão de olho no trigo para substituir o milho na formulação de rações”, comenta o especialista.
Ele espera, assim como todos os produtores da região, que o clima colabore daqui para frente. “É urgente que nos próximos dez dias ocorram chuvas de forma mais abrangente no Oeste”, frisa.

Bovinos / Grãos / Máquinas
Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



