Avicultura
Associados atravessam crise blindados pelo sistema cooperativista
Cooperados mantêm estabilidade econômica mesmo com a alta do milho e a crise no país; enquanto isso, cooperativas arcam com o aumento nos custos de produção e com as instabilidades do mercado econômico
Nem a alta frenética no preço do milho e de outros insumos, nem a recessão da economia brasileira têm tirando o sono do produtor rural Mario José Zambiazi, de Corbélia, no Oeste do Paraná. Não fossem as notícias, o integrado a uma cooperativa agropecuária teria visto a crise da avicultura industrial passar despercebida. Ele mantém seu rendimento, sem ter que arcar com o ônus da alta nos custos de produção, que dispararam desde o ano passado. Assim como Zambiazi, milhões de associados às cooperativas do agronegócio em todo o país estão blindados pelo sistema, que tem hoje seu desempenho e modelo evidenciados pelas dificuldades enfrentadas pela avicultura e suinocultura e pela atividade econômica do país. Com alto poder de barganha e gestões cada vez mais eficientes, essas organizações absorvem os prejuízos econômicos, mantêm o produtor rural na atividade, garantem o comércio para os mercados interno e externo e dão estabilidade econômica às famílias.
“Nós, como cooperados, não sentimos dificuldade com a crise do milho. A integradora se compromete com o fornecimento. Nós temos na cooperativa gente que se preocupa em manter os estoques de milho para alimentar as aves no momento de crise e garantir que o produtor continue na atividade. É uma tranquilidade para o cooperado”, conta Zambiazi. “A cooperativa tem essa facilidade de regular o mercado. Se fosse deixar isso para o produtor, individualmente, ele não teria forças”, entende.
Para o produtor, uma das vantagens do sistema é estabilidade, mesmo em momentos de instabilidade do mercado. “Muitas vezes a cooperativa não tem o melhor preço na venda e na compra, mas ela regula o mercado e faz com que o cooperado não sinta essas oscilações, cada vez mais frequentes ultimamente”, avalia o produtor paranaense. Zambiazi recebe o pintinho, a ração, a assistência técnica e o transporte de 45 mil frangos por lote. O produtor engorda o frango até a hora do abate e é remunerado por isso. Quanto maior o desempenho das aves, mais ele ganha.
Dilvo Grolli, presidente da Copavel, a qual Zambiazi faz parte, explica que proteger o associado faz parte da ideologia do sistema cooperativista. “O modelo cooperativista, na sua essência, visa criar proteção aos associados. Nesse momento, temos (cooperativas) sentido os reflexos da turbulência da economia brasileira. O associado recebe os animais, a ração, a assistência técnica e o transporte. Então, todos os custos de produção, que aumentaram muito, como os grãos – milho e soja -, a energia, a logística, os juros, foram absorvidos pelas cooperativas. Esses valores não são repassados para os associados, que são remunerados de acordo com a eficiência técnica e produtividade dos lotes. Ou seja, o associado não tem risco econômico nas turbulências de mercado”, enfatiza Grolli.
Equilíbrio e Gestão
Para o presidente da Copavel, o modelo gera proteção ao produtor, mas também oportunidades de diversificação da produção rural, o que acaba por facilitar o enfrentamento às crises. “As cooperativas, especialmente aqui no Paraná, são grandes organizações econômicas, com produção diversificada, que inclui as cadeias de insumos, grãos, ração, avicultura, bovinocultura de corte e leite, suinocultura e outras atividades de menor representatividade. Essa diversificação torna as cooperativas mais equilibradas, portanto mais aptas a passar momentos de crise”, frisa o dirigente.
Conforme Grolli, as cooperativas souberam unir pequenos produtores em grandes organizações, dando poder de barganha a pequenos produtores familiares. “O modelo fundiário do Paraná é formado por 80% de pequenas propriedades. As cooperativas souberam unir esses pequenos em grandes organizações. Através de gestão eficiente na área econômica, essas organizações criaram uma proteção ao produtor, que sozinho teria uma pequena representação econômica. Criou-se um escudo de proteção econômica para essas pessoas”, diz. “Quando o produtor é independente, está sujeito às turbulências negativas e positivas. O cooperado não passa por isso. Por isso o sistema cooperativista é um exemplo de empresa econômica”, defende. “A primeira responsabilidade da cooperativa é melhorar a economia dos nossos produtores, das próprias cooperativas e da região onde estão”, reforça Grolli.
Para o produtor Mario Zambiazi, os efeitos positivos da presença de cooperativas extrapolam as porteiras dos sítios. “Sou cooperado desde 1981. Hoje nem tenho noção do que seria nossa região sem as cooperativas. Elas oportunizam diversificação ao produtor, não importando o tamanho da área, com suínos, leite, frango e grãos, mas também contribuíram decisivamente para o desenvolvimento da região. É só você comparar a região Oeste do Paraná com outras regiões do país que não têm o sistema cooperativista tão forte para você ver a diferença socioeconômica. Temos o privilégio de termos cooperativas solidificadas, dando segurança ao produtor rural e às comunidades. Hoje o Brasil está vendo isso muito claramente”, pontua o produtor.
Bom para o produtor… e para as comunidades
“Nem na bolsa de valores, nem em derivados em Nova Iorque, os lucros das cooperativas ficam com os cooperados e com as comunidades em que estão inseridas”, argumenta Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), órgão máximo de representação das cooperativas no país. “As cooperativas têm compromisso com a sociedade. Os resultados ficam na comunidade, abastecem os caixas de prefeituras e Estados, criam serviços a seu redor. Essas cooperativas têm papel muito importante para diluir resultados, criando justiça social nos processos de agregação de valor que a agricultura consegue fazer. Um pouco diferente de empresas mercantis, que concentram os resultados, as cooperativas têm capacidade de gerar riqueza e distribuir riqueza, criando desenvolvimento regional”, expõe Freitas.
O presidente da OCB reforça que cooperativas são responsáveis por ampla parte da produção nacional. “Tenho uma vibração com o cooperativismo, especialmente na área agrícola. Hoje, 50% de tudo o que se produz na agropecuária brasileira passa pelo sistema cooperativista, por isso ele é fundamental para manter o país funcionando. O Brasil agrícola, e digo com convicção, deve muito às cooperativas”. Para Freitas, “o segredo está baseado em gestão e governança equilibradas”.
O sistema, na opinião do presidente da OCB, vai ganhar espaço com a crise enfrentada no Brasil. “Empresas mercantis acabam sendo mais receosas e titubeiam em momentos de crise e, nesses momentos, as cooperativas tomam espaço no mercado. Acredito que vamos continuar crescendo a uma proporção acima das empresas mercantis”, frisa. De acordo com Freitas, neste ano as cooperativas brasileiras, incluindo as não agropecuárias, vão investir R$ 12 bilhões no Brasil. “Nenhum setor deve investir tanto quanto as cooperativas”, acrescenta.
Solidez e Prudência
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, cita a solidez como atributo de sucesso nesses sistemas econômicos, embasados em planejamento e gestão para universalizar a resolução de problemas e criar oportunidades. “Com planejamento consistente, especialmente nesse momento de crise, tanto no fornecimento quanto na comercialização, as cooperativas dão tranquilidade ao produtor, que não está sozinho para resolver os problemas. Há um grupo de pessoas para isso. Na integração isso fica muito evidente”, diz.
Ricken adverte, entretanto, que qualquer organização está sujeita a riscos. “Quem está isolado tem um risco muito alto em momentos como este, mas é evidente que o risco atinge todos. Não estamos imunes a nada, temos que ter prudência para não descapitalizar, mas organizados como somos, as chances de passar por momentos ruins são maiores”, frisa. De acordo com Ricken, as cooperativas paranaenses movimentam cerca de R$ 60 bilhões por ano.
Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Brasil abre mercado em Moçambique para exportação de material genético avícola
Acordo sanitário autoriza envio de ovos férteis e pintos de um dia, fortalece a presença do agronegócio brasileiro na África e amplia para 521 as oportunidades comerciais desde 2023.

O governo brasileiro concluiu negociação sanitária com Moçambique, que resultou na autorização de exportações brasileiras de material genético avícola (ovos férteis e pintos de um dia) àquele país.
Além de contribuir para a melhoria de qualidade do plantel moçambicano, esta abertura de mercado promove a diversificação das parcerias do Brasil e a expansão do agronegócio brasileiro na África, ao oferecer oportunidades futuras para os produtores nacionais, em vista do grande potencial do continente africano em termos de crescimento econômico e demográfico.
Com cerca de 33 milhões de habitantes, Moçambique importou mais de US$ 24 milhões em produtos agropecuários do Brasil entre janeiro e novembro de 2025, com destaque para proteína animal.
Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 521 novas oportunidades de comércio, em 81 destinos, desde o início de 2023.
Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
