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Associação projeta retomada do consumo interno de leite

A cadeia de laticínios enfrenta desde 2020 a maior inflação do agro. Em entrevista ao Jornal O Presente Rural, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, enfatiza que estes fatores fizeram, principalmente de 2021, um ano muito desafiador, com cinco trimestres consecutivos de queda inédita na produção.

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Foto: Shutterstock

Um dos mais importantes setores da agroindústria mundial acumula desafios cada vez maiores para manter os produtores na atividade. A cadeia de laticínios enfrenta desde 2020 a maior inflação do agro, com aumento no valor das commodities exportáveis, taxa de câmbio, energia elétrica e combustíveis, o que elevou bastante os custos de produção.
Em entrevista ao Jornal O Presente Rural, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, enfatiza que estes fatores fizeram, principalmente de 2021, um ano muito desafiador, com cinco trimestres consecutivos de queda inédita na produção. “Em 2022 esse cenário melhorou com o ajuste dos preços, porém os custos ainda subiram em torno de 15%, especialmente por conta dos fertilizantes”, expõe Borges, ampliando: “Nos últimos dois anos muitos produtores saíram do negócio, porém a produção se manteve relativamente estável. Isso mostra que a produtividade e a escala das fazendas vêm aumentando”.

Segundo ele, para esse ano existe um novo patamar de oferta e procura. “No fim do ano passado já existia uma pressão baixista nos preços, mostrando que o mercado está abastecido, porém o consumo continua deprimido pela baixa renda da população”, avalia, complementando: “Também fomos afetados por volumes recordes de lácteos importados, o que ajudou a deprimir os preços”.

A queda na taxa de desemprego, em torno de 8,9% no terceiro trimestre do ano passado, apontou para uma melhoria na recuperação da economia brasileira. Com maior ganho de poder aquisitivo, Borges vislumbra melhores margens de lucro aos produtores. “Esperamos ganho de renda em 2023 em virtude da queda na taxa de desemprego”, menciona.
De acordo com o presidente da Abraleite, o setor deve se manter equilibrado ao longo de 2023, sem grandes incentivos de preços. “A pressão dependerá da taxa de câmbio, se o dólar cair vamos enfrentar importações deletérias ao segmento do leite, tirando ainda mais produtores da atividade”, afirma.

Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges: “Nosso consumo vinha crescendo 5% ao ano até 2014, mas a crise econômica brasileira desencadeada por uma série de choques de oferta e demanda fez com que o consumo e a produção estacionassem” – Divulgação/Abraleite

Com projeção de queda de 7% no consumo de lácteos no Brasil, o recuo no mercado interno do produto se manteve estável, igual ao ano anterior. O ano de 2022 fecha com média de consumo de 170 litros per capita. “Esperamos uma nova onda de crescimento a partir da retomada do consumo, com maior renda da população. Nosso consumo de leite fluído é alto, comparável a países desenvolvidos, mas precisamos crescer em produtos de valor agregado, como queijos e iogurtes”, frisa Borges.

O presidente da Abraleite diz que o leite custa em dólares, mas é vendido no mercado doméstico em reais, essa desvalorização causa grande impacto aos produtores na venda e aos consumidores nas gôndolas dos supermercados. “Nosso consumo vinha crescendo 5% ao ano até 2014, mas a crise econômica brasileira desencadeada por uma série de choques de oferta e demanda fez com que o consumo e a produção estacionassem”, lembra Borges.

Entre os maiores produtores
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite, com mais de 35 bilhões de litros produzidos por ano. A atividade está presente em 98% dos municípios brasileiros, tendo a predominância de pequenas e médias propriedades, empregando perto de quatro milhões de pessoas. O país conta com mais de um milhão de propriedades produtoras de leite.
Diante de um cenário de elevação dos custos de produção, a Secretaria de Política Agrícola estima que até 2030 devem permanecer na atividade apenas os produtores mais eficientes, que se adaptarem à nova realidade de adoção de tecnologia, melhorias na gestão e maior eficiência técnica e econômica.

Preço pago ao produtor
Conforme estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), o leite pago ao produtor deve encerrar 2022 em desvalorização, ainda que em menor intensidade. O preço do leite captado em setembro e pago aos produtores em outubro foi de R$ 2,8481/litro na Média Brasil líquida, recuo de 6,5% em comparação ao mês anterior, se configurando na segunda queda consecutiva no campo, mas o valor ainda ficou 15,5% superior ao registrado em outubro do ano passado, em termos reais.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Demanda desaquecida
A demanda por derivados lácteos também desaqueceu na reta final do ano passado. Conforme o levantamento do Cepea-Esalq/USP, os preços dos derivados lácteos seguiram em queda em outubro, sobretudo devido ao enfraquecimento da demanda, entretanto, houve aumento na disponibilidade de matéria-prima no campo, elevando a captação na indústria e reduzindo os custos com a produção de lácteos. “Apesar dessa recuperação na oferta de leite, a pressão sobre as cotações vem do consumo retraído na ponta final da cadeia”, aponta no boletim de novembro.

Importação
Após cinco meses de altas consecutivas nos volumes de lácteos importados, em outubro, o total adquirido pelo Brasil recuou 15,4% frente ao mês anterior, com volume somando 172,3 milhões de litros em equivalente leite, segundo dados da Secex. Ainda assim, a quantidade internalizada de lácteos em outubro permaneceu em patamar bastante elevado, estando 80,8% acima da quantidade importada no mesmo mês do ano anterior.

Custo Operacional
Em relação ao Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira houve um ligeiro recuo de 0,08% em outubro na Média Brasil, que considera as variações nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, sendo que este foi quarto mês consecutivo de baixa. Ainda assim, no acumulado de 2022, o COE acumula avanço de 3,04%.

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Fonte: O Presente Rural

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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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Brasil lança certificação Carne Baixo Carbono na COP30

Nova certificação reconhece produtores que adotam práticas de baixa emissão, integra ciência e campo e posiciona o país como líder global em pecuária sustentável.

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Foto: Rodrigo Alva

Reconhecer e valorizar os produtores rurais que adotam boas práticas agropecuárias voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa, conciliando produtividade e conservação ambiental: esse é o propósito do Protocolo Carne Baixo Carbono (CBC). A  certificação, lançada no dia 16 de novembro durante a COP 30, é baseada no Protocolo Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa ) em parceria com a MBRF e com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Entre seus pontos principais, o protocolo estabelece critérios técnicos e indicadores que permitem monitorar e certificar propriedades rurais que aplicam sistemas de intensificação sustentável — integração lavoura-pecuária (ILP), pastagens de alto desempenho produtivo, recuperação de pastagens e manejo eficiente do solo e da água.

Foto: Gilson Abreu

Essas técnicas promovem maior captura de carbono no solo e na vegetação, reduzindo o impacto climático da atividade pecuária e tornando o uso da terra mais eficiente, com menor pressão sobre novas áreas com vegetação nativa.

Na prática,  o CBC vai garantir ao consumidor que a carne foi produzida segundo rigorosos critérios ambientais e processos auditáveis, representando uma nova referência de sustentabilidade para a cadeia da carne bovina brasileira. “Apoiamos iniciativas como esta que aceleram a adoção de tecnologias de baixo carbono previstas no Plano ABC+, política do governo brasileiro para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O protocolo CBC é um pacote técnico muito completo e ganha ainda mais relevância com esta certificação, podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável”, afirma Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Ela destaca que os benefícios aos produtores vão além do reconhecimento ambiental e incluem “pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e aumento da resiliência da fazenda — com solos mais férteis e menos vulneráveis às mudanças climáticas.”

“Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor tanto para o produtor quanto para o consumidor. Trata-se de um avanço que reforça a liderança do Brasil na agenda da agricultura sustentável e na implementação das tecnologias do Plano ABC+”, afirma a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.

Para a presidente da estatal, o Protocolo Carne Baixo Carbono traduz, em critérios técnicos e mensuráveis, o compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa e a valorização dos produtores que adotam boas práticas agropecuárias, como a recuperação de pastagens, a integração lavoura-pecuária e o manejo eficiente do solo e da água.

Foto: José Fernando Ogura

O selo de certificação será utilizado pela MBRF, uma das maiores companhias globais de alimentos, com portfólio multiproteínas que inclui carne bovina. A empresa é responsável pelo Programa Verde+, lançado em 2020, estruturado sobre os pilares de produção, conservação e inclusão. “Promovemos ações contínuas para uma pecuária de baixo carbono, 100% monitorada, livre de desmatamento e inclusiva. A Carne Baixo Carbono é um reconhecimento que valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo para reduzir emissões, impulsionar a sustentabilidade e mostrar que o agro é — e deve ser — parte da solução climática global’, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da MBRF.”

Massruhá ratifica que “a parceria entre a Embrapa e a MBRF para o desenvolvimento da Carne Baixo Carbono representa um marco na consolidação de uma pecuária mais sustentável e alinhada aos desafios climáticos globais. Essa certificação é resultado direto da ciência aplicada ao campo e da união entre o setor público e o setor privado em torno de um mesmo propósito: produzir mais, com menor impacto ambiental.”

A expectativa dos parceiros é que, com o avanço da adoção do protocolo e a crescente adesão de produtores, o Selo Carne Baixo Carbono se consolide como um marco na transição para uma pecuária de baixo impacto climático, contribuindo diretamente para as metas de descarbonização do Brasil no contexto do Acordo de Paris.

Fonte: Assessoria Embrapa Gado de Corte
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