Avicultura
Associação de ácidos orgânicos, probióticos e prebióticos amplia controle de Salmonella
Do ponto de vista nutricional, existem algumas alternativas muito empregadas na redução da contaminação por Salmonella
Artigo escrito por Thiago Pereira Ribeiro, zootecnista e mestre em nutrição animal e Engenharia de produtos e P&D da Tectron
O Brasil tem se destacado nos últimos anos no mercado mundial de exportação de carne. Somos o maior exportador de carne de frango e de gado do mundo, o terceiro maior exportador de carne suína. Entretanto, os países importadores têm aumentado significativamente o rigor na escolha dos fornecedores de carne, permitindo a entrada no país apenas de produtos com baixa contaminação, principalmente por Salmonella.
A Salmonella é uma bactéria gram negativa da família Enterobacteriacea, que é dividida em duas espécies, Salmonella Entérica e Salmonella Bongori. Essas espécies da bactéria, por sua vez, são divididas em subespécies e mais de dois mil sorotipos. Os diversos sorotipos podem causar doenças restritas (salmoneloses) a determinadas espécies animais e até ao homem, como Salmonella entérica sorotipo Typhi (humanos), Salmonella entérica sorotipo Gallinarum (galinhas), entre outros.
Com isso, para nos mantermos no topo do segmento das exportações, a indústria alimentícia vem buscando alternativas tecnológicas para reduzir a carga microbiana de Salmonella de seus produtos. Nesse sentido, várias tecnologias têm sido testadas ao longo dos anos com o objetivo de reduzir a contaminação dos animais por essa bactéria. Dentre as ferramentas utilizadas estão a construção de barreiras sanitárias nas instalações zootécnicas, evitando a entrada de fontes externas de contaminação, como roedores, pássaros, insetos e pessoas não autorizadas; maior controle de qualidade de fábrica de rações, através de programas de monitoramento da bactéria, aplicação de práticas de higiene nas fábricas e HACCP, entre outros.
Do ponto de vista nutricional, existem algumas alternativas muito empregadas na redução da contaminação por Salmonella, como os tratamentos físicos da ração, através dos processos de peletização e extrusão, e tratamentos com aditivos, como a utilização de ácidos orgânicos, prebióticos e probióticos.
Os prebióticos são aditivos que alimentam bactérias entéricas benéficas ao desenvolvimento dos animais, aumentando a sua carga no organismo animal e oferecendo a elas vantagem competitiva no lúmen intestinal em relação a alguns patógenos, como a Salmonella. Com isso, o uso da energia que o animal supostamente gastaria com imunidade no combate à infecção seria utilizada para outros fins, como para a produção de carne, leite ou ovos, tendo assim benefício.
Já os probióticos são microorganismos vivos adicionados nas rações, aumentando a sua concentração no intestino, e semelhantemente aos prebióticos, por competição acabam se sobressaindo em relação a patógenos de habitam o trato gastrintestinal. Já os simbióticos são uma mistura entre probiótico e prebióticos, possuindo praticamente a mesma função de ambos.
Outro aditivo bastante empregado no combate a estes patógenos são os ácidos orgânicos nas rações. Os ácidos orgânicos são substâncias naturalmente produzidas por plantas, animais e microrganismos, e apresentam diversas funções no trato gastrintestinal (TGI), como regulação do pH, capacidade aniônica tamponante com cátions de minerais das dietas, aumentando a digestibilidade e absorção desses. Além destas, possuem um efeito antimicrobiano e auxiliam na manutenção da flora e da morfologia intestinal.
Uma ferramenta que pode ser muito eficiente no combate a infecção dos animais por Salmonella é a associação de ácidos orgânicos com probióticos e prebióticos. Um estudo realizado recentemente com frangos de corte em laboratório comprovou a eficiência da utilização dessa estratégia. Os frangos contaminados com Salmonella Enteretidis (SE) e alimentados com rações contendo ácidos orgânicos microencapsulados na forma isolada e na associação com probióticos resultaram na menor contaminação no ceco por esta bactéria em relação a aves contaminadas não tratadas (controle positivo). Além disso, o peso médio desses animais foi semelhante ao das aves saudáveis (controle negativo).
Mais informações você encontra na edição de Aves de agosto/setembro de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
