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Ásia é o destino do agronegócio brasileiro, defende Marcos Jank

De acordo com ele, o Brasil tem uma agricultura incrível, com boa tecnologia, genética, integração lavoura-pecuária, entre outros

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 O que esperar do agronegócio para este ano? Quais são as perspectivas para os próximos anos? Estas são algumas das dúvidas que rodeiam a cabeça de todos os envolvidos no setor. Para sanar algumas dessas dúvidas e trazer luz para alguns pontos que ainda parecem escuros no mercado internacional, o engenheiro agrônomo Marcos Jank falou sobre as perspectivas do agronegócio brasileiro no mundo durante o Show Rural Coopavel, que aconteceu em fevereiro, em Cascavel, PR.

“O agro brasileiro tem várias conquistas, principalmente dentro da porteira. Somos um dos países com mais condições de expandir, alimentar o mundo e exportar”, iniciou. Segundo ele, o Brasil é hoje o terceiro maior produtor do mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da Europa. “O agro aqui é responsável por 20% do PIB, quase metade das exportações e 20% dos empregos gerados no país. Temos recursos naturais de forma abundante, mas, principalmente, temos tecnologia e pessoal, porque somente ter recursos naturais não resolve”, cita.

De acordo com ele, o Brasil tem uma agricultura incrível, com boa tecnologia, genética, integração lavoura-pecuária, entre outros. “O Brasil só cresce, além de ter muita diversificação”, afirma. Porém, o momento mundial agora é uma era de grandes problemas de doenças, como gripe aviária e peste suína. “O Brasil ainda não tem nenhuma dessas duas, mas não estamos imunes. Temos que fazer o máximo para evitar que esses problemas cheguem até a gente”, alerta.

Além disso, outro ponto que os agentes do setor devem se atentar é quanto ao acordo firmado entre China e Estados Unidos. “O acordo é uma bandeira complicada para nós. Porque os Estados Unidos forçaram a China a comprar deles. Os Estados Unidos têm um déficit com a China de quase US$ 400 bilhões e basicamente o (Donald) Trump chegou para os chineses e disse ‘tem que equilibrar isso, eu quero exportar mais US$ 200 bilhões’. E qual o principal setor que é impactado com isso? O agro. Nós podemos ser impactados por um acordo que eles fizeram que não tem nada a ver com agronegócio. Mesmo assim ele pode impactar a nossa venda de soja, por exemplo. É uma situação complicada”, comenta.

Junk conta que, infelizmente, durante 20 anos o Brasil não negociou nenhum acordo comercial. “O agronegócio cresceu, expandiu. Nós exportávamos US$ 20 bilhões em 2008 e hoje essa quantia subiu para US$ 100 bilhões. Mesmo assim não fizemos nenhum acordo”, lamenta. Ele diz que nem mesmo o acordo do Mercosul não funciona, ou mesmo o acordo firmado há pouco tempo com a Europa também não está funcionando como deveria. “Fizemos um acordo com a Ásia, mas estamos em uma situação em que precisamos correr atrás do prejuízo. Estamos 20 anos atrasados. Ainda somos muito dependentes de poucos produtores, exportamos somente 10 produtos. Nós exportamos basicamente a eficiência na fazenda. O Brasil é bom na fazenda, mas quando a gente processa, adiciona valor, daí já não somos mais tão bons assim”, informa.

Para Jank, esse é o preço que o agro paga por ainda não ter estruturas de trem e portos, por exemplo. “Estamos avançando rápido, mas ainda falta muito”, diz. Ele diz que o país perde eficiência da porteira para fora. “As cooperativas ajudam a diminuir isso. Se não fosse por elas, era muito mais difícil para o agricultor sobreviver frente a concentração de mercado que acontece. As cooperativas são uma maneira de ganhar força no agro”, garante.

De olho na Ásia

O engenheiro agrônomo comenta que o principal produto exportado para a China é a soja. “A oleaginosa está diretamente ligada à China. Mas exportamos pouco. Além disso, essa exportação caiu de 2018 para 2019 exatamente por conta da peste suína, que dizimou 41% do rebanho de suínos da China”, comenta. Segundo ele, o Brasil produz cerca de três milhões de toneladas de suínos, enquanto o consumo da China é de 54 milhões de toneladas. “O que eles consomem em um mês o Brasil produz em um ano. Então, a China perdeu 41% do rebanho e isso fez com que o consumo deles caísse e a gente perdeu com isso. Porém, eles começaram a comer outras proteínas, como o frango e o boi”, diz.

Hoje, de acordo com Junk, a China representa 1/3 de tudo o que o Brasil exporta. “A Europa foi muito importante no passado para nós, até 2012 eles eram o nosso grande destino. Mas, de lá para cá a China ultrapassou eles. Além disso, outras regiões, como o Sudeste e Sul da Ásia e o Oriente Médio estão crescendo rapidamente”, avisa. Dessa forma, explica, o destino dos produtos brasileiros mudou. “Hoje temos que olhar cada vez mais para a Ásia, porque é onde devemos estar”, afirma.

Um dado interessante mostrado por Junk é que 51% da população mundial está concentrada na Ásia. “Tem mais gente ali do que no restante no mundo. Porém, mesmo com tanta gente, eles concentram somente 20% da riqueza, 18% das terras e 23% da água. Metade da população mundial vive em uma região que ainda é pobre”, demonstra. Além disso, o consumo de proteínas dessa região também ainda é baixo. “Hoje o Brasil está consumindo certa de 100 quilos de carne por habitante/ano, média de uma país rico. Na Ásia esse consumo não chega a 20. Por isso lá tem um grande potencial”, assegura.

O engenheiro agrônomo comenta que até poucos anos atrás quem dominava a expansão e a evolução mundial eram os Estados Unidos e a Europa. Porém, hoje esse cenário mudou. “Hoje a expansão está sendo dominada pela China, não somente no comércio, porque nesse fator eles já estão dominando de longe há algum tempo, mas também na integração e outros fatores. Cada vez mais é lá que devemos nos concentrar, nessa área da Ásia”, afirma. A área citada pelo profissional diz respeito não somente à China, mas também ao Sudeste da Ásia, Índia, Oriente Médio e África. “A África vai ser superpopulosa nos próximos anos, e, por isso, serão um grande consumidor de alimentos”, diz.

Para Jank, a área que merece atenção do agronegócio nacional é aquele formada por países como China, Japão, Coreia e Sudeste da Ásia. “Essas regiões representam 2,6 bilhões de pessoas. Eles importam US$ 400 bilhões do agronegócio e somente 11% disso é do Brasil. E isso acontece justamente porque exportamos poucos produtos. Tem produtos que a gente deveria estar mandando para lá, mas não estamos, como é o caso do peixe e do leite”, argumenta. Segundo ele, hoje essa região concentra 30% do PIB mundial, por isso, merece atenção. “O ‘mundo rico’ mudou. Antes a Europa e os Estados Unidos representavam 65% do PIB mundial, mas esse número caiu para 50%. A grande transferência de renda e riqueza da população no mundo nos últimos 40 anos foi para a Ásia”, informa.

Por conta desse crescimento tanto de população quanto de renda é que esta região é tão importante, destaca Jank. “Essa região é o nosso grande destino hoje. E o nosso destino amanhã será a África e Índia. Isso por conta do crescimento populacional. Eles não representam quase nada do que a gente vende, são somente 11%. Mas olha a mudança”, afirma. “O Oeste da Ásia é hoje uma região muito rica, mas eles vão ficar do jeito que estão hoje, não vão crescer mais. Mas olha a África e o Sul da Ásia. Hoje são três bilhões de pessoas, que será cinco bilhões em 2050 e sete bilhões de pessoas em 2100. Ou seja, a população mundial de hoje (7 bilhões) no futuro estará somente na África”, comenta.

Problemas chineses

Hoje a China enfrenta grandes problemas, como é o caso da peste suína, influenza aviária e o coronavírus. “Um lado positivo para nós de todos esses problemas é que a China consumia uma série de carnes exóticas, como cobra e escorpião. Mas isso vai começar a ser bastante controlado na China, assim como também o comércio de animais vivos. Tudo se encaminha para eles começarem a se tornar mais tecnificados. E isso quer dizer que vão se abrir portas para vender mais soja e milho e também manter uma exportação mais estável de carnes. Então, não é todo ruim o que está acontecendo com eles”, afirma.

Para Jank, o grande desafio do Brasil é fazer o processamento de logística lá fora com a mesma eficiência que o país tem na produção. “Nós somos muito bons em produzir, mas perdemos eficiência no momento de processar. Muita coisa pode melhorar no processamento, na logística e na nossa presença lá fora”, comenta. Além disso outro ponto que o país precisa melhorar é a imagem. “Saem do Brasil bons produtos e boas marcas, mas a nossa imagem é muito deteriorada com propagandas e publicações malfeitas. Falta estarmos nos lugares, conversando”, comenta.

E engenheiro agrônomo diz que o desafio do Brasil é melhorar a estrutura e entender melhor o que está acontece lá fora, no mercado externo. “Precisamos entender o mercado e fazer um esforço para entrar nesses países e vender nossos produtos que ainda não temos por lá. Somos gigantes em aves e suínos, então por que não somos gigantes no peixe e no leite? E quem pode fazer esse trabalho pelo Brasil são as cooperativas”, defende. “Nós precisamos entender o mercado e trabalhar da melhor forma possível”, sugere.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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