Empresas
As infecções pelo vírus tipo 2 da Diarreia Viral Bovina (BVD) devem ser consideradas risco para as fazendas?
Baseado em propriedades antigênicas e genéticas, dois grupos do vírus causador da BVD podem ser diferenciadas: BVD tipo 1 e BVD tipo 2.
*Por Roulber Silva, médico veterinário e gerente técnico de grandes animais da Boehringer Ingelheim Saúde Animal
Infecções pelo vírus da Diarreia Viral Bovina (BVD) são endêmicas na maioria dos países com atividade pecuária, causando prejuízos econômicos significativos para a cadeia da carne e do leite.
Baseado em propriedades antigênicas e genéticas, dois grupos do vírus causador da BVD podem ser diferenciadas: BVD tipo 1 e BVD tipo 2. As prevalências para estas espécies variam em todo o mundo, sendo que a BVD tipo 2 representa cerca de 50% dos isolados na América do Norte, enquanto a BVD tipo 1 prevalece na Europa, com mais de 90% dos isolados.
No Brasil, segundo revisão publicada por Matheus Weber e colaboradores em 2014, a prevalência de BVD tipo 1 e BVD tipo 2 é quase igualmente distribuída com frequência de 47-50% de BVD tipo 1 e 42-45% de BVD tipo 2. Essa porcentagem varia de acordo com a localidade, finalidade (gado de corte ou gado de leite) e o tipo de sistema produtivo da fazenda. A maioria dos isolados de ambas as espécies do vírus de BVD são bem adaptadas aos bovinos, sendo que infecções agudas (isto é, transitórias) com cepas de baixa virulência geralmente não são observadas e/ou reportadas, a não ser que outros fatores agravantes estejam relacionados.
Conforme mencionado, as diferentes cepas do vírus da BVD apresentam grande variabilidade de virulência. Nas infecções agudas, devido a um período de imunossupressão transitória, frequentemente haverá a presença de infecções secundárias, levando ao agravamento da doença. Esta é a maneira pela qual esse vírus participa no aparecimento de outras síndromes, incluindo casos de doenças entéricas e respiratórias. Este efeito sobre o sistema imunológico também pode levar ao desenvolvimento dos casos fatais de doença hemorrágica.
O vírus da BVD também interfere extensivamente nas funções reprodutivas, nas quais, dependendo do momento da infecção, poderá ocorrer redução significativa nas taxas de concepção e aumento na incidência de abortos, malformações, natimortos ou o nascimento de animais persistentemente infectados (PI), que são animais imunotolerantes ao vírus. Devido à constante eliminação do vírus por estes animais, eles representam a principal fonte de disseminação do vírus no rebanho. Dessa forma, sua identificação torna-se ponto fundamental em programas de controle ou erradicação da BVD.
Prevalência para BVD – Nos últimos 40 anos, a BVD tornou-se endêmica em todos os países europeus onde não foram implementados programas de controle sistemático da doença. Nessas condições, aproximadamente 50% de todos os rebanhos possuíam animais PI, assim como 90% de todos os animais sofreram exposição ao vírus durante sua vida. Adicionalmente, foi observada alta correlação entre prevalência para BVD e densidade de animais em áreas endêmicas.
Até agora, a presença de BVD tipo 2 foi reportada em diversos países, como Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Áustria, Eslováquia, Itália, Reino Unido, América do Norte e Brasil.
De acordo com relatório do Laboratório de Saúde Animal e Veterinária (AHVLA) no Reino Unido de 2013, foram identificados surtos de BVD tipo 2 na Alemanha e isso foi posteriormente relatado no ProMed1. Até aquele momento, 16 rebanhos na North Rhine Westphalia e na Baixa Saxônia relataram surtos causados por BVDV tipo 2. Tais surtos foram caracterizados por sinais de dificuldade respiratória, depressão, febre alta, fraqueza, diarreia sanguinolenta e alta mortalidade (30-50%), que afetaram tanto bezerros quanto animais adultos.
A BVD é notificável na Alemanha e os rebanhos afetados foram inicialmente submetidos a restrições no trânsito de animais (a não ser que fossem diretamente para o abate) e vacinação do rebanho. Os rebanhos próximos também foram vacinados como medida preventiva. A Holanda reportou cinco rebanhos de bezerros infectados, provenientes de importações diretas da Alemanha. A infecção teve grande impacto nesses rebanhos, com casos de mortalidade de até 90% dos bezerros. A Bélgica também importa bezerros da Alemanha, mas não houve relatos de nenhum surto. O vírus de BVD tipo 2 já foi previamente isolado na Alemanha, mas sem a presença de sinais clínicos severos. A prevalência permanece muito baixa em ambos os países afetados e a disseminação entre fazendas vizinhas e países importadores ainda parece ser muito limitada.
Infecções pelo vírus de BVD tipo 2 também foram reportadas no Reino Unido, mas representam fração muito pequena de todas as cepas identificadas, sendo isolado muito raramente. Adicionalmente, a subtipagem das cepas não é rotineiramente realizada. Portanto, ainda não se sabe o quão significativa é a presença deste genótipo.
Com prevalências do BVD tipo 2 variando de 42-45% demonstra a existência de desafio muito maior desse grupo antigênico no Brasil e fica evidente a importância da BVD tipo 2 e seus riscos para propriedades de corte e de leite em nosso país.
Fonte: Ass. de Imprensa

Empresas Discussões sanitárias
American Nutrients reforça a cadeia exportadora da carne suína ao aderir ao programa livre de ractopamina
A empresa oficializou sua adesão total ao programa como parte de uma estratégia de competitividade

A ractopamina, um agonista β-adrenérgico amplamente utilizado para melhorar ganho de peso e eficiência alimentar em suínos, permanece no centro das discussões sanitárias internacionais. Embora seu uso seja regulamentado no Brasil, diversos mercados estratégicos — como União Europeia, China e Rússia — possuem tolerância zero para resíduos desta substância em produtos de origem suína.
O ponto crítico está na cadeia de alimentação: a inclusão de ractopamina na ração de suínos pode resultar na sua detecção na carne, mesmo quando utilizada dentro das doses permitidas. Essa presença residual é suficiente para inviabilizar exportações e comprometer toda a cadeia produtiva voltada a mercados que adotam exigências mais restritivas.
Com o objetivo de assegurar conformidade sanitária, rastreabilidade e segurança na exportação, o Ministério da Agricultura e Pecuária instituiu o Programa de Produção Livre de Ractopamina. A certificação reconhece empresas que mantêm protocolos rigorosos de controle para garantir ausência parcial ou total da molécula em qualquer etapa da produção de rações para suínos.
A American Nutrients oficializou sua adesão total ao programa como parte de uma estratégia de competitividade e alinhamento às demandas globais. Ao assegurar que suas soluções nutricionais estão completamente isentas de ractopamina, a empresa fortalece a confiança de frigoríficos, integradoras e produtores que dependem de dietas certificadas para acessar mercados premium.
Esta iniciativa reforça o compromisso da American Nutrients com a qualidade, a transparência e a sustentabilidade da cadeia suinícola. Em um cenário de crescente rigor sanitário internacional, a nutrição animal livre de ractopamina é um elemento-chave para manter e expandir a participação brasileira nos mercados mais exigentes do mundo.
Empresas
Inteligência Artificial conta 140 mil ovos por dia com 99,9% de precisão e transforma avicultura
Entre outros indicadores, tecnologia da ALLTIS monitora temperatura, água e volume de grãos nos silos, reduz perdas e aumenta produtividade da Granja São Marcos, de Mogi-Guaçu (SP)

A Granja São Marcos, de Mogi-Guaçu (SP), alcança um novo patamar de produtividade após a implementação do sistema de inteligência artificial da empresa de tecnologia ALLTIS. Com produção diária de 140 mil ovos, o equivalente a 4,7 milhões por mês, a granja – dona da marca Naturegg – estima ganhos operacionais de até 90% após a integração de um pacote de sensores controlado por IA, que permite controle sanitário, monitoramento ambiental e gestão de recursos com mais segurança, precisão e eficiência. A ALLTIS resolve problemas crônicos da avicultura, transformando as granjas em propriedades 4.0 e contribuindo para o aumento da produtividade e a redução de custos. Recentemente, a ALLTIS firmou sociedade com a MCassab Nutrição e Saúde Animal, empresa do Grupo MCassab, especialista em nutrição e saúde animal há mais de meio século.
Fundada em 1983 pela família Teixeira, a São Marcos deixou de ser fornecedora de frangos vivos para ser uma produtora de ovos orgânicos e caipiras livres de antibióticos, comercializados sob a marca Naturegg. Hoje, tem 170 mil aves em postura e distribuição para seis estados brasileiros – São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
A necessidade de incluir a tecnologia e digitalizar os processos em uma atividade historicamente tradicional, decorre do volume de informações exigidas tanto para gestão do negócio quanto pelos órgãos certificadores. Diariamente, a equipe da São Marcos passou a registrar pela IA, entre outros, dados de temperatura, umidade, consumo de água e ração, taxas de mortalidade e indicadores de bem-estar animal.
“Nosso maior desafio sempre foi transformar informação em decisão. Com a operação que temos hoje, isso já não era possível de forma tradicional. A tecnologia traz agilidade, segurança e capacidade de gerir de maneira eficiente e de antecipar problemas. Agora, conseguimos agir antes que o impacto aconteça”, afirma Matheus Teixeira, diretor comercial da Naturegg.
A parceria com a ALLTIS foi importante para os planos da São Marcos. A granja utiliza quatro frentes tecnológicas da startup: monitoramento ambiental (Sense), controle do consumo de água (Aqua), gestão automática dos silos (Domo) e contagem de ovos por inteligência artificial (EggTag) com precisão de 99,9%. “Cito um exemplo: antes de ter o monitoramento das informações por IA, nossos funcionários precisavam subir em 21 silos para verificar o estoque de ração, enfrentando risco de acidentes e imprecisão nos cálculos. Agora, todo o controle é feito pelo celular, com previsões de consumo e alertas programados”, explica Tailisom Silva, gerente da granja.
“Ter dados confiáveis em tempo real é essencial para obter resultados melhores e maior precisão na gestão. O mercado exige rastreabilidade e sustentabilidade, e a tomada de decisão precisa ser rápida e embasada. Nosso papel é transformar dados em informações úteis para o dia a dia e entregar tecnologias que se adaptam às necessidades e realidade do produtor”, afirma André Aquino, sócio e COO da ALLTIS.
“O exemplo da São Marcos mostra o quanto a tecnologia é importante para potencializar a produtividade das granjas de postura. Mas não apenas isso. É essencial monitorar todas as áreas do negócio e, assim, reduzir os gargalos, que são vários. A tecnologia da ALLTIS está disponível para contribuir para vencer esse desafio”, ressalta Mauricio Graziani, diretor executivo da MCassab Nutrição e Saúde Animal, acionista da ALLTIS.
Outros avanços devem vir nos próximos meses, como a automatização da contagem de ovos com identificação por tamanho e coloração. A expectativa é reduzir ainda mais o índice de erros humanos e dispor de dados detalhados para ajustar o manejo à tecnologia e otimizar o rendimento da produção de ovos.
Para Matheus, a digitalização dos processos é um caminho indiscutível. “O maior erro é achar que a tecnologia é algo distante ou complicado. É o contrário. Ela simplifica, reduz perdas e dá clareza para agir. Quem não se permitir evoluir vai ficar para trás”, ressalta o diretor comercial da Naturegg.
Empresas Ameaça silenciosa
Como a Doença de Gumboro Afeta a Sanidade, Performance e Rentabilidade das Aves
Altamente contagiosa, a enfermidade viral desafia o sistema imunológico das aves e pode gerar prejuízos expressivos à avicultura industrial

A avicultura industrial brasileira, reconhecida mundialmente por sua eficiência produtiva, enfrenta desafios cada vez mais complexos no manejo sanitário dos plantéis. Entre esses desafios, a Doença de Gumboro, também chamada de Doença Infecciosa da Bursa (DIB) é altamente contagiosa. A enfermidade viral acomete principalmente aves jovens entre 3 e 10 semanas de idade, comprometendo o sistema imunológico e impactando diretamente o desempenho zootécnico das granjas.
A doença é causada por um vírus do gênero Avibirnavirus, notável por sua resistência ambiental — capaz de permanecer ativo por longos períodos mesmo após procedimentos de limpeza e desinfecção. Ao atingir a bolsa de Fabricius, órgão essencial à formação das células de defesa das aves, o vírus provoca imunossupressão severa, tornando os animais mais vulneráveis a outras infecções e interferindo na eficácia de vacinas de rotina.
Além do impacto financeiro direto, os efeitos produtivos da doença são amplos e muitas vezes silenciosos na forma subclínica. Em um cenário de alta densidade de alojamento, o controle da imunossupressão é um fator decisivo para sustentar a competitividade da produção de frangos no país.
“A Doença de Gumboro é uma ameaça muitas vezes silenciosa, mas de alto impacto econômico. Mesmo infecções subclínicas, podem reduzir o ganho de peso, comprometer a conversão alimentar e afetar a qualidade dos ovos. O monitoramento eficaz é o primeiro passo para conter o avanço da enfermidade e proteger o potencial produtivo das granjas”, destaca Eduardo Muniz, Gerente Técnico de Aves da Zoetis Brasil.
Na prática, o produtor pode perceber a presença da doença por sinais clínicos como depressão, diarreia aquosa, desidratação e penas arrepiadas. Contudo, é a observação de indícios produtivos como a queda na taxa de ganho de peso diário ou a redução na qualidade dos ovos que costuma revelar a circulação do vírus em sua forma subclínica. Em lotes de alto desempenho, qualquer variação nesses parâmetros representa perda direta de margem e eficiência.
“Em granjas industriais, onde milhares de aves convivem em densidades elevadas, a probabilidade de disseminação viral é alta. O controle eficaz depende de um conjunto de medidas: vigilância sanitária constante, diagnóstico laboratorial preciso e imunização bem planejada. Mais do que uma rotina de biosseguridade, trata-se de uma estratégia de rentabilidade”, reforça Muniz.
A prevenção da Doença de Gumboro deve ser encarada como um investimento zootécnico estratégico. Além da escolha de vacinas adequadas à realidade imunológica dos lotes, é essencial realizar o acompanhamento técnico dos resultados, observando tanto o desempenho produtivo quanto a resposta imunológica. O uso de vacinas como a Poulvac® Procerta® HVT-IBD vacina de vírus vivo congelado contra as doenças de Marek e Gumboro, torna-se uma ferramenta fundamental dentro de estratégias preventivas consistentes e de longo prazo. A vacinação pode ser feita via subcutânea, ou in ovo em ovos embrionados de galinha saudáveis com 18 a 19 dias de idade.
Para a Zoetis, líder mundial em saúde animal, o enfrentamento da Doença de Gumboro faz parte do ciclo contínuo de cuidado. A empresa reafirma que, em um cenário global cada vez mais desafiador, sanidade é sinônimo de desempenho, e o cuidado com a imunidade é o alicerce da produção avícola moderna.
