Avicultura
As ferramentas para substituição dos AGP estão prontas para entrar em ação
Resultados de mais de duas dezenas de ensaios revelam que inovadores promotores de crescimento podem proporcionar um valor real para a produção avícola moderna
Artigo escrito por Richard Markus, assistente do Diretor de Desenvolvimento e coordenador Global de Vendas Técnicas da Biomin e Franz Waxenecker, diretor do Departamento de Desenvolvimento da Biomin
A produção industrial mais intensiva apresentou maiores exigências para as aves e deu origem a vários desafios relacionados com a saúde intestinal, incluindo problemas de disbiose não específicos, redução da digestibilidade de nutrientes e função de barreira diminuída. Estes problemas representam uma pressão para a rentabilidade da exploração e explicam, pelo menos em parte, as motivações para a aplicação subterapêutica de antibióticos para a prevenção de doenças e a promoção do crescimento. Um recente estudo científico salienta que, no setor da avicultura, o consumo global de antibióticos promotores de crescimento (AGP) é três vezes superior ao do setor do gado: 45 mg/kg vs 148 mg/kg. Sem indicarem qualquer relacionamento entre o nível de resistência e o uso de antibióticos, estudiosos salientam que a dose subterapêutica de antibióticos recomendada aumentou nos últimos 60 anos, de 10 – 20 g/tonelada no início da década de 1950 para 40 – 50 g/tonelada na década de 1970, e para 30 – 110 g/tonelada na atualidade.
Novas maneiras de promover o crescimento
As experiências nos países que foram pioneiros na erradicação de AGP, tais como a Suécia em 1986 e a Dinamarca em 1998, demonstram que uma mudança para a produção sem antibióticos acarreta desafios a curto prazo, que podem ser ultrapassados, passando o desempenho do lote a atingir níveis ainda mais elevados. A substituição dos AGP depende de uma abordagem holística para melhorar o estado de saúde e o desempenho dos animais através de uma melhor gestão, medidas de biossegurança, programas de vacinação, diagnóstico e estratégia de alimentação. Uma vez que os custos da ração contribuem para uma parte significativa (até 70 %) dos custos de produção total, a estratégia de alimentação é um aspecto crucial. Ácidos orgânicos, aditivos fitogênicos para rações (botânicos ou PFA), probióticos (microbianos de administração direta,) e prebióticos foram identificados como potenciais substitutos dos antibióticos nas rações. Eles atuam de maneiras diferentes (vários modos de ação) para impedir a proliferação de bactérias nocivas, para promover a saúde e o estado imunitário, e para melhorar o desempenho dos animais, por exemplo, influenciando a resposta anti-inflamatória de uma ave.
Resultados semelhantes ou superiores
Foi aplicado um significativo esforço para identificar que aditivos conseguirão reduzir o uso de AGP. Para conseguir a aceitação, em geral, os inovadores promotores de crescimento (NGP) devem ter um desempenho aproximadamente semelhante, bem como em condições práticas. Através da observação de 25 ensaios em frangos de corte realizados em vários países em todo o mundo (fitogênicos, produtos orgânicos à base de ácidos e microbianos) em diversas fases da produção, cada grupo de NGP apresentou resultados semelhantes em média em termos de Conversão Alimentar (CA) e ganho de peso diário (GPD) em comparação com o grupo AGP. Em 14 ensaios, a taxa de conversão alimentar revelou uma melhoria média de 0,05 no grupo suplementado com fitogênicos versus o grupo de AGP (controle). Isso pode dever-se ao fato de os aditivos fitogênicos para rações (PFA) apresentarem uma tendência para melhorar a digestão e o estado anti-inflamatório e anti-oxidativo do animal, direcionando mais energia para o crescimento. O aditivo a base de ácidos orgânicos apresentou uma melhoria de 0,01 FCR versus os grupos de AGP numa média ao longo de cinco ensaios. Uma potencial explicação relaciona-se com o efeito antimicrobiano do aditivo que suporta a higiene da ração e da água, o controle de bactérias gram-negativas, e que reduz a carga bacteriana total. Os microbianos (probióticos) apresentaram uma CA 0,02 superior ao grupo suplementado com AGP em seis ensaios sem desafio. O modo de ação dos microbianos serve para reforçar uma microbiota intestinal saudável, e melhorar a função imunitária do intestino, com um efeito no crescimento, principalmente em condições de produção desafiantes.
Em termos de ganho de peso diário das aves, os valores de gramas por dia dos grupos acidificante e microbiano foram semelhantes aos dos grupos AGP (figura 2). O grupo suplementado com fitogênico apresentou uma ligeira melhoria (1,5%) em comparação com o grupo AGP. O ganho de peso diário pode influenciar maiores rendimentos de carcaça. A mortalidade absoluta nos grupos de NGP foi inferior em média em comparação com os grupos de AGP. A melhoria mais significativa foi observada nos grupos suplementados com microbianos nos seis ensaios onde a mortalidade foi reduzida mais de 30 % versus os grupos de AGP. A mortalidade nos grupos dos produtos à base de fitogênicos e ácido orgânico foi de 12,3 % e 1,3 % mais baixa em comparação com os grupos de AGP, respectivamente.
Identificando a ferramenta certa
Estes resultados sugerem que o desempenho do lote pode ser mantido com promotores de crescimento naturais, os quais podem ser considerados como uma importante ferramenta nas estratégias de redução de antibióticos. Contudo, parece óbvio que vários NGP têm modos de ação diferentes, tendo de ser suplementados no momento certo e/ou na combinação correta, dependendo do desafio específico com que os animais se deparam ao longo da produção. Os objetivos dos NGP devem sempre focar na prevenção da doença e não no tratamento. As espécies, a fase de produção, as condições da exploração, a dosagem do produto e as considerações de ROI influenciam a escolha do aditivo para ração.
Além disso, foi comprovado que combinações de aditivos atuam com sucesso em situações especiais para se atingirem objetivos específicos ou contornar os desafios tais como micotoxinas ou bactérias patogênicas. Isto significa que os produtos orgânicos à base de ácido, os microbianos e os aditivos fitogênicos podem desempenhar um papel na produção do futuro no âmbito de uma solução personalizada para ajudar os produtores a atingir os objetivos de saúde e de desempenho das aves.
Mais informações você encontra na edição de Aves de agosto/setembro de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
