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Arthur Igreja explana sobre tecnologia e inovação na abertura do 15º SBSS
Palestrante salientou que a inovação não ocorre do dia para a noite e que ela, no agronegócio e fora dele, é desenvolvida há muitos anos, em todo o mundo.

Tecnologia e inovação são temas que transitam por todos os setores de atuação e são importantes para qualquer área profissional. Além disso, as tecnologias precisam ser simples de usar, úteis e proporcionarem melhores resultados. As afirmações são do palestrante Arthur Igreja, que explanou sobre “A tecnologia como fonte de inovação dentro do agronegócio: a suinocultura está olhando para isso?”, na palestra de abertura do 15º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), patrocinada pela Farmabase, na noite de terça-feira (8), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).
Arthur salientou que a inovação não ocorre do dia para a noite e que ela, no agronegócio e fora dele, é desenvolvida há muitos anos, em todo o mundo. Atualmente, diversas soluções fazem parte do dia a dia, mas as novas tecnologias ainda geram dúvidas, frisando que isso faz parte do processo de adaptação à sua utilização.

Palestrante Arthur Igreja
O palestrante fez um resgate histórico da aceitação do carro no lugar de charretes e cavalos. A primeira pessoa a vender um carro com quatro rodas e motorizado nos Estados Unidos foi Alexander Winton. “Ele fabricava bicicletas e as pessoas adoravam porque elas perceberam que podiam ir mais longe, mais rápido, ou seja, produtividade”, disse Arthur. Porém, Winton se incomodava com o fato da pessoa ter que fazer força e pensou em um jeito de fazer isso melhor. Então, começou a descobrir os motores a vapor e elétricos, construiu o carro e, por volta de 1893, começou a converter a fábrica de bicicleta para carro, mas as pessoas simplesmente não queriam. “Ele começou a trabalhar nessa rejeição, pois havia um medo terrível que o carro podia explodir. Foi uma batalha de 37 anos para as pessoas começarem a entender que aquilo fazia algum sentido”.
Para Arthur, essa história é para entender o quanto não é fácil mudar. “Um dos argumentos da época é de que não tinham postos de combustíveis e, realmente, não surgem postos de um dia para o outro. Esse é o mesmo argumento atual em relação aos carros elétricos, que não há estações de carregamento, isso é uma oportunidade” salientou. “Mudam os temas, mudam os setores e a reação do ser humano é sempre a mesma. Muitas vezes temos a solução tecnológica, uma resposta, um método, mas as pessoas não conseguem enxergar que é uma coisa boa”, analisou.
Arthur salientou que a tecnologia é imprescindível e é um pré-requisito para a alta performance. “Atualmente temos uma série de assuntos resolvidos, mas eles foram iguais às batalhas de Alexander Winton. O que presenciamos com a pandemia? Quantas empresas descobrindo certos canais digitais que existiam desde os anos 90? Quantas empresas que criaram o seu e-commerce pela primeira vez em 2020 e podia ter feito isso 23 anos antes? Resumindo, troca a tecnologia, o tempo, mas a reação é a mesma. Nosso cérebro tem uma programação fantástica do que é conhecido, isso é gatilho que inibe o uso de coisas novas”, comentou.
Após essa avaliação, Arthur falou sobre inteligência artificial e da importância das empresas e dos profissionais acompanharem a tecnologia. Enfatizou que a tecnologia precisa ser útil, simples o suficiente e gerar resultados, além de ter boa comunicação com o usuário, que necessita visualizar sua utilidade e seus benefícios. “Com a inteligência artificial teremos impactos significativos no agronegócio, um deles será no desenvolvimento de produtos”, frisou.
Explanou sobre o desafio, no setor de suinocultura, que precisa estruturar dados para alimentar sistemas de inteligência artificial. “As empresas que já estão tendo ganhos com inteligência artificial passaram por uma estruturação robusta das informações, com sensores, dados em nuvem e digitalização, pois é com isso que se alimenta a inteligência artificial. Quem fez esse dever de casa terá saltos de produtividade muito maiores. Quem usa tecnologia se torna incrivelmente mais competitivo”, concluiu Arthur Igreja.
Sobre o 15º SBSS
O 15º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e segue até esta quinta-feira (10), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC), no formato híbrido. Simultaneamente ocorrem a 14ª Brasil Sul Pig Fair e a Granja do Futuro, presencialmente. As palestras ficarão disponíveis durante 30 dias para acesso dos inscritos no site do Nucleovet.
Antes da palestra de Arthur Igreja, ocorreu a solenidade de abertura do SBSS, com a presença de autoridades, palestrantes e congressistas. O secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Valdir Colatto, frisou que o evento está cada vez maior e mais importante. “O setor de produção de proteína animal é pujante no estado, mas tem desafios e precisamos superá-los”. O secretário de Desenvolvimento Rural de Chapecó, Mauro Zandavalli, enfatizou o conhecimento proporcionado pelo SBSS. “Aproveitem ao máximo o Simpósio e sempre levem aprimoramento para suas organizações”.
A importância do evento também foi salientada pelo presidente do Sindicarne, José Antônio Ribas Júnior, que citou alguns números da suinocultura. “No primeiro semestre deste ano as exportações brasileiras de carne suína alcançaram 589,8 mil toneladas, com receita de US$ 1,413 bilhão. Em Santa Catarina, foram exportadas 320,1 mil toneladas de carne suína no primeiro semestre, com receitas de US$ 793,9 milhões”.
O presidente do Nucleovet, Lucas Piroca, realçou a importância do evento e das pessoas que fazem o Simpósio acontecer: patrocinadores que acreditam na importância do compartilhamento de conhecimento, que é o objetivo do SBSA, diretoria do Nucleovet, comissão organizadora, congressistas e demais envolvidos. “Nosso objetivo é promover o desenvolvimento técnico, científico e social. Por isso, a opinião dos participantes é importante, com sugestões para os próximos eventos”, reforçou.
O diretor comercial da Farmabase, Vítor Franceschini, ressaltou que a empresa apoia o SBSS há muitos anos. “É um grande evento para trocar experiências e para a abertura trouxemos o tema sobre inovação, que sempre é fator determinante para o sucesso dos negócios”.
Doação
Tradicionalmente, em todos os Simpósios que promove, o Nucleovet doa parte do valor das inscrições pagas para entidades. Nesta edição do SBSS, a comissão organizadora definiu por fazer a doação para a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Chapecó e para a Sociedade Amigos dos Bichos. A presidente da Rede Feminina, Fátima Da Cas Zanella, e a vice-presidente, Ronice Schmitz, e a presidente da Sociedade Amigos dos Bichos, Giuvana Becker, e a voluntária Jovane Bottin receberam um cheque simbólico das doações.
Neste ano, o SBSS também tem a NúcleoStore, uma loja exclusiva do Nucleovet com produtos personalizados. O valor arrecadado com as vendas será destinado a uma entidade beneficente.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.


