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Armazenamento de energia em baterias se torna aliado estratégico e impulsiona agronegócio
Soluções do mercado de energia, como as microrredes com armazenamento em baterias (BESS – Battery Energy Storage System), começam a transformar a realidade de fazendas e cooperativas

O agronegócio brasileiro vive uma transformação silenciosa, mas decisiva: a energia tornou-se um dos fatores mais estratégicos para a competitividade no campo. Com a expansão das áreas irrigadas, que podem triplicar o valor da terra e elevar significativamente a produtividade, produtores rurais enfrentam agora o desafio de garantir fornecimento elétrico estável e contínuo. Em diversas regiões, o limite técnico de fornecimento das distribuidoras de energia impede a expansão de projetos e dificulta o avanço de novas tecnologias agrícolas.
Nesse cenário, soluções do mercado de energia, como as microrredes com armazenamento em baterias (BESS – Battery Energy Storage System), começam a transformar a realidade de fazendas e cooperativas. Elas permitem armazenar energia gerada nos períodos de menor demanda ou maior produção fotovoltaica e utilizá-la nos horários de pico, reduzindo custos e assegurando o funcionamento de pivôs, bombas e sistemas de refrigeração mesmo em regiões com redes instáveis.
Segundo estudo da Greener, no último ano, a demanda por componentes para sistemas de BEES no Brasil cresceu 89% em relação a 2023. O levantamento da consultoria mostra que, até 2024, o país acumulou 685 MWh de capacidade instalada, sendo que 70% atende a sistemas isolados. Somente no último ano, foram 269 MWh adicionados, um crescimento de 29% frente ao registro de 2023. A queda de cerca de 85% no custo das baterias nos últimos dez anos também tem tornado o investimento mais acessível, consolidando o modelo híbrido de microrredes — fotovoltaico + BESS + diesel — como uma alternativa mais econômica e sustentável do que o uso isolado de geradores a combustão.
“Hoje, muitos produtores querem expandir suas áreas irrigadas e ver seus projetos em andamento, mas são limitados pela capacidade da distribuidora de energia de fornecer mais energia. As baterias representam a possibilidade de crescer com autonomia, previsibilidade e eficiência, sem depender exclusivamente da rede”, explica Diogo Zaverucha, diretor da Unidade de Negócios de Armazenamento de Energia da Brasol, companhia com atuação consolidada em ativos de transição energética, tendo a Siemens e BlackRock como principais acionistas.
Em regiões como o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), já há propriedades rurais operando com microrredes que integram essas tecnologias. Além da economia, o modelo oferece backup instantâneo em caso de interrupções do fornecimento da distribuidora de energia, reduz o desgaste de equipamentos causados por variações de tensão e frequência da rede e diminui a sobrecarga nas redes locais. “O BESS dá ao produtor a capacidade de manter suas operações críticas mesmo em situações de instabilidade elétrica, além de otimizar o uso da energia solar gerada na própria fazenda”, complementa Diogo.
Além do ganho operacional, há um impacto ambiental direto. A substituição parcial dos geradores a diesel por sistemas híbridos pode reduzir significativamente as emissões de CO₂ no campo e contribuir para o avanço da agenda ESG do agronegócio.
Para a Brasol, que opera um portfólio nacional de infraestrutura energética com foco em geração solar, subestações, carregamento de veículos elétricos e baterias, o campo é a próxima fronteira da transição energética no Brasil. “O agronegócio está se tornando também uma agroindústria elétrica. Irrigação, climatização, refrigeração e eletrificação de máquinas são atividades cada vez mais intensivas em energia, e o BESS é o elo que garante segurança e competitividade nesse processo”, conclui o diretor.

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Paraná regulamenta lei que proíbe reconstituição de leite em pó importado
Medida é considerada vitória pelo Sistema Faep e busca proteger produtores locais diante da crise da cadeia leiteira e do avanço das importações.

O Governo do Paraná regulamentou, na última quinta-feira (11), a Lei 22.765/2025, que proíbe a reconstituição de leite em pó e outros derivados de origem importada no estado. A medida é vista pelo Sistema Faep como uma vitória para os produtores paranaenses. A nova legislação é fruto da atuação da entidade junto à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e da administração estadual pela aprovação da medida.
A cadeia do leite vive um momento delicado atualmente. Segundo levantamento da Câmara Técnica do Conseleite Paraná, em agosto de 2024, muitos produtores receberam menos de R$ 2 por litro, valor insuficiente para cobrir os custos de produção, estimados em R$ 2,62. Um dos grandes motivos para estra crise foi o aumento das importações de leite em pó e queijo, especialmente de países do Mercosul, além da baixa capacidade de compra do consumidor brasileiro.

Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema Faep: “Estamos ao lado dos produtores de leite paranaenses e comemoramos essa conquista”
Para o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette, a regulamentação traz fôlego, principalmente, às pequenas e médias propriedades, que representam a maior parte da produção estadual“. “Estamos ao lado dos produtores de leite paranaenses e comemoramos essa conquista. É um avanço importante para que o setor volte a se equilibrar”, afirma. “Essa é uma medida importante. Vamos seguir trabalhando para mais conquistas, visando minimizar a crise do setor”, complementa.
Com a nova regra, ficam proibidas operações industriais, comerciais ou de beneficiamento que envolvam a adição de água ou outros líquidos ao leite em pó, composto lácteo, soro de leite ou produtos similares importados, quando o produto final tiver como destino o consumo no Paraná.
Atuação
Desde 2023, o Sistema Faep alerta para a necessidade de medidas efetivas contra os efeitos das importações. A entidade teve papel decisivo na aprovação do Decreto 5.396/2024, que incluiu o leite em pó e a muçarela importados na alíquota comum de ICMS.
Em âmbito nacional, o Sistema Faep reforça o pedido de revisão urgente da investigação de dumping sobre o leite em pó vindo do Mercosul, defendendo políticas que garantam concorrência justa e sustentem a pecuária leiteira brasileira.
Presente nos 399 municípios do Paraná, a atividade leiteira é essencial para a geração de renda e emprego no campo.
Para valorizar essa produção e reconhecer a qualidade do leite paranaense, o Sistema FAEP participa, junto de outras entidades parceiras, do Prêmio Queijos do Paraná, que destaca os melhores queijos do estado com medalhas de bronze, prata, ouro e super ouro.
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Gadolando homenageia destaques da cadeia leiteira no Prêmio Holandês 2025
Cerimônia em Esteio reuniu produtores, cooperativas, autoridades e parceiros, com cobranças por medidas mais efetivas para enfrentar a crise do leite no Rio Grande do Sul.

Em meio a presença de produtores, cooperativas, entidades financeiras parceiras e autoridades, a Associação de Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) promoveu neste sábado, 13 de dezembro, a cerimônia de entrega do Prêmio Destaques Holandês 2025. O evento ocorreu no Pavilhão do Gado Leiteiro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). A iniciativa premia criadores que se destacaram em 2025 ajudando na atividade leiteira. Foram agraciados criadores, entidades parceiras, cooperativas, poder público e imprensa que apoiaram a atividade.
O presidente da Gadolando, Marcos Tang, e que também preside a Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), saudou os presentes, agradeceu a presença de produtores e parceiros, mas cobrou soluções efetivas por parte dos governantes para aliviar a pressão sobre a cadeia leiteira. Segundo Tang, embora a Gadolando esteja empenhada em apoiar os produtores, há limites para a atuação da entidade diante de um cenário adverso. “A crise do leite é global, mas no Rio Grande do Sul ela se agrava em função dos problemas climáticos”, destacou. O dirigente observou ainda que, para aqueles que permanecem na atividade, o momento pode ser oportuno para investir na compra de vacas e na melhoria genética dos rebanhos.
Tang também fez críticas à condução política do setor, afirmando que muitos agentes com poder de decisão deixam de agir e que, em alguns casos, os produtores acabam sendo manipulados. Ele ressaltou que parte das críticas dirigidas à indústria leiteira ignora a realidade dos custos de produção. “Metade dos que criticam não conhece o que custa produzir leite”, afirmou.
Entre as propostas apresentadas, Tang defendeu medidas mais firmes em relação às importações. A Gadolando, segundo ele, apoia a regulamentação e, por um peŕiodo, o bloqueio das importações de leite e derivados. O pedido de medidas antidumping já foi aceito, mas o presidente da Gadolando alertou que os resultados devem levar meses para se concretizar.
O presidente da Gadolando enfatizou a necessidade de um amplo debate envolvendo produtores, indústria e varejo para preservar a cadeia produtiva. Ele reconheceu iniciativas do governo estadual, como a compra de leite, mas avaliou que são necessárias ações mais eficazes. Também sugeriu parcerias com a indústria para estimular o consumo, citando como exemplo a oferta de leite em locais onde se serve café.
Por fim, o dirigente defendeu uma estratégia de longo prazo para transformar o Brasil em um país exportador de lácteos, com foco em saneamento e qualidade. “Precisamos trabalhar juntos e votar com sabedoria para eleger representantes comprometidos com o setor”, concluiu, lembrando que a crise não se limita ao Rio Grande do Sul, mas faz parte de um problema global, intensificado pelos desafios da produção local.
Entre as autoridades presentes, o secretário estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) Edivilson Brum, o diretor-geral da Seapi, Márcio Amaral, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, a subsecretária do Parque Assis Brasil, Elizabeth Cirne Lima, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, Armando Rabbers, o diretor Administrativo da Farsul, Francisco Schardong, o secretário de Desenvolvimento e Meio Ambiente de Esteio, Francisco Alves, e o deputado federal Ubiratan Sanderson.
Representando o governo do Estado, o secretário da Agricultura, Edivilson Brum, referiu que a presença do Piratini no evento demonstra o reconhecimento das autoridades ao trabalho fundamental feito no campo. “É importante prestigiar o agro, um setor que gera emprego, renda e que representa 40% do PIB gaúcho”, destacou.
Entre os agraciados do Destaque Holandês 2025 estão as cooperativas Agrícola Mista General Osório, Dália Alimentos, Santa Clara e Tritola Mista Campo Novo. Sindilat e Apil (Entidades Parceiras), Rubimar Franco (Destaque Apoio Técnico) Vitor Hugo Pereira (reconhecimento por serviços prestados), Milton Evandro Nunes, assessor da Farsul (Destaque Amigo do Gado Holandês).
Empresas parceiras foram premiadas com a Lactalis com o Destaque Ouro e o Destaque Prata com as empresas Metalúrgica Rahsal, Trator Gera, Semex, Selectsire, Genex, Eurolatte, Angulos, Raizar, Cooperativa Triticola Mista Campo Novo (Cotricampo). O Banrisul ficou com o Destaque Banco Parceiro, a Farsul, com o Destaque Especial, A Febrac com o Destaque Entidade Parceira, o jornalista do Conexão Rural, Alex Soares, com o Destaque Imprensa, e o secretário da Agricultura, Edivilson Brum, com o Destaque Político.
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Mato Grosso registra maior exportação de carne bovina de sua história
Foram 112,8 mil toneladas enviadas ao mercado internacional apenas em novembro. No acumulado de janeiro a novembro, o estado atingiu 867,7 mil toneladas embarcadas, crescimento de 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

Mato Grosso encerrou novembro com o maior volume de exportação de carne bovina já registrado pelo estado. Foram 112,8 mil toneladas enviadas ao mercado internacional apenas no mês, um recorde histórico. No acumulado de janeiro a novembro, o estado também superou todas as marcas anteriores e atingiu 867,7 mil toneladas embarcadas, crescimento de 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado, que já havia sido o melhor desempenho até então.
Em novembro deste ano, o estado ultrapassou a carne bovina exportada durante 2024, quando foram vendidas 759,3 mil toneladas da proteína bovina. Esse avanço reforça a posição de Mato Grosso como o maior exportador brasileiro de carne bovina e um dos principais fornecedores globais.

Fotos: Shutterstock
“Esses números mostram, mais uma vez, a força da pecuária mato-grossense no cenário internacional. Não se trata apenas de volume: estamos exportando uma carne cada vez mais competitiva, sustentável e alinhada às exigências dos principais mercados do mundo. O desempenho histórico de novembro comprova que o setor está preparado para crescer com responsabilidade, ampliando acesso a novos destinos e fortalecendo a confiança global na carne produzida em Mato Grosso”, afirma o diretor de Projetos do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Bruno de Jesus Andrade.
Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o resultado foi impulsionado principalmente pelo aumento expressivo dos embarques para a China, que segue como principal destino e responde por 54,8% de toda a carne bovina exportada pelo estado em 2025. O país asiático mantém forte demanda por proteína de alta qualidade, o que favorece a competitividade de Mato Grosso.
Além da China, mercados como Rússia e Chile ampliaram suas compras ao longo do ano. O movimento reflete, em parte, o ganho de competitividade da carne mato-grossense, beneficiada pela eficiência produtiva, rastreabilidade crescente e fortalecimento das práticas socioambientais.

“Quando vemos China, Rússia, Chile e outros mercados ampliando suas compras, isso significa que a carne mato-grossense está ganhando competitividade pela qualidade, pela previsibilidade e pela sustentabilidade do sistema produtivo. É um momento que consolida o estado como protagonista global e abre espaço para avançarmos ainda mais em valorização e diferenciação da nossa proteína”, destaca Bruno Andrade.
Além de impulsionar o setor produtivo, o desempenho histórico reforça a importância econômica da pecuária para Mato Grosso. Em 2025, o estado movimentou mais de US$ 3 bilhões com exportações de carnes, contribuindo para o superávit da balança comercial brasileira e para a geração de renda em toda a cadeia — da pecuária de corte à indústria frigorífica.



