Notícias Segundo Sindiveg
Área tratada com defensivos agrícolas cresce 7,3% no 1º trimestre de 2020
Defensivos agrícolas modernos e eficientes cumprem seu papel no combate a doenças e pragas, contribuindo para recordes de safra, exportações e produtividade na agricultura

O Brasil acaba de colher a maior safra de grãos da história, com a produção de 250,9 milhões de toneladas (+3,6% sobre a colheita anterior). Além do recorde, a oferta cresceu 8,8 milhões de toneladas com o uso de apenas 2,2 milhões de hectares a mais. Com isso, a produtividade aumentou de 3.883 kg/ha para 3.887 kg/ha (+0,1%), de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Outro ponto importante foi o crescimento de 5,9% das exportações no primeiro quadrimestre de 2020, atingindo US$ 31,4 bilhões. Este foi o melhor resultado da história, puxado pela soja, cujos embarques somente em abril cresceram 65% em receita (US$ 5,46 bilhões) e 73% em volume (16,3 milhões/t) em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Agricultura.
“Colaborando com o bom desempenho da agricultura brasileira na última safra, a indústria de defensivos agrícolas cumpriu o seu papel de colocar à disposição dos produtores rurais as mais modernas e eficazes tecnologias para combater às doenças, pragas e ervas resistentes que desafiam o produtor. Com isso, a produção total de alimentos, fibras e energia tem aumentado e como resultado do aumento da produtividade, a necessidade de novas áreas para plantio tem sido menor, preservando-se áreas de florestas e evitando-se desmatamento”, ressalta Julio Borges Garcia, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
No primeiro trimestre, o Sindiveg estima que o mercado em PAT (área tratada) cresceu 7,3%, em comparação com o mesmo período de 2019, passando de 513 milhões de hectares para 550 milhões de hectares. O crescimento em toneladas de produtos aplicados foi de 7,5%, atingindo 346 mil toneladas em 2020, contra 322 mil toneladas em 2019. E o volume aplicado por hectare tratado foi de 0,63 kg/ha. Estes dados são do levantamento exclusivo do Sindiveg, encomendado à consultoria Spark.
A distribuição da área aplicada pelos segmentos de defensivos agrícolas está apresentada no gráfico abaixo:

Com o clima tropical do Brasil, as pragas, doenças e ervas resistentes não deram trégua. Para a cultura da soja, os maiores desafios ao aumento da produtividade foram as doenças (ferrugem asiática) e insetos (percevejo), enquanto para o milho foram os insetos (lagartas e percevejos). No caso da cana, as maiores preocupações foram as ervas resistentes (braquiárias) e insetos (cigarrinhas e sphenophorus). Para a cultura de algodão, os insetos, especificamente o bicudo, continua sendo o maior desafio para controle da produtividade. No café, o maior desafio observado foi em relação a insetos (bicho mineiro) e doenças (ferrugem).
“Produzir alimentos num país tropical é um grande desafio, pois as pragas, insetos e ervas resistentes encontram condições extremamente favoráveis ao seu desenvolvimento. A indústria de defensivos continua a fazer significativos investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos cada vez mais eficazes, para que o agricultor possa lidar com este grande desafio à produtividade”, explica Júlio.
O uso de defensivos agrícolas por cultura em termos de PAT (área tratada), para o primeiro trimestre de 2020, ficou da seguinte forma:

Juntos, soja, milho, cana, algodão e café representaram cerca de 90% da utilização de defensivos agrícolas para o controle de pragas, doenças e ervas resistentes.

Compromisso com a produção
As empresas do Sindiveg são parte importante da cadeia produtiva de alimentos e contribuem de forma significativa com o produtor rural no financiamento de suas atividades. Em pesquisa contratada pelo Sindicato, as empresas associadas financiaram em 2019, aproximadamente R$ 21 bilhões para compras de defensivos agrícolas pelo produtor rural em um prazo médio de 240 dias, com aumento em relação a 2018, quando o valor e o prazo médio foram, respectivamente, de R$ 16 bilhões e 225 dias.
Considerando o ano de 2019, a contribuição à sociedade em geral, pode ser observada, em outros, pelo seguinte:
- As 27 associadas geraram 5.000 empregos diretos e cerca de 15.000 beneficiários diretos. Com pagamento de salários, PLR e benefícios e encargos sociais na ordem de R$1.083 milhões;
- Investimentos de R$ 354 milhões, em ativos fixos, ações de marketing, P&D e outros;
- Recolhimento de R$ 548 milhões em impostos federais, estaduais, municipais e taxas regulatórias.

Notícias
Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.
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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.



