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Área com sistemas lavoura-pecuária em Mato Grosso ultrapassa 2,6 milhões de hectares

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Divulgação/Gabriel Faria/Embrapa Solos

Levantamento feito pela Embrapa a partir de uma metodologia inovadora de sensoriamento remoto mostra que o crescimento das áreas com integração lavoura-pecuária (ILP) em Mato Grosso – 1,1 milhão em 2013 para 2,6 milhões de hectares em 2019 – está diretamente relacionado às ações de pesquisa e transferência de tecnologia conduzidas pela Empresa em parceria com produtores no estado. Prova disso é que a maior concentração desses sistemas se encontra no entorno de Unidades de Referência Tecnológica (URTs), que são áreas usadas para validação de tecnologias, na maioria das vezes, em fazendas particulares.

As URTs são conduzidas pelos próprios produtores, com base em recomendações dos pesquisadores da Embrapa e profissionais parceiros. Essas áreas são apresentadas ao setor produtivo em dias de campo, visitas técnicas e capacitações de profissionais de assistência técnica e extensão rural, possibilitando a multiplicação do conhecimento.

De acordo com resultados obtidos no âmbito do Projeto GeoABC liderado por Margareth Simões, pesquisadora da Embrapa Solos (RJ) e especialista em sensoriamento remoto na agricultura, a área de 2,6 milhões de hectares com sistemas ILP observada em 2019 equivale a 5% da área total sob uso agropecuário no estado.

A partir de uma extensa série de imagens de satélite, os pesquisadores foram capazes de monitorar a expansão das áreas com sistemas lavoura-pecuária em Mato Grosso, apresentando os resultados da crescente adoção e concentração dos sistemas ILP em diferentes períodos: 2008-2012; 2009-2013; 2010-2014; 2011-2015; 2012-2016; e 2013-2017.

Os dados geoespaciais mostram que no início da série histórica as áreas com ILP eram menos numerosas e se concentravam no entorno de Sinop, onde está a sede da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) e três URTs de sistemas integrados; na região do Araguaia, onde também havia três URTs; e na região Sul do estado.

Com o passar dos anos, as regiões de Sinop e do Araguaia continuaram com grande concentração de áreas com ILP, mas outras regiões cresceram de importância, como a de Colíder, no norte do estado, de Primavera do Leste e de Canarana.

URTs impulsionam o crescimento de sistemas integrados em Mato Grosso
“Os resultados apresentam uma influência forte inicialmente das áreas de transferência tecnológica, as URTs como uma rede fundamental disseminadora desse tipo de manejo. Ao longo do tempo, é possível identificar que as práticas de ILP se difundem pelo estado e as áreas com URT deixam de ser as regiões com maior concentração”, afirmam os pesquisadores no estudo.

Mesmo antes da criação da Embrapa Agrossilvipastoril, em 2009, a Empresa já havia iniciado a criação de URTs de ILP em Mato Grosso. Com o início das atividades do centro de pesquisa e a chegada de mais pesquisadores ao estado, a rede de URTs foi ampliada, abrangendo todas as regiões produtoras. Ao mesmo tempo, as pesquisas com sistemas integrados foram intensificadas, gerando mais conhecimento para subsidiar o produtor rural.

O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Flávio Wruck, enumera cinco fatores que, juntos, contribuem para o aumento da adoção de sistemas de integração lavoura-pecuária em Mato Grosso. De acordo com ele, primeiramente, a ILP é uma tecnologia que viabiliza a utilização do solo de forma intensiva e sustentável. Sendo bem aplicada, traz retorno para o produtor. O segundo fator é o empreendedorismo do produtor mato-grossense, que costuma buscar e ser aberto à novas tecnologias. O terceiro fator elencado é o avanço no desenvolvimento de tecnologias para esses sistemas, tanto aquelas desenvolvidas pela Embrapa quanto por universidades, outras instituições de pesquisa e pelos próprios produtores.

Mapas do Estado do Mato Grosso mostrando as áreas de maior adoção ou concentração de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) nos anos-safra de 2012/12 e 2018/19 e a localização das Unidades de Referência Tecnológica (URTs). Fonte: Projeto GeoABC

Outros dois fatores apontados por Wruck são as ações de transferência de tecnologia desenvolvidas com apoio de parceiros importantes no estado, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e sindicatos rurais, e as ações de comunicação e divulgação dos sistemas integrados. Entre as ações de transferência de tecnologia estão a instalação das URTs, realização de dias de campo, visitas técnicas e a capacitação de multiplicadores.

“Esse exitoso trabalho de transferência de tecnologias em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) justifica a maior adoção da ILP nas regiões influenciadas pelas URTs nas quais ocorre um número maior de eventos, inclusive as capacitações nessa temática”, analisa o pesquisador.

Metodologia inovadora usa inteligência artificial para identificar áreas com ILP
O monitoramento feito em Mato Grosso foi possível graças a uma metodologia técnico-científica, desenvolvida por pesquisadores da Embrapa e parceiros no âmbito do projeto GeoABC, que permite o monitoramento por satélite, de forma remota e automática, da expansão das áreas com sistemas integrados de produção agropecuária.

A partir da utilização de soluções gratuitas (open source), a metodologia GeoABC desenvolvida baseia-se na convergência de três adventos técnico-científicos. Assim, algoritmos de aprendizado de máquina (machine learning), ou Inteligência Artificial, são aplicados para a classificação digital de séries temporais de imagens de satélite em uma estrutura de cubo de dados multidimensionais (Big Earth Data/Data Cube) e processados por computação paralela de alto desempenho em plataformas nas nuvens (High Performance Computing/Cloud Computing Platform).

Margareth Simões explica que, no início dos trabalhos, foi preciso superar muitos desafios técnicos, a começar pela dificuldade de se detectar por sensoriamento remoto alvos terrestres tão complexos e dinâmicos como os sistemas de ILPF, devido às diferentes estratégias adotadas pelos produtores e à inerente integração de diversos elementos de lavoura, pecuária e floresta sob práticas de consórcio, sucessão e rotação.

“Esse desafio exigiu o trabalho com séries temporais de imagens de satélites baseadas no conceito de cubos de dados multidimensionais, ou data cube. Também havia a necessidade de se contar com uma metodologia eficaz para a extração de informação e uma robusta estrutura para o processamento de uma quantidade massiva de dados. A integração das soluções de cubo de dados, de aprendizado de máquina e computação paralela de alto desempenho resolveu o nosso problema”, explica a pesquisadora.

A metodologia, baseada em inteligência artificial, já permite detectar áreas com duplo cultivo (soja e milho ou algodão em sucessão, por exemplo) e com integração lavoura-pecuária (ILP). Entretanto, os cientistas vêm trabalhando para ajustar a metodologia de sensoriamento remoto às demais modalidades: integração pecuária-floresta (IPF); integração lavoura-floresta (ILF) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

“O nosso objetivo final é desenvolver protocolos metodológicos para todas as modalidades, que integrarão um sistema capaz de analisar automaticamente imagens de satélite, fornecendo indicadores atualizados sobre a taxa de adoção, expansão e distribuição espacial das áreas que adotam os diferentes tipos de sistemas integrados de produção”, destaca Rodrigo Ferraz, agrônomo e também pesquisador da Embrapa Solos que integra a equipe GeoABC.

Avaliação da sustentabilidade do agro nacional
O sensoriamento remoto, com a utilização de imagens de satélite, vem sendo utilizado há décadas para mapear ou monitorar o uso e a cobertura da terra. Contudo, monitorar sistemas de produção constitui ainda um desafio e uma nova fronteira de pesquisa e aplicação técnica. Os sistemas de produção integram diversas práticas agrícolas conforme as diferentes estratégias adotadas pelos produtores, a exemplo dos sistemas ILPF que reúnem os elementos de lavoura, pecuária e floresta em diversas combinações, utilizando consórcio e sucessão de culturas em um mesmo ano-safra ou culturas em rotação entre anos sucessivos.

Os sistemas integrados de produção agropecuária, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e suas variações, assim como o Sistema Plantio Direto (SPD), fazem parte das tecnologias de baixa emissão de carbono fomentadas pelos Planos ABC e ABC+. Em apoio à governança das políticas públicas de fomento, assim como para subsidiar o planejamento dos trabalhos de extensão e transferência de tecnologia, torna-se imperioso monitorar a adoção e a expansão dessas tecnologias. Mas, até o momento, não se tinha mais do que estimativas gerais da área de adoção de ILPF, obtidas por meio de onerosas pesquisas de campo baseadas em entrevistas e em dados amostrais. Além da imprecisão, cabe destacar que essas metodologias não são capazes de mapear, ou seja, não fornecem a informação espacializada que é de grande importância para o planejamento local ou regional”, explica Simões.

“O avanço nas técnicas de sensoriamento remoto, aliado ao desenvolvimento dos algoritmos de inteligência artificial e à crescente capacidade de processamento de grandes massas de dados, tem apresentado grande potencial para o levantamento de dados espacializados – mapeamento/monitoramento – de sistemas complexos de produção agropecuária”, destaca Patrick Kuchler, geógrafo que integra a equipe de pesquisa do projeto GeoABC.

“Dia a dia, estamos testemunhando o surgimento de novas técnicas e sensores orbitais que prometem potencializar as metodologias de detecção e mapeamento de sistemas produtivos. No entanto, temos que dar continuidade às pesquisas técnico-cientificas nessa direção para consolidar a metodologia, considerando todas as modalidades dos sistemas integrados “, enfatiza Ferraz.

A metodologia GeoABC detecta tanto a variação intra-anual, ou seja, no mesmo ano-safra, quanto as rotações interanuais. “A detecção da integração lavoura-pecuária se dá pela observação da introdução da forrageira em consórcio ou sucessão no mesmo ano-safra. Contudo, quando se analisa o comportamento interanual (anos sucessivos), podemos fazer inferências sobre as estratégias utilizadas pelos produtores. Por exemplo, se em uma dada parcela, observam-se vários anos com pastagens que passam, durante um ou dois anos, para lavoura-pecuária e, depois, voltam a apresentar uma sucessão de anos com pastagens, muito provavelmente, trata-se de uma estratégia de reforma de pastagem adotada pelo produtor ou pecuarista”, explica o pesquisador da Embrapa Pedro Freitas, membro da equipe.

Próximo passo é expandir o conhecimento para as demais modalidades de sistemas ILPF 

Levantamento encomendado pela Rede ILPF e realizado pelo Kleffman Group por meio de entrevistas com os produtores, mostrou que na safra 2015-2016, o estado de Mato Grosso apresentava cerca de 150 mil hectares de sistemas silviagrícolas e/ou silvipastoris. Nos últimos anos, contudo, a expectativa é que essa área tenha aumentado, considerando o aumento da demanda por biomassa para atender ao complexo de usinas de etanol de milho que se instalou no estado.

A detecção remota do elemento florestal nas modalidades de integração pecuária-floresta ou lavoura-floresta requer, conforme explica Margareth Simões, uma abordagem metodológica híbrida com diferentes técnicas de inteligência artificial. “Já estamos trabalhando nisso. Uma das dificuldades é que as parcelas de ILF e IPF são encontradas em menor número e são ainda relativamente pequenas”, comenta.

Nesse sentido, Patrick Kuchler enfatiza a importância de se estabelecer um esforço coletivo para o levantamento de dados de campo, que são primordiais para o desenvolvimento das metodologias.

Para Flávio Wruck, os dados obtidos são uma importante fonte de informação para a tomada de decisão em relação à priorização de regiões a serem trabalhadas em atividades de pesquisa e de transferência de conhecimento.

“Esses dados são extremamente relevantes não só para a Embrapa, mas para toda sociedade civil organizada que, de alguma forma, fomenta a adoção dessas tecnologias no sentido de redirecionar seus esforços e recursos humanos e financeiros para essas regiões com menor adoção, afirma.

Projeto GeoABC: inovação em prol da sustentabilidade
O projeto GeoABC, iniciado em 2015, tem como objetivo avaliar e desenvolver métodos e técnicas inovadoras na área do sensoriamento remoto e integração de dados espaciais para a detecção de práticas de cultivo e sistemas de produção. O foco foi o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e suas variações, que constituem um dos eixos da política de baixa emissão de carbono na agricultura.

Com o apoio financeiro do programa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Capes/Cofecub), o projeto GeoABC já entregou vários resultados, entre eles a metodologia para o monitoramento dos sistemas ILP. Esse resultado é fruto do trabalho conjunto da Embrapa Solos com o Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/PPG-MA), que contou ainda com a parceria das instituições francesas Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad/UMR TETIS) e a Universidade Rennes 2 (LETG-Rennes-Costel).

Os estudos permitiram avaliar o potencial de utilização dessas tecnologias e o consequente desenvolvimento de uma metodologia capaz de fornecer indicadores espaciais, especialmente em relação ao sistema ILP, em apoio ao trabalho de acompanhamento e governança do Plano ABC+, liderado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Para os próximos anos, está prevista a entrega de um sistema completo para o monitoramento da agricultura de baixo carbono no País.

Agnès Bégué, pesquisadora do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), destaca a importância de projetos de cooperação bilateral, como o projeto GeoABC, no desenvolvimento de metodologias aplicadas à realidade agrícola dos países envolvidos. “Considero que o projeto GeoABC foi um exemplo de sucesso de cooperação, não só pelo intercâmbio e formação de doutorandos e produção acadêmico-científica, mas também pela entrega de metodologias aplicáveis, em apoio às políticas de desenvolvimento sustentável, principalmente as relacionadas à descarbonização da economia, que atualmente, depois da COP26, estão em vigor em todas as agendas mundiais, a exemplo da Política Agrícola de Baixo Carbono do Brasil”.

 

Fonte: Embrapa Solos

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Milho chega ao fim do ano como principal aposta do produtor paranaense, aponta Deral

Tendência apontada é de fortalecimento contínuo desta cultura, que deve se firmar nos próximos anos como a principal do Paraná, aproximando-se e até superando a soja, que segue como base da primeira safra.

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Foto: Jonas Oliveira/SEAB

O avanço consistente do milho, sustentado pela forte demanda interna e pelo dinamismo da cadeia de proteínas animais, marca o encerramento de 2025 no setor agrícola paranaense. Esse é o principal destaque da última Previsão Subjetiva de Safra (PSS) e do Boletim Conjuntural do ano, divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Os levantamentos indicam um produtor atento ao cenário, focado em eficiência produtiva, ajustes estratégicos de área e decisões cada vez mais alinhadas às condições climáticas e sinais de mercado.

Por ser o último levantamento do ano, a PSS de dezembro tem papel estratégico ao apresentar as primeiras estimativas da segunda safra 2025/2026, especialmente de milho e feijão. Os dados mostram estabilidade nas áreas da primeira safra e confirmam, na segunda safra, a consolidação do milho como cultura em expansão, o que ocorre com redução na área de feijão.

A tendência apontada é de fortalecimento contínuo do milho, que deve se firmar, nos próximos anos, como a principal cultura do Paraná em volume produzido, aproximando-se e até superando a soja, que segue como base da primeira safra.

A força do milho está diretamente associada à ampliação da demanda. Além do uso tradicional para ração nas cadeias de frango, suínos, bovinos e piscicultura, o cereal se destaca pela elevada produtividade por hectare e pela ampla versatilidade de aproveitamento industrial, o que amplia suas oportunidades de mercado.

As estimativas preliminares da PSS indicam crescimento próximo de 1% na área de milho da segunda safra, que deve alcançar cerca de 2,84 milhões de hectares, consolidando um novo recorde estadual. A produção é estimada, neste momento, em aproximadamente 17,4 milhões de toneladas, volume elevado, ainda que ligeiramente inferior ao da safra excepcional do ciclo anterior, de 17,63 milhões de toneladas.

O Deral ressalta que o resultado final dependerá do desempenho da soja nas próximas semanas, especialmente no Oeste do Estado, pois o bom andamento da colheita contribui para o melhor aproveitamento da janela de plantio do milho.

A soja, mesmo diante de desafios climáticos pontuais e de um ciclo mais longo em algumas regiões, mantém expectativa de boa produtividade na maior parte do Paraná. O milho da primeira safra também apresenta desempenho promissor, beneficiado por seu ciclo mais extenso e maior capacidade de resposta às condições climáticas, o que reforça a perspectiva de resultados acima da média.

A mandioca segue como destaque no campo paranaense. O Paraná lidera a produção nacional destinada à indústria, enquanto o Pará se sobressai no volume total, voltado principalmente ao consumo humano. A expectativa inicial era de alta produção, baseada em boa produtividade, mas um período mais seco dificultou a colheita e levou ao ajuste da área efetivamente colhida, com parte das lavouras mantida para dois ciclos. Ainda assim, os preços permaneceram relativamente ajustados, contribuindo para o equilíbrio do mercado.

Boletim Conjuntural

Na sequência da PSS, o último Boletim Conjuntural de 2025 detalha a situação das principais cadeias agropecuárias do Estado e reforça um cenário de ajustes, resiliência e oportunidades.

Fonte: AEN-PR
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Calor e umidade elevam risco da mosca-dos-estábulos nas propriedades rurais

Com a chegada do verão, condições ambientais favorecem a proliferação da praga, que compromete o desempenho produtivo, eleva custos e exige manejo preventivo integrado em bovinos, equinos e suínos.

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Foto: Divulgação/Axia Agro

O verão está chegando e com ele aumentam os fatores ambientais que favorecem a proliferação da mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans), um inseto hematófago, similar à mosca doméstica, mas com comportamento agressivo por sua picada dolorosa e hábito de se alimentar frequentemente do sangue dos animais.

O que favorece o desenvolvimento destas pragas nesse período é o fato de que a primavera e o verão são épocas de calor e alta umidade, e essas condições favorecem o desenvolvimento das larvas em materiais orgânicos em decomposição, como esterco e restos de alimentos. “A mosca-dos-estábulos merece atenção em propriedades de bovinos, equinos e suínos porque é uma praga relevante que provoca redução no desempenho produtivo dos animais, gera estresse, desconforto e pode transmitir agentes patogênicos, como Trypanosoma evansi, além de aumentar os custos com tratamentos e manejo”, menciona o médico-veterinário Gibrann Frederiko.

Foto: Divulgação/OP Rural

Entre os principais sinais clínicos e comportamentais nos animais que indicam a presença da mosca-dos-estábulos estão comportamentos defensivos, quando os animais balançam a cauda, movimentam as patas, sacodem a cabeça ou se esfregam constantemente; a diminuição do consumo alimentar e perdas de peso devido ao estresse; lesões cutâneas causadas pelas picadas e anemia e queda no estado geral, especialmente em casos severos de infestação. “A infestação destas pragas causa redução na produção de leite e ganho de peso, devido ao estresse e menor consumo de alimento, comprometimento da reprodução, especialmente em bovinos e equinos, e aumento de custos por tratamentos, mão de obra e controle químico”, detalha Frederiko.

De acordo com o profissional, os erros de manejo mais comuns, que contribuem para a multiplicação das moscas nas propriedades, são o acúmulo de esterco ou restos de ração próximos ao ambiente dos animais, a falta de limpeza e higienização adequada dos estábulos e currais e o manejo inadequado de resíduos orgânicos, como a palha contaminada.

Frederiko acrescenta que o controle químico ainda é uma prática comum, mas nem sempre suficiente para combater essas moscas. “Há desafios do uso isolado de inseticidas por causa da resistência dos insetos, devido ao uso frequente e inadequado dos produtos químicos, de impactos ambientais e riscos à saúde humana e animal, e de curtos períodos de eficácia, já que os insetos se reproduzem rapidamente. Por isso, reforçamos que o manejo preventivo e contínuo é o caminho mais eficaz para evitar prejuízos econômicos e garantir a saúde dos animais. Ações simples, aliadas às tecnologias disponíveis, criam um ambiente mais saudável e produtivo”, ressalta.

Para o manejo preventivo e contínuo, o médico-veterinário indica a adoção de um sistema integrado de controle que combine medidas preventivas, químicas e biológicas. “Para o manejo sanitário, a orientação é limpeza diária de currais e remoção correta dos resíduos. Quanto ao uso de armadilhas e controle biológico, a recomendação é utilizá-los como predadores e parasitoides de ovos e larvas. Além disso, é importante a racionalização no uso de inseticidas, priorizando rodízios de princípios ativos para evitar resistência”, salienta.

Para além destas medidas, Frederiko relaciona, dentre as tecnologias ou soluções mais inovadoras que têm se destacado no combate à mosca-dos-estábulos, o uso de inseticidas biológicos, como produtos à base de bactérias (Bacillus thuringiensis), a implementação de armadilhas inteligentes e dispositivos automáticos, que liberam inseticidas em horários programados, e o uso de drones e sensores para monitoramento de infestações.

Fonte: Assessoria Axia Agro
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Bioinsumos quintuplicam faturamento e alcançam R$ 4,5 bilhões no Brasil

Em cinco anos, o mercado saltou de R$ 675 milhões para R$ 4,5 bilhões, já responde por 4% da indústria de insumos agrícolas e tem projeção de superar R$ 9 bilhões até 2030, impulsionado por avanço regulatório, inovação e adoção crescente no campo.

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Foto: Freepik

O mercado brasileiro de bioinsumos deixou de ocupar um espaço marginal no manejo agrícola para se consolidar como um dos vetores mais dinâmicos da inovação no campo. Em um intervalo de apenas cinco anos, o faturamento do segmento avançou em ritmo acelerado, multiplicando-se por mais de cinco e alcançando R$ 4,5 bilhões em 2024, segundo dados da CropLife Brasil. O salto evidencia uma mudança estrutural na forma como o produtor rural vem conduzindo a proteção e a nutrição das lavouras.

Esse avanço ocorre em um contexto mais amplo de crescimento da indústria de insumos agrícolas. No ano passado, defensivos, sementes e bioinsumos movimentaram juntos R$ 114,1 bilhões no país. Embora os produtos químicos ainda concentrem a maior fatia desse mercado, os biológicos ganham relevância ao ampliar sua participação e, sobretudo, ao se posicionarem como ferramentas complementares dentro de sistemas produtivos cada vez mais técnicos e integrados.

Foto: Divulgação/OP Rural

A trajetória recente ajuda a explicar o atual patamar. Entre 2019 e 2020, o segmento já havia registrado uma expansão expressiva, com crescimento próximo de 80% em receita. Desde então, o ritmo se manteve elevado, impulsionado pela adoção em larga escala nas principais culturas e pelo amadurecimento das soluções disponíveis. A projeção é de continuidade dessa curva ascendente, com estimativas que apontam para um faturamento superior a R$ 9 bilhões até o final da década.

O protagonismo brasileiro nesse movimento também se reflete no cenário internacional. Em um mercado global de bioinsumos agrícolas estimado entre US$ 13 bilhões e US$ 15 bilhões, o Brasil figura entre os principais polos de expansão, tanto pelo tamanho de sua área cultivada quanto pela capacidade de absorver rapidamente novas tecnologias. Essa combinação transforma o país em referência para empresas, centros de pesquisa e investidores do setor.

Outro elemento decisivo para a consolidação do mercado foi o avanço regulatório. A partir do final de 2024, o país passou a contar com uma legislação específica para bioinsumos, estabelecendo regras claras para produção, registro, comercialização, transporte e destinação de resíduos, com aplicações que vão da agricultura à pecuária, aquicultura e florestas. O novo marco trouxe maior previsibilidade jurídica, estimulou a inovação e criou um ambiente mais favorável à entrada de novos produtos e empresas.

No campo, a adoção dos bioinsumos deixou de ser pontual e passou a integrar estratégias de manejo mais amplas. Produtores têm combinado soluções biológicas e químicas para elevar a eficiência das aplicações, reduzir custos operacionais e preservar o potencial produtivo das lavouras. A profissionalização crescente da agricultura brasileira, aliada à busca por sistemas mais sustentáveis, acelerou esse processo.

Esse conjunto de fatores que envolve expansão da demanda, base científica sólida, ambiente regulatório mais moderno e competitividade do agronegócio explica por que o Brasil se destaca entre os mercados que mais crescem no mundo. Mais do que uma tendência passageira, os bioinsumos se firmam como um componente estrutural do futuro da produção agrícola no país, atraindo investimentos e redesenhando a lógica do manejo nas lavouras.

Fonte: O Presente Rural
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