Suínos
APS adverte para risco de quebradeira na suinocultura
A inexistência de uma política agrícola cuidadosa para evitar o repentino fortalecimento de um e o enfraquecimento de outro setor do agronegócio acaba trazendo consequências a toda a economia
A suinocultura é um dos setores que mais sofrem com a falta de um plano bem estruturado de abastecimento no Brasil, necessário para dar segurança à atividade em época de commodities valorizadas pelo fortalecimento do dólar. O setor sofre com uma combinação de alta no preço do milho e baixa no preço do suíno vivo, e com a falta de oferta de milho no mercado a preço compatível com um patamar aceitável em termos de custo de produção. Em razão disso, a Associação dos Suinocultores do Paraná (APS) alerta para sérios riscos de quebradeira e desemprego caso o governo federal não intervenha para minimizar impactos que o segmento já sente.
“Se o governo não agir rápido, a cadeia da suinocultura poderá ir à lona. Precisamos mais do que um leilão de milho estocado pela Conab. Precisamos de uma política que evite situações como a que vivemos, novamente, além de garantia de preço mínimo para o suíno”, ressalta Jacir Dariva, presidente da APS. Para Dariva, a combinação da alta do dólar, de uma política ineficiente na questão do abastecimento e do baixo preço pago ao produtor de suíno vão comprometer a atividade no Brasil. “Esse câmbio e a falta de uma política eficiente no que tange ao abastecimento em momentos como o que estamos vivendo, com o milho, que é o principal composto da ração animal, sendo exportado em grande escala, atraído pela alta da moeda americana, coincidindo com mais uma fase de baixa no preço do suíno vivo, não há como resistir. Os suinocultores vão quebrar e os pequenos e médios frigoríficos também”, alerta Dariva.
Entenda o momento
Uma conjugação de fatores associada à falta de habilidade de sucessivos governos coloca, mais uma vez, a suinocultura em estado de alerta. Por um lado, o câmbio valoriza as commodities; de outro lado, custos elevados contribuem para tornar mais difícil a manutenção do setor, já que a ração proveniente do milho é vital para os planteis. Diante disso, não há outra medida a ser adotada do que alertar para os sérios riscos desse quadro, tentando sensibilizar as autoridades e a classe política, para adoção de medidas que evitem quadros sucessos de crise na atividade.
“A APS, em nome dos suinocultores, está fazendo o alerta e não está se omitindo, para que todo o caos que já está sendo percebido pelo setor não traga desemprego em massa no meio rural, já que a suinocultura é um dos setores que mais emprega no interior”, assinala Dariva.
A propósito, a APS emitiu nota e tenta, por meio de articulações, sensibilizar autoridades e governo quanto a uma política efetiva de abastecimento que deixe setores mais protegidos contra a forte valorização da moeda norte-americana e de seus impactos.
O elevado preço da saca, no entanto, não é o único desafio. A APS informa, na referida nota, que o alto valor do milho coincide com a baixa oferta do produto no mercado interno e, consequentemente, com outra etapa de gradual redução dos preços do suíno vivo. “Poucos ramos têm sido, nos últimos anos, tão suscetíveis à variação cambial e à inexistência de uma política consistente e de longo prazo de abastecimento como a suinocultura”, dizem as lideranças do setor. Em contato com o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, diretores da APS pediram para que ele reforce solicitação já encaminhada ao órgão de garantir a disponibilização de pelo menos 600 mil toneladas de milho para a suinocultura, emergencialmente.
Regularização
A Associação Paranaense de Suinocultores informa que o governo federal precisa lançar mão de seu estoque regulador em quantidades que, de fato, atendam a necessidade do produtor, para que preço e abastecimento sejam regularizados. O temor de suinocultores e de todos que de uma forma ou outra estão ligados à cadeia da suinocultura é de a área ter de enfrentar novamente os graves cenários de passados recentes, como o vivido em 2012.
A valorização do dólar é benéfica às commodoties e à balança comercial brasileira, mas apresenta desafios enormes a outros setores de produção, a exemplo dos produtores de proteína animal que estão no fim da cadeia produtiva. “Já passou da hora dos setores de carnes exigirem do governo federal uma política séria e eficiente de mitigação dos riscos do mercado de grãos”, diz um dos maiores especialistas em cadeia de proteína animal do Brasil, Fabiano Coser, da Coser Consultoria.
A APS também reclama da pouca efetividade das investidas do governo na tentativa de equilibrar o cenário de atividades econômicas importantes ao País. Além do apelo, a nota da Associação tem tom de alerta: “A persistir esse quadro, com grandes chances de se agravar, e caso nada seja feito, além dos pequenos e médios produtores, também os pequenos e médios frigoríficos abandonarão a atividade e fecharão seus negócios, causando grande desemprego na área rural e nas cidades onde estão instalados”. Em uma época de crise, de demissão de 1,5 milhão de brasileiras que tinham carteira assinada em 2015, o cenário informado exige cautela, discernimento e coerência por parte da União.
Falta de política adequada fragiliza o produtor
A inexistência de uma política agrícola cuidadosa para evitar o repentino fortalecimento de um e o enfraquecimento de outro setor do agronegócio acaba trazendo consequências a toda a economia. A Associação Paranaense de Suinocultura enxerga riscos muito além da área que representa. A forte valorização do dólar, que estimula a exportação de grãos, deixa outras áreas igualmente importantes, como a avicultura, na mesma situação de fragilidade. Afinal, o milho é o principal composto da ração animal.
Na semana passada, conforme a APS, houve valorização do milho em praças de peso do Paraná. Em contrapartida, ao mesmo tempo, há recuo do preço do quilo do suíno vivo, na casa dos R$ 3, bem abaixo dos custos de produção. “Esse quadro testa os nervos de quem investe nos ramos da proteína e vai gerar desemprego no campo e na cidade, com a descapitalização de famílias de pequenos agricultores que dependem da atividade em suas propriedades.
Setor precisa mais do que um leilão
Na tentativa de apaziguar ânimos no setor, o governo federal agendou para segunda-feira, 1º de fevereiro, um leilão de 150 mil toneladas de milho. No entanto, especialistas dizem que a medida é tão pífia que não terá qualquer impacto na formação, contenção ou eventual redução de preços do milho.
Segundo o consultor Fabiano Coser, a quantia anunciada é pouco superior à média diária apenas para a alimentação animal, hoje na casa das 120 mil toneladas. A previsão apenas para 2016, conforme estimativas do Sindirações, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, é que serão necessárias 43 milhões de toneladas do grão.
Fonte: Ass. de Imprensa

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
